Em conversas com
amigos e lendo em noticiosos, percebo que há uma generalizada debandada das
redes sociais. Parece que a coisa saturou. Ouvi de mais de um que é muito tempo
gasto para nada. O que estão dizendo é que
nas redes sociais, se a pessoa quer ler e responder ao que chega, gasta muito
tempo e nada ou quase nada é acrescentado ao conhecimento.
As redes são o palco de uma miríade de platitudes, lugares
comuns, obviedades e senso comum. Não é para menos que seja terreno propício
para as Fake News porque as pessoas consomem o que leem e repassam, sem um
olhar crítico.
Não sou afeito às redes e já escrevi que, por vezes, me
sinto jurássico por não estar em dia com estas novidades tecnológicas. Uso o
Facebook para postar a minha coluna, tenho o Whatsapp para me comunicar com uma
dúzia de amigos, um ou dois grupos e nada mais que isto. Confesso que já tive
mais gente no meu Whatsapp, mas percebi que me enviavam tanto lixo que
bloqueei. Tinha quem me mandasse dez ou mais memes por dia!
Era muito tempo lendo lixo, mais tempo ainda limpando o lixo
nos arquivos baixados. Não ganhei um centavo com o que recebi da maioria das
postagens, mas preservo alguns contatos porque estes, sim, ainda que de forma
esporádica, me enviem coisas interessantes e instrutivas.
Pesquisas têm revelado uma forte tendência de declínio no
uso do Facebook, Whatsapp, Instagram e outras. Tanto assim que o Whatsapp, por
razões de evitar a disseminação de notícias falsas, já limitou o envio de
mensagens para não mais que 5 contatos (o que celebro).
O uso político destes apps também tem contribuído,
especialmente porque gerou tensão e atritos, inclusive dividindo famílias e
rompendo amizades. A presença dos haters
e a facilidade com que agridem algo postado e a pessoa que postou, pode ser
outro elemento causador desta tendência.
Mas o afastamento das redes vem acompanhado ou é precedido
de um sentimento de desmotivação, de tristeza, de falta de esperança. Tenho
ouvido de gente que, por ter sido rudemente atacada por causa de uma foto
postada, algo escrito ou opinião dada, entram em crise. As redes são espaço
fácil para destilar ódio. Vi uma foto postada por uma mãe com sua filha e
vários comentaram com as afirmativas comuns: lindas, duas gatas, maravilhosas.
Mais à frente o marido postou: mocreias!
Este exemplo é paradigmático dos dois polos: afirmativas
positivas pelo uso de expressões que não dizem nada (gatas, lindas,
maravilhosas) e que são a grande parte dos comentários e as expressões
agressivas, despropositais, amargas, biliáticas. Estas, ainda que, no mais das
vezes usem frases useiras e vezeiras, ferem, machucam, ofendem. As primeiras
não elogiam ao ponto do ego se sentir massageado (salvo para os narcísicos
patológicos) e as segundas, ofendem profundamente e levam as pessoas à
depressão virtual, mas tão real quanto a depressão tal como é conhecida.
Se a justiça reconheceu há pouco um caso de estupro virtual,
por que não também o de depressão virtual? Se os pedófilos e caluniadores podem
ser processados pelo que postam, por que não também os que produzem tristezas e
depressão pelas amarguras destiladas nas
redes?
Para mim nada substitui o canto físico, o olho no olho, a
conversa ao redor da mesa, as gargalhadas, o riso e as lágrimas das
recordações. Rede social para mim é o tempo que desfruto do cafezinho com o Samuel,
a pizza com o Daniel, a conversa com o Alexandre, as aulas privativas com o Zé
Lima, os comentários sobre as leituras de livro que fazemos eu e o Silvarinho.
Tantas outras experiências maravilhosas poderia citar, mas o espaço não permite
e nem por isto, meu amigo e amiga, não se sinta excluído.
Marcos Inhauser