A preeminência desta Confissão é tão grande que o Código de
Disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil, no Capítulo II, quando trata das
faltas, no Art.4º, Parágrafo Único – “Nenhum tribunal eclesiástico poderá
considerar como falta, ou admitir como matéria de acusação aquilo que não possa
ser provado como tal pela Escritura, segundo a interpretação dos Símbolos da
Igreja”. Percebe-se assim que só é falta (pecado) aquilo que é previsto nos
Símbolos da Igreja (Confissão de Fé, Catecismos Maior e Menor).
A memória, a recordação preservam o passado e este é
imutável. Não se muda o que já aconteceu. Ao fazer esta retro-oculatra, as
igrejas perdem o sentido de uma resposta ao presente, preferindo a saudade de
tempos idos. A recordação tem algo de opressora: ela não permite a novidade, a
descoberta, a criatividade. Ela congela o pensamento e nega o diferente. Ao
assim proceder, entroniza o passado como verdade absoluta e demoniza o presente
e os sonhos de futuro melhor como demoníacos.
Não é para menos que os profetas tenham sido mortos,
torturados, serrados ao meio. No dizer do escritor de Hebreus: “Todos esses
morreram cheios de fé. Não receberam as coisas que Deus tinha prometido, mas as
viram de longe e ficaram contentes por causa delas, declararam que eram
estrangeiros e refugiados, de passagem por este mundo. E aqueles que dizem isso
mostram bem claro que estão procurando uma ... Não ficaram pensando em voltar
para a terra de onde tinham saído. Se quisessem, teriam a oportunidade de
voltar. Mas, pelo contrário, estavam procurando uma pátria melhor, a pátria
celestial. E Deus não se envergonha de ser chamado de o Deus deles, porque ele
mesmo preparou uma cidade para eles.” (Hb 13:12-16).
Para a religiosidade ortodoxa, ciosa das verdades que
sustenta há séculos, os pregadores de alternativas, os promotores de perguntas,
os questionadores devem ser liquidados, taxados de hereges, queimados no fogo
da Inquisição.
Nada mais fácil que taxar alguém que pensa de herege,
apóstata. Não há lugar para os profetas! A função do ministério profético é
manter juntos o espírito crítico e a ação. É na dialética entre crítica e ação
que nos tornamos fiéis a Deus. Optar por um ou outro é cair nas armadilhas do
progressismo e do conservadorismo.
Marcos Inhauser