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quarta-feira, 31 de julho de 2013

PROVIDENCIAL

Ainda seminarista, fui convidado para pregar em uma igreja na Vila Maria em São Paulo. Vivia numa pindaiúba de dar dó. Para lá fomos eu e um meu irmão, o Miltinho.
Tínhamos no bolso a passagem do ônibus para a ida e uns trocos a mais. Ele me perguntou como seria a volta e eu disse que, normalmente, as igrejas fazem uma pequena oferta que seria suficiente para comermos algo e para voltar.
Terminado o culto as pessoas vieram até nós, nos cumprimentaram e um a um foram embora e nada de alguém aparecer para entregar a esperada e necessária oferta. Fomos os últimos a sair, juntamente com um casal.
Já na rua, o mano me perguntou: “e agora? O que fazemos?”. O dinheiro que tínhamos não dava para comer algo e para voltar de ônibus. Disse isto a ele e ele me disse que estava morrendo de fome. Eu também estava. E quando chegássemos em casa não teríamos nada para comer. Naquela hora havia que tomar uma decisão: comer e voltar a pé para casa, em uma caminhada de uns 15 quilômetros ou pegar um ônibus e passar a noite com fome.
Conversamos, estudamos a situação e decidimos que iríamos comer algo e depois sair em caminhada até o centro da cidade. Sentamos em uma padaria, pedimos algo que os trocados podiam pagar e, terminada a “refeição”, criamos coragem para sair caminhando.
Mal havíamos saído da padaria, escutamos alguém nos chamar. Era a pessoa que me havia convidado para pregar que estava à nossa procura porque havia se esquecido de dar a oferta que o tesoureiro havia destinado.
Preocupadíssima, nos pediu mil perdões, sem saber que estávamos era gratos e surpresos com os fatos. Como ele tinha nos achado? Como sabia que podíamos ter parado em algum lugar para comer algo?
Um amigo que vive nos Estados Unidos, o Manelão, que me hospedava quando ia para as aulas do doutorado, me contou como sempre via a mão de Deus suprir suas necessidades, muitas vezes depois de vencer o prazo de pagar uma conta.  Ele, um dia, meio desesperado, pediu a Deus que Ele adiantasse a provisão para que viesse no dia que deveria pagar suas contas. Em lágrimas ele me confidenciou que desde aquele dia nunca mais havia atrasado uma conta.
Experiências de ver a mão de Deus suprindo cada necessidade, mesmo quando penso que nada mais ocorreriam. São muitas na minha vida e na vida de muitos que me contaram suas experiências de ser abençoados de maneira toda especial e inusitada.
Não gosto de transformar experiências pessoais em normas para outros. Esta eu vivi e o Manelão experienciou. De uma coisa tenho certeza: a providência de Deus vem quando necessitamos e da forma mais inesperada possível.

E Ele assim faz por pura graça, não por mérito que porventura tenhamos. Não é questão de fé. É questão de favor imerecido da parte de Deus.
Marcos Inhauser

