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quarta-feira, 12 de abril de 2017

POLÍTICOS JURÁSSICOS

A votação feita na semana passada para “regulamentação” do transporte privado alternativo (Uber, 99, Cabify) foi a mais completa exibição da mentalidade retrógrada e notarialista da política brasileira. Quando havia possibilidade de se avançar nas relações de negócio entre dois parceiros (fornecedor e cliente), veio a Câmara e, com a mentalidade dos tempos dos dinossauros, decidiu pelo engessamento, cartorialização, imposição fiscal e encarecimento dos serviços.
Os novos tempos trouxeram a novidade de serviços um-a-um. Aí está o comércio eletrônico feito no Facebook, no Mercado Livre e outras plataformas. Aí está o AirBnb e outros que facilitam o aluguel de casas, apartamentos, pousadas para temporadas. Aí está o Submarino Viagens e outros onde se pode comprar passagens, fazer reservas de carro e de hotel, sem precisar de uma agência de viagens ou mesmo sair da casa. Aí está o Online Banking que dá a chance de fazer quase tudo sem sair de casa.
Em todas estas plataformas houve problemas, mas eles foram dirimidos e as coisas fluem. Não há nada perfeito e nada que os bandidos não tenham uma forma de tirar proveito. Até dos bancos eles conseguem tirar.
Há o serviço de taxi regular. Para se poder ter um é necessária uma licença e, para obtê-la, ou se compra de alguém que a tenha (a peso de ouro) ou se espera a abertura de novas licenças, coisa quase impossível de acontecer, porque os próprios taxistas não querem que haja mais taxis na praça. Quando se abre, é um deus-nos-acuda para driblar os espertinhos e os que tem seus canais. Com todo este “rigor”, não se entende como uma mesma pessoa pode ter vários carros ou uma frota de taxi. Também não se entende que tipo de fiscalização existe, uma vez que abundam os taxis clandestinos, os mal cuidados, com problemas mecânicos, etc. Cansei de pegar taxi na Rodoviária para vir para minha casa que eu nunca dirigiria no estado em que se encontrava. A cada pouco se sabe de bandidos travestidos de taxistas em carros caracterizados. A caracterização do taxi, a placa vermelha, o taxímetro e um número não são garantia absoluta.
Aparece o Uber, 99 Taxi, Cabify e outros. Eles fazem um serviço mais direto, mais rápido, menos complicado. Você liga e em prazo de 2 minutos estão te pegando. Quando você chama já vem uma estimativa de preço, o carro, marca, cor, placa e o nome do motorista, coisa que nunca tive no serviço regular de taxis. Mais: estando cadastrado, o pagamento é feito no débito no cartão, sem necessidade de qualquer papel ou assinatura. Em outras palavras: simplicidade, eficiência, rapidez e transparência.
Aí vem os políticos jurássicos, pressionados pelo cartel dos que nadaram na exclusividade até hoje, que mostraram que alguns são bandidos nos atos de violência contra motoristas alternativos, e exigem que os alternativos se igualem aos “oficiais”.  Por que não desburocratizar a classe dos que mamaram toda a vida e colocá-los nas mesmas condições dos demais? Não seria o caso de liberar?
Mas isto traria prejuízo porque tem placa de taxi que vale (valia) um milhão, como me contou um taxista do aeroporto. Para ter um carro ali precisava comprar uma licença. Mais: compram carro com isenção e liberar para atuarem sem caracterização seria perder esta mamata. Os demais trabalham mais barato, sem ter a isenção do IPI para comprar seus carros. Quanto dá de lucro um carro na praça? Deve ser muito porque ninguém quer largar o osso.
Os políticos, por sua vez, agradaram os sindicatos da categoria e usarão da capilaridade deles nas suas campanhas políticas. E de retrocesso em retrocesso avançamos para o tempo das capitanias.

Marcos Inhauser

terça-feira, 26 de maio de 2009

COMIPÇÃO

Nos últimos meses tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas que tem ou tiveram relações estreitas com os corredores do poder, tanto em nível federal, estadual, como municipal. Nas conversas, como é óbvio, não poderia deixar de tocar o tema da corrupção e os casos que vieram à tona, notadamente os relacionados ao Senado e a farra das passagens aéreas.

Nas considerações que ouvi, houve uma unanimidade: o que veio à tona é só a ponta do iceberg, só uma pequena ponta de tudo o que ocorre nos descaminhos do poder. Cheguei à conclusão de que se cobra comipção (neologismo formado de comissão e corrupção) até na compra de palito de dente.

Segundo estes, há muita coisa, como favores prestados a deputados e senadores que traficam influência, viciam licitações para que sejam vencidas por quem “financiou” suas campanhas, aceitam sobrepreços, pagamentos de pilares inexistentes em túneis e pontes, metragens descumpridas em estradas, capa asfáltica 50% menos espessa e largura de estradas mais estreitas do que está no contrato, o que dá ganhos exorbitantes às empreiteiras. Há os “pedágios” mensais em base a um porcentual sobre a arrecadação nos serviços “privatizados”.

Um deles me contou de uma farra financiada há mais de uma década por um empresário que levou de passeio a Mônaco mais de dez deputados e senadores e alugou um iate ao custo de US$ 120.000,00 dólares/dia.

O outro me perguntou se eu acreditava que a farra dos pedágios e o jardineiro fantasma eram os casos mais cabeludos da Câmara de Campinas. Ele me disse que a celeuma em cima da identificação dos carros usados pelo poder municipal é quase nada diante de outras coisas. Ele me pediu que prestasse mais atenção às mudanças nas leis de zoneamento, contratos sem licitação feitos em regime de urgência, custo do aluguel dos carros, a forma como certos “empregados” são pagos por agências de publicidade e locadores de veículos, como forma de camuflar gastos.

Na segunda-feira houve uma manifestação dos donos de postos de gasolina, vendendo o produto sem os impostos para que a população se conscientize do quanto há embutido no preço. Houve onde se vendeu o produto a R$ 1,27. Se remédio genérico paga 37% de imposto, se vacina para animal é isento, se escola paga mais tributo que lotérica, dá um mal estar danado. É um dinheiro que vai pelo ralo, falcatruas de ilustres “otoridades”.

Quando pergunto a estas pessoas se há esperança eles me afirmam que não vêem luz no final do túnel, que a cultura da comipção é arraigada no Brasil, que a população tem um comportamento bovino de passividade. De minha parte, não voto mais em ninguém que tenha mandato. É meu não à reeleição.