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quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

ANJO COM CÂNCER

Esta coluna eu a tenho na mente há alguns anos. Não vou colocar nome na pessoa por algumas razões: levaria uma baita bronca dela (quem detesta holofote), quem a conhece sabe que estou falando dela e quem não a conhece o que importa saber é que há anjos de carne e osso.
Por várias vezes e sempre pela mesma razão tive que adiar a publicação, porque, em vista da saúde dela, poderia parecer que o que escrevo é comiseração. Queria escrever o que vou dizer em um contexto de saúde. Não consegui e se o faço é porque quero dar a ela uma palavra de alento.
Eu a conheço há uns 46 anos. Ainda na pré-adolescência, foi daminha de honra do meu casamento. Desde então venho acompanhando sua vida e sempre a admirei por sua atitude positiva frente à vida e seus percalços. Acompanhei sua juventude, casamento, filhas e desenvolvimento profissional. Sempre admirei seu compromisso com a fé e a maneira como vive de maneira prática e significativa a vida cristã abençoando todos quantos a conhecem.
Há algumas coisas que nela me edificam e me fazem admirar. A sua disponibilidade constante em ajudar aos outros. Enumerar as vezes e os fatos em que ela esteve envolvida fazendo algo em benefício de alguém é trabalho sem fim. Seu coração alegre e generoso tem sido benção. Dizer do seu trabalho maravilhoso na igreja como pianista é falar o óbvio.
Filha de um pai abençoado e abençoador e de uma mãe que se entrega de alma ao ministério de oração, ela pegou o DNA dos dois: abençoadora com palavras, ajuda e orações. Leva a sério a recomendação bíblica de que a mão esquerda não deve saber o que a direita faz. Assim, o que dela sei foi por testemunho de outros e nunca porque ela tenha me contado.
No auge de sua vida descobriu-se com um câncer no seio. Encarou-o com serenidade, fez o que devia ser feito, levantou a cabeça e continuou sendo o mesmo anjo que sempre foi. Alguns anos mais tarde descobriu um câncer no fígado. A mesma determinação e enfrentamento. Daí veio o do pâncreas e depois, outra vez, o do fígado. Continua sendo o anjo que sempre foi.
Dia destes conversávamos e ela contava o quanto tem tido a oportunidade de ajudar pessoas que estão na mesma condição, quando das aplicações que deve fazer. Abatida pelo tratamento prolongado, tem mostrado uma fé abençoadora. Assim são os anjos!
Não entendo por que Deus faz estas coisas. Por que Ele bota de molho alguém que fez da sua vida uma benção para muitos? Por que ele deixa familiares, amigos e abençoados por ela no estresse de acompanhar a evolução do seu tratamento? Porque alguém cheio de vida precisa ficar de molho até recuperar as forças para continuar fazendo o que sabe fazer: abençoar? Por que Deus permite que anjos adoeçam e ainda mais de câncer?
Ela é a negação da teologia do mérito. Ela não merece o que está passando porque, se Deus é verdade que abençoa os retos e castiga os injustos, ela nunca deveria ficar doente.
Tô brigando com Deus por causa dela. Sei que vou perder a briga, mas sou honesto em dizer a Deus o que penso: Ele está errando com este anjo! Já passou da hora de curar este anjo!
Marcos Inhauser


terça-feira, 3 de janeiro de 2012

SE ELE PUDESSE ESCREVER AO SAMU


Meu pai vem enfrentando problemas de saúde há algum tempo. No dia 26 de dezembro o quadro se agravou e decidi que o levaria ao médico, mas ele não estava em condições de ir no meu carro, debilitado que estava. Decidi chamar o SAMU. Liguei a primeira vez e deu mensagem para que ligasse mais tarde, fato que se repetiu mais três vezes. Comecei a me angustiar e ficar irritado. Como pode um serviço de emergência não atender? Achei que era porque estava ligando de celular e também achei que seria um absurdo se não aceitassem ligações de celular. Tentei mais uma vez e fui atendido. E aí começaram as minhas surpresas.
A primeira foi o atendimento inicial. Expliquei o quadro do meu pai e disse que não se tratava de uma urgência. Fui transferido para conversar com uma médica quem também me atendeu de forma exemplar. Novamente expliquei que não se tratava de urgência e que esperaria até que pudessem me atender. Preparei-me para uma longa espera. Trinta e cinco minutos mais tarde a ambulância chegou. E nova surpresa!
Se meu pai pudesse falar, sei que ele diria mais ou menos o seguinte: “nasci e cresci em meio a alemães e me casei com uma alemã. Frequentei igreja alemã. Aprendi que anjos eram brancos, vestidos de branco e com asas. Quando a porta da ambulância se abriu desceu um anjo que não era branco. Aliás, uma anja. Linda, negra e extremamente cuidadosa. Logo me ajudou a ir para a maca e me mediu a pressão, o pulso, a glicemia e começou a conversar comigo. Depois ligou avisando um médico de que eu chegaria. Ela me disse que eu iria para o Pronto Socorro e que de lá, depois de uma avaliação, me diriam o que fariam comigo. Este anjo não tinha asas. Tinha rodas e um motorista, também anjo. Minhas experiências anteriores com ambulâncias é que é uma viagem sacolejante, barulhenta por causa da sirene ligada, cheia de freadas e arrancadas. Este anjo motorista não era assim. Mais parecia que estava transportando ovos e que tomava todo o cuidado para não quebrá-los. Pela primeira vez me senti conduzido como se fosse um rei, assessorado por uma anja. Vi meu filho perguntando o nome deles: o anho se chama Claudecir e a anja Veridiana. Não vou mais vê-los. Meu quadro se agravou muito, perdi a consciência e os médicos dizem que sou paciente terminal. Mas antes que isto aconteça, quero deixar minha gratidão a estes anjos e meus parabéns ao SAMU pelo excelente trabalho que fazem. Milton Inhauser”.
Marcos Inhauser