quarta-feira, 24 de julho de 2013

CÂNDIDO VAGGAREZA

O PT não tem sido muito feliz na composição dos seus quadros. Um partido que teve Delúbio, Zé Dirceu, Genoíno, José Mentor, João Paulo, Silvio Pereira, entre outros de menor expressão, tem agora uma figura emblemática: Cândido Vaccareza, que melhor seria identificado como Vaggareza.
Ele é um  ginecologista, filiado ao PT, eleito suplente de deputado estadual em São Paulo (1998). Reelegeu-se em 2002 e em 2006 elegeu-se deputado federal. Foi líder do partido de fevereiro de 2009 a 2012. Neste período protagonizou alguns episódios de fidelidade canina ao Lula e à Dilma.
Mas, desde que deixou a liderança, algo mudou nele. Indicado a fórceps como líder da comissão encarregada de apresentar proposta de reforma política, ele honrou seu nome: deu uma de vagareza.
No que pese o fato de que a Dilma, atabalhoada com as manifestações de rua, ter acelerado propostas e derrapado nas curvas da política, ela nunca deixou de afirmar que queria a reforma política para as eleições de 2014. O deputado, não lendo as manifestações contrárias à sua indicação pelo presidente da Câmara, nem atento aos anseios da sua bancada que queria outro deputado na condução dos trabalhos, insistiu em continuar. Sua renúncia foi pedida e ele se fez de ouvidos moucos.
Ele quer flexibilizar a utilização das redes sociais pelos candidatos. Para ele as “redes sociais são extensão do escritório. Só me aceita quem quer e só aceito quem eu quero. Portanto, está 100% liberado. Posso entrar na minha rede social e dizer que vou ser candidato e pedir que vote em mim. Não posso ser punido por isso”, alegou.
Também quer modificar dispositivo da Lei da Ficha Limpa que beneficiaria gestores reprovados pelos tribunais. Vaggareza afirmou que a proposta de lei complementar estava pronta e seria levada ao colégio de líderes. Depois de muitas críticas, deu uma recuada estratégica.
Algumas das propostas são: para a quitação eleitoral, o candidato precisará apenas comprovar que votou; havendo cassação, ocorrerá uma nova eleição para decidir quem assume a vaga; o político poderá dizer que é candidato a qualquer momento; poderá usar as redes sociais para fazer campanha.
O mais preocupante é que ele quer deixar a reforma política, tal como ocorreu em tantas outras oportunidades, para sabe Deus quando. Ao afirmar que não há tempo hábil para uma reforma, plebiscito, referendo ou consulta popular, ele dá marcha de vaggareza ao processo que as ruas pedem urgência.
A depender de um líder de comissão como ele, que não consegue se afinar com o seu partido, com os colegas, com a Dilma e com o povo, que reforma política pode vir?

Marcos Inhauser

quarta-feira, 17 de julho de 2013

ACUSAÇÕES LEVIANAS

Um amigo pastor, residente de em uma pequena cidade do interior paulista, muito dinâmico e carismático, em pouco tempo ganhou respeito e notoriedade. Como a cidade enfrentava sérios problemas de corrupção, especialmente na Câmara Municipal, convidado e instado por cidadãos e políticos, decidiu lançar-se candidato, crendo que poderia ter uma atuação ética e que contribuiria para uma mudança na política local.
Tão logo seu nome apareceu como candidato, começou a receber uma saraivada de críticas, especialmente de pessoas evangélicas e membros de sua própria igreja. Diziam que ele estava se vendendo, que tinha cedido à corrupção, que o que buscava era ficar rico, assim como os demais. Assustado com a reação pensou em abandonar, mas também pensou que seus atos, caso fosse eleito, mudariam a opinião dos seus detratores.
Foi eleito com expressiva votação, sendo o segundo mais votado na cidade. As críticas não diminuíram. Já no primeiro ano estourou um escândalo no qual ele não estava envolvido e isto estava fartamente demonstrado. As críticas se acentuaram, com pessoas dizendo que ele era muito esperto e por isto não o haviam flagrado. Tantas foram as críticas e denúncias infundadas que, mesmo tendo amplas chances de ser reeleito ou até mesmo concorrer para prefeito, desistiu da política.
Conheço outra pessoa, também pastor, que uma noite recebeu uma chamada telefônica de pessoa de sua relação, que lhe pedia/exigia que ele desse algumas informações, que o mesmo, naquele momento, estava impossibilitado de dar. Para sua surpresa, a pessoa começou a acusá-lo de coisas absurdas.
Ele confessava que a pessoa detratora nunca o havia ouvido pregar, nunca havia participado de sua comunidade e, talvez, nunca tivesse lido qualquer coisa que ele tivesse escrito. Mesmo assim se sentia no direito e em condições de emitir juízos severos sobre seu ministério e a coerência dele. Com lágrimas ele confidenciava: “como posso ser acusado por alguém que mal me conhece? E meus anos de ministério? E os frutos que já tive foram parar onde?”
A coisa não é nova. Em estudos que estamos fazendo em Atos dos Apóstolos, Paulo também foi vítima de acusações levianas. Tantas foram as críticas que ele escreveu algumas cartas à igreja de Corinto para se defender e defender seu ministério.
Ninguém há que seja inculpável. Paulo, escrevendo aos Gálatas disse “que se uma pessoa chegar a ser surpreendida em algum delito, os que são espirituais o corrijam com espírito de mansidão, olhando para si mesmos, para que também não sejam tentados.” O mesmo, escrevendo aos Corintos que o acusavam disse: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia”.
Estas considerações me fazem recordar o saudoso Rev. Joás Dias de Araújo em uma frase que costumava repetir: “o ministério pastoral é um mistério”. A partir dela cunhei outra: “o pastorado é a arte de levar pancadas e distribuir sorrisos”.
Agostinho disse que a vocação é irresistível. Calvino disse que a vocação é eficaz. Jeremias disse: “Não ... falarei mais no seu nome; mas isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; e estou fatigado de sofrer, e não posso mais” (Jr 20:9).
Só a graça de Deus nos mantém no ministério.

