Filho de um casal que, assim como tantos outros, teve seus problemas financeiros e de relacionamento, ele tinha tudo para ter uma adolescência rebelde e ser um filho problema. Mas desde cedo mostrou que tinha objetivos para a sua vida e os perseguiu.
Alistou-se na Aeronáutica pois queria fazer a carreira militar e ser piloto. Assim fez e assim aconteceu. Seus pais se separaram e ele sempre teve um carinho muito grande pelos dois. Por causa da carreira militar, mudou-se muitas vezes. Casou-se, teve uma filha.
A mãe não tinha uma casa para morar e ele e a esposa decidiram ajudá-la na construção de uma. Mais tarde, para que a mesma pudesse ter uma renda para sua aposentadoria, eles a ajudaram a construir dois pequenos apartamentos para aluguel.
Seu pai foi morar no extremo oeste do país. Quando soube que ele estava doente, saiu de sua base e foi para lá. Havia problemas para que ele recebesse atendimento médico, providenciou para que fosse atendido da melhor maneira possível. Ficou com ele alguns dias. Dias depois o pai faleceu e novamente foi para lá para ter certeza de que teria um sepultamento digno.
Quando tiveram a filha, o casal decidiu que adotaria um filho. Fizeram a inscrição na lista de adoção e ficaram na fila de espera. Nada de chamarem.
Estavam morando no extremo sul do país e foram removidos para o norte. Um dia, tocou o telefone e era o pessoal do sul dizendo que tinham uma criança para ser adotada. O coração deles saltou. A pessoa que ligou disse: “Só que há um problema. A criança tem um ano e meio e é aidética. Setenta e cinco pessoas que estavam na lista de espera para adoção se recusaram a adotá-la.”
Imediatamente eles responderam que sim, que queriam adotar a criança mesmo sendo aidética. Saíram do norte do país, foram ao sul para ver a criança e iniciar o trabalho de familiarização para ver se a criança se adaptava com a família. O encontro foi mágico. Ao ver a Juliana, a criança estendeu os braços e se atirou, como se ela fosse a verdadeira mãe.
Dias depois, permitiram que o casal levasse a criança para casa, ainda no sul, para ampliar o processo. No processo de saída do orfanato o Bruno pergunto quais eram os remédios que le tomava e que deveria continuar tomando. Para seu espanto e da Juliana, eles lhe disseram que a criança estava há dois sem medicamentos porque o Estado não os entregava.
Ele saiu dali, foi ao consultório de uma médica amiga do casal, fez a consulta, pegou a receita e foi à farmácia comprá-los. O casal assumiu o compromisso de que, desse certo ou não o processo, aquela criança nunca mais teria a falta dos remédios.
Ainda não sei se a adoção deu certo. O processo está correndo esta semana. Decidi compartilhar a história para que que se saiba que há gente decente, bondosa e filhos exemplares. Há casais dispostos ao sacrifício para que uma criança tenha um lar, mesmo depois de ter sido recusada por setenta e cinco outros casais.
P.S. Depois de haver escrito e publicado esta coluna, recebi a notícia de que o casal conseguiu a adoção do menino aidético. Mas a história não para aí. No dia seguinte à adoção sacramentada descobriram que a Juliana está grávida do seu segundo/a filho/a.
Marcos Inhauser
Professor, pastor, teólogo e educador corporativo Textos escritos para a coluna semanal no Correio Popular, da cidade de Campinas e texto escritos depois de 2021, que tratam de temas nacionais, internacionais, sobre igreja e teologia
Leia mais
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quinta-feira, 19 de setembro de 2013
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
IMAGINE SE...
Estamos às voltas do imbróglio armado pelas revelações do
Snowden sobre o amplo e, ao que tudo indica irrestrito, sistema de espionagem
montado pelos Estados Unidos para bisbilhotar a vida de cidadãos comuns,
governos e empresas.
Por trazer à luz parte do que fizeram (e ainda fazem), o
antigo funcionário da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, foi
considerado traidor e sua cabeça está a prêmio. Quando pediu e recebeu asilo
político na Rússia, a concessão estremeceu as relações entre os dois países,
pois agora, não só o Snowden era traidor, como também a Rússia traíra a
confiança dos Estados Unidos.
Por causa dele, e baseado em “leve suspeita”, bloquearam o
espaço aéreo da Europa para o avião presidencial da Bolívia, pois imaginavam
que Evo Morales tinha ido à Rússia para trazer para sua terra o “traidor”.
O mesmo fizeram com o Assange, quem, em um ato de coragem e
serviço público, publicou milhares de documentos secretos dos Estados Unidos.
