Professor, pastor, teólogo e educador corporativo Textos escritos para a coluna semanal no Correio Popular, da cidade de Campinas e texto escritos depois de 2021, que tratam de temas nacionais, internacionais, sobre igreja e teologia
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terça-feira, 10 de agosto de 2010
COLCHA DE RETALHOS
Lá pelos anos setenta eu batia na tecla de que a música e os cânticos nas igrejas precisavam deixar de lado o ranço anglosaxônico e assumir o sabor dos ritmos brasileiros. Eu não estava só nesta empreitada, haja visto que muitos, como eu, batíamos nesta tecla.
Algumas coisas começaram a surgir. Um xote aqui, um samba ali, um baião, etc. Paralelo a isto, havia um outro grupo que sustentava que os cânticos deviam ser os mais bíblicos possíveis, e muitos se dedicaram a musicalizar trechos inteiros dos salmos e outras partes bíblicas. Não há que negar que houve uma forte efervescência e renovação na hinódia.
Nestes dias tenho prestado atenção aos cânticos que as igrejas estão cantando e há algumas coisas que me chamam a atenção. A primeira delas é a saturação de cânticos de louvor e adoração, em detrimento de outros temas como confissão, consagração, crescimento espiritual, etc. Um amigo liturgista que toma o Pai Nosso como modelo litúrgico afirma que os cânticos só ficam no “Pai Nosso que estás nos céus” e se esquecem das demais petições da oração dominical. Isto leva a uma religiosidade alienada e alienante. Outro que toma o texto de Isaías ¨, afirma idêntica coisa, dizendo que a parte do “Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios” não entra mais na liturgia das igrejas.
O segundo aspecto que me tem chamado a atenção é o uso e abuso de jargões, quase todos tirados de trechos das Escrituras, fazendo com que as letras dos cânticos se tornem em verdadeiras “colchas de retalho” de fragmentos bíblicos. Temos como o poder de Deus, a santidade de Deus, a onipotência, são repetidos ad nausean, sem que tais letras acrescentem absolutamente nada ao que já se tem. Com isto, estes cânticos não traduzem a reflexão de alguém, o teologizar. É como se juntassem frases soltas relacionadas a um mesmo tema e disto fazem a letra “inspirada” de um cântico.
A terceira coisa é que o momento dos cânticos domina boa parte do tempo de culto, em detrimento do tempo de ensino da Palavra, com cantores/pregadores de sermonetes que são repetições dos mesmos jargões cantados nos hinos. Com isto o culto, na grande parte das igrejas empobreceu, para não dizer que faliu. Há quantidade de música e pobreza de teologia. Há ministração de louvor sem ministração da Palavra.
Depois me perguntam porque muitos já não querem mais ir às igrejas.
Marcos Inhauser
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AGÊNCIAS PARA NADA
A recente crise aérea com a Gol, que causou mais de 400 cancelamentos de vôos e inúmeros atrasos, vem, uma vez mais, e de forma contundente, revelar a incompetência, incapacidade, incúria e inutilidade deste e de outros cabides de emprego. No apagão aéreo a inépcia já se tornou visível, a inutilidade patente e explícito o incesto das agências reguladoras com as empresas que por elas deveriam ser reguladas, supervisionadas, fiscalizadas e multadas.
Quem já teve a experiência de buscar algum amparo na ANAC, ANATEL, ANTT, ANVISA, ANS e quejandas, teve a triste constatação de que o que menos interessa a eles é atender ao cidadão. No meu caso, logo após a regulamentação dos callcenters, quando estes deveriam atender em um minuto às chamadas, liguei para a ANATEL e fiquei pendurado mais de uma hora nas várias tentativas, pois não só não atendiam como derrubavam a chamada.
Certa feita, em função de problema com uma viagem interestadual de ônibus, busquei a ANTT, onde protocolei a denúncia e por mais de dois anos cobrei resposta, sem nunca haver recebido qualquer notícia do andamento do processo. Nos vários problemas que enfrentei (e ainda enfrento) com a NET, seja na televisão, no telefone ou na internet, por duas vezes acionei a ANATEL e me deram um número de protocolo. Ao tentar saber resultado da denúncia, havia a informação de que a operadora comunicou a solução do problema, quando o mesmo persistia. Davam o caso por encerrado sem que, ao menos, a outra parte fosse ouvida. O mesmo aconteceu quando recorri à ARTESP, por causa de problemas com uma viagem intraestadual. Nada de nadica.
