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quarta-feira, 30 de maio de 2018

A FATURA CHEGOU!


A análise do histórico de crédito político indicava que o indivíduo tinha seus problemas e que seria arriscado dar-lhe mais crédito. Seu capital beirava o zero. Mesmo assim o Congresso Nacional deu-lhe um cartão de crédito para, no exercício do poder, gerir a nação.
Ressabiados com o histórico de crédito, o que lhe deram foi um limite baixo, diante do medo de que, empoderado, faria besteiras no uso da confiança presenteada. No dirigir do treminhão público, com as carretas do legislativo, executivo e judiciário, ele foi orientado a dirigir com prudência. No obstáculo da primeira denúncia de má-condução, pisou no acelerador e enfiou o pé na jaca do crédito político.
Comprou votos e pagou por eles, jogando no cartão de crédito político a conta, na esperança de que ela seria diluída ou esquecida. Veio a segunda derrapada e, novamente, fez uso do cartão de crédito político e achou que a fatura não viria.
Para piorar a gestão/condução do treminhão, colocou como assessores de rota a dois motoristas trapalhões, que estavam enrolados nos mapas da investigação. Padilha e Moreira Franco, acharam que entendiam das coisas e, como haviam enrolado as investigações até agora, se consideravam experts em dirigir treminhão sem balanceamento na carga e nos pneus. Outros mecânicos e ajudantes caíram do treminhão no meio do caminho, como foram o Yunes, o Loures, Jucá, Geddel, Henrique Alves, etc.
Quando a coisa ficou feia, pegou um mecânico de beira-de-estrada, troglodita, e o colocou na equipe de negociação da fatura. O Marun. Qual elefante em casa de louças, fez o que sabe fazer: estrago.
Quando o Temer recebeu o aviso de que a fatura do cartão de crédito seria cobrada pelos caminhoneiros, achou que poderia desconsiderar a carta de aviso de que seu nome iria para o SCPC público. Pensou, com a assessoria atrapalhada: tiro de letra!
Ao mesmo tempo, uma outra fatura começava a ser cobrada: o decreto dos portos. A cobrança bateu na porta da casa da filha e ele, qual pai indignado, esbravejou, sem ressonância positiva na opinião pública, que já o tinha como ficha suja no SCPC.
Veio a cobrança dos caminhoneiros. Fatura com juros típicos dos bancos e cartões de crédito. Ela foi aberta à população via jornais, telejornais, redes sociais e o que mais poderia dar ressonância.
Cercado de sua equipe trôpega e enlameada em escândalos, negociou ajoelhado. Cedeu uma e outra vez. Tentou falar grosso e ninguém acreditou no que disse. Foi “tiro de traque”. Na negociação, quiseram fazer o povo pagar a conta, para salvar a rainha dos desmandos públicos e privados: Petrobrás. O lema foi: “Salve-se a empresa mãe das corrupções e dane-se o povo”. Deu no que deu!
Botaram tropas para desobstruir estradas e assegurar que caminhões saíssem, mas uma dezena de piqueteiros se mostrou mais forte que a PRF e as Forças Armadas. Proibiram a saída de caminhões nas barbas das forças de intervenção.
Isto tudo mostrou à saciedade uma coisa: não temos, de fato, um presidente da República!
Marcos Inhauser

quarta-feira, 23 de maio de 2018

CONVENCER E “COM+VENCER”


