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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

QUANTO CUSTA UMA MEDALHA?

Havia me proposto a não falar das Olimpíadas porque, diante da profusão de notícias, comentários e críticas, eu seria repetitivo. Mas, cedo à tentação. Li no site da UOL que cada medalha que o Brasil ganhou custou R$ 194 milhões. O levantamento considera os investimentos diretos feitos por estatais, isenção, loteria, Forças Armadas e Ministério dos Esportes no período compreendido entre Londres e Rio de Janeiro.
Será este o único investimento? Estive em Seul alguns anos depois da Olimpíada e visitei algumas das construções feitas para as Olimpíadas de 88, assim como visitei as instalações de Beijing. Uma das coisas que ouvi nas duas cidades de moradores delas é que os complexos olímpicos se tornaram elefantes brancos.
Penso também no que custa uma medalha em termos de sacrifício pessoal. Inúmeros foram os que salientaram o tempo que estiveram afastados de suas famílias, da privação de muitas coisas, para que pudessem chegar onde chegaram. Michael Phelps, Usain Bolt, as duplas Diego e Nory, Jader e Flavinha, Alison e Bruno e muitos outros falaram, alguns com lágrimas, o quanto se esforçaram e sofreram (literalmente) para conseguir algo.
Virou bordão (ao menos na Globo) que a dor é o uniforme do atleta olímpico. As marcas de ventosa no ombro do Phelps, os muitos esparadrapos para enganar músculos doloridos, as baixas por contusões, os acidentes (Annemiek van Vleuten, ciclista que capotou na curva; Samir Ait Said que quebrou a perna ao saltar, e outros) provam que não falavam irrealidades. De um total de 11.544 atletas que participaram, quase 10% deles tiveram lesões. Os relatórios médicos das 92 delegações nacionais, revela que a metade dos 1.055 atletas que se machucaram durante a Olimpíada tiveram problemas nas pernas ou nos pés e outros 100 sofreram com contusões na cabeça. O boxe, o futebol, handebol, o hóquei, o tae-kwon-do e o levantamento de peso foram os que mais lesionaram atletas.
Para os que “chegaram lá”, será que vale a pena, se se considera a quantidade de dores sofridas e que, na quase totalidade dos casos, os acompanhará pelo resto da vida? O prazer de mostrar uma medalha compensa o sofrimento atual e futuro?
Fico a pensar que um dos charmes das Olimpíadas é a quebra de recordes. No entanto, um dia eles acabarão. O ser humano chegará ao seu limite. Depois, o que se terá, será a manutenção do que já se conseguiu? Será que alguém, algum dia, pelo uso tão somente de suas forças e músculos, conseguirá baixar o que já se conseguiu nos 100 metros rasos, ou nos 200 metros. Será que o recorde mundial do Cielo poderá ser superado? Quando o for, sobrará qual motivação para os atletas? Se não há mais chance de quebrar recordes, para que servirão as Olimpíadas?
É verdade que os esportes promovem o congraçamento dos povos e que as Olimpíadas se constituem em evento ímpar para isto. No entanto, deve-se pensar que isto se faz em clima de competitividade, de subliminar mensagem de superioridade desta ou daquela nação. Não fosse isto, por que a Rússia teria investido tanto em dopar seus atletas? Por que o “quadro de medalhas” é tão cobiçado e divulgado? O que dizer da música, da poesia, da literatura? Seria o caso de se ter eventos mundiais para estes segmentos?
Marcos Inhauser