Em problema com o plano de saúde, busquei a ANS e esta disse que não atendia a casos particulares e nem recebeu a reclamação.
Se se olha os salários que tais marajás recebem, as mordomias que tem (recordem-se das passagens aéreas que os antigos membros da ANAC desfrutavam), do status, da possibilidade de empregar parentes, há que se reconhecer que, além de inúteis, são impostoras: ganham e cobram para fazer o que não fazem.
Exemplo disto é a INFRAERO, que tem a incumbência de administrar aeroportos, que cobra taxas de embarque exorbitantes, mas presta serviço de rodoviária de cidade decadente.
No entanto, como o guru nunca sabe de nada, decidiu criar mais uma para “supervisionar” a exploração do préssal. A conta, com certeza, será salgada.
Marcos Inhauser
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LUGAR DE ANJO É NO CÉU
Aprendi no Seminário que os anjos são imortais, mas, hoje, tenho lá minhas dúvidas: a mãe Izolina morreu. Ela foi o anjo que Deus colocou em minha vida para, de várias maneiras e em diversas oportunidades ser o canal de benção de Deus para mim e para a minha família.
Lembro-me como se fosse hoje aquele domingo que vim fui à igreja, o primeiro depois de minha conversão. Há três dias eu não comia nada, sem dinheiro para pagar ônibus ou comer algo. Terminada a Escola Dominical, ela já ia indo embora, quando voltou-se, veio até mim e me perguntou:
— Onde você vai almoçar?
— Não sei, respondi eu.
— Venha almoçar comigo.
— Mas eu não tenho dinheiro para o ônibus.
— Eu sei disso.
Fui e almocei. Naquela dia ela me adotou como filho. Durante quase um ano todos os domingos eu ia à sua casa almoçar, ela lavou minha roupa e me apoiou.
Mais tarde, quando já estava no seminário, minha esposa e eu havíamos jantado uma porção de pipoca sem sal, porque era a única e última coisa que tínhamos para comer. À meia noite batem à nossa porta. Vou abrir e era a mãe Izolina, feito anjo do Senhor, trazendo uma oferta para nós, lá naquele fim de mundo onde estávamos.
Quando minha primeira filha nasceu em Campinas, havíamos programado retornar a São Paulo na quinta-feira e isto eu comuniquei à mãe Izolina, pois eu queria que ela fosse uma das primeiras a ver a nenê. Por uma série de razões, regressamos na quarta à tarde. Chegando em casa minha sogra me pediu que eu comprasse uma série de coisas que não havia na casa: arroz, leite, canjica, açúcar, etc. Eu não tinha um centavo para comprar aquilo tudo que ela me pedia e não queria dizer à minha sogra que eu não tinha dinheiro para comprar comida para a minha família. Fui a um canto orar. Logo depois batem à porta. Era mãe Izolina com uma cesta de mantimentos. Era tudo o que estava na lista da minha sogra. Quando lhe perguntei porque ela tinha vindo na quarta sabendo que nós tínhamos planejado vir na quinta, mãe Izolina me respondeu:
— Eu estava em casa e uma coisa me disse lá dentro de mim: Vai prá casa do Marcos e leva comida. E eu vim.
Era outra vez que o anjo do Senhor vinha ao nosso socorro.
Mãe Izolina foi o anjo de Deus para suprir, para admoestar, para disciplinar, para acariciar. Quantas vezes e por quantas horas desfrutamos um do outro nas conversas, nos cafés que tomamos juntos, nas horas em que ela foi avó de meus filhos.
O anjo morreu. Mas as bençãos que ela trouxe, a benção que ela foi para minha vida e para a minha família ainda está viva.
Lugar de anjo é no céu. Ela foi pro seu lugar.
Marcos Inhauser
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O DIÁLOGO NA CONSTRUÇÃO DA RELAÇÃO
Somos produto da relação de um “eu” e um “tu”. Aprendemos a ser gente na relação com dois “tus”: um pai e uma mãe. Somos frutos da relação de diálogo, sentimentos, emoções, corpos que se relacionaram com corpos que nos fizeram. A base da vida é o fato de que há um homem e uma mulher que se relacionaram e como fruto disso nascemos.
Não há como pensar no ser humano como ilha, isolado dos outros, da sociedade, do contexto em que vive. Para que possamos nos conhecer é necessário que conheçamos as relações que mantemos com outras pessoas que formam nosso sistema. O “eu” é conhecido na medida em que se conhece os “tus” com os quais este “eu” se relaciona.
