Se somos todos imperfeitos, todos cometemos erros. Se todos cometemos
erros por natureza imperfeita, há um direito ao erro inerente ao fato de sermos
humanos. Ninguém escapa a isto: erramos! E contamos com a compreensão dos
outros para não nos crucificar pelos nossos erros, mesmo porque, como já disse
o apóstolo Paulo “se alguém pensa estar em pé, cuide para que não caia”. Hoje
são complacentes com meus erros, amanhã eu retribuo com a minha complacência.
Já houve quem disse que “o maior
problema do homem não são os erros que comete, mas o seu desejo de ser
perfeito” (Norberto R. Keppe). Nem mesmo os gênios escapam ao erro. Assim foi
com Salvador Dali e Walt Disney que decidiram fazer juntos um filme que nunca
saiu e que deu enorme prejuízo. O nome dele seria Destino e só foi finalizado
em 2003.
No entanto, esta semana me chamaram a atenção erros cometidos na hora
errada. Não que haja hora certa para errar, mas há horas em que errar se torna
mais grave. Refiro-me ao erro do piloto do navio Costa Concórdia que
aproximou-se em demasia da costa e bateu em rochas submersas, causando mais de
uma dezena de vítimas fatais e um prejuízo bilionário. Ele tinha o direito de
errar e porque erraria, havia uma quantidade de aparatos eletrônicos, radares e
cartas náuticas, para garantir que o possível erro fosse minimizado. A pergunta
que fica é: como um navio com todos os recursos e tecnologia pode meter-se em
tal encrenca sem que alarmes ou dispositivos de correção fossem disparados?
A outra história é a do coração que estava sendo transportado pela
equipe médica para que o mesmo fosse usado em um transplante e o carrinho bate
no pé do carregador e o coração cai fora da caixa onde estava acondicionado.
Para azar maior do infeliz, havia a televisão para filmar o seu “desastre”.
Estes dois fatos me fizeram recordar do acidente do Airbus da Air
France. Um piloto experiente decide errar na errada e entrar onde não podia:
decide que não haveria problemas em avançar em meio às nuvens carregadas que
estavam à frente. Deu no que deu. Como um piloto com tal experiência comete um
erro tão primário em um momento tão crucial? Como uma pequena peça, o Pitot,
decide falhar na hora em que mais se precisava dela? O mesmo se pode perguntar do acidente da Gol
no choque com o jato executivo.
Não há nenhum seguro de que alguém não vai errar na hora agá. Um dos
melhores jogadores da Itália na Copa de 1994, o Roberto Baggio, falhou. O pai
que colocou o nome dele no seu filho e este veio jogar na Copinha este ano, na
hora de bater o pênalti, também falhou.
O prefeito tampão também errou, e várias vezes, quando se esperava que
acertasse. Errou na votação do aumento de salários dos vereadores. Errou nas
justificativas que deu. Errou ao convidar o Villagra para participar do seu
governo. Errou ao afirmar que os vereadores são corresponsáveis no sucesso ou
fracasso do executivo, não levando em conta a separação dos poderes. Só que
este erra a toda hora e não só nas horas erradas.
Marcos Inhauser