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quarta-feira, 22 de julho de 2015

POLÍTICA: A ARTE DO FINGIMENTO

Todo mundo sabe que a palavra hipocrisia significa fingimento, falsidade. Ocorre que a origem da palavra vem de outro contexto e sentido. Vem do grego hypocrites, que na Grécia antiga, designava os atores de teatro, os quais, durante as apresentações, fingiam ser outras pessoas. O palco era uma "hipocrisia" pois os que ali atuavam fingiam ser quem não eram.
Assim, o hipócrita oculta a realidade através de uma máscara, de uma aparência do que ele realmente é. O hipócrita finge possuir boas qualidades para ocultar seus defeitos, sendo também conhecido como pessoa dissimulada.
Nestes tempos de mensalão e Lava Jato, o cenário político se transformou em um grande palco teatral, com atores fingindo ser o que não são. Os mais variados discursos têm parecido, todos encenações de uma ópera bufa. Há uma constância nas falas dos atores: negam o que se lhes acusa com a veemência dos indignados. O conteúdo das falas pode mudar na argumentação. Uns alegam perseguição política (talvez a mais comum), outros dizem que as acusações são infundadas, levianas, irresponsáveis, feitas por criminosos confessos, etc.
A prática de negar é a primeira alternativa para os que são flagrados com a mão na botija. Outros preferem a perseguição política (tal como o fez Eduardo Cunha), sem, contudo, dar uma explicação sequer para esclarecer as coisas. Outros negam até a assinatura aposta em documento de banco, que comprova serem seus os milhões em depósitos em paraíso fiscal (Maluf). Outro se transforma no maior pecuarista do mundo em termos de fertilidade do rebanho (Renan Calheiros). Outro apela para tias e parentes mortos que teriam deixado herança milionária, sem que isto tivesse sido declarado à receita, um mero lapso cometido pelo contador.
Há quem, sendo confiscado de seu patrimônio (Lamborghini, Masserati e  BMW 760), apela para a o TCU investigar as contas da PGR, em clara retaliação. Aqui impera a lógica de que, se se flagra algo errado na PGR, as minhas falcatruas estão legalizadas, porque quem me acusa, tem também suas mazelas.
Há quem acuse o juiz de se achar o dono do Brasil, o Procurado da República de ser pau-mandado do PT, a PF de ser aparelho do Partido. Esquecem-se de dizer que há gente do partido nas investigações, que o ex-guru-mor do partido está sendo investigado por consultorias que nunca prestou, que o tesoureiro está enroscado até o pescoço e que a coisa anda sobrando pelos lados do Palácio, com dois ministros citados.
O grupo encarregado de explicar/justificar as “pedaladas fiscais” também está enveredando por este caminho, tentando mostrar que outros também o fazem e que a prática consagra a ética.
A crer-se nos discursos inflamados dos “indignados e perseguidos”, o Congresso Nacional seria um convento de monjas virgens, cuja santidade é comprovada pela face angelical que possuem. Conventos também seria as Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores. Pelo que se sabe, nenhum destes conventos é santo. Muitos se prostituíram nas lambanças e baladas das propinas.
De minha parte fica o orgulho de ver que ainda há algo que funciona neste país: a Justiça Federal no Paraná. Não que não haja outros exemplos, mas por agora, cito este. Ouvir a sentença dos primeiros donos de empreiteiras (fato que eu não cria ser possível há menos de um ano) e ver a prorrogação da prisão preventiva do diretor da maior empreiteira por prática reiterada de crimes, mesmo depois de deflagrada a operação e estar preso, é algo que me dá esperança de que algo está acontecendo.
Marcos Inhauser