Para tentar colocar a mão nele até arrumaram uma prostitua sueca que alega que
foi abusada por ele. Asilado na Embaixada Equatoriana na Inglaterra, não recebe
o salvo-conduto para sair da Embaixada e ir ao aeroporto e assim chegar ao seu
destino de asilado.
O soldado estadounidense, Bradley Manning que entregou os
documentos foi identificado, julgado como traidor e pegou 35 anos de prisão.
Agora, imagine o reverso.
Imagine que um brasileiro tivesse conseguido entrar nos
e-mails do Barack Obama e bisbilhotado a correspondência dele. Imagine que
outro tivesse entrado nos computadores da IBM e roubado segredos industriais.
Ou que uma Agência Brasileira ligada à Petrobrás tivesse entrado e obtido dados
estratégicos sobre as reservas de petróleo dos Estados Unidos. Qual seria a
reação deles?
Seria a de mandar um comunicado abominando as invasões
cibernéticas? Mandariam um subchefe de alguma coisa para dizer que não
gostaram? Esperariam uma semana para ter os esclarecimentos por escrito?
Mandariam o Secretário de Estado para conversar e receber explicações de uma
“sub alguma” coisa relacionada à inteligência?
Que nada!
De forma veemente e violenta retaliariam nas relações
comerciais com o Brasil, sobretaxariam nossos produtos para o mercado
estadounidense, fariam um auê dos infernos!
Mas, o lulo-dilmismo-petismo esbravejou para o público
externo e mandou o Ministro das Relações Exteriores para Washington para ter
uma conversa com a sub alguma coisa, e voltarão dizendo que as explicações
dadas foram satisfatórias e que elas, por razões de segurança não podem ser
explicitadas para o grande público.
E lá vamos nós. Engolindo sapos e arrotando presunto!
Marcos Inhauser
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quarta-feira, 4 de setembro de 2013
INTELIGÊNCIA E DIPLOMACIA BRASILEIRAS
Não é de hoje que me pergunto
sobre o serviço de inteligência do governo brasileiro. Desde os tempos do
mensalão eu me perguntava, diante das sucessivas e repetidas afirmativas do
Lula dizendo que nunca soube nada e que não sabia de nada, para que serve um
serviço de inteligência e, existindo um (regiamente pago), o que anda fazendo o
pessoal dele encarregado.
A pergunta mais uma vez me veio à
mente diante dos episódios de espionagem cibernética e telefônica desenvolvido
pelos Estados Unidos (e não acredito que sejam os únicos a se dedicar a tais
práticas). A cara de surpresa e o discurso do “nem desconfiávamos” que os
ministros vêm apresentando, me fazem pensar que o serviço de inteligência só
tem inteligência no nome. Será que não passou pela cabeça dos oficiais da
inteligência que o grampo poderia atingir autoridades, mesmo com o aviso que o
jornalista que tem os documentos fez meses atrás?
Veja também o episódio do senador
boliviano que foi trazido ao Brasil por um funcionário de segundo escalão. Será
que este funcionário nunca comunicou, falou com alguém, planejou o que faria?
Se ele conseguiu mobilizar um senador brasileiro, uma empresa de jatos
executivos que lhe “emprestou” um jatinho, se conseguiu ter dois guardas
escoltando, se usou carro oficial, como não sabiam?
Quando um ministro é pego com a
mão na botija, ou alguém é indicado para um cargo e vem a imprensa mostrar os
descalabros já cometidos, será que a inteligência não vasculha a vida pregressa
das pessoas a serem nomeadas e avisa o primeiro escalão que vão entrar em fria?
Nos casos Renan, Padilha, o Romero Jucá, o Edison Lobão e tantos outros.
Por outro lado, parece que a
diplomacia brasileira usa o mesmo serviço de inteligência. O imbróglio em que o
lulo-petismo se envolveu no caso do Zelaya, em Honduras, no apoio ao Mahmoud
Ahmadinejad (o analfabeto histórico que negava a existência do holocausto), o
apoio incondicional ao Hugo Bolivariano Chaves, a interferência no processo
político dando apoio à eleição do filhote do Chavez, o Maduro (só no nome), as
relações obscuras com a ditadura da ilha, a contratação de médicos cubanos e a
criação ex-tempore do Mais Médicos
para justificar este acordo com a ditadura da ilha, são alguns poucos exemplos
do muito que se poderia citar e da infinidade que deve haver por baixo dos
panos. Como pode ter uma complacência bovina com o Evo e a Cristina, e entrar no
radicalismo de uma sanção ao Paraguai no Mercosul? Se o Paraguai não podia por
questões políticas, por que a Venezuela podia?
Passo qui meu atestado de abestalhamento diante de tanta
inteligência.
Marcos Inhauser
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