Estava eu dando um curso para uma empresa. Ali estava a equipe de vendas e eu, não sendo um vendedor, estava mostrando algumas características da comunicação. A certa altura entrei no estudo da etimologia e significado corrente da palavra “convencer”. Dizia eu que a palavra, strictu sensu, significa “com+vencer” ou “vencer com”, implicando, desde o ponto de vista meramente etimológico, duas ou mais pessoas vencendo uma batalha ou uma disputa.
Em seguida mencionei que este sentido, ainda que próprio e afeito à origem da palavra, não era empregado no dia-a-dia. Comecei mostrando que, quando se “convence alguém”, se “vence este alguém”. Se há um vitorioso (o que venceu), há um derrotado (o que foi vencido).
Ampliando o conceito, dizia que o “com+vencimento” é a vitória pela qualidade dos argumentos que se mostraram superiores aos argumentos do outro. O que “convence” cala o oponente por ser mais hábil na argumentação. Se se trabalha com convencimento, o que se tem é gente derrotada à volta. Elas buscarão formas e meios para provar que os argumentos que a derrotaram, eram falhos ou equivocados. Farão de tudo para mostrar isto. Quem “com+vence” cria inimigos.
A esta altura, um dos participantes pediu a palavra e disse que havia feito um curso com o Doutor Bambam, PhD em Comunicação e Semiótica, e que ele havia ensinado que o que se deve fazer é convencer, usando argumentos fortes e irrefutáveis. Era a palavra do Dr. Bamban contra a minha. Se eu tentasse provar que eu não aceitava isto porque acredito errado, estaria tentando convencer o meu interlocutor. Fiquei em uma saia justa. Para sorte minha era horário de almoço e eu disse: voltamos ao assunto quando na parte da tarde.
Saí dali com a cabeça fervendo. Não sabia como sair da enroscada.
Ao voltar do almoço, ainda não sabia como sair do beco sem saída. Nesta hora me lembrei de uma palavra de Jesus: “vos entregarão aos tribunais e às sinagogas; sereis açoitados, e vos farão comparecer à presença de governadores e reis ...  Quando, pois, vos levarem e vos entregarem, não vos preocupeis com o que haveis de dizer, mas o que vos for concedido naquela hora, isso falai; porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo.” Tirei o texto do contexto e apliquei àquela situação (Deus que me perdoe por este pecado hermenêutico!).
Assim que recomecei eu perguntei ao que me questionava: Você já ouviu a expressão que os 11 jogadores de futebol convenceram o time contra o qual jogaram? O sujeito pensou e meio acabrunhado disse que não. Ninguém no grupo havia ouvido a frase. Perguntei mais: Vocês já ouviram a frase que o time tal venceu, mas não convenceu? Todos haviam ouvido, inclusive o que me questionava. Perguntei o que a frase queria dizer. Houve quase unanimidade (um só silêncio, previsível): quer dizer que ganharam o jogo, mas que a qualidade do futebol apresentado não foi a melhor. Venceram o jogo, mas não convenceram.
Pelo exposto, entendo que há gente que pode ser “com+vencida”, mas não ficar convencida. Daí porque, entendo, antes de se atirar à inglória tarefa de derrotar o outro pela qualidade dos argumentos, deve-se preferir a persuasão (fica para outra oportunidade o tema), que é a arte de seduzir o outro para apoiar o que se propõe.
Espero ter “com+vencido” com meus argumentos e que você esteja concencido da validade deles... Se isto acontecer, serei um sujeito convencido de minhas habilidades...
Marcos Inhauser

