Causou-me espécie a atitude do “pastor” que atentou contra a liberdade de imprensa quando do episódio da queda do teto na Universal de Campinas. Havia decidido escrever sobre isto quando recebi da amiga, historiadora e professora Rute Salviano as seguintes reflexões:
“O ... ocorrido com o repórter no templo da Igreja Universal é ... amostra de como o poder que a si mesmo se outorgam diversos pastores ... tem prejudicado a igreja cristã e a comunidade em geral. O que ocorreu refletiu ... devido ao envolvimento ... da imprensa, mas imaginem, no dia a dia, dentro daquele templo como aquele líder arrogante deve liderar os membros de sua igreja.
O rebanho de Deus ... deve ser pastoreado sem domínio, mas com serviço e exemplo ... Acontece que os pastores que deveriam servir seus liderados acreditam que devem dominá-los e governar sobre eles. Alguns pastores ... declaram ter recebido um chamado divino de pastorear a igreja de Cristo e sabem que devem conduzi-la até o noivo. Sabem que a Igreja pertence a Cristo, que é seu Senhor. ... Porém, rapidamente de servos passam a senhores, assenhoreiam-se da noiva, dominam a igreja e acreditam que são os verdadeiros donos do rebanho e, por conseguinte, controlam a tudo e a todos dentro das quatro paredes do templo.
Membros ... são afastados de seus cargos ou por fazerem sombra ao pastor ou por mero capricho e interesse pessoal. Eles sempre têm a última palavra e a bela democracia cristã transforma-se em ditadura. Neste orgulho, nesta prepotência e arrogância crêem equivocadamente que estão servindo a Deus, mas, infelizmente servem só a eles mesmos e contam-se aos milhares os decepcionados com este tipo de liderança, totalmente anti-cristã, que já saíram das igrejas evangélicas.”
A estas considerações eu acrescentaria que quem crê que tem o poder de dar ordens a Deus, orando com atrevimento e exigindo a benção da prosperidade, se julga também no direito e com o poder de cercear a informação, dar ordens a Deus e todo o mundo, impedir o trabalho investigatório. No caso do templo da Renascer, sabe-se hoje que foi a bancada evangélica quem pressionou para que os templos não fossem vistoriados. No caso de Campinas, até hoje não entendo como se burlou a lei que impede a construção de templos, escola e afins a menos de 500 metros de posto de gasolina. A esta altura uma pergunta não quer calar: o prédio tem o habite-se?
Marcos Inhauser