A Primeira Turma do
STF deu mais um passo em direção à ansiada expectativa de muitos brasileiros:
corruptos condenados. Aceitou a denúncia contra o Aécio e o tornou réu. Mais um
do PSDB que se enreda com a Lava Jato. O Outro, o Alckmin, teve suas acusações
encaminhadas para a Justiça Eleitoral (sabe-se lá por quais considerações isto
assim se encaminhou), por crime de Caixa Dois, e prestou depoimento em sigilo.
Só se soube depois que o tinha prestado. Ambos estão enrolados e devem estar
tremendo como vara verde ao vento com a prisão do Paulo Preto, operador do
PSDB. Se ele decide fazer delação premiada (e tem muita coisa para ser
condenado e, portanto, para delatar), Aécio, Alckmin e outros tucanos de alta
plumagem vão dançar.
Aos poucos, mesmo que
com velocidades diferentes (Curitiba correndo como leopardo e a STF como
cágado), as coisas vão sendo investigadas e julgadas. Faltam os bagres grandes
como o Renan, Jucá, Eunício, Geddel e Temer. A próxima eleição ou a limitação
do foro privilegiado vai dar mais celeridade às investigações e julgamentos. Ao
menos é o que espero e, creio, a grande parte da população brasileira.
Neste universo de
investigados e corruptos, há certa similaridade nos discursos dos indigitados:
é trama política, há falseamento da verdade pelo MP, não existem provas, são
ilações da promotoria, etc. Ataca-se o acusador sem dar uma palavra sobre o
teor da acusação. Quando o fazem, aparecem as explicações mirabolantes que só
quem acredita em Papai Noel engole. É o Cunha explicando suas contas que não
são suas, mas de um trust onde era trustee (triste explicação), o Geddel
dizendo que eram recursos de campanha, o Renan atribuindo à sua boiada
extremamente fértil (média muito acima da mundial), o “não é meu porque não
está no meu nome”, a amnésia seletiva que só faz recordar o que interessa e se
esquece de coisas que possam complicar, etc.
Coisa de embrulhar o
estômago é ver o Temer, com lama até o nariz, falar em combate à corrupção na
reunião da Cúpula das Américas. Ele que comprou os votos para não ser
investigado e que está com os amigos/escudeiros leais que foram presos e estão
sendo investigados, que deve explicações sobre a reforma da casa da filha, que
tem muito que explicar sobre o decreto dos portos que facilitou as empresas
nada transparentes, seria o último que deveria falar algo. Mas com a cara
lavada pela desfaçatez, falou o que falou e defendeu lá fora o que impede aqui
dentro.
Ainda bem que
ministros e procuradora, indicados pelos caminhos um tanto quanto obscuros das nomeações,
onde candidatos a ministro do STF fazem campanha, perambulando por gabinetes,
uma lista tríplice é deixada de lado na sua tradição, estão saindo do script
que muitos achavam que teriam. Que a Raquel Dodge mande investigar os amigos do
rei de plantão é algo alvissareiro. Que o Barroso e o Fachin tenham as posições
que têm, mesmo tendo sido nomeados por presidentes do PT/MDB, dão certa
vitamina às esperanças.
Mas ainda fica a
espada de Dâmocles na cabeça: agora vai?
Marcos Inhauser