quarta-feira, 16 de maio de 2018

PEDRA PESADA


Há uma sentença do profeta Zacarias que se torna atual (se é que algum, dia não o foi). Ela se refere à cidade de Jerusalém e afirma: “ ... farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que a erguerem se ferirão gravemente; e, contra ela, se ajuntarão todas as nações da terra”.
Nestes dias estamos sendo bombardeados com notícias sobre a transferência da embaixada estadunidense para a Cidade de Jerusalém e toda a celeuma e conflitos que desta decisão foram gerados.
Diferentemente do que muitos cristãos acreditam, Jerusalém não foi uma cidade de Israel nos seus primórdios. Sua história se remonta a mais de 4.000 anos antes de Cristo, tendo sido uma cidade dos jebuseus durante um longo período, de onde, provavelmente seu nome derive, uma vez que o nome pode ter sido derivado de Jebu+salém (talvez significando “a cidade da paz dos jebuseus”). Foi só no primeiro milênio antes de Cristo que a cidade foi tomada pelos israelitas e se transformou na cidade de Davi, passando a ser a capital na nação israelita.
Os dados acima são mais complexos e merecem estudos mais profundos, o que foge ao escopo desta coluna. Basta lembrar que o profeta Melquisedec, dos tempos abraâmicos, era profeta de Salém e que as Cartas de Amarna se referem à cidade e que a tradição diz que ela foi fundada por Shem e Eber, antecessores de Abraão.
Ainda que traga o nome paz na sua designação, ela parece que nunca experimentou períodos significativos de paz. Sempre foi alvo ou centro de disputas e tensões internacionais. Mais recentemente se pode mencionar as Cruzadas que tinham o objetivo de resgatar a cidade das mãos dos muçulmanos e devolvê-la aos cristãos. Ainda mais recentemente a cidade, com a criação do estado de Israel em 1948, passou a ser pomo da discórdia entre judeus e palestinos, cada qual reivindicando-a e usando dados históricos em suas defesas.
A palavra do profeta Zacarias, mais do que nunca se torna atual. Jersusalém é uma pedra pesada para todos os povos. Em torno dela gravitam os mais variados interesses, sejam israelitas, palestinícos, e outras nações (Turquia, Irã, Líbia, Jordânia, Egito, etc.), bem assim as três religiões monoteístas: cristianismo, judaísmo e islamismo. Os imbróglios a ela relacionados passam pela geopolítica, pelos interesses econômicos, pela tradição histórica de vários povos, pela teologia de três religiões. Cada palito que se mexe parece que o mundo vai desabar.
As interpretações ligeiras e nada abalizadas do Apocalipse fazem dela a cidade da restauração, onde o Messias retornará para governar sobre todos. Passaria, pois, a ser o centro da política global. Uma visão pró-Israel defendida e propagada por denominações judaizantes que pretendem se incluir na benção abraâmica por serem abençoadores do abençoado Abraão e da nação abençoada. Na contramão, quem se levanta contra Israel, está sob juízo de Deus.
Nesta linha de raciocínio da teologia fundamentalista, apoiar Israel é fazer a vontade de Deus, não importa o que Israel faça. A matança de mais de 50 pessoas que se manifestavam contra a mudança da embaixada para Jerusalém não deve ser criticada, porque é voltar-se contra o povo de Deus. A nação escolhida e o povo eleito podem fazer o que quiserem porque contarão com a benção.
Não acredito nisto. Se não se pudesse criticar o que os reis de Israel fazem não teriam existido os profetas e dois terços do Antigo Testamento não existiria.
Marcos Inhauser

quarta-feira, 9 de maio de 2018

GERAÇÃO NARCÍSICA


Há duas formas de as pessoas serem notadas na sociedade: pelo conteúdo que tem ou pelo aspecto que tem. As primeiras são vistas, reconhecidas e admiradas pelo que sabem, pelo que pensam, pelas ideias que sustentam, pelas novidades que trazem, pelas contribuições significativas que promovem. Elas têm conteúdo que é produto de estudos, horas de leituras, reflexões, conversas com outras pessoas, avaliações e autoavaliações.

O saber que possuem não é produto de uma empreitada solitária, típica dos autodidatas, mas fruto da interação social onde o aprender e ensinar se tornam a base dos relacionamentos. Porque o saber é fruto das interações sociais, do aprendizado feito com outros e por outros, ela sabe que o que pensa não é exclusividade sua, mas algo construído socialmente. Isto os leva a a serem humildes e a fala não é da arrogância de quem acha que detém a verdade final.

No outro lado, as que tem seu reconhecimento social pelo aspecto que têm, são vistas e reconhecidas pelo look que apresentam. Elea se vestem para serem vistos, fazem penteados exóticos para chamar a atenção, são extravagantes nos gestos, costumam falar alto ou dizer coisas chocantes, pelo simples intuito de que sejam notadas e comentadas. Elas se acham tão lindas que amam olhar-se no espelho, sofrendo da síndrome de Narciso, aquele que amava a própria imagem refletida no espelho d’água.

Neste afã de serem vistas e reconhecidas, não medem consequências. Se pastores, colocam uma placa na frente do local de reuniões com sua foto ocupando a maior parte do espaço. Certa feita estive em um templo que havia um cavalete com um poster do pastor em tamanho real. Não bastava a presença real dele. Tinha que ser visto duas vezes. Há os que precisam de iluminação especial e colocam holofotes centrados no púlpito para que todos vejam a figura “iluminada”.

Proliferou-se na internet os que postam vídeos com “suas mensagens”, onde a cara do buscador de atenção é o que aparece. Querem que os espectadores olhem para eles, mais que prestem a atenção no que dizem.

