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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A FÉ DESIGREJADA

Vivemos tempos em que as mudanças são tantas que até neologismos precisam ser inventados para dar conta de apreender parte do que está acontecendo. Elas abarcam todas as áreas da vida e conhecimento e, para não ser exceção (ainda que alguns queiram que assim seja), também afetam as igrejas e a maneira como se tem pensado a fé e vivido a vida cristã.
É verdade que o anúncio e os ensinos feitos por Jesus foram uma revolução para o modelo engessado e hierárquico da religiosidade sacerdotal e templária. Quando Ele disse que iria destruir o templo, Ele o fez de forma concreta, mas alternativa, na afirmação feita à Samaritana. Diante da pergunta por ela feita se o lugar certo para adorar a Deus era no monte em Samaria ou no Templo em Jerusalém, Jesus deu a resposta: “vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Com isto Ele destronava o local geográfico da adoração e o colocava na atitude do adorador.
Esta Sua colocação, ao que tudo indica, não foi compreendida pelos apóstolos, uma vez que Pedro, Tiago e outros, se reuniam no templo e faziam do cristianismo uma extensão ou reforma ao judaísmo. O cristianismo primitivo (talvez o correto seja dizer de cristianismo primitivos, porque houve muitas formas de se entender e viver a fé), de uma postura orgânica e não-institucional, sentiu a necessidade de, aos poucos, ir elaborando suas crenças e sistematiza-las. Os grandes embates nos primeiros séculos foram no sentido da afirmação da fé genuína e a condenação das heresias.
Com isto, a igreja se institucionalizou, fortaleceu e afirmou a “verdade” e condenou as “heresias”. Verdade era o que a instituição afirmava. Heresia o que os alternativos diziam. Era a verdade do poder eclesial.
Com a reforma houve uma verdade alternativa, também institucionalizada nas igrejas reformadas e no poder de sistematização dos reformadores.
Este modelo se construiu e se sustentou nas igrejas reformadas na base do tripé: confissão de fé (condensado das afirmações da instituição), pregação monológica de um educado em teologia e disciplina dos que se aventuravam por caminhos não confessionais. Na Católica a base era a autoridade papal e episcopal, a celebração dos sacramentos e a aplicação da excomunhão.
Desde a Reforma as igrejas protestantes e históricas obedecem a este modelo. Com o advento das igrejas pentecostais, a pregação cedeu a preeminência para os testemunhos. Mesmo assim, o modelo monológico foi praticado à exaustão. A igreja é formada, então de “ouvintes” e não de participantes. Uma igreja de uma boca e muitas orelhas!
Este modelo vem ruindo com a nova geração, mais afeita às redes sociais e à possibilidade de dar a opinião. Os pastores engravatados estão perdendo autoridade e influência para jovens que postam suas convicções nas redes sociais, sem nenhum compromisso com a história do pensamento cristão e com a lógica. A nova igreja se reúne nos Facebooks, Tweetes  e Youtubes, cada qual falando o que quiser, e com uma enxurrada de críticas, muitas ácidas. É o evangelho “segundo o que penso”. “Eu sou a verdade”.
Onde isto vai dar? É o que teólogos, estudiosos, cristãos com mais de 40 anos estão se perguntando. Seria um modelo de fé “desigrejada”, sem a comunhão com os outros?
Se alguém souber a resposta, por favor, me avise e compartilhe.
Marcos Inhauser

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

AFORISMOS BRASILIANOS

Diante da profusão de revelações, notícias, imagens, mentiras e desmentidos, especialmente os ocorridos nos últimos dias, alguns aforismos foram cunhados (“há malas que vem para o DEM” é um dos muitos exemplos que poderiam ser citados). No intuito de colaborar com esta obra descritiva em palavras mínimas, trago minha modesta contribuição.
Do jatinho ao quartinho
Joesley indo na quinta a Brasília em seu jato particular para depor à PGR e na segunda sendo confinado a um quarto sem janela e banheiro na Polícia Federal de Curitiba.
O franciscano milionário
O Geddel, depois de pilhado com a dinheirama, é preso, sai de casa e vai à PF em Curitiba vestindo uma blusa branca onde se lê “San Francisco”. Seria por ironia, por gozação ou porque ele acha que os 51 milhões é pouco!
Transparência de bêbado
O Joesley afirmando que a gravação é conversa de bêbado e, ao mesmo tempo, que a gravação deveria ser tomada a sério porque mostra o desejo de transparência que os delatores têm.
“Nóis num vai ser preso”
Mantra repetido pelo indigitado, como se a repetição dele os livrasse da cadeia. Igual a este mantra há outros repetidos à exaustão pela maioria das pessoas e que são tão ineficientes quanto: “vai dar tudo certo”, “você vai sair desta”, “depois da tormenta o arco-íris”, etc.
Juiz só fala nos autos
Máxima jurídica diariamente quebrada pelo Gilmar Mendes, que se sente no direito de dizer o que pensa sobre tudo, e emite sentenças difamatórias contra o Janot, fora dos autos. Os amigos da máfia do transporte no Rio são habilitados ao benefício da dúvida e ao habeas corpus duvidoso e o Janot é execrado publicamente.
A Constituição é para ser cumprida
Que se ensine isto ao Gilmar Mendes e ao Lewandovsky, pois os dois a rasgaram no episódio do impeachment (cassou o mandato sem perda dos direitos políticos) e no julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE.
O juiz fala e julga com base nos autos
Não foi o que aconteceu com o julgamento da chapa Dilma-Temer, pois apesar das inúmeras provas apresentadas pelo relator, os autos foram deixados de lado e o julgamento legal passou a ser político e, para mim, deveria ir para a área criminal.
Todas as contribuições foram declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral
Sabe-se desde há muito que as declarações dos candidatos à Justiça Eleitoral é uma peça de ficção. O que aconteceu com as doações feitas por mortos e beneficiários do Bolsa Família?
É perseguição política
Como conseguir que três ou quatro juízes federais, mais a PGR, PF e STF se orquestrem para perseguir uma única pessoa ou partido?
Invalidada a delação, invalidados estão os documentos e áudios
É o que muitos gostariam que acontecesse. Se mentiram ou omitiram na delação, o que apresentaram é também mentira, logo a voz do Temer, Aécio e outros nas gravações devem ser mentira.
Bandidos constroem versões em busca de perdão
A legislação sobre a delação premiada castiga quem não apresenta provas do que fala ou acusa. Não apresentando as provas, a delação é um tiro no pé. Por outro lado, os que assim afirmam são mestres na mentira, mesmo diante das evidências e provas. Também mentem para não ser incriminados.
A melhor defesa é o ataque!
Que o diga o advogado de Lula e o próprio Temer.
Do círculo de amigos próximos ou estão no ministério ou estão na prisão!
É hora do TREMER!
Marcos Inhauser

