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quarta-feira, 2 de maio de 2018

HAJA PACIÊNCIA!!

HAJA PACIÊNCIA!

O fato ocorreu no Posto de Saúde da Parque da Figueira, no dia 26 último. Ainda que se trate de uma unidade específica, creio que é paradigmático do que ocorre nas demais.
Consciente da necessidade e diante da massiva propaganda, fui ao Posto de Saúde para tomar minha vacina contra a gripe, uma vez que estou incluído na condição de terceira idade. Lá cheguei às 13:30. Para minha surpresa, um cartaz na porta avisava que iriam atender a partir das 14:00 horas. Na frente já haviam outros seis idosos e duas mães com crianças. Havia um certo desconforto pelo fato de o posto de saúde estar fechado para a vacinação e por duas horas.
O pessoal começar a organizar a fila dos que chegavam e havia certo conformismo com a situação, ainda que resmungos se ouviam na fila. Quando deu as 14:00 horas nada de abrir a porta, deu 14:05 nada. Às 14:10 uma pessoa da fila, já mais inquieta e contrariada, foi ver o que estava acontecendo. Voltou dizendo que “havia um monte de gente de branco conversando no corredor e que lhe disseram que estavam arrumando as coisas”. Se ela saiu meio irritada voltou completamente irritada. Às 14:25, como não abriam a porta, uma pessoa bateu forte. Pouco tempo depois ela foi aberta e não havia nenhum funcionário para orientar. O pessoal procurou manter a fila organizada.
Demoraram mais uns cinco minutos sob a alegação de que estavam arrumando as coisas. Quando, finalmente começaram a atender, um senhor que usava um jaleco de Agente de Saúde, se postou à porta e, sem considerar a fila que havia, começou a mandar entrar.
Houve reação e uma funcionária veio dizendo que devíamos nos organizar em fila porque, caso contrário, não seríamos atendidos. Foi retrucada sob a alegação de que a fila existia e quem instituiu a muvuca foram eles.
Havia gente idosa com problema de locomoção que, por administração dos presentes, foram sendo passados na frente. O Agente de Saúde, figura desnecessária na função de porteiro, uma vez que o pessoal, ainda que irritado com a demora, sabia se organizar. Mas estava ele à porta impedindo a entrada de algum “intruso”.
Eu estava intrigado com a demora em atender cada um dos que à frente estavam. Quando chegou a minha vez, constatei que havia uma funcionária para solicitar as carteiras de vacinação e documento de identidade, anotar dados pessoais, carimbar na carteira e, depois disto, a vacinadora fazia seu serviço. Para cada pessoa que era “registrada”, a vacinadora poderia ter vacinado outras três.
Se houvesse, ao menos mais uma para registrar os dados (coisa burocrática e desnecessária, uma vez que, duvido que estes dados tenham algum dia sido consultados, a não ser para saber a quantidade de pessoas vacinadas) a coisa seria no mínimo duas vezes mais rápida.
Sai dali uma vez mais convencido da morosidade, incompetência, desídia do sistema de saúde e do funcionalismo público (ainda que reconheça que há gente trabalhadora, mas, confesso, encontrei poucas para me atender e quando isto aconteceu, fiz questão de registrar neste meu espaço semanal.
Há que se ter paciência enquanto os responsáveis por estes fatos estão mais preocupados com seus holerites e sindicato, fazendo paralisações a torto e direito.
Marcos Inhauser

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A CONTROVÉRSIA SOBRE A VERDADE

Há uma frase proferida por Jesus que já ouvi várias explicações e nenhuma delas me convenceu plenamente: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. O problema é bastante complicado. Primeiro precisamos entender o que é verdade e isto já deu muito pano para manga, muitas páginas de livro e muitos seminários filosóficos, sem que se tenha chegado a um denominador comum.
No trato da questão da verdade há os céticos que afirmam que nada é verdadeiro ou falso, que tudo é igualmente verdadeiro e falso e que nunca se pode chegar ao conhecimento da verdade. Do outro lado do espectro estão os que pensam que, sim, se pode conhecer a verdade. Entre eles, entendo eu, está Freud, que entendia que nada é absolutamente irrelevante (tal como afirmam os céticos e os niilistas). Para ele, precisamos crer em verdades porque, caso contrário, se ela é irrelevante, deveríamos construir pontes com papelão ao invés de fazê-lo com concreto e pedras. Ele define aos que consideram a verdade como irrelevante como “anarquistas intelectuais”. Há coisas que creio como verdadeiros e construo minha vida sobre estas verdades.
Acrescente-se a posição dos relativistas: a verdade é relativa e o que é verdade para uma pessoa pode ser mentira para outra. Eles não acreditam no caráter objetivo da verdade, nem em sua natureza absoluta e imutável, uma vez que dependente do posicionamento subjetivo.
Deve-se ainda acrescentar os pragmáticos: a verdade é o que funciona. Alguns também a chamam de funcionalismo. A verdade só o é quando o que se afirma tem uma função prática e funcional.
Diante disto há ainda duas questões: o que é a verdade e o que é verdadeiro sobre uma situação especifica. Todos conhecemos a distinção entre a verdade por antagonismo com a mentira. Todos já mentimos e sabemos quando mentimos, porque faltamos com a verdade. Logo sabemos o que é a verdade. Então, a mentira é a falta de correspondência entre o que afirmo e o que faço ou creio. Por dedução lógica, se há esta correspondência, afirmo a verdade. Mas este falar honesto não me dá a credencial da verdade, porque posso falar o que penso e dizer a coisa de forma totalmente correspondente com o que faço e ainda assim não dizer a verdade. Para que a enunciação seja verdadeira, precisa haver uma correspondência entre o dizer, as palavras, o discurso e o pensamento e quem ouve, em sintonia com o que é dito, aceita o que lhe foi comunicado como sendo verdadeiro.
Ainda assim poder-se-á questionar que esta verdade é verdade para os dois ou mais pessoas envolvidas no processo. Pode-se concordar sobre a versão ou interpretação de um fato e ainda assim estar errado na interpretação.
Quem afirma que Jesus é a verdade e que ele, sendo a verdade, liberta tem em si, no bojo desta afirmação, questionamentos sérios. Se a verdade é ele, conhecer a ele é ser liberto. Mas qual dos Jesus devemos conhecer? O descrito nos evangelhos sinóticos ou na teologia joanina? Ou o Jesus das pregações paulinas? Ou o Jesus da tradição eclesiástica? O Jesus da leitura teológica, instrumentalizada com aparato crítico e exegese nas línguas originais, ou o Jesus da leitura simplista? Qual deles é a verdade?

Qual a verdade que liberta? A dos teólogos ou a da prática ingênua do que se crê como verdade?
Marcos Inhauser