Há os que fazem tatuagens, as mais variadas e em locais os mais improváveis, para que todos olhem para ele. Nestes dias da catástrofe do edifício em São Paulo, pareceu na TV um que tinha uma frase tatuada na face, logo abaixo do olho direito, como que dizendo: não basta que me olhem, precisam olhar para meus olhos! Assisti, certa feita, a um documentário sobre o tema e nele foi apresentado um homem que se tatuou como se fosse uma onça pintada. A tatuagem cobria todo o seu corpo, até mesmo o genital. E assim se exibia nas ruas e shows. Era a única forma para que fosse visto e notado.

Neste exercício extenuante de buscar a atenção, se proliferou o celular com câmera fotográfica, gerando a explosão das selfies, fotos individuais, postadas diariamente, muitas vezes várias delas, que são postadas nas redes sociais, na esperança de ver a quantidade de curtidas, forma virtual de dizer que gostou. A busca frenética pelos likes é a busca pelo reconhecimento. Like é uma forma de medir quantas pessoal prestaram atenção na pessoa. Pobreza inominável.

A validação social nestes dias é que quantidade de seguidores, de visualizações, de likes que uma pessoa tenha. Num show de esportes apresentaram um cantor que a apresentação foi: ele tem três milhões de seguidores!

O conteúdo cedeu lugar ao continente. Mais vale a aparência que a consistência. Tempos de indigência.

Marcos Inhauser

quarta-feira, 2 de maio de 2018

HAJA PACIÊNCIA!!

HAJA PACIÊNCIA!

O fato ocorreu no Posto de Saúde da Parque da Figueira, no dia 26 último. Ainda que se trate de uma unidade específica, creio que é paradigmático do que ocorre nas demais.
Consciente da necessidade e diante da massiva propaganda, fui ao Posto de Saúde para tomar minha vacina contra a gripe, uma vez que estou incluído na condição de terceira idade. Lá cheguei às 13:30. Para minha surpresa, um cartaz na porta avisava que iriam atender a partir das 14:00 horas. Na frente já haviam outros seis idosos e duas mães com crianças. Havia um certo desconforto pelo fato de o posto de saúde estar fechado para a vacinação e por duas horas.
O pessoal começar a organizar a fila dos que chegavam e havia certo conformismo com a situação, ainda que resmungos se ouviam na fila. Quando deu as 14:00 horas nada de abrir a porta, deu 14:05 nada. Às 14:10 uma pessoa da fila, já mais inquieta e contrariada, foi ver o que estava acontecendo. Voltou dizendo que “havia um monte de gente de branco conversando no corredor e que lhe disseram que estavam arrumando as coisas”. Se ela saiu meio irritada voltou completamente irritada. Às 14:25, como não abriam a porta, uma pessoa bateu forte. Pouco tempo depois ela foi aberta e não havia nenhum funcionário para orientar. O pessoal procurou manter a fila organizada.
Demoraram mais uns cinco minutos sob a alegação de que estavam arrumando as coisas. Quando, finalmente começaram a atender, um senhor que usava um jaleco de Agente de Saúde, se postou à porta e, sem considerar a fila que havia, começou a mandar entrar.
Houve reação e uma funcionária veio dizendo que devíamos nos organizar em fila porque, caso contrário, não seríamos atendidos. Foi retrucada sob a alegação de que a fila existia e quem instituiu a muvuca foram eles.
Havia gente idosa com problema de locomoção que, por administração dos presentes, foram sendo passados na frente. O Agente de Saúde, figura desnecessária na função de porteiro, uma vez que o pessoal, ainda que irritado com a demora, sabia se organizar. Mas estava ele à porta impedindo a entrada de algum “intruso”.
Eu estava intrigado com a demora em atender cada um dos que à frente estavam. Quando chegou a minha vez, constatei que havia uma funcionária para solicitar as carteiras de vacinação e documento de identidade, anotar dados pessoais, carimbar na carteira e, depois disto, a vacinadora fazia seu serviço. Para cada pessoa que era “registrada”, a vacinadora poderia ter vacinado outras três.
Se houvesse, ao menos mais uma para registrar os dados (coisa burocrática e desnecessária, uma vez que, duvido que estes dados tenham algum dia sido consultados, a não ser para saber a quantidade de pessoas vacinadas) a coisa seria no mínimo duas vezes mais rápida.
Sai dali uma vez mais convencido da morosidade, incompetência, desídia do sistema de saúde e do funcionalismo público (ainda que reconheça que há gente trabalhadora, mas, confesso, encontrei poucas para me atender e quando isto aconteceu, fiz questão de registrar neste meu espaço semanal.
Há que se ter paciência enquanto os responsáveis por estes fatos estão mais preocupados com seus holerites e sindicato, fazendo paralisações a torto e direito.
Marcos Inhauser