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

IGREJA É GENTE

Não entendo que seja acidental o fato de que os evangelhos, as cartas e o Atos dos Apóstolos façam qualquer menção a um edifício que abrigasse alguma comunidade cristã nos primórdios da igreja. Sem espaço nesta coluna para me delongar na fundamentação histórica e fática de tal afirmativa, relembro que Jesus pregou seus sermões no monte, na praia, desde um barco, no interior de uma casa. Uma única vez o vemos em uma sinagoga. Relembro ainda que quando ele foi a Jerusalém e ao templo pela primeira vez, foi quando criança. Quando adulto, criticou o que ali se praticava, tendo derrubado as mesas dos cambistas.
Por ter sido perseguida, a igreja nascente teve que se esconder, fazer suas reuniões de forma quase silenciosa, em Roma se reuniu nos subterrâneos (catacumbas), teve seus líderes perseguidos, presos e martirizados.
Nos primeiros trezentos anos da igreja não se falou em edifícios, templos ou coisa que o valha. Tudo indica que isto começou a acontecer depois que o cristianismo foi considerado a religião oficial do império romano, por obra e graça (para alguns, desgraça) de Constantino. Porque agora era legal, oficial e abrigava o imperador, se devia ter construções que abrigassem ao imperador e seu séquito. Ele mudou a capital do império para Constantinopla (em homenagem a si mesmo) e ali construiu um palácio eclesial que fosse digno de sua presença. Nascia assim a catedral!
Esta associação do templo com o palácio real também se deu nos tempos de Salomão que teve o seu palácio ao lado do templo, com acesso privativo.
Esta associação levou o cristianismo a um caminho desviante: confundir igreja com edifício. Igreja é gente reunida em comunhão, nunca edifício. Igreja é feita de gente e não de tijolos, telhas, bancos, púlpito e holofotes.
Igreja é gente reunida em comunhão, que tem o compromisso de amar o próximo e ajudá-lo em suas necessidades. Igreja é o compromisso de atender ao pobre, à viúva, ao exilado, ao estrangeiro. Igreja é serviço, é doação, é lavar os pés.
Se olharmos para as religiões templárias (as que se apresentam em função do edifício que têm), o quanto arrecadam, o quanto gastam com a manutenção do patrimônio (limpeza, conservação, água, luz, pintura, faxineiros, etc.), aliado ao uso semanal que o elefante branco tem, constata-se que há um clamoroso desperdício de recursos na construção e uso dos edifícios. E o pobre, a viúva e os demais necessitados pouco ou nada tem de ajuda destas comunidades templárias.
Templos são locais maravilhosos para os narcisos se exporem. Congregam centenas, milhares, todos olhando à frente, para o iluminado pelos holofotes. Todos ouvem o que ele diz porque um potente sistema de som irradia o que ele fala. Templo não é lugar de conversa, diálogo, mútuo aprendizado, antes de exercício do monólogo do que sabe, que “ instrui a horda que não sabe”. No templo não se exercita comunhão, só a audição. No templo só ficamos sabendo das necessidades da organização: precisamos de tantos mil para terminar a reforma disto, para pagar o programa de rádio ou televisão, para reformar o telhado, etc.
No templo não se fala do pobre, porque não são bem-vindos: precisam estar decentemente vestidos, tomados banho e perfumados, como a maioria dos templários estão.
Igreja é gente, é serviço de amor ao próximo, é comunhão íntima que se tem nos pequenos grupos. Igreja é conhecer gente, é saber das suas histórias e necessidades, é envolver-se com o outro. Igreja é ser família, a família da fé que é tão família quanto pai, mãe e filhos.