O namoro é um “eu” que se relaciona com um “tu” procurando conhecer os “tus” do outro “tu”. Quando se conversam uma moça e um rapaz, querem saber o que outro é. Como se vai saber quem é? Fazendo perguntas. O mesmo é verdade para a construção de equipes de trabalho.
Cada vez que encontramos alguém e começamos a conversar, procuramos explorar, conhecer as relações que esta pessoa tem, o que ela faz, com quem trabalha, o que estudou, o que gosta e não gosta de fazer. Da mesma forma é o aconselhamento.
Quando se começa um aconselhamento, o que se faz é ouvir e não falar. O verdadeiro aconselhamento é aquele que tem a disposição de conhecer as relações que uma pessoa tem, de conhecer o sistema onde esta pessoa está inserida.
Quando uma pessoa sai à procura de alguém para namorar, existe na sua cabeça, inconscientemente, um quê (eu não tenho outro jeito de dizer), e a pessoa vai se sentir atraída por alguém que tem mais ou menos o mesmo modelo de relação familiar que a pessoa teve ou tem. Isso é mais do que lógico e normal. Se vai constituir uma família, que família conhece para servir de modelo? Se foi se acostumou a dormir em colchão de mola, na noite que dormir em um colchão de espuma vai se sentir mal. Vai buscar alguém para casar-se que tenha um “ninho” mais ou menos igual aquele que é o seu.
Isto é tão inconsciente, tão simbólico, tão invisível que é difícil explicar. Por exemplo: bati o olho em alguém, gostei e pergunto alguma coisa. A maneira como ela me responde, o tom de voz como responde, se for mais ou menos parecido ao tom de voz que estou acostumado a ouvir, entro em sintonia com a pessoa e vou procurando saber se o ninho dela é mais ou menos igual ao meu. Então a levo para conhecer a minha família, a sogra olha e se ela disser sim, amém. Se ela torcer o nariz é porque aquele pato não faz parte daquela patada.
Quantos casamentos tiveram problemas e passaram por duras penas ou separaram e que a gente constata que os pais de um ou de outro tinham restrições, porque a linguagem, os modos, a forma de falar, o tom de voz, a cosmovisão não batiam?
Assim, o diálogo prescrutador é de vital importância na construção de relacionamentos duradouros.
Marcos Inhauser
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MARIO GATTI DA GRAÇA
Popularmente o chamam de Mario Grátis, por se tratar de hospital público. Confesso que nunca olhei para ele com simpatia, exatamente por ser público e atender ao SUS, o que, pela mídia, se sabe do descalabro que é.
No entanto, por força da internação do meu pai no HMMG, decidi acompanhá-lo durante os dias em que esteve hospitalizado para uma cirurgia menor, poupando minha mãe e irmãos que moram fora de Campinas do incômodo das viagens e do custo dos pedágios entre Indaiatuba e Campinas (verdadeiros roubos, e ainda o Serra fica irritado quando perguntado sobre este triste capítulo da administração tucana).
A pequena cirurgia de meu pai se complicou em função de um infarto seguido de edema pulmonar. Fiquei indo, vindo e permanecendo no hospital por treze dias.
Desta experiência, que não é nova porque eu mesmo fiquei mais de mês em hospital, também em função de cirurgia e complicações posteriores, quero vir a público, da forma que tenho acesso, para dizer o que ali constatei.
Fiquei admirado, surpreso e gratificado por ver o carinho, atenção e dedicação da equipe de enfermagem dos segundo e terceiro andares, bem assim da UTI. Confesso que não vi nem ouvi da parte de nenhum deles (e não são poucos os que ali conheci) uma única palavra de reclamação, não percebi falta de vontade, comportamento reativo às solicitações. Muito pelo contrário, o que vi foi alegria, brincadeiras com os pacientes, gestos de afago e encorajamento. Tenho certeza de que no rebanho da enfermagem deve ter a ovelha negra, mas eu não a vi nem a reconheci. Antes, com os estagiários, quando fui agradecer o que haviam feito e o cuidado com meu pai, o que vi foi um sorriso nos lábios e a frase; “quem deve agradecer somos nós, por nos sentirmos úteis”.
O mesmo quero dizer dos médicos da Urologia e da UTI. Não se furtaram a dar as informações solicitadas, abriram o jogo quando a situação estava grave, foram solícitos às demandas do paciente e familiares e, principalmente, reverteram o quadro, mesmo quando o paciente era não colaborativo.