quarta-feira, 25 de abril de 2018

APRENDI ERRADO

Quando estudei Direito e em algumas circunstâncias fora do ensino regular, aprendi que os juízes só se manifestam nos autos e que as manifestações prévias de juízes e jurados colocam a ambos sob suspeição. Aprendi também que um juiz não olha a capa do processo, nem se atém aos personagens dele porque seus veredictos estão baseados na imparcialidade e na aplicação da pena sob o rigor da lei, independentemente de quem esteja em juízo.
Aprendi errado! Especialmente se atento para as declarações do Gilmar Mendes. Acabo de ler mais um se suas inúmeras afirmações nefastas, dizendo que o processo do Lula fatalmente chegará ao STF e que a pena dele pode vir a ser reduzida porque não está claro se o Lula praticou corrupção e lavagem de dinheiro, alegando que o crime de lavagem pode estar "embutido" na corrução. Afirmou ainda que há discussão para saber se os dois crimes imputados são dois ou é um só.
Data vênia, no meu leigo entender, há uma manifestação fora dos autos, o que o coloca sob suspeição, impedindo-o de participar da análise e julgamento do mérito, quando este chegar ao STF. No entanto, cético que sou, ceticismo este construído pelas muitas escorregadas que o judiciário brasileiro deu e tem dado, não acredito que ele venha a ser afastado do julgamento sob suspeição.
Mais do que isto, pela fala do próprio, seu gabinete se transformou em ponto de romaria de Petistas, querendo que ele faça o milagre de reverter a prisão em segunda instância. Ele mudou de opinião, criou uma baita instabilidade jurídica e ainda quer levar de roldão o resto da turma.
Amigo e confidente de outro investigado (e ainda não réu por tramas obscuras e verbas liberadas), tem se reunido fora e dentro da agenda com o Temer. Um juiz, assessor do Gilmar, esteve estes dias com o Temer, em reunião não informada na agenda do presidente. Sintomaticamente, tal reunião veio logo após mais algumas revelações sobre a investigada relação entre o Temer e a Rodrimar. É “ixtranho, muito ixtranho” tudo isto.
Merecedor do título de Liberador Geral da Nação (a lista das pessoas enroladas, presas e por ele soltas é extensa), com algumas delas tendo fugido do país logo após o Habeas Corpus por ele prolatado, ganhou nas ruas o apelido de laxante: aquele que solta tudo. Por respeito aos leitores, não avanço na metáfora.
Suas diátribes com o Barroso, bem ao estilo de barraqueiro, envergonha a mais alta corte do país. Não sou o único a dizer isto. Muitos antes de mim já o disseram. Tanto que o senador Randolfe protocolou um pedido de impeachment dele, e outros haviam antes, que nunca receberam o encaminhamento solicitado, por ação e graça do Renan (também enrolado nas investigações).
Ele continua lá sabe se lá por quais razões. Mas há algo que merece ser investigado: as suas faculdades de Direito esparramadas por várias unidades da federação e as verbas que recebe. Não afirmo nada. É suspeita é um direito.
Marcos Inhauser

quarta-feira, 18 de abril de 2018

AGORA VAI?

