Os exemplos se multiplicam. Basta prestar atenção a algumas
pessoas e suas decisões. Parece que elas têm o instinto assassino de matar as
oportunidades que a vida se lhes apresenta. No trabalho pastoral posso citar de
memória um monte de casos de pessoas que agem desastradamente em prejuízo
próprio.
Lembro-me de uma mulher que me procurou toda machucada.
Soube que ela apanhava do marido há muito tempo. Orientei-a a dar queixa à
polícia e se afastar dele para que sua vida fosse preservada. Nada fez e
continuou apanhando. Outro que, enrolado até o pescoço com dívidas, foi
convencido pelos amigos de apartamento que compartilhavam a vender uma
motocicleta de primeira linha que possuía. Saiu no outro dia para se desfazer
dela e saldar suas pendências. Quando voltou à casa, tinha vendido a moto, mas
comprou um carro zero com prestações impagáveis.
Conheço outra que saiu de casa para comprar uma bolsa e
voltou com uma SUV Toyota! Outra, vendeu uma casa que tinha, para ficar sem ter
onde morar. Achou um muquifo, mudou-se para lá e o proprietário lhe ofereceu
vender. Todos os que a conheciam e também conheciam o proprietário a avisaram
que era uma tremenda fria fazer negócio com ele. Não escutou a ninguém,
comprou, pagou e até hoje, depois de quase 15 anos, ainda está tentando
regularizar a compra.
É o caso do pai que, avisado pelo filho de 17 anos que havia
feito um negócio e que, por erro do vendedor, ele o carregou no catão do pai,
ele afirma com alto e bom som que o filho o estava roubando. Nem considerou que
o filho o estava comunicando um erro e tentando acertar as coisas. Perdeu a
autoridade paterna sobre o filho.
Poderia citar os muitos casos de mulheres que, sabendo que o
namorado era viciado em algum tipo de droga, mesmo assim decidiram se casar e,
depois se arrependem amargamente. Criam piamente que conseguiriam “consertar o
marido”.
Mais recentemente, no âmbito da política temos alguns
exemplos de “suicídio”. Para ficar em um especialista em tiro no pé, cito o
presidente que, sem contrapartida comum no campo da diplomacia, abre os vistos
para estado-unidenses, canadenses, japoneses e australianos. Um visto para os
EUA custa quase duas centenas de dólares (sem restituição caso seja negado),
mais a humilhante entrevista para saber se você é um pretendente a morar e
trabalhar naquele país. Ainda com o mesmo personagem, está a declaração dele,
em solo chileno elogiando a ditadura de Pinochet. Falou de corda em casa de
enforcado!
Acrescente-se a isto as desastradas declarações sobre o
aumento de impostos, redução da alíquota do IR, os retuites das asneiras
escritas pelos filhos, a comparação da crise com o presidente da Câmara, Maia,
como sendo uma briga com a namorada. Há ainda a “carta branca” que deu ao Moro
e que, depois, o obrigou a “desconvidar” a Ilona Szabó, especialista em
Segurança Pública; a falta de posição no caso do laranjal do PSL que afeta o
Ministro do Turismo, as idas e vindas (não sei se houve até agora alguma ida,
porque me parece que só há retrocessos) no MEC; a presença esdrúxula do
ex-aprendiz de astrólogo, Olavo de Carvalho, sentado à sua direita em reunião
nos EUA; a continuidade da folclórica Damares no Ministério de Todas as Coisas;
o exótico olavete Ernesto Araújo no Ministério das Relações Exteriores. Por
falar nele, acho que ele tem sangue de barata. Excluído da conversa do Bolsonaro
com o Trump, quando assunto tratado era todo relacionado à sua pasta, saiu-se
dizendo que o filho do presidente também tem papel protagônico no trato destes
assuntos.
Marcos Inhauser