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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

CORRIGINDO-SE


Isto já me aconteceu várias vezes e percebo que não é só comigo. Escrevo algo, leio o que escrevi, corrijo, releio, e outra vez corrijo e mais uma vez leio e acho que está tudo bem. Mando a coluna para a publicação e quando é publicada percebo que escaparam coisas que deveriam ser corrigidas. Até já tive leitoras que me escreveram alertando sobre isto.
Tenho notado isto em outros colunistas (sou meio viciado em notícias e no jornalismo opinativo). É frequente encontrar erros nos textos que publicam na internet, coisas que não percebia no jornalismo impresso. Parece que é um mal do mundo digital.
Há muitos erros. Um deles e bastante comum no mundo da digitação é a inversão de letras na hora de digital. Lembro-me de, certa feita, ter escrito graça e na publicação descobri que havia digitado garça. Outro comum é a inserção de espaço no meio de uma palavra (ins tantâneo) ou colocar a última letra acoplada à palavra seguinte (queir aDeus), ou ainda a falta espaço entre palavras (coisassimples, queevidenciam). Tais erros são facilmente reconhecidos e merecem o beneplácito da indulgência. Há os erros de ditografia (escrever duas vezes em seguida a mesma palavra). Há ainda os erros que podem parecer de digitação, mas que, na realidade, são de alfabetização: souteira, adimito, pissicologia, previlégio e outras mais.
Outro erro comum, mas mais grave, é o da concordância que corta o “s” final ou não declina o verbo apropriadamente (os filho, fulano e beltrano comeu). Há ainda o erro de grafia e de gramática que evidenciam problemas mais sérios de conhecimento da língua: trocar mas por mais, eminência por iminência, precursora por percussora.
Certos tipos de erros podem ocorrer quando se copia um documento a partir de ditado. Podemos substituir uma palavra homófona por outra; i.e., “cozer” por “coser” ou “massa” por “maça”, “haja” e “aja”, “haver” e “a ver”, “passo” e “paço”.
Mas o que me chama a atenção é a incapacidade de ser perfeita a correção de alguém que relê o que escreveu. A gente escreve, lê, relê várias vezes e passa por cima dos erros. Parece que a mente não se atina para coisas simples ou tem um mecanismo de defesa para que não perceba os próprios erros.
Acho que é uma benção não termos a capacidade de ver todos os nossos erros. Se tal fizéssemos, seríamos eternos deprimidos e candidatos sérios ao suicídio. Há uma taxa de erros e defeitos em nós que reconhecemos e que nos fazem (ou deveriam) ter a consciência de que não devemos ser arrogantes ou jactanciosos. Há outros que os conhecemos pela ajuda de outros, que podem ser suaves ou duros ao apresentá-los a nós.
Depois de ter sido alertado para alguns erros de digitação (e mesmo de concordância), passei a levar a sério a orientação de um famoso jornalista do New York Times: escreva do jeito que você fala. Coloque o que escreveu na gaveta e no outro dia volte a ler e corrija. Coloque de novo na gaveta. Depois de dois ou três dias volte a ler e corte os adjetivos, as palavras terminadas em “mente”, transforme metade das vírgulas em ponto final. Dê um tempo e volte a ler. Depois peça para alguém corrigir o que você escreveu.
Mesmo assim não há garantia de perfeição. E se não somos perfeitos, por que se considerar melhor que os outros? Cada um tem sua taxa de imperfeição que deverá saber administrar. Cada pessoa com quem nos relacionamos tem sua taxa de imperfeição que devemos saber relevar. Nada mais chato do que conviver com uma pessoa que se acha perfeita!
Marcos Inhauser

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

FAÇA AS PAZES COM A IMPERFEIÇÃO

O senso comum diz que ninguém é perfeito. Isto é verdade! Há no ser humano um DNA que tem o gene de imperfeição.
Se for verdadeira a história de que Adão e Eva tiveram dois filhos, um bonzinho e outro que matou o irmão, todos somos descendência de um assassino, de um fraticida. Depois dele teve um Jacó que vivia brigando com o Esaú, um Esaú meio desligado que não pensou duas vezes em trocar o direito de primogenitura por um prato de lentilha, o Saul que mandou matar o melhor amigo do filho, o Davi que mandou matar o marido da amante, o Salomão que gostava da pompa e da circunstância, tanto que arrumou uma coleção de esposas. Isto para ficar nos mais conhecidos.
A imperfeição é um toque da graça da Deus. Porque não acertamos sempre (ou quase nunca), buscamos a ajuda de Deus para vencer as coisas que sabemos não ter a capacidade para fazer certo. Porque erramos e fazemos mal feito, voltamos e temos a benção de refazer e recomeçar. Se nunca acertássemos nada, seríamos depressivos por nascimento. Se sempre acertássemos, seríamos arrogantes, nos achando os “reis da cocada”. A imperfeição nos coloca em nosso devido lugar: seres humanos. Se Deus nos tivesse feito perfeitos, teria concorrência.
O problema não é ser imperfeito. Há algumas atitudes em relação à imperfeição que podemos ter. Ceder a ela e sempre fazer as coisas mal feitas. São as pessoas conformistas e as derrotistas. Valem-se do fato de não sermos perfeitos para fazer pela metade. É ser derrotado de enttrada na guerra com a imperfeição.
A outra atitude é a de não se enxergar e achar que tudo o que faz, faz bem feito. Esta classe de pessoas se coloca como exemplo para tudo e todos, são professores da universidade (porque sabem de tudo e para tudo tem o “jeito certo de fazer”). Estas têm a tendência de se julgarem fortes, que se conhecem, que são bem resolvidas, que tem o controle da situação e do entorno. É achar que pode ganhar a guerra com a imperfeição.
As primeiras são cansativas de se relacionar porque tem a tendência à murmuração, ao azedume. As segundas são difíceis de se relacionar porque são arrogantes e prepotentes.
Estes dois grupos têm o problema de não se enxergar. O primeiro porque não consegue ver que pode fazer algo bem feito. O segundo porque acha que tudo que faz, está bem feito. Ela é o padrão de conduta, comunicação, relacionamentos. Estão mais para peças de museu que para vidas reais.
Uma terceira atitude é a das pessoas que se conhecem imperfeitas, que mesmo no que são bons sabem que podem falhar. Estas, no que pese a possibilidade de falhar, fazem o melhor que podem, ficam frustradas com o que não saiu como queriam, mas depois dão risada da coisa que não funcionou do jeito que esperava ou queria. Entendem que o fizeram ontem e o fizeram bem feito, não é garantia de que, se fizerem hoje, terão o mesmo resultado. Veem a vida com variáveis múltiplas e não como relação de causa e efeito simples.
Assumir a imperfeição é sinal de maturidade. Trabalhar pela perfeição é depender da graça de Deus. Aceitar os tropeços e desacertos é perdoar-se. É fazer as pazes com a imperfeição.

Marcos Inhauser