Diante disto, deixo aqui, de público, o meu reconhecimento pela excelência da equipe que conheci, e a declaração pública de que mudei minha opinião sobre o Mario Gatti. Da ignorância, passei à vivência da manifestação da graça de Deus, no serviço ao próximo.
Marcos Inhauser
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TIPOS DE LIDERANÇA
Fiquei pasmo ao saber hoje, através de uma emissora de TV, que a vitória da África do Sul foi a primeira vitória do Parreira comandando uma seleção que não fosse a brasileira. Nunca entendi muito bem como este senhor chegou onde chegou, porque nunca consegui ver nele méritos. Não consigo entender como esteve em seis Copas do Mundo, duas vezes dirigindo a Seleção Brasileira e outras quatro. Uma vez foi campeão com a brasileira em um jogo que não foi ganho, mas entregue pelos italianos em dois pênaltis chutados fora. Em 2006 foi o desastre que todos sabemos. Nunca jogou bola, escreveu um livro sobre futebol que depois se descobriu ser plagiado de um inglês. No entanto, a mídia globalizada o aponta como senhor técnico. Ele é o líder pastel chinês: grande, mas sem recheio.
Outro tipo de liderança é a do francês Domenech. Um cara sem nenhuma competência relacional é guindado ao posto máximo no futebol francês, arruma um monte de confusão, o Anelka lhe diz umas poucas e boas, o grupo sai em defesa do Anelka contra o técnico, instala-se o caos, perdeu dois jogos, empatou um e só marcou um gol. Triste liderança. Ele é o líder “casaca de ferida”: cada vez que mexe, sangra.
Há o líder holofote, aquele que, mesmo sem jogar, traz todas as luzes e holofotes sobre ele. É o Maradona. Gosta de microfone e declarações polêmicas como poucos, porque sabe que isto lhe dá audiência e holofote. Ele está aparecendo mais que o Messi, o melhor jogador do mundo. De salto alto, como sempre esteve em toda a sua vida, mesmo quando o internaram por vício em cocaína, vai conseguindo alguns resultados e espero que ele não tenha que cumprir a promessa que lhe renderá mais holofotes: desfilar nu em Buenos Aires.
Há o líder “casca grossa”. O Dunga é o exemplo acabado desta liderança. Tudo que pode influenciar, interferir ou ser considerado vazamento para a imprensa, ele se irrita e sai ofendendo em balbucios e rosnadeiras. Assim foi com a Alex Escobar na última coletiva que deu, obrigado pelo regulamento. Adepto do “só eu no comando”, mostra insegurança. Seu comportamento infantil provém de uma cosmovisão de que “boas cercas produzem ótimas comunidades”, lema preferido de certo grupo religioso. Na versão Dunga “isolamento produz boa equipe”. É verdade que a seleção melhorou no segundo jogo, mas também é patente que ele não foi competente para tirar o Kaká de campo quando se via a irritação que redundaria em expulsão. Preferiu deixar ser expulso, talvez porque assim pode colocar no time um outro peixinho seu, o Júlio Batista.
Com estas e outras, algo se aprende com esta Copa.
marcos Inhauser
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SOFRI....SOFREMOS....
Sofreremos....
Foi duro ver o jogo da seleção do Dunga. Não que eu esperasse mais de uma seleção com um técnico campeão do mundo em uma seleção que ganhou o título porque o Paulo Rossi chutou para fora o pênalti. Ele nunca me convenceu como jogador e muito menos como técnico.
Mas, tinha lá eu alguma esperança, considerando o fato de que a Coréia do Norte é uma das mais fracas seleções desta Copa do Mundo. Achei que se poderia marcar uns quatro e não levar nenhum.
Mas, quando terminou o primeiro tempo sem gols, minha tênue esperança ruiu. A quantidade de vezes que o Kaká errou passes me deu a impressão de que estava com a camisa errada e jogava para a Coréia. O Luis Fabiano era mais banheira que atacante, pela quantidade de vezes em que esteve impedido. O Robinho mais parecia galo ciscando no galinheiro que fazendo algo construtivo.
A vitória construída com gols não feitos pelos atacantes, a meu ver, mostra o que se pode esperar desta seleção: nada. Um futebol burocrático, feio, sem arte, sem criatividade. Acho que o Dunga tem tanto medo da criatividade que isto o levou a não convocar o Neymar e o Ganso, porque poderiam inventar coisas que não estavam na sua tabuleta e nem no seu script de jogo. Ele quer a eficiência mínima: ganhando de um é certeza de três pontos, que é o que interessa.
