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terça-feira, 12 de julho de 2011

NEM ESQUERDA, NEM DIREITA

Na minha adolescência a juventude li muito jornal. Era leitura obrigatória para mim o Estadão e o Jornal da Tarde. Li todos os Pasquins que foram publicados. Estudei em meio de gente que era pró e contra o governo da ditadura. Para mim era claro o que era ser de esquerda e direita. Fui estudar teologia. Comecei em uma instituição fundamentalista de ranço gringo, fui para uma totalmente alinhada com a Teologia da Libertação e também percebi as diferenças entre as teologias de esquerda e direita. Trabalhei com Direitos Humanos na América Latina, viajei à beça, andei por bibocas deste continente latino americano e vi o que governos de direita e ditatoriais podem fazer. Estive em Cuba e Nicarágua, esta na época da Revolução Sandinista e depois na Guerra da Contra. Era claro quem era de direita e de esquerda. Andei visitando igrejas por este mundo de meu Deus. Estive nas Américas, na Europa, Ásia e Oriente Médio, Havia uma clara distinção entre as igrejas e suas liturgias, entre as liturgias mais formais e as mais informais. Hoje estou perdido. Já não sei mais o que é ser de direita ou de esquerda. O PT, referência para a esquerda, se locupletou com a economia de mercado e com a corrupção, criando também o sindicalismo pelego. O PSOL e o PCdoB, que deveriam ser esquerda, tem discursos jurássicos. A teologia convergiu para a prosperidade, arrebanhando calvinistas, wesleyanos, luteranos, batistas, em um movimento de sobrevivência. Todos falam a mesma coisa. Os cultos nas mais diversas igrejas são iguais em forma e conteúdo. Os cânticos das igrejas históricas, pentecostais, neopentecostais e livres, são iguais. A estrutura inexiste em todas elas. As missas carismáticas em pouco diferem dos cultos pentecostais. Os pregadores midiáticos católicos copiam os evangélicos. A diferença entre o PSDB e o PT é retórica, o PMDB se junta a quem está no poder, o DEM quer ser oposição, mas se perde nos mensalões, o PDT se esfarela com o governo de Campinas e com o Paulinho FGTS, o PR mama no Dnit. A Dilma tira os dirigentes do Ministério do Transporte e continua tendo a camarilha do PR à frente do balcão de negócios das estradas e ferrovias. Os Estados Unidos estão a ponto de dar um calote, a Grécia quebrou, a Itália está indo para o buraco, Portugal já foi e a Espanha está a caminho. Fala-se da necessidade urgente de uma reforma fiscal, mas não se acha duas pessoas que falem a mesma língua. Só se consegue consenso dos políticos na hora de aumentar impostos. O governo não cumpre com sua função de prover saúde e educação à população que paga planos de saúde e escolas privadas. Agora, o governo quer receber dos planos pela sua ineficiência, cobrando quando um associado usa o sistema público. Paga educação privada com dinheiro que o governo cobra o Imposto de Renda. A coisa está empastelada (termo usado nas antigas tipografias para se referir aos tipos que se misturavam uns aos outros por queda da caixa e que ninguém mais sabia o que era um e outro), complicada, confusa. Resta-nos uma sensação de desorientação, impotência. Há uma convergência da esquerda com a direita, uma massificação das religiões, uma desorientação cidadã, um generalizado sentimento de desesperança. Estamos vivendo a grande depressão (alguns a chamam de tribulação) apocalíptica? Talvez. De uma coisa tenho certeza: necessitamos de novos céus e nova terra. Uma nova ordem, novos valores, nova sociedade. Enquanto isto, as indústrias farmacêuticas se lambusam nos lucros das vendas de antidepressivos, calmantes e estimulantes sexuais, porque ninguém é de ferro. Marcos Inhauser