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quarta-feira, 20 de junho de 2018

QUANDO UM LOUCO GOVERNA


A máxima dele é ser mais popular e fotografado que a Lady Diana. Seu sonho é entrar para o livro dos recordes como a pessoa que mais vezes apareceu nos jornais, telejornais, blogs e afins. Seu lema é: falem mal ou bem, mas falem de mim. Para tanto, fabrica polêmicas, dá declarações enviesadas, ofende, muda de opinião, quebra contratos e acordos. Tudo pela constante exposição na mídia.
Na ânsia de ser notícia, não espera os jornais de amanhã noticiarem o que disse hoje. Vai ao Twiter ou Instagram e lá solta suas pérolas. Governa e dá recados com as breves mensagens que os aplicativos permitem. Hoje se reúne com o primeiro-ministro do Canadá e sua esposa e o elogia. Amanhã, senta com os presidentes do G7 e assina o documento de cooperação. Nem bem entra no avião, dispara suas mensagens criticando o acordo e chama o antes elogiado primeiro-ministro canadense de irresponsável. Faz a bravata de que iria destruir a Coreia do Norte. Pouco tempo depois se reúne com o Homem Foguete e assina um documento rico em dizer nada. Sai do encontro cantando vitória, quando, na realidade, cedeu ao King Jong Um indo a Cingapura para negociar. O que antes se fazia na Casa Branca, teve que ser feito na Ásia.
Defende o uso irrestrito de armas pela população civil, mesmo diante das frequentes e sanguinárias execuções realizadas por atiradores solitários. Belicoso ao extremo, não hesita em soltar amontoados de abobrinhas para dizer que vai acabar com este ou aquele governo, ou com este ou aquele grupo terrorista. Por decisão unilateral e contra todo o bom senso, decidiu mudar a embaixada em Israel, tirando-a de Telavive e colocando-a em Jerusalém, o que provocou centenas de mortes nas manifestações de protesto. No mesmo estilo, quebrou o acordo com o Irã e o acordo do clima.
Por decisão unilateral e desrespeitando acordos comerciais celebrados e respeitados pelo mundo todo, decide sobretaxar a importação do aço. Depois sobretaxa produtos chineses, produzindo uma guerra comercial de resultados inimagináveis. Com suas decisões extemporâneas e sem ouvir o conselho de especialistas, desarruma o comércio mundial. Para ele a máxima “eu sou o mais poderoso do mundo” se torna em arrogância suprema. Já trocou uma carrada de auxiliares. Ele se acha o eleito legítimo, mesmo sendo investigado e as evidências mostrarem que sua eleição foi uma farsa, com a ajuda dos soviéticos. Não teve escrúpulos em trocar o chefe da CIA quando este começou a chegar perto do Alaranjado com suas investigações (alguma coincidência com a troca na PF feita pelo Temer não é irrelevante).
Narcísico, o Homem Laranja se acha o mais belo do mundo. Deveria ter sido eleito o Mister Universo. Seu topete só rivaliza com os penteados do Neymar. Desta cabeça dourada, mais parecendo uma calopsita, saiu a decisão da tolerância zero com a imigração ilegal. No afã de barrar os ilegais, prende os pais e os separa dos filhos, criando um campo de concentração de crianças. Ganhou do Hitler que não fez um Auschwitz infantil. Milhares de crianças, literalmente engaioladas, chorando a ausência dos pais e sendo ridicularizados pelos soldados. Um crime de lesa humanidade, digno de se comparar com os genocidas que infelizmente tivemos ao longo da história.
Depois dizem que o brasileiro não sabe votar. Parece que tem quem compete conosco em escolher Tiriricas como governantes.
Marcos Inhauser

quarta-feira, 9 de maio de 2018

GERAÇÃO NARCÍSICA


Há duas formas de as pessoas serem notadas na sociedade: pelo conteúdo que tem ou pelo aspecto que tem. As primeiras são vistas, reconhecidas e admiradas pelo que sabem, pelo que pensam, pelas ideias que sustentam, pelas novidades que trazem, pelas contribuições significativas que promovem. Elas têm conteúdo que é produto de estudos, horas de leituras, reflexões, conversas com outras pessoas, avaliações e autoavaliações.

O saber que possuem não é produto de uma empreitada solitária, típica dos autodidatas, mas fruto da interação social onde o aprender e ensinar se tornam a base dos relacionamentos. Porque o saber é fruto das interações sociais, do aprendizado feito com outros e por outros, ela sabe que o que pensa não é exclusividade sua, mas algo construído socialmente. Isto os leva a a serem humildes e a fala não é da arrogância de quem acha que detém a verdade final.

No outro lado, as que tem seu reconhecimento social pelo aspecto que têm, são vistas e reconhecidas pelo look que apresentam. Elea se vestem para serem vistos, fazem penteados exóticos para chamar a atenção, são extravagantes nos gestos, costumam falar alto ou dizer coisas chocantes, pelo simples intuito de que sejam notadas e comentadas. Elas se acham tão lindas que amam olhar-se no espelho, sofrendo da síndrome de Narciso, aquele que amava a própria imagem refletida no espelho d’água.

Neste afã de serem vistas e reconhecidas, não medem consequências. Se pastores, colocam uma placa na frente do local de reuniões com sua foto ocupando a maior parte do espaço. Certa feita estive em um templo que havia um cavalete com um poster do pastor em tamanho real. Não bastava a presença real dele. Tinha que ser visto duas vezes. Há os que precisam de iluminação especial e colocam holofotes centrados no púlpito para que todos vejam a figura “iluminada”.

Proliferou-se na internet os que postam vídeos com “suas mensagens”, onde a cara do buscador de atenção é o que aparece. Querem que os espectadores olhem para eles, mais que prestem a atenção no que dizem.

Há os que fazem tatuagens, as mais variadas e em locais os mais improváveis, para que todos olhem para ele. Nestes dias da catástrofe do edifício em São Paulo, pareceu na TV um que tinha uma frase tatuada na face, logo abaixo do olho direito, como que dizendo: não basta que me olhem, precisam olhar para meus olhos! Assisti, certa feita, a um documentário sobre o tema e nele foi apresentado um homem que se tatuou como se fosse uma onça pintada. A tatuagem cobria todo o seu corpo, até mesmo o genital. E assim se exibia nas ruas e shows. Era a única forma para que fosse visto e notado.

Neste exercício extenuante de buscar a atenção, se proliferou o celular com câmera fotográfica, gerando a explosão das selfies, fotos individuais, postadas diariamente, muitas vezes várias delas, que são postadas nas redes sociais, na esperança de ver a quantidade de curtidas, forma virtual de dizer que gostou. A busca frenética pelos likes é a busca pelo reconhecimento. Like é uma forma de medir quantas pessoal prestaram atenção na pessoa. Pobreza inominável.

A validação social nestes dias é que quantidade de seguidores, de visualizações, de likes que uma pessoa tenha. Num show de esportes apresentaram um cantor que a apresentação foi: ele tem três milhões de seguidores!

O conteúdo cedeu lugar ao continente. Mais vale a aparência que a consistência. Tempos de indigência.

Marcos Inhauser