Leia mais

Há outros artigos e livros de Marcos e Suely Inhauser à sua disposição no site www.pastoralia.com.br . Vá até lá e confira

Mostrando postagens com marcador resultado de teste. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador resultado de teste. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 18 de março de 2020

MINHA EXPERIÊNCIA COM O CORONA


Viajei dos Estados Unidos para o Brasil no dia 01 de março, chegando ao Brasil no dia 02 pela manhã. Tinha estado na Califórnia (clima ameno) e Dayton – OH e Richmond – IN (climas bastante severos, com nevadas e temperaturas abaixo de zero).
Ao chegar fui visitar minha mãe no hospital, pois a mesma, com 90 anos de idade, havia sofrido uma queda e quebrado o fêmur. Na terça, dia 03 voltei a visitá-la na parte da manhã, mas, depois do almoço comecei a ter tosse, coriza, febre de 39 e muitas dores pelo corpo. Liguei para o SAMU pedindo orientação sobre como ser atendido e eles, depois várias pessoas que não quiseram dar instruções (isto eu ouvia pelo telefone, ao fundo), uma delas veio e me disse que deveria ir ao Pronto Socorro. Achei um tanto estranha a orientação, pois, se estava infectado para um local de concentração de pessoas.
Fiz segundo a orientação recebida e me dirigi, acompanhado de minha esposa, para o pronto socorro de um hospital de Campinas. Ela se dirigiu ao balcão, falou da suspeita e imediatamente me levaram para uma sala isolada. Até aí, tudo bem. A minha surpresa e estarrecimento começou quando médico plantonista, sem nenhuma proteção que o caso exige, entrou na sala, pediu que eu abrisse a minha boca, disse que estava com secreção de pus, mas que não era corona porque não havia caso “autóctone”. Argumentei que estava chegando dos Estados Unidos e que não se tratava de um caso autóctone brasileiro. Ele reafirmou que não havia “casos autóctones nos Estados Unidos” e que, definitivamente eu não estava com o corona vírus. Ele me deixou ali mais um tempo, minha esposa depois for ver o que que estava acontecendo e ele disse que eu não estava com dengue e que deveria tomar dipirona para a febre. Voltei para casa e, por conta própria, decidi entrar em isolamento.
Na sexta-feira o quadro se gravou e voltei a outro Pronto Socorro. Fui atendido com a presteza e cuidados que o quadro ameritava. O médico, todo paramentado com vestes apropriadas me examinou, fez uma série de perguntas e colheram material para o teste. Disse que iria me deixar em isolamento porque eu apresentava ciclos respiratórios curtos. Argumentei que tinha condições de ficar em isolamento em minha casa e que me comprometi a voltar caso o quadro se modificasse. Nisto estou desde o dia 6 de março.
Tal como orientado, nos primeiros dias, recebi chamadas telefônicas de controle, buscando informações sobre meu quadro. Comecei a perguntar sobre o resultado do teste e nada de me darem resposta conclusiva. Houve um dia em que eu disse que estava em isolamento e assim permaneceria por consciência da gravidade e que minha permanência não dependia do controle deles. Que eu estava fazendo a minha parte e que estava esperando que eles fizessem a parte deles: o resultado do teste. Nunca mais me ligaram!
Acionei alguns contatos e um deles, que tem acesso aos resultados do Fiocruz, me informou que meu resultado só sairá no dia 06 de abril! Fiquei indignado. Voltei ao hospital, mesmo porque a tosse persiste em ficar, e novo teste foi feito, cujo resultado demora quatro dia úteis! Não sabia que o corona trabalha só nos dias de semana.
Aqui estou de molho há 14 dias, sem perspectiva de alta e sem saber se o que tenho é o corona. Descobri que a mídia do governo é muito melhor que a prática, que, mesmo com um plano de saúde, estou nesta pendência e espera. O que será dos que precisam e precisarão nos momentos de pico da pandemia? Não quero nem pensar!
Marcos Inhauser