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terça-feira, 10 de agosto de 2010

COLCHA DE RETALHOS

Lá pelos anos setenta eu batia na tecla de que a música e os cânticos nas igrejas precisavam deixar de lado o ranço anglosaxônico e assumir o sabor dos ritmos brasileiros. Eu não estava só nesta empreitada, haja visto que muitos, como eu, batíamos nesta tecla. Algumas coisas começaram a surgir. Um xote aqui, um samba ali, um baião, etc. Paralelo a isto, havia um outro grupo que sustentava que os cânticos deviam ser os mais bíblicos possíveis, e muitos se dedicaram a musicalizar trechos inteiros dos salmos e outras partes bíblicas. Não há que negar que houve uma forte efervescência e renovação na hinódia. Nestes dias tenho prestado atenção aos cânticos que as igrejas estão cantando e há algumas coisas que me chamam a atenção. A primeira delas é a saturação de cânticos de louvor e adoração, em detrimento de outros temas como confissão, consagração, crescimento espiritual, etc. Um amigo liturgista que toma o Pai Nosso como modelo litúrgico afirma que os cânticos só ficam no “Pai Nosso que estás nos céus” e se esquecem das demais petições da oração dominical. Isto leva a uma religiosidade alienada e alienante. Outro que toma o texto de Isaías ¨, afirma idêntica coisa, dizendo que a parte do “Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios” não entra mais na liturgia das igrejas. O segundo aspecto que me tem chamado a atenção é o uso e abuso de jargões, quase todos tirados de trechos das Escrituras, fazendo com que as letras dos cânticos se tornem em verdadeiras “colchas de retalho” de fragmentos bíblicos. Temos como o poder de Deus, a santidade de Deus, a onipotência, são repetidos ad nausean, sem que tais letras acrescentem absolutamente nada ao que já se tem. Com isto, estes cânticos não traduzem a reflexão de alguém, o teologizar. É como se juntassem frases soltas relacionadas a um mesmo tema e disto fazem a letra “inspirada” de um cântico. A terceira coisa é que o momento dos cânticos domina boa parte do tempo de culto, em detrimento do tempo de ensino da Palavra, com cantores/pregadores de sermonetes que são repetições dos mesmos jargões cantados nos hinos. Com isto o culto, na grande parte das igrejas empobreceu, para não dizer que faliu. Há quantidade de música e pobreza de teologia. Há ministração de louvor sem ministração da Palavra. Depois me perguntam porque muitos já não querem mais ir às igrejas. Marcos Inhauser

2 comentários:

  1. FALIU, REALMENTE, O CULTO, NAS IGREJAS EVANGÉLICAS?

    Segundo Inhauser, sim, na maioria das igrejas, e a culpa é inteiramente da pobreza do louvor em voga nas igrejas evangélicas. Segundo ele, o louvor nas igrejas evangélicas pode ser qualificado de "alienado e alienante", desteologizado e e super-valorizados.

    Estando fora do Brasil por 15 anos, terei que depender de outras fontes ao comentar sobre este artigo.

    Antes de mais nada, sejamos realistas, o culto nas igrejas evangélicas, em geral, não está está morto; pelo menos não é o que as estimativas para o Censo 2010 mostram, e, se admitirmos que crescimento revela vida. .Segundo Josué Nogueira, do Correio Braziliense,"estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o censo 2010 deve apontar um percentual de 25,5% de evangélicos numa população que beira os 9 milhões. Em 2000, o índice era de 13,5%, num universo de 7,9 milhões de habitantes."

    Contudo, seria injusto pensar que quando Inhauser se refere à falência do culto evangélico brasileiro, o faz em termos quantitativos. Não, sua preocupação é em termos qualitativos. E, nestes termos, toda avaliação é relativa e subjetiva, porque qualidade não se mede, se sente. Inhauser depende de sua experiência pessoal como pastor, educador e acessor evangélico para fundamentar suas declarações. Observe- isto nas seguintes instâncias de seu artigo, quando introduz seus primeiro e segundo pontos:

    "Nestes dias TENHO PRESTADO ATENÇÃO aos cânticos que as igrejas estão cantando e há algumas coisas que ME chamam a atenção."

    "O segundo aspecto que ME tem chamado a atenção é o uso e abuso de jargões"

    Já, ao final, Inhauser já não sente necessidade de dizer que estas observações sáo estritamente pessoais e simplesmente introduz o argumento como " a terceira coisa"..

    Náo há nada de mal em expressar a sua opinião pessoal, fundamentando-se em sua experiência pessoal, desde que este procedimento seja esclarecido, em consideração por aquelas pessoas que talvez não distinguam que em um periódico noticiário, nem tudo é fato, notícia, mas que também há contribuições de pessoas com suas opiniões particulares, como por exemplo, é o caso de Inhauser.

    Inhauser não apresenta nenhuma fundamentação mensurável para sua declaração da falência do culto brasileiro. Em concessão à sua capacidade de fazê-lo recorro ao meu conhecimento pessoal (sempre útil) de que ele pode ter dados a esse respeito, desde que em sua tése de doutorado analisa especificamente este aspecto qualitativo da espiritualidade evangélica brasileira, quando apresentou superba pesquisa de campo a respeito.. Porque não as utilizou e preferiu recorrer tão somente à sua experiencia pessoal, náo sei, mas se Inhauser pudesse fazê-lo, certamente traria muito mais substância à sua opinião de que o culto evangélico está falido. (CONTINUA NO COMENTÁRIO SEGUINTE)

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  2. FALIU, REALMENTE, O CULTO, NAS IGREJAS EVANGÉLICAS? (CONTINUAÇÃO DO COMENTÁRIO ANTERIOR)

    Não há que negar que argumentos de Inhauser são válidos e não são novos -- já os conheço desde o tempo que gozava de sua amizade no Brasil, primeiro como aluno e depois como pastores da mesma denominação. É a conclusão que perturba... porque sendo tão incisiva, ao declarar a falência do culto brasileiro evangélico, deveria fornecer dados mensuráveis, por amor daqueles que desejam mais objetivismo do que simples opinião pessoal, ainda que seja de um grande teólogo de sua estirpe.

    “We are not able fully to explain just what happened to Jesus of Nazareth during this period of a day and a half when he was supposed to be resting in Joseph’s new tomb. Apparently he died the same natural death on the cross as would any other mortal in the same circumstances. We heard him say, “Father, into your hands I commend my spirit.” We do not fully understand the meaning of such a statement. (…) There must have been some spiritual reality in the experience of Jesus which was analogous to the spirit nature, or soul, of the faith-growing mortals of the spheres. But this is merely OUR OPINION — we DO NOT REALLY KNOW what Jesus commended to his Father.”, Livro de Urantia, Documento 188, Seccão 3, parágrafo 4 (grifo meu)

    Jovalso

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