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terça-feira, 20 de novembro de 2012

DÁ PARA EXPLICAR?

Minha esposa e eu viemos aos Estados Unidos para participar como preletores em uma Conferência da denominação à qual pertencemos.  Fomos hospedados por um casal sem filhos. A certa altura da conversa eles quiseram saber mais sobre o Brasil e disseram que tinham informações de que a economia ia bem no Brasil.
Já ouvi isto outras vezes e sempre fiquei internamente irritado com os dados que são passados para fora do Brasil e como os números mentem. Brinquei dizendo que os números eram bons, mas que, na hora de comprar a comida, eles não refletiam o que o povo percebia.
Disto entramos na questão da comparação dos impostos no Brasil e nos Estados Unidos. Contei a eles que uma lata de Coca Cola paga 45% de impostos e eles tiveram dificuldades em acreditar. Quando disse que o brasileiro trabalha quatro meses e meio só para pagar impostos, eles me perguntaram como o brasileiro conseguia sobreviver.
A pergunta seguinte era inevitável: quanto custa a gasolina no Brasil. Fiz um cálculo rápido convertendo galões a litro e multiplicando pelo preço médio da gasolina. Cheguei ao cálculo de US$ 5,09. Eles estavam pagando US$ 3,54 pelo mesmo galão. Quando falei quanto custava o carro que eles tinham no Brasil, levaram um susto. Disseram que com este dinheiro comprariam dois carros.
A conversa ganhou contornos ainda mais assombrosos quando falei que os juros de financiamento no cartão de crédito eram da ordem de 14%. A esposa me disse: você está confundindo. Deve estar querendo dizer juros anuais e não mensais. Reafirmei que eram mensais. Eles não acreditavam no que ouviam. Para eles, mesmo um juro de 14% ao ano era absurdo.
Foi quando me contaram que haviam acabado de comprar a casa que estavam morando e que financiaram a 1,9% ao ano e que haviam comprado um novo carro com juros anuais de 1,6%. Retruquei dizendo que os juros de financiamento de casa no Brasil giravam ao redor de 10 a 12% anuais.
Eu percebia que estava passando por mentiroso ou exagerado. Comecei a mostrar algumas coisas que havíamos visto o preço em algumas lojas nos Estados Unidos e quanto as mesmas coisas custavam no Brasil. Em um item o preço brasileiro estava multiplicado por dez. Outra gritante diferença era o preço de um McDonald. Perfumes, remédios, pedágios, estacionamentos, tinham diferenças de 300 a 1000%.
Com tão altos impostos e preços tão elevados, qual o retorno que vocês tem do imposto pago, me perguntaram. Eu disse que era mínimo. A saúde pública é um caos, a educação é péssima, a segurança pública está em crise e policiais são mortos todos os dias, os nossos deputados e senadores tem um dos maiores salários do mundo, etc.
A esta altura eu tinha na mente um cântico de Victor Heredia, “Sobreviviendo”:  Me perguntaram como vivia,/ me perguntaram / 'sobrevivendo' disse, 'sobrevivendo' / Tenho um poema escrito mais de mil vezes / Nele repito que enquanto alguém / Proponha morte sobre esta terra / E se fabriquem armas para a guerra / Eu pisarei esses campos sobrevivendo / Todos ante ao perigo, sobrevivendo / Tristes e errantes homens, sobrevivendo.”
Marcos Inhauser

terça-feira, 3 de maio de 2011

BANCOS E BANCOS

Na minha recente viagem à República Dominicana por algumas vezes tive que ir a uma agência bancária, acompanhando a pessoa que me hospedava. Confesso que fiquei surpreso e não pude deixar de considerar as diferenças entre o que vi e o que sofro. A agência, de padrão médio no seu tamanho, tinha 14 caixas, com operadores em todos eles. Não havia ninguém na fila, quatro dos operadores estavam atendendo clientes e os outros 10 estavam esperando clientes. Em uma das vezes fiquei mais de duas horas esperando a solução de um problema de transferência internacional de dinheiro e não vi, em nenhum momento, formar-se fila para o atendimento. Logo que chegamos à agência, meu amigo, um estadounidense, me informou que eu deveria tomar um café na agência, porque era o melhor que ele já havia tomado. Achei que era uma cafeteria interna que cobrava pelo café servido. Qual nada. Era café servido gratuitamente aos clientes. O estacionamento amplo era gratuito. Não havia a maldita porta giratória, mentira de detecção de metais existente na grande maioria das agências, que se trava segundo a vontade de um mal treinado segurança. Na verdade as portas giratórias detectam negros e mulheres, quase sem exceção parados e depenados de seus pertences antes que possam entrar. Um amigo, não dominicano e não cliente do banco, precisava trocar um cheque em dólares para ter algo para gastar em moeda nacional. O banco girou o cheque sob a garantia do gringo que era cliente. E pagaram a cotização corrente, sem taxas ou outras cobranças subreptícias. A transferência internacional de recursos para que a Conferência se realizasse se deu em menos de uma hora. Ontem tive que ir a três agências bancárias brasileiras, de três bancos diferentes, dois estatais e um privado. Em todos eles só haviam três ou quatro caixas. Em um deles os três existentes estavam com operadores, mas que, quando perceberam que a fila diminuiu, passaram a fazer outras coisas e não atenderam mais, como se houvesse um número mínimo de clientes que devem ficar na fila, não importa o motivo. Nos outros dois, no que pese haver quatro caixas, em um não havia operador em um deles e no outro faltavam dois. A razão alegada quando perguntei, era que estavam em horário de almoço, no que pese ser este um dos horários de maior quantidade de clientes. Demorei em um deles 35 minutos para ser atendido. No outro, não havia dinheiro no caixa eletrônico dentro da própria agência!!! Na minha frente havia um correntista tentando sacar um cheque próprio que era de outra agência e não lhe permitiram. Um título vencido só podia ser pago no banco emissor do bloqueto, no que pese a existência do código de barras, uma câmara de compensação de títulos e as instruções sobre multas e juros. Não havia café, o banheiro, se existe, só um iluminado é quem sabe onde fica, o estacionamento é pago. E quando recebo o extrato, percebo que fui tungado em taxas e tarifas que só um iniciado em siglas e mutretas consegue entender. Há bancos e bancos. No Brasil eles colocam bancos para a gente esperar sentado. E nós bancamos os maiores lucros da banca internacional.