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terça-feira, 7 de abril de 2009

LEVEI UM BAILE

Ou melhor, mais de um. O primeiro foi quando recebi o pedido dos netos para fazer com eles um "real robot". O segundo baile foi pensar em algo que pudesse fazer e que se parecesse ao que me pediam. Para tanto, vários amigos me ajudaram e me deram idéias. O terceiro foi chegar aqui e começar a fazer a coisa.
Trouxe um monte de coisas, mas o básico eram algumas peças de metal e parafusos que, juntados, serviriam de estrutura para o que iríamos construir. Vim com uma idéia bastante completa e pronta e quis impor isto a eles. E aí entrou o mais completo baile que levei. Eles me mostraram o quanto eu havia perdido a capacidade de imaginar, sonhar, fantasiar, de ser criança. Eles me mostraram que mais importante que o produto pronto e acabado, a coisa bem feita, é a imaginação, o que se sonha ao fazer.
Quando menos esperei a imaginação deles estava a mil e a minha execução trôpega. Eu queria colocar algo em um local definido e eles viajavam e queriam outras coisas em outros lugares. Onde eu via uma haste mecânica, eles viam o braço, a mão, os dedos. Onde eu via um monte de hastes mal montadas, eles viam o real robot, onde eu via algo a ser completado, eles viam mundos.
Acho que é por isto que Jesus ensinou que se não nos tornarmos como crianças, não poderemos entrar no Reino de Deus. Há no Reino algo de sonho, fantasia, utopia, de possibilidade diante da impossibilidade. É um tornar-se criança, um desfrutar das coisas mais simples tirando delas as doçuras que só a fantasia e o sonho conseguem. É querer as coisas simples, as verdades menos complexas (quanto mais complexa mais possibilidade de erro), acreditar nas pessoas, viajar nas possibilidades, crer no impossível. É um contentar-se com um estilo de vida simples, onde o conforto simples e não o luxo é a tônica.
Muitos amigos me escreveram desejando-me sorte na empreitada e outros pedindo fotos da obra. Publicamente quero reconhecer que não consegui fazer um real robot nos moldes que imaginei e que os amigos imaginaram. Tampouco tenho absoluta certeza de que os netos acham que conseguimos. Mas o que valeu foi o tempo que passamos juntos, as coisas que puder ensinar de mecânica, eletricidade, de trabalho em equipe, de planejamento. Se o real robot não saiu como eu queria, a intimidade, a amizade, o amor entre mim e os netos que não tenho oportunidade de conviver porque a distância é enorme só fez aumentar.
Não há real robot mas há, por causa dele, real love and friendship e, importantíssimo, sonhos que queremos se tornem realidade.