A Primeira Turma do STF deu mais um passo em direção à ansiada expectativa de muitos brasileiros: corruptos condenados. Aceitou a denúncia contra o Aécio e o tornou réu. Mais um do PSDB que se enreda com a Lava Jato. O Outro, o Alckmin, teve suas acusações encaminhadas para a Justiça Eleitoral (sabe-se lá por quais considerações isto assim se encaminhou), por crime de Caixa Dois, e prestou depoimento em sigilo. Só se soube depois que o tinha prestado. Ambos estão enrolados e devem estar tremendo como vara verde ao vento com a prisão do Paulo Preto, operador do PSDB. Se ele decide fazer delação premiada (e tem muita coisa para ser condenado e, portanto, para delatar), Aécio, Alckmin e outros tucanos de alta plumagem vão dançar.
Aos poucos, mesmo que com velocidades diferentes (Curitiba correndo como leopardo e a STF como cágado), as coisas vão sendo investigadas e julgadas. Faltam os bagres grandes como o Renan, Jucá, Eunício, Geddel e Temer. A próxima eleição ou a limitação do foro privilegiado vai dar mais celeridade às investigações e julgamentos. Ao menos é o que espero e, creio, a grande parte da população brasileira.
Neste universo de investigados e corruptos, há certa similaridade nos discursos dos indigitados: é trama política, há falseamento da verdade pelo MP, não existem provas, são ilações da promotoria, etc. Ataca-se o acusador sem dar uma palavra sobre o teor da acusação. Quando o fazem, aparecem as explicações mirabolantes que só quem acredita em Papai Noel engole. É o Cunha explicando suas contas que não são suas, mas de um trust onde era trustee (triste explicação), o Geddel dizendo que eram recursos de campanha, o Renan atribuindo à sua boiada extremamente fértil (média muito acima da mundial), o “não é meu porque não está no meu nome”, a amnésia seletiva que só faz recordar o que interessa e se esquece de coisas que possam complicar, etc.
Coisa de embrulhar o estômago é ver o Temer, com lama até o nariz, falar em combate à corrupção na reunião da Cúpula das Américas. Ele que comprou os votos para não ser investigado e que está com os amigos/escudeiros leais que foram presos e estão sendo investigados, que deve explicações sobre a reforma da casa da filha, que tem muito que explicar sobre o decreto dos portos que facilitou as empresas nada transparentes, seria o último que deveria falar algo. Mas com a cara lavada pela desfaçatez, falou o que falou e defendeu lá fora o que impede aqui dentro.
Ainda bem que ministros e procuradora, indicados pelos caminhos um tanto quanto obscuros das nomeações, onde candidatos a ministro do STF fazem campanha, perambulando por gabinetes, uma lista tríplice é deixada de lado na sua tradição, estão saindo do script que muitos achavam que teriam. Que a Raquel Dodge mande investigar os amigos do rei de plantão é algo alvissareiro. Que o Barroso e o Fachin tenham as posições que têm, mesmo tendo sido nomeados por presidentes do PT/MDB, dão certa vitamina às esperanças.
Mas ainda fica a espada de Dâmocles na cabeça: agora vai?

Marcos Inhauser

quarta-feira, 11 de abril de 2018

OS HORRORES DA GUERRA

Para mim é inadmissível que a guerra ainda seja a primeira solução proposta por um bando de gente, fardada ou não. Diante de qualquer problema internacional eles se eriçam com a possibilidade de enviar e comandar tropas para “solucionar os problemas”.
O país que mais usa deste expediente é os Estados Unidos, que nunca teve uma batalha de guerra internacional em solo pátrio. Sempre fizeram a guerra na casa dos outros. Se não me falha a memória só Pearl Harbor e o ataque às Torres Gêmeas foram em solo americano, dois eventos até hoje amargado pelos gringos como afronta. Participaram da Segunda Guerra Mundial lutando em solo Europeu e Japonês, fizeram a guerra no Vietnan, no Iraque, na Líbia, no Afeganistão, estão agora na Síria e “prontos para enfrentar o ditador norte coreano”.
Quando penso nas pessoas que veem na guerra a saída para problemas, penso que, ou elas não têm coração ou elas são patologicamente insensíveis aos horrores que a guerra traz. A quantidade de gente morta, de crianças órfãs, a fome, as doenças, o custo social, a destruição, o custo astronômico, são variáveis que parece que não são pesadas pelos promotores da guerra. Gasta-se mais para matar que para salvar vidas, para destruir que para construir hospitais e escolas.
O mesmo penso dos fabricantes e comerciantes de armas. Como podem dormir um sono reparador sabendo que o que fazem destrói vidas, acaba com sonhos, com casamentos, com vidas promissoras? Mesmo depois dos muitos eventos de atiradores que escolheram escolas para sair atirando e matando gente, vem o Trump propor que se dê um adicional no salário para os professores que levarem suas armas à sala de aula. O Kim Jon-Un prefere deixar a população passando fome para ter misseis e bomba atômica. Gasta milhares para ter a tropas desfilando nas ruas, para satisfação pessoal e demonstração de poderio, mas não dá ao povo o que ele precisa.
Pasma-me que a igreja cristã tenha se valido deste instrumento para fazer valer seus propósitos. As muitas guerras promovidas pela Igreja, especialmente as Cruzadas, deveriam ter ensinado aos cristãos que toda guerra é pecado. Mas, ao invés de condená-la, os Reformadores clássicos viam a possibilidade de uma “guerra justa”. Onde há justiça na guerra? É justiça dar ao melhor armado a vitória e ao menos aquinhoada a derrota? É justiça abandonar o mais alto grau de possibilidades que é a comunicação e a negociação, para se rebaixar ao mais baixo nível de humanidade, igualada ao animalesco?
Com certeza virão sobre mim os que alegarão que a Bíblia fala do Deus dos Exércitos, que Ele mesmo mandou o povo à guerra e que a usou para expulsar os habitantes da terra que seria dos eleitos. Aos defensores do título Deus dos Exércitos sugiro que estudem hermeneutas mais sérios, que conhecem com profundidade o texto hebraico e suas implicações socais e culturais para saber que título tem sua conotação ideológica nas traduções feitas. Para os defensores das “guerras santas” sugiro que cotejem os relatos de guerra com as promessas de paz que há, propostas pelo mesmo Deus dos Exércitos. Como pode prometer paz quem faz a guerra? Ou a paz é mentira ou o título está errado.