Pior do que ver o jogo da seleção é vê-lo com a narração do Galvão Bueno e os comentários do Casagrande. Fui ver o jogo na casa da filha, e como a casa não era minha, me submeti à escolha da maioria. Tive que agüentar o festival de patriotadas do garoto-propaganda da CBF e do Kaká. Mais de uma vez ele chamou a atenção para o fato de que o Kaká se movimentava em campo, como se isto fosse uma grande coisa e não o natural e o esperado dele em campo. Ouvi-lo dizer que o time viria forte para o segundo tempo e ver o que se viu, só pode ter vindo da boca de um narrador cuja credibilidade há muito se perdeu.
Esta patriotada do Galvão casa muito bem com a do Dunga. Ele acha que patriotismo, orgulho de vestir a camisa, treino secreto e resposta zangada às perguntas dos jornalista é receita infalível de vitória. Talvez isto ele tenha aprendido nos livros de autoajuda do Augusto Cury. Ouvi-lo depois do jogo dizer que houve evolução, fez o Darwin se retorcer no túmulo.
Poucas vezes na minha vida consegui dormir assistindo a um jogo. Hoje isto aconteceu nos minutos finais e não porque eu quisesse, mas a seleção é enfadonha. Ou ENFADUNGA?
Marcos Inhauser
AMIGOS DE JÓ
Certa feita recebi a notícia de que um garotinho de seis anos que estava trazendo a família à igreja havia falecido por afogamento. A notícia me pôs em estado de choque. Mal refeito do susto, a primeira coisa que passou pela minha cabeça naquele momento foi: o que falar para os pais para consolá-los.
Tenho a impressão que esta pergunta ou similar já foi feita por muita gente. É nestas horas que se conhece uma pessoa que é líder de uma que é gerente, liderada ou comandada.
Quero apresentar um exemplo bíblico de pessoas que se envolveram com situações difíceis e como se saíram.
O exemplo é o dos três "amigos" de Jó. O texto bíblico nos narra que "combinaram ir juntamente condoer-se”de Jó pois este passara por provação muito grande. Estavam preocupados com as perdas que Jó havia sofrido (bens, propriedades, filhos), sabiam que ele estava em depressão, não estava comendo e se lamentava o dia todo. Para consolá-lo lá se foram os amigos. Mas o que se vê depois de sete dias e noites de silêncio é uma seqüência de repreensões a Jó, receitas e expliacções dos atos de Deus. Era um interminável falar, repreender, censurar, insinuar. Os amigos queriam explicar o que Deus tinha feito, queriam que Jó se conformasse com a tragédia. Jó lhes disse: "Já ouvi tudo isto antes; em vez de me consolarem, vocês me atormentam. Será que estas palavras ocas não têm fim? Porque vocês não param de me provocar? (Jó 16.1-3, Bíblia na Linguagem de Hoje) .
Muito embora houvesse neles a disposição ajudar num momento de crise, não o lograram porque se preocuparam em explicar Deus, em censurar a Jó e em dar receitas de como Jó deveria agir para sair de tal situação. Não se identificavam com ele na dor que tinha, não houve neles a solidariedade com o amigo sofredor, não conseguiram sentir na própria pele a dor pela qual passava o amigo. Não exerceram efetivamente a consolação porque tinham somente um palavrório, um "receituário", uma coleção de explicações para os atos de Deus.
Nas vezes em que Jó quis expressar seus sentimentos diante da perda de seus filhos e bens, foi repreendido, exortado.
Há muitos que se sentem tão entendidos de Deus que reproduzem o martírio de Jó ao se colocarem na situação de seus amigos. Explicam o inexplicável, interpretam o imprevisto, tentam colocar lógica no absurdo.
Que Deus nos livre dos amigos de Jó e suas interpretações que nos culpabilizam ainda mais. O Deus da graça não precisa de inquisidores, nem acusadores. Ele nos dá colo, o que muitos profissionais da religião não sabem fazer.
Marcos Inhauser
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ASSASINATO DE ESTADO
Esta é a forma como alguns governos estão classificando o ataque de Israel à frota de ajuda humanitária que buscava chegar à Zona de Gaza. O que aconteceu é digno de nota e repúdio. É inadmissível, sob quaisquer argumentos e pretextos, que uma ajuda humanitária levada por mais de 500 pessoas de várias nacionalidades, seja impedida e de cumprir com seu cometido.