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

EMDR – A cura de traumas

Segue mais um texto do meu amigo Paulo Rückert
EMDR é uma sigla em inglês e significa Dessensibilização e Reprocessamento pelo Movimento dos Olhos.
Em 1987, a psicóloga Francine Shapiro estava passeando num parque da Califórnia. Defrontando-se com lembranças desagradáveis e perturbadoras, ela começou a movimentar os olhos para a direita e para a esquerda; é o mesmo movimento que fazemos no sono REM, quando sonhamos. E ela percebeu que estava ocorrendo uma dessensibilização das emoções desagradáveis.
Esse movimento dos olhos estimula os hemisférios cerebrais. No hemisfério direito predominam as emoções. E o hemisfério esquerdo destaca-se pela lógica e pelo raciocínio técnico.
O equilíbrio neurológico possibilita o processamento espontâneo e natural das informações. A informação útil é armazenada e fica disponível na memória. Mas, uma situação perturbadora e traumática pode ocasionar um desequilíbrio no sistema nervoso. Com o processamento de informações prejudicado, permanecem no cérebro emocional as lembranças disfuncionais.
Mediante o movimento dos olhos é acionada a rede neurológica onde a lembrança traumática ficou presa, e o cérebro é estimulado a reorganizar a lembrança disfuncional e processá-la de forma funcional.  A partir de então, a rede onde o trauma está arquivado passa a cooperar com a rede que possibilita a compreensão das informações. A dimensão emocional e o conhecimento racional passam a trabalhar juntos.
Enquanto os dois hemisférios do cérebro não estiverem cooperando entre si, as emoções traumáticas permanecem travadas. É preciso promover a conexão entre a dimensão emocional e o conhecimento racional. E essa conexão é efetivada mediante o movimento dos olhos.
Francine Shapiro também observou que sons alternados – da esquerda para a direita – nos fones de ouvido, ou palmadas suaves ora na mão direita, ora na esquerda produzem o mesmo efeito.
A pessoa traumatizada é incentivada e relembrar o episódio perturbador. Enquanto a pessoa evoca uma imagem marcante, ela recebe o estímulo, que pode ser visual, sonoro ou tátil. Acontece, então, uma dessensibilização da lembrança traumática. E, também, um reprocessamento das informações no cérebro.
As pessoas submetidas à terapia do EMDR declaram que a lembrança traumática está lá no passado; ela continua existindo, mas não incomoda mais. Livre da carga disfuncional, a memória traumática perde a potência. E a partir de então, a pessoa está em condições de elaborar uma nova compreensão do ocorrido, um reprocessamento.
Em seu livro Curar, o neurocientista David Servant-Schreiber relata que a revista Journal of Consulting and Clinical Psychology publicou “um estudo com oitenta pacientes com traumas emocionais que foram tratados com EMDR”. O médico prossegue: “Nesse estudo, 80% dos pacientes sentiram recuperação de suas síndromes traumáticas depois de três sessões de noventa minutos. Esse índice de recuperação é comparável ao dos antibióticos no caso de pneumonia”. E o neurocientista conclui: “O mesmo grupo de pacientes foi analisado durante quinze meses e descobriu-se que eles desfrutavam daquele benefício quinze meses após o tratamento”.
Os resultados terapêuticos do EMDR são reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A terapia é breve e eficaz, como mostram os vídeos na internet.
Assim como o corpo pode curar a si mesmo, quando nos machucamos, também a mente pode se restabelecer, afirma Francine Shapiro. E nós acrescentamos: “Graças a Deus”.