Marcos Inhauser

quarta-feira, 4 de abril de 2018

DUAS MANIFESTAÇÕES E UMA CONTROVÉRSIA


Nesta semana o STF recebeu duas manifestações, cada qual com milhares de assinaturas, que exemplificam a insegurança jurídica que estamos vivendo. Com a iluminação de uma vela que tenho para estes assuntos, entendo que o STF criou este imbróglio, seja pela inépcia da presidente, seja pela falta de liderança dela no exercício do cargo, seja pelos egos que se insuflaram, vitaminados pelas câmeras de televisão e audiência que o assunto implica, seja pela presença de figuras exóticas a compor o STF.
Causa-me espanto que a presidente, a mesma que tergiversou em seu voto de desempate sobre a necessidade de aprovação do Congresso para o afastamento de deputado ou senador, voto tão transversal que foi preciso que o decano o explicasse e o proferisse, venha agora, a público, pedir serenidade. Isto ela deve pedir aos ministros Gilmar e Barroso, para dizer o mínimo.
As duas manifestações (abaixo-assinados) tem origens distintas. Uma vem dos juízes procuradores e pessoal relacionado ao combate à corrupção. Eles pedem que o entendimento prolatado em três ocasiões, seja mantido, qual seja, prisão com sentença em segunda instância. O argumento é que, sendo a decisão de um colegiado, em grau recursal, ainda que se possa entrar com recursos posteriores, deve exigir o início do cumprimento da pena. Se só houvessem Zé Manés nesta condição, tenham certeza de que a coisa já estaria decidida. liquidada e a cadeia habitada com os sentenciados em segunda instância.
A segunda manifestação é uma, cujo móvel, é a reserva de mercado. Assinada por advogados, regiamente pagos para defender ad eternun os figurões da República (ou alguém que acredita em Papai Noel, também acredita que os Batochio, Maris, Zanin, Kakai e outros trabalham pró-bono?), eles se manifestam para continuar com a “boquinha”. Fechada a esperança de escapar da cadeia com os intermináveis recursos (muitos dos quais repetitivos, ao estilo Zanin), perdem a chance de continuar mamando indefinidamente. É uma manifestação pela “reserva de mercado”. Prisão em segunda instância é menos trabalho para a classe especializada em protelar sentenças.
O pedido deles é manter uma jabuticabeira. A quase totalidade dos países prende em segunda instância. O José Maria Marin foi preso antes mesmo que a sentença tivesse sido proferida. O juri o encontrou culpado, ele foi preso e só depois a sentença foi dada. No Brasil dos recursos, o Maluf ficou décadas se esfalfando com o dinheiro desviado e agora foi para casa, em prisão domiciliar, na mansão que construiu com nosso dinheiro. O mesmo fizeram com o Piciani, com o Sergio Machado, o Eike e tantos outros. Perde-se a conta dos processos que, em função dos recursos, se extinguiram.
Parece que a mulher que simboliza a Justiça e que tem um véu nos seus olhos, (assim está na estátua à frente do STF), derrubou o véu. Se ela era cega para aplicar a lei a quem quer que fosse, os ministros deste STF arrancaram-lhe a venda e, dependendo do figurão a ser julgado/condenado, a sentença se acomoda ao sabor das conveniências. Se amigos do Temer, são soltos com celeridade. Se amigos do Gilmar, recebem HC. Se ex-presidente, fura-se a fila de 4900 HCs e se coloca como prioridade.
Com um STF destes quem precisa de justiça? Ou melhor: que pode acreditar na justiça?
Marcos Inhauser


