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terça-feira, 31 de maio de 2011

QUEM É QUEM NO PLANALTO?

No dia 2 de novembro do ano passado eu escrevi a coluna “Dilma ou Lula?”, na qual eu começava com a pergunta: “A eleição da Dilma para a presidência ... impõe a pergunta: o que elegemos? Uma mulher com identidade política própria ou uma versão Lula de saias?” Depois de algumas digressões, eu afirmava que: “... o governo da Dilma pode até ser presidido por uma mulher, mas ladeado de homens, que certamente terão papel preponderante e marcante no estabelecimento das políticas. Um deles vai coordenar o processo de transição (um que renunciou por causa de um escândalo) e o outro vai negociar com homens, donos dos partidos da coalizão ... e, ... com toda certeza, serão em sua grande maioria formado de homens.” Fui criticado e até chamado de machista, porque não acreditava na capacidade da mulher de governar. Os recentes fatos envolvendo o governo Dilma vieram comprovar o que afirmei no passado. Sabe-se hoje que o seu governo está(va) alicerçado na pessoa do ministro Palocci, ex-ministro flagrado com a mão na botija do extrato do Francenildo. Guindado à posição de todo-poderoso na versão Lula-de-saias, o ministro, mais uma vez se enrolou, agora com o extrato da sua própria conta. No desenrolar da crise que se seguiu, soube-se que ele enquadrou o PMDB, na pessoa do Vice-presidente da República, forçando a barra pela aprovação toda suspeita do Código Florestal, cujos interesses que estão por trás ainda não conhecemos bem. A coisa pegou fogo, houve a reação dos fisiológicos peemedebistas, sempre ciosos de seus cargos na administração federal, e a presidente teve que ceder e tirar uma foto com o Michel Temer, como forma simplista e ingênua de que tudo corre às mil maravilhas. Neste interim, quando o circo pegava fogo, ela teve que se valer do ex-presidente, quem foi a Brasília como bombeiro, para salvar a aliança que elegeu a sua eleita. Ela, por sua vez, sumiu. Uma providencial pneumonia a colocou de molho. Especulações falavam de um quadro grave de saúde, com antiga enfermidade retornando. Sabe-se que ela tem problemas de saúde que ameritam cuidados, mas nada que a impeça de governar. Contudo, o que se vê é a inapetência para o manejo das coisas políticas. Ela se associou a cobras criadas para se eleger e agora deixa o ofidiário a seu bel-prazer. A primeira picada venenosa não veio das cobras aliadas, mas das amigas. O Palocci, cria do PT, é um ser trágico: se enrolou e enrolou a outros na Prefeitura de Ribeirão, como ministro esqueceu seu passado trotskista e aderiu de alma lavada à economia de mercado, se envolveu com a casa suspeita, com o mensalão e com o extrato. Reeleito, se enrolou com a Consultoria milionária que prestou (ainda por ser esclarecida, uma vez que os sinais que estão surgindo sugerem tráfico de influência) e agora se enrola com seu gordo extrato bancário e com o silêncio suspeito a que se impõe. Um monte de homens brigando por espaço político e a presidente passeando no Uruguai e se “recuperando de uma pneumonia”. Não era isto que esperávamos do primeiro governo feminino do Brasil. Marcos Inhauser

Um comentário:

  1. FEMINISMO OU LULISMO?
    Estou curioso para saber por que tanto desgosta a Inhauser o lulismo e quem sabe o petismo. Se me lembro bem, Inhauser era simpático ao Partido dos Trabalhadores quando foi fundado e nos seus primeiros anos... Aqueles foram anos de engajamento político, resultado da sede democrática que se sentia em todo o meio estudantil... Partindo de suas críticas ao Lulismo nesta coluna, depreendo que talvez sua fúria seja devido ao populismo que Lula instalou na tão nova democracia brasileira. Quanto ao PT, suponho que tenha sido a razão um possível desencanto com o PT, pelas alianças que fêz para guindar-se ao poder. Veja-se por exemplo a aliança com o PMDB, partido que no passado era chamado “batatas de um mesmo saco”, com o antigo PDS (PFL) .
    Causa-me tristeza ver o retorno deste tema, que valeu a Inhauser a cunha de “machista”. Tristeza digo, por que conhecendo Inhauser, posso afirmar com consciência tranquila que machista ele não é. Tive o prazer de participar do seu convívio familiar e pude observar a maneira liberal, igualitária e respeitosa com que trata tanto a esposa como as filhas -- trato este que se estende às representantes do sexo feminino nas igrejas em que pastoreia. Como então entender sua atitude para com a primeira presidenta do Brasil? Não é o fato de que o povo brasileiro tenha eleito uma mulher para o mais alto cargo do País algo para ser considerado um ganho democrático por si só? Certamente que sim, e estou seguro que Inhauser o sabe muito bem. Contudo, seus comentários , em certa extensão ridicularizante ao governo de Dilma, inevitavelmente ferem a sensibilidade do movimento feminista. Eu diria, como o velho ditado, que nisto, Inhauser está cutucando “as onças com vara curta”, muito curta, de fato.
    Visando a compreender a ira Inhausariana contra o governo de Dilma, pesquisei na Imprensa para saber como está se dando a presidenta neste início de mandato. E constatei que de acordo com comentaristas da Folha de S. Paulo, Dilma tem se saído a contento. Isto foi o que primeiro pude apurar com respeito aos seus 100 dias de governo. Contudo os 100 dias já se vão longe, e a situação certamente mudou. Procurei saber qual seria proporção de mulheres no governo de Dilma e descobri que se trata de um pouco mais de 20%, o que, considerando ser este o primeiro governo feminino, em um cenário político dominado, como Inhauser bem lembrou, por homens, não parece muito mal a primeira vista.
    Certamente era previsível que os homens teriam uma influência preponderante no governo de Dilma; sabíamos que seria difícil para ela encontrar a sua própria matiz, especialmente face ao fortíssimo carisma que Lula exerce nas camadas populares da sociedade brasileira. Inhauser critica a habilidade política de Dilma, ao dizer que ela não consegue controlar o "ofidário" que criou. Isso também não ajuda a formar uma identidade governamental.
    Mas talvez isto esteja para mudar, se Dilma deixar o PT “queimar” Palocci... Isto lhe traria dois benefícios a um só tempo: o de afastar-se dos “rolos” em que o ministro se meteu, e ganhar a possibilidade de escolher, com mais independência, um substituto que não traga competição ou compressão ao seu governo. Há, também, indícios positivos na áreas da relações externas (veja-se certa mudança em relação a China) e internas (Dilma parece ter se saído bem ao demonstrar empatia com o povo em momentos trágicos como o tiroteio estudantil recentemente, onde a presidenta se emocionou às lágrimas).
    Teria Inhauser sido muito severo e talvez um pouco cruel em suas críticas jocosas em relação ao governo de Dilma, levando-se em conta a repercussão que estas têm no movimento feminino? Pode ser... mas, como sempre, somente o tempo dirá. Uma coisa é certa: Inhauser não está fazendo outra coisa senão tratar a figura feminina com igualdade, sem discriminação, sem privilégios. Se ele “desce o pau” no lulismo propagado pelo representante masculino, Lula, igualmente, não faz concessões quando o lulismo aparece “vestido de saias”, Dilma.

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