Marcos Inhauser

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O QUE SOBE DESCE NA MESMA VELOCIDADE!

Já escrevi aqui mais de uma vez, sobre o sábio Cirilo. Negro, bóia fria, trabalhou com famílias alemãs na área de Indaiatuba e acabou aprendendo alemão. Sua maior virtude era a forma como via a vida e a julgava a partir de coisas corriqueiras.
Um dia, na porta da casa de sítio onde passávamos férias, ele me ensinou uma coisa que a levei por toda a vida: as coisas caem na mesma velocidade que sobem. Se subir muito rápido, a queda vai ser rápida também. Fui revisitado pelas lembranças do sábio nestes dias ao ler e sentir no bolso as consequências de um destes fenômenos.
Falo do Eike Batista, filho de Eliezer Batista da Silva, ex-presidente da Vale do Rio Doce (61-64; 79-86), ex-ministro de Minas e Energia. Depois de passar a infância no Brasil, foi morar na Suíça, Alemanha e Bélgica. Nunca terminou o curso de Engenharia Metalúrgica na Universidade Técnica de Aachen.
Com 18 anos, voltou ao Brasil e vendeu apólices de seguro de porta em porta.
No início dos 80, se dedicou ao comércio de ouro e diamantes. Fluente em cinco idiomas (português, alemão, inglês, francês e espanhol). Com 21 anos montou uma empresa de compra e venda de ouro e em um ano e meio, acumulou US$ 6 milhões. Aos 29 anos tornou-se o executivo da TVX Gold. De 1980 a 2000, criou US$ 20 bilhões com a operação de 8 minas de ouro no Brasil e Canadá e uma de prata no Chile. Entre 91 e 96, o valor da empresa triplicou. Em 2001, a TVX Gold foi vendida por 875 milhões de dólares canadenses.
Considerado o homem mais rico do Brasil, hoje amarga o fundo do poço. Eike está negociando com os bancos uma dívida de curto prazo de R$ 7,9 bilhões. A OGX (petróleo), MMX (minério), LLX (logística), OSX (estaleiro), MPX (energia) e CCX (carvão) precisam pagar ou renegociar R$ 7,9 bi até março de 2014. A LLX renovou com o Bradesco um empréstimo de quase R$ 590 milhões que venceu em abril.
As ações do grupo estão se esfarelando na Bolsa. No último ano caíram entre 24,6% (MPX) e 85% (OSX). Só na segunda-feira houve queda de 27%.
Vendeu sonhos e não entregou um centavo aos investidores: "São projetos de longa maturação, que exigem altos investimentos e não estão produzindo o que se imaginava" disse um analista.
A crise de confiança do grupo começou há um ano, quando um campo de petróleo da OGX frustrou as expectativas de produção. A partir daí, os investidores começaram a questionar a capacidade do empresário de "entregar".

Pelo jeito ele vai entregar uma manada de bezerros para a “vaca leiteira do governo”. E vamos virar sócios na dívida!!!.

Marcos Inhauser