Marcos Inhauser

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

NEYMAL E NEYMARTA

Sou leigo em futebol, mas sei quando um jogador está abaixo da média ou jogando mal. Não preciso de comentaristas esportivos para dar meu diagnóstico, ainda que os ouça e leia para me certificar da avaliação que faço. Assisti aos dois jogos da seleção olímpica e fiquei irritado. Ainda mais com as explicações dadas: “jogamos bem, só faltou a bola entrar”. Há tempo venho atravessado com o Neymar. Ele me faz lembrar algo que ouvi no Peru sobre o Alan Garcia: “ele é pomada, só serve para uso externo”. Ele me dá a impressão de que só joga no Barcelona e aí me pergunto: será que joga porque tem bom meio de campo para lhe dar bolas açucaradas e companheiros como Messi e Suarez para azeitar as coisas? Porque, até hoje, e até onde minhas lembranças alcançam, ele não teve nenhuma atuação destacada e brilhante jogando pela seleção? A camisa amarela pesa? Mais que isto: porque, de forma irresponsável, se envolveu em encrencas que o tiraram dos jogos da seleção. Não gostava do Dunga? Ou a seleção não faz parte dos seus planos? O seu descontrole ao final da última partida, na condição de capitão da seleção, é porque estava emocionalmente comprometido ou algo pensado e executado para cair fora dos jogos e do certame, tal como ocorreu na Copa América? Ainda não entendo como uma pessoa que teve uma vértebra fraturada com uma joelhada nas costas, pôde, poucos dias depois, estar à beira do campo pulando e torcendo pelos companheiros. Ele se livrou por sorte do 7 x 1 ou já sabia algo de antemão? Como não censurar quem deixou a seleção por expulsão e no mesmo dia estava em balada com os amigos? Como um craque como ele, jogando pela seleção, erra tantos passes, perde tantas bolas e não dá um chute certeiro quando bate falta? Que tenha um dia de baixa, se entende. Mas ter 180 minutos e não fazer nada é suspeito. Como dar a ele a condição de capitão se já mostrou que é esquentado e, de forma irresponsável, arruma confusão. Pode um capitão, no que pese a força de um contrato, sair sem dar uma palavra à imprensa, nem ao término da partida, nem depois do jogo? Quando a torcida comparou Neymar à Marta não estava ironizando. Ela percebe a diferença de postura, atitude e comportamento entre ambos. Do lado da Marta sobra humildade, empenho, compromisso e qualidade. Os muitos memes, as muitas piadas e a repetição do coro pedindo a Marta na seleção masculina quando do jogo contra o Iraque, mostra que o Neymar está Neymal. Ela já foi escolhida cinco vezes como a melhor do mundo e com todos os méritos. Ele nunca o foi e se continuar assim nunca será. O que a torcida espera é que o Neymar deixe de ser o incensado, badalado e alçado à condição de maior estrela do futebol brasileiro. Deixe de ser Neymal e passe a ser um Neymarta: aprenda com ela a jogar em equipe, ser sério, comprometido, humilde e menos baladeiro. Marcos Inhauser

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

NUMEROLATRIA

Chama-me a atenção como as igrejas e os membros delas estão obcecados pelos números. É só perguntar a alguém qual a igreja que frequenta e, invariavelmente, dará o nome da igreja e em seguida emendará alguns números: “temos um templo para 8.000 membros”, “nossa igreja tem 17 pastores”, “recebemos 154 pessoas por batismo no domingo passado”, “a arrecadação da nossa igreja tem uma média de R$ 250.000 por mês”, “temos 345 grupos familiares”, “tivemos um culto abençoado e 87 pessoas foram à frente se decidindo por Jesus”, “nossa igreja sustenta 12 casais de missionários nos campos”, “estamos construindo um templo para 10.000 mil pessoas”, “fazemos a oração dos doze apóstolos”, “impetramos a benção dos 318 servos poderosos”, etc.
Cada qual quer impressionar com a grandiosidade dos números apresentados, como se a pujança e o vigor de uma comunidade estivessem nos números que apresenta. Eles avalizam a prática ministerial, teológica, programática e doutrinária da igreja. É um tipo de “os números validam a prática”. Quanto maiores forem eles, mais acertada estará a comunidade no seu entendimento da vida religiosa.
Ao anunciar um convidado especial, fazem 1questão de dizer que o mesmo é pastor de uma igreja de tantos mil membros em algum local desconhecido, de preferência no exterior. Dá mais autoridade ao convidado e a quem o convidou. Há pouco tempo fui buscar um amigo que participava de uma convenção dos numerólatras. Com voz triunfante anunciavam que há menos de 10 anos tinham começado com 55 pessoas reunidas e que naquele momento estavam com 2.300 pessoas na atual convenção. E desafiavam a todos para que, no próximo ano, chegassem a 5.000.
A busca dos números superlativos para uma comunidade se transformou em uma idolatria. Eles são a certeza da benção, da garantia do acerto da prática ministerial. Eles validam qualquer prática, desde que os templos estejam cheios. Grupos pequenos são sinônimo de fracasso.
Certa feita, convidado a pregar em uma igreja que nunca tinha visitado, tive o pastor da Igreja afirmando que a certeza de que Deus estava no meio deles era que havia gente até do lado de fora do templo. Não aguentei. Mudei o sermão: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estarei”. Afirmei que só podia garantir a presença de Deus, segundo as Escrituras, quando dois ou três estivessem reunidos em Seu nome. Mais que isto era temerário. Não preciso dizer que nunca mais me convidaram para pregar naquela igreja.
Arrecadação, frequência, membresia, programas, festas, cultos especiais são o alvo maior porque se pode contar e propagandear as façanhas. Comunhão, serviço ao próximo, ajuda ao necessitado, visitas aos enfermos, apoio ao que sofreu perdas significativas, não dão Ibope. Muitos frequentam esta ou aquela igreja porque não precisam se envolver. Vão, assistem, e saem. Outros frequentam esta ou aquela igreja e fazem questão de colocar um adesivo no carro, porque aquela igreja tem grife, tem números!
Seria a ênfase nos números uma necessidade para que uma comunidade se caracterize como igreja? É o número dos que frequentam que validam a existência? É o tamanho do templo a garantia de que se está em um local sagrado? São os 45 minutos de louvor que fazem um culto ser uma benção? É o número de músicos à frente o que abençoa?

