Quem já viveu nos Estados Unidos por algum tempo notou que
os shopping centers são quase todos iguais, com as mesmas lojas e mesma
disposição em cada uma delas, dependendo da rede à qual pertencem. Se se entra
em uma loja de rede que nem sempre está nos malls, tal como Target e Walmart, e
depois se entra em outras lojas da mesma rede, até a disposição das coisas na
loja é igual.
Se se viaja de carro e se quer parar em postos de gasolina,
a diferença entre um e outro é mínima e em todos se encontra mais ou menos as
mesmas coisas.
Coisa parecida está ocorrendo no Brasil. A invasão das redes
Graal e Frango Assado (para ficar em duas citações) nos postos de gasolina e
conveniências à beira de estradas, tem dado esta homogeneização gradativa.
Nos shopping centers, as chamadas “lojas ancoras” também tem
levado a se ter mais do mesmo em qualquer um que se vá. Lá estão as Americanas,
C&A, Renner, Fotóptica, etc. A maior homogeneização se dá nas praças de
alimentação: em qualquer praça que se vá se encontra o mesmo: McDonald,
Montanara Grill, Vivenda do Camarão, Spoleto, Viena, etc.
O processo se dá também no vestuário: todos de jeans e
camisetas. Se se anda na região da Funchal, Vila Olímpia, Alphaville, Berrini,
Faria Lima em horário de almoço pensar-se-á que jeans e calças pretas são
uniformes das mulheres.
O mesmo se dá no campo das igrejas genericamente chamadas de
“evangélicas” (recuso-me a aceitar tal designação como apropriada). Sai-se da
Igreja X e vai-se para a Y, e depois a W e a seguir a Z e a coisa é a mesma:
meia hora ou mais de cânticos congregacionais liderados por um grupo de
narcísicos tocando algum instrumento. Os cânticos são os mesmos, seja nas
igrejas históricas, independentes, livres, carismáticas, pentecostais ou neopentecostais.
Quando se pensa que a mensagem deveria ser diferente, o que se tem é o
monotematismo: todas tratando do mesmo tema, com variação nas ilustrações e nos
textos bíblicos. Prosperidade e vitória nas lutas são o pão quente da hora.
A padronização imbeciliza porque não confronta com a
novidade, a surpresa, a mudança. Viver a cada dia repetindo e vivendo a mesmice
embota as mente e os corações. A homogeneização cultural e religiosa
infantiliza porque não exige crescimento: tem-se mamadeira a qualquer dia e
qualquer hora em todo lugar. Isto talvez explique a proliferação dos livros de
autoajuda: mais do mesmo para as mesmas coisas. Fórmulas simples e mágicas para
resolver questões que as pessoas não têm treino para tratar porque acostumadas
à mesmice.
Nos templos tem-se uma mercadoria banalizada: a benção via
oração do iluminado. Quanto mais pomposo for o título que ostenta (e sabe-se lá
como foi que conseguiu esta comenda demissionário, pastor, bispo ou apóstolo –
muitos por auto-ordenação!) mais poderosa e for te são a oração e a benção. Só
que ela tem validade de yougurte: dura uma semana. Depois tem que ser renovada!
Marcos Inhauser