Tão logo seu nome apareceu como candidato, começou a receber
uma saraivada de críticas, especialmente de pessoas evangélicas e membros de
sua própria igreja. Diziam que ele estava se vendendo, que tinha cedido à
corrupção, que o que buscava era ficar rico, assim como os demais. Assustado
com a reação pensou em abandonar, mas também pensou que seus atos, caso fosse
eleito, mudariam a opinião dos seus detratores.
Foi eleito com expressiva votação, sendo o segundo mais
votado na cidade. As críticas não diminuíram. Já no primeiro ano estourou um
escândalo no qual ele não estava envolvido e isto estava fartamente demonstrado.
As críticas se acentuaram, com pessoas dizendo que ele era muito esperto e por
isto não o haviam flagrado. Tantas foram as críticas e denúncias infundadas
que, mesmo tendo amplas chances de ser reeleito ou até mesmo concorrer para
prefeito, desistiu da política.
Conheço outra pessoa, também pastor, que uma noite recebeu
uma chamada telefônica de pessoa de sua relação, que lhe pedia/exigia que ele
desse algumas informações, que o mesmo, naquele momento, estava impossibilitado
de dar. Para sua surpresa, a pessoa começou a acusá-lo de coisas absurdas.
Ele confessava que a pessoa detratora nunca o havia ouvido
pregar, nunca havia participado de sua comunidade e, talvez, nunca tivesse lido
qualquer coisa que ele tivesse escrito. Mesmo assim se sentia no direito e em
condições de emitir juízos severos sobre seu ministério e a coerência dele. Com
lágrimas ele confidenciava: “como posso ser acusado por alguém que mal me
conhece? E meus anos de ministério? E os frutos que já tive foram parar onde?”
A coisa não é nova. Em estudos que estamos fazendo em Atos
dos Apóstolos, Paulo também foi vítima de acusações levianas. Tantas foram as
críticas que ele escreveu algumas cartas à igreja de Corinto para se defender e
defender seu ministério.
Ninguém há que seja inculpável. Paulo, escrevendo aos
Gálatas disse “que se uma pessoa chegar a ser surpreendida em algum delito, os
que são espirituais o corrijam com espírito de mansidão, olhando para si
mesmos, para que também não sejam tentados.” O mesmo, escrevendo aos Corintos
que o acusavam disse: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia”.
Estas considerações me fazem recordar o saudoso Rev. Joás
Dias de Araújo em uma frase que costumava repetir: “o ministério pastoral é um
mistério”. A partir dela cunhei outra: “o pastorado é a arte de levar pancadas
e distribuir sorrisos”.
Agostinho disse que a vocação é irresistível. Calvino disse
que a vocação é eficaz. Jeremias disse: “Não ... falarei mais no seu nome; mas
isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; e estou
fatigado de sofrer, e não posso mais” (Jr 20:9).
Só a graça de Deus nos mantém no ministério.
Marcos Inhauser