quarta-feira, 28 de março de 2018

COELET POLÍTICO

Ainda que muitos acreditem que tenha sido Salomão quem o escreveu, gente séria nos estudos do AT não cravam esta autoria, preferindo chamá-lo de Coelet (Pregador). Com certeza era alguém já experiente na vida (talvez bastante avançado em dias), atento aos fatos e deles tirando lições para a vida. Tinha uma visão um tanto quanto pessimista. Estudando-o com certa profundidade, cheguei à conclusão que há uma espiritualidade na depressão.
No seu escrito há alguns refrães que dão a tônica das suas reflexões: “vaidade das vaidades, tudo é vaidade”, “nada há que seja novo debaixo do sol”, “tudo é vaidade e desejo vão”, “proveito nenhum há debaixo do sol”. Estes refrães parecem indicar uma pessoa fatalista, acomodada, depressiva, cansada da vida.
Já tive momentos na vida em que me identifiquei com o Coelet. Estou em uma fase em que, outra vez, encontro nele guarida para meus pensamentos e reflexões.
Olhando à minha volta, constato que tudo é vaidade. Assisti a sessão do STF que discutiu por horas se iria aceitar discutir e que acabou não decidindo o mérito. Antes, pelo contrário, ministros regiamente pagos, se ausentam porque tem uma passagem marcada e, com isto, suspendem uma decisão que a nação ansiosa e justamente aguardava. Mais, o que vi na sessão foi um desfile de egos, cada qual querendo mostrar suas credenciais acadêmicas. A pantomima começou com o advogado de defesa que recitou um trecho de autor francês, fazendo-o na língua original. Os demais, meio que se sentindo inferiorizados, também sacaram de sua alforja o que sabiam de francês ou latim para não ficar por baixo.
Os votos dos ministros são peças retóricas para ficar mais tempo à frente das câmeras, porque o ego/narcísico assim exige. É um rosário de jurisdiquês, de elucubrações, para que os leigos não entendam e achem que eles sabem o que estão fazendo por causa do linguajar hermético.
Nada de novo sob a luz do sol. As querelas são as mesmas, as tensões internas também, as tratativas de excelência e iminência são usadas até quando se ofendem. Eles mudam de opinião qual biruta de aeroporto, ao sabor dos ventos e das conveniências.
Quando se pensava que a Lava Jato era um sinal de esperança no universo da justiça brasileira, eis que o STF faz uma hermenêutica da conveniência. Quando aluno de direito aprendi que juiz não lê a capa do processo porque deve julgar sem considerar os envolvidos, não importando quem fosse, porque todos devem ser tratados igualmente perante a lei. Não é o que vejo no STF. Lá o cliente e os advogados do cliente pesam, e muito, na prolatação da sentença.
Nada de novo sob a luz do sol. Se fosse o Mané da Silva, seu HC estaria na fila dos 4900 e sua liberdade não sairia nem depois de cumprir a sentença. Mas como é Lula da Silva, a coisa é diferente, assim como foi diferente para o Barata (rei do ônibus, amigo do Gilmar), o Abdelmassih (solto pelo Gilmar, que depois fugiu do país), o Cacciola (solto pelo Gilmar, que depois foi viver regiamente na Itália), o Eike Batista (solto pelo Gilmar que está solto jantando caviar), e outras tantas sentenças ilógicas e inacreditáveis que o Marco Aurélio, Toffoli e Lewandovsky têm dado.
“Vi ainda debaixo do sol que no lugar da retidão estava a impiedade; e que no lugar da justiça estava a impiedade” (3:16). É como sinto, vejo e porque me desanimo.
Só Jesus na causa!
Marcos Inhauser