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domingo, 26 de março de 2023

ESTUDOS SOBRE CULTO E LITURGIA III

 A CORPOREIDADE DO CULTO

O texto de Rm 12:1 fala em “apresentar os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Há neste texto a dimensão da corporalidade.

O culto é a reunião de pessoas em nome de Jesus. Ao reunir pessoas se reúne corpos. As pessoas não vêm só com a boca, os ouvidos, mas vem com a integralidade de seus corpos.

Esta presença integral, traz implicações que devem ser consideradas.

O corpo não é só uma presença física real, mas apresenta a somatória dos sentidos que fazem parte integrante do culto: tato, olfato, audição, visão e paladar.

Ao considerar o “corpo” como essencial para a realização do culto, não se pode deixar de considerar que os cinco sentidos fazem parte deste corpo e que oculto deve incluí-los.

A quase totalidade dos cultos privilegia a audição e a visão. As pessoas participam do culto ouvindo e vendo. E os outros sentidos?

Não se pode esquecer que, no Tabernáculo e no Templo, havia o altar de incenso. Havia orientação detalhada para a sua fabricação e uso: “Toma especiarias aromáticas: estoraque, onicha e gálbano, especiarias aromáticas com incenso puro; de cada uma delas tomarás peso igual; e disto farás incenso, um perfume, segundo a arte do perfumista, temperado com sal, puro e santo; e uma parte dele reduzirás a pó e o porás diante do testemunho, na tenda da revelação onde eu virei a ti; coisa santíssima vos será” (Ex 30:34-36).

Era um perfume que se usava para que o sentido do olfato fosse usado no culto.

O Apocalipse fala deste incenso no culto nos céus: “os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.

Há nas igrejas não católicas uma rejeição ao uso do incenso nos cultos. As razões para isto podem ser listadas, porque são várias. Mas o olfato não tem participado de nossos cultos e precisa ser resgatado, para que todo o corpo seja contemplado.

O tato, outro dos sentidos, tem sua participação nos cultos, mas de maneira acessória. Ele aparece nos abraços, apertos de mão, no ósculo santo, mas de maneira a não ser parte essencial. Grande parte do tato aparece depois de encerrado o culto, quando as pessoas se cumprimentam.

Na tradição da Irmandade, o Ágape, com a lavagem dos pés, é uma forma de se ter o tato presente no culto.

Este mesmo evento traz para dentro do culto o paladar, porque dele é parte integrante a refeição comunal. O paladar também está presente quando se celebra a Ceia, na ministração do pão e do vinho. Quando da unção de enfermos o tato também está presente

O sentido da visão se tem quando, no culto, se usam símbolos e decoração. O uso de flores, de cores que trazem a simbologia conforme o calendário litúrgico, da cruz à frente, a Bíblia aberta e visível, o gestual dos participantes (o levantar das mãos, a dançar, as mãos espalmadas para cima como que oferecendo).

Esta corporeidade do culto implica também que não só o local de reunião deve estar bem arrumado, decorado com símbolos e agradável à vista, mas que os participantes também devem se preocupar com sua aparência, e com vestimentas que indicam seriedade e reverência.

No Tabernáculo e Templo, as pessoas que celebravam o culto (os levitas e sacerdotes) usavam vestes apropriadas. Não participava com vestimentas regulares, cotidianas. Há regiões onde se usa a expressão “roupa de missa” para designar a roupa adequada para a participação no culto.

O culto não deve ser para exibicionismo de vestimentas, desfile de modas, ou para salientar, via vestimentas e adornos, os atributos físicos. A reverência passa pela vestimenta.

Não se trata de estabelecer um “dress code”, mas de ajudar as pessoas a buscarem formas decentes e respeitosas de se apresenta para cultuar.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

Você já tinha pensado nesta exigência do corpo no culto?

Você já participou de algum culto inclusivo, onde os cinco sentidos foram considerados?

Ao pensar no culto que era realizado no Antigo Testamento, como você o “traz para nossos dias”?

Você já participou de algum culto que tivesse incenso sendo queimado e o aroma estivesse no ambiente?

Como sua igreja reagiria se se decidisse a colocar incenso sendo queimado nos cultos?

Sendo o incenso símbolo das orações, o orar nos cultos elimina a necessidade do incenso?

Como você entende o uso de aromatizantes nos locais de culto, como forma de inclusão dos sentidos no culto?

As igrejas latinas (hispano, lusos, italianos, franceses etc.) são mais táteis nas suas manifestações de afeto?

Como incluir o tato durante os cultos?

O dar as mãos, o impor as mãos, o ungir são expressões táteis usadas nos cultos que você tem participado?

Além do paladar que se tem na distribuição do pão e do vinho, que outras formas podem ser usadas para ter a presença deste sentido no culto?

Como você vê o uso de óleo aromático (óleo mais perfume) para ungir os enfermos?

Quais símbolos você identifica que estão presentes no local de cultos que você frequenta?

Você conhece a simbologia litúrgica das cores?

Você concorda que o local de culto deve ser agradável aos olhos e que a decoração deve ser bem elaborada?

Ao transportar as vestes sacerdotais dos cultos do AT para nossos dias, significa que os líderes dos cultos devem usar roupas especiais?

Como você reagiria se um dia o líder do louvor estivesse de bermuda e chinelos?

Você se sentiria confortável se a líder ou a que está a frente liderando o louvor estive com uma blusa bem decotada ou com a roupa colada ao corpo?

Você já percebeu que há gente que vai para igreja achando que é um desfile de modas, onde podem exibir suas vestes e adornos?

Como os homens se exibem nos cultos?

Marcos Inhauser

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