Poderia ter colocado o título na afirmativa: Pedro
será-o-fim. Ou na exclamativa: Pedro: será-o-fim! Ou na meia interrogativa:
Pedro: será-o-fim?
Escrevo na terça à tarde quando a Câmara de Vereadores
inicia o processo de leitura do relatório da Comissão Processante, dado que não
houve acordo entre as partes. Serão 1440 páginas de leitura protocolar, para as
moscas ouvirem, fato que ninguém estará atento ao inteiro teor do relatório.
Mais: me atrevo a afirmar que é protocolar porque o veredicto está dado. E é
aqui onde entra a interrogação, exclamação ou afirmação do título.
Na interrogação a pergunta quer saber se com isto acaba a
novela em que se transformou a política campineira. Duvido! Se na afirmativa,
há duplo significado: a constatação de que pode ser o fim da novela, como
também pode ser irônico, insinuando coisas que ficam a critério do leitor
imaginar. Na exclamativa está o assombro de ter que engolir o Pedro como
prefeito não eleito por um período de um ano.
Digo assombro por duas razões: a primeira óbvia, já
explicitada na frase anterior e a segunda decorrente dos fatos recentes. Pode
uma pessoa que preside um legislativo e que comanda 33 vereadores para uma
votação feita à sorrelfa, só possível pelos conchavos anteriores entre os
beneficiados, ser guindado a um posto que vaga porque o ocupante é acusado de
tramoias? Que moral tem o Pedro de vir a público dizer que vai administrar com
lisura se na presidência da Câmara não foi transparente, nem escorreito? Como
pode vir a ser prefeito o homem que justificou o golpe aos cofres públicos
dizendo que era para que o legislativo tivesse independência? Qual a
dependência havida até então ou até o início da vigência do novo salário em
2013? Significa que estaremos com um legislativo cabresteado pelo executivo até
lá? Que tipo de conluio haverá entre o novo chefe do executivo, ex-chefe do
legislativo, que se mancomunou para um presente de 126% e que teve o desplante
de justificar com o engodo da independência?
Como a Prefeitura e a Câmara não são conventos com santos
reclusos (conclusão que faço à luz dos fatos), mas estão mais para ofidiários
do Butantã, coloco minhas barbas de molho. Entre o De Metro Viagra e o Pedro
Será o Fim, fico com o primeiro, porque, ao menos terá oposição a vigiar o que
ele faz.
Marcos Inhauser