Se na antiguidade se condenava o deus mamon e o da fertilidade, hoje se deve combater o deus da grandiosidade e dos números.
Marcos Inhauser

A NOBREZA DO ANONIMATO

Transcrevo aqui mais um texto do meu amigo e colega Marcos Kopeska.
Acredito serem poucas as pessoas a viver absolutamente satisfeitos com suas identidades e realizações. Parece que temos a tendência de ambicionar ser o que não somos e vivemos insatisfeitos como nossas conquistas e identidade. Ouvi a respeito de Julio Cesar, um dos maiores estadistas da história que foi flagrado por um assessor em choro copioso ante a estátua de Alexandre Magno. Quando perguntado da razão do choro, respondeu em desconsolo: “Choro porque não sou Alexandre, o Grande, que quando tinha mesma idade que tenho, conquistou seu fabuloso império.” Cabe ressaltar que Alexandre Magno, da Macedônia, foi o general mais vitorioso e de estratégias minuciosamente perfeitas, seguido por Julio Cesar, imperador de Roma que veio quase quatro séculos depois.
Penso que em maior ou menor escala, muitos de nós somos “Julio César”, chorando por não sermos quem  gostaríamos de ser, comparando a idade que temos com as idades que tinham nossos heróis quando dos seus grandes feitos. Acontece que essa cobrança perversa nos impede de descansar naquilo que somos e nos tolhe de sentirmo-nos dignos pelo que somos, no tempo em que chegamos onde chegamos.
Confesso que, em certa ocasião, senti-me desnorteado sabendo que Charles H. Surgeon escreveu seu primeiro tratado de teologia sistemática aos dezesseis anos de idade, enquanto aos dezesseis eu nem ao menos falava em público. Senti-me inútil ao ler que Billy Graham, aos trinta anos, já influenciava o mundo pregando sermões impactantes e sendo conselheiro pessoal do presidente dos EUA, enquanto eu aos trinta, patinava sofregamente no inglês e vivia enfurnado nos meus dilemas de pastor interiorano. Senti-me inadequado quando olhava para quem tinha mais de cem livros publicados, tinha doutorado em teologia, era conferencista, enquanto eu, com quarenta e dois apenas administrava os caprichos de um grupo de líderes nepotistas e confusos da igreja local. Confesso que demorei para fazer a oração de Davi registrada no Saltério: “Senhor, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim.” (Sl 131:1). Cheguei à conclusão que o que vale é a relevância e não a importância. Descobri que, por vezes, apenas o existir e cumprir fielmente nossa missão, é o maior legado que podemos construir. Atinei-me de que, em muitas ocasiões, somos “João Ninguém” aos nossos próprios olhos, vivendo na linha mediana da existência, não obstante ao longo da história colocarmos em funcionamento importantes engrenagens que farão parte do agir de Deus no tempo.
No presente não avaliamos os desdobramentos que apenas se revelarão no futuro. Quando penso nisso, logo lembro do discípulo de Damasco, Ananias, instrumento usado por Deus para orar por Saulo de Tarso, quando da sua conversão e batismo do apóstolo. Ananias batizou Saulo e desapareceu da história da igreja, enquanto Saulo se levantou com inegável intrepidez para ser o maior teólogo e missionário da história. Ananias foi uma destas engrenagens da história do cristianismo e o desdobramento foi a evangelização do mundo de então. Ananias não foi importante, mas relevante.