Se se considera que o evento deu-se em águas internacionais e que a ajuda se destinava a uma região massacrada pelo estado de Israel, que tem impedido de forma sistemática que as ajudas, mesmo as da ONU cheguem aos necessitados, o caso se reveste ainda de maior gravidade. O assassinato não só se deu em alto mar, mas se dá a cada dia quando mulheres, crianças, jovens e velhos são impedidos de receber o que o mundo lhes destina.
O que Israel tem feito com os palestinos na Faixa de Gaza é o que aprendeu com os alemães nazistas nos campos de concentração. Replicam o que condenam sistematicamente, mostrando-se como vítimas de um genocídio praticado por Hitler, mas fazem isto para extermínio dos palestinos, por crer na superioridade da raça, por crer-se nação eleita. Se na Alemanha de Hitler a supremacia era vendida na genética ariana, em Israel a supremacia é vendida na superioridade religiosa.
E causa espanto a leniência dos Estados Unidos e a fraqueza da ONU em condenar as sucessivas violações cometidas por Israel. Tivesse o barco sido atacado pelo Irã, os sionistas sairiam em coro pedindo a guerra e destruição do Irã. Se o ataque fosse árabe, montanhas de papéis de condenação seriam produzidos. Mas como é o estado queridinho dos EUA e de várias nações européias, o que se vê é uma condenação formal e um pedido de investigação imparcial. Haja ingenuidade de nossa parte para agüentar este teatro mais uma vez.
Não estou aqui defendendo os árabes, nem judeus. Estou querendo mostrar que o discurso da “nação eleita, povo escolhido de Deus”, pode ter sido aplicado a Israel pelos antigos, mas, tenho a convicção que não se aplica a este estado pós 48. Pode um estado destes ser abençoado? Só se o é pelo analfabetismo bíblico de pregadores autoordenados e praticantes de uma espiritualidade cega e sionista. É um estado tão podre como o é outros que são achacados, e com razão, pela mídia e pelo público. Vide Coréia do Norte, Zimbabue, Irã, Venezuela e etc...
Marcos Inhauser
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PETULÂNCIA
O excêntrico cientista americano J. Craig Venter, e sua equipe do instituto que leva seu nome, dizem ter desenvolvido a primeira célula controlada por um genoma sintético. O estudo, publicado na revista Science, pode representar o início de uma nova era na biologia sintética e na biotecnologia.
A equipe liderada por Venter havia conseguido sintetizar quimicamente o genoma de uma bactéria e feito um transplante de genoma de uma bactéria para outra. Agora juntaram as duas técnicas para criar a "célula sintética", onde apenas o genoma é sintético, mas a célula que recebeu o genoma é natural, não sintetizada pelo homem. A façanha alvoroçou a equipe e outros envolvidos na manipulação genética, ao ponto de se afirmar que "isto se torna um instrumento poderoso para que possamos tentar determinar o que queremos que a biologia faça. Temos uma ampla gama de aplicações (em mente)", disse Venter. Eles planejam criar algas que absorvam dióxido de carbono e criem novos hidrocarbonetos. Eles também procuram formas de acelerar a fabricação de vacinas, a criação de novas substâncias químicas, ingredientes para alimentos e métodos para limpeza de água.
Indevidamente, houve quem afirmasse que se havia criado a vida a partir de informações genômicas guardadas em computador, o que, para os leigos, parecia computador virando vida.
Mas o que me chamou a atenção foi a discussão acalorada que se deu em seguida, com cientistas apressando-se em afirmar que isto provaria que não foi Deus quem criou a vida, que ela é fruto do acaso pela aleatoriedade que permitiu que um dia, em determinado lugar, se juntassem todos os elementos indispensáveis à vida e esta surgiu espontaneamente e daí adiante por reprodução e evolução.
Ouvi um deles afirmar que se Deus criou algo, o que Ele criou foi, no máximo, uma “gosma biológica” que evoluiu para se ter a vida no nível que hoje se conhece.
Não estou negando nem afirmando o evolucionismo, nem o criacionismo. Estou me rebelando contra a petulância de quem se julga capaz de, com um arroubo de retórica a la Lula, decretar a inexistência de Deus.
Para mim é muito mais fácil acreditar que Deus criou do que acreditar que o acaso produziu condições para que milhares, se não milhões de variáveis, se harmonizassem para que a vida surgisse. É muita sorte e acaso envolvidos.
Marcos Inhauser
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