Em
Atenas, 2004 foram cinco de ouro. Em Pequim, 2008 foram três de ouro. Para 2012
em Londres o midiático Carlos Arthur Nuzman prometeu oito de ouro e só vieram
três. Houve um trabalho de marketing muito forte em cima de algumas figuras que
se esperava trariam ouro: seleções brasileiras de futebol masculino e feminino,
seleções masculinas de basquete e de vôlei, equipe de ginástica olímpica, judô,
salto com vara e salto triplo feminino, maratona. Exceção feita à seleção
feminina de vôlei que arrancou a medalha com o pé na cova, toas demais
esperanças frustraram.
A
começar pelo time feminino de futebol, eliminado precocemente, com atuação
pífia. A masculina foi se aguentando frente a adversários fracos, mas na hora
agá, quando enfrentou uma seleção mais forte, deu no que deu. A Fabiana Murer
foi derrubada pelo vento e a Maurren Maggi amarelou. Na maratona o primeiro
brasileiro classificado ficou em quinto lugar. A seleção feminina de basquete
só ganhou da Grã-Bretanha. Os irmãos Hipólito e a Daiane permitiram que pela
primeira vez desde 2002 a Brasil não estivesse nas finais da modalidade.
O
Neymar foi medíocre se comparado com outros jogos e atuações. Hulk, Marcelo,
Alexandro, Rômulo, idem. Salvaram-se o Oscar e o Damião. O Doda, nem se ouviu
falar, o Fernando Pessoas idem. O Cielo afundou.
As
estrelas tropeçaram.
Quem
se salvou? Gente desconhecida e sem as luzes da mídia global. Os irmãos Falcão,
Sarah Menezes, Arthur Zanetti, Felipe Kitadai, Mayra Aguiar, Adriana
Araújo, Juliana
Silva e Larissa
França, Yane
Marques. Gente que foi sem brilho, sem holofote, mas que
voltaram com o brilho de suas performances e medalhas.
Os medalhões voltaram de peito vazio.
No caso específico do futebol masculino, fica a
interrogação: como um time que tem alguns dos melhores jogadores do mundo em
suas posições, pode ser tão bisonho em uma final de Olimpíada? Como se mantém
um treinador que, depois de tanto tempo, ainda não conseguiu dar unidade ao
time?
A Dilma disse que quer mais medalhas em 2016 no
Rio. Querer é uma coisa. O Nuzman também quis e prometeu. Mas onde está a
política nacional de desenvolvimento de novos atletas? Ou, tal como se age nas
obras para a Copa e Olimpíada, acredita-se que na hora agá tudo vai dar certo.
Será que a Dilma acha que se faz um atleta de uma hora para outra? Como a nação
sede da Olimpíada tem o compromisso de ter participantes em todas as
modalidades esportivas, tenho para comigo que teremos muito mais motivos para
nos envergonhar em 2016.
Disto
fica uma lição: a humildade é fundamental quando se pensa em competir. E quem
entrou de salto alto, saiu de cabeça baixa.
Marcos Inhauser