Sendo assim, não sejamos afoitos por holofotes, mas desejemos manifestar a soberania absoluta de Deus na cronologia da vida, mesmo que você nunca venha a saber dos desdobramentos finais. Creia, nenhum anonimato é pobre e desvalido, se Deus é soberano na história. Há nobreza em apenas ser uma destas engrenagens da história quando o desfecho é a glória de Deus. Isso nem sempre é importância, mas sempre será relevância.

O AMOR NÃO É ...

O amor não cobra. Quando se ama não há o direito de cobrança da pessoa amada pelo fato de que o amor não pode exigir respostas positivas da parte da outra pessoa receptora do meu amor. Ele é um ato incondicional da minha parte para com ela e querer cobrar o outro pelo fato de eu o amar é uma desautorização do meu sentimento, porque o ato da cobrança violenta o ato do amor e o transforma em algo de significado zero.
O amor não é proprietário. Amar alguém não confere o direito de propriedade. O amor proprietário é um dos grandes problemas da humanidade e o é pelo fato de que as pessoas, por amarem, se sentem donas do outro e no direito de controlar a vida do outro, de estabelecer limites, seja para a roupa que veste, o cabelo que pode ter, onde pode ir, com quem pode conversar. O amor não pode se sentir dono do outro que só é o destinatário dos meus sentimentos e atos de amor. O amor nunca toma posse. O amor possessivo, ciumento é doentio, é patológico.
O amor não é investimento. Não se pode amar alguém hoje, fazer coisas em benefício dele e amanhã cobrar alguma resposta, retribuição ou recompensa pelo fato de eu o ter amado e o ter beneficiado. O ato do amor não exige pagamento. O ato do amor é uma doação incondicional e gratuita.
Outra característica do amor: ele é doação. Foi o que Deus fez. O texto diz: “porque Deus amou o mundo, deu o seu filho”. Outro texto diz que Deus provou seu amor para conosco no fato de ter Cristo morrido por nós, de ter se dado por nós. Outro texto vai dizer que ninguém tem amor maior do que dar a sua vida em favor do outro. Amar é entregar-se ao outro. Quando se dá não se espera nada em troca.
É verdade que o ápice do amor é amar e ser amado por quem se ama. O clímax do amor é ter o agradecimento do outro por ter recebido. Amar e ser amado por quem se ama ou amar e receber a gratidão da pessoa amada não deve ser condicionante para amar.
O amor não precisa dar provas. Ele é a prova em si mesmo. O ato de amar, que é o ato de fazer algo em benefício do outro é, em si mesmo, a prova inteira do amor que se tem. O amor se vive e se faz presente no ato. Ainda que existam algumas expressões, inclusive bíblicas, no sentido de dizer que Deus prova o seu amor para conosco, o texto vai mostrar que a prova do amor está no próprio ato de amar.
Amar não tem limites. Quando se ama, há entrega, doação completa. O amor não aceita ou não impõe restrições. O amor libera as coisas positivas, os atos das pessoas que amam e elas se sentem libertas, felizes. Ele também liberta as pessoas amadas porque, ao receberem o amor, são por ele beneficiadas e libertas. O amor não infelicita. O que infelicita é o ciúme, que mata ao controlar o objeto amado.
O objetivo maior de quem ama é ver o amado sendo promovido, crescendo, florindo, desabrochando para a vida. O amor coloca sorriso nos lábios de quem ama, lágrimas de alegria na face de quem é amado. O amor promove a vida, perdoa, não se ressente do mal e não busca o seu próprio interesse.
Marcos Inhauser