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quarta-feira, 4 de março de 2015

SOCIEDADE MINIMAMENTE SATISFEITA

SOCIEDADE MINIMAMENTE SATISFEITA
Sonho ter um governo comprometido com uma sociedade plenamente satisfeita. Alguns dirão que isto é utópico, mas de u-topós (o não existente “ainda”) vivem os sonhadores e os revolucionários. O conservador se contenta com o status quo. Foram os sonhadores e os profetas (não os que predizem o futuro, mas o que o propõe) que levaram alguns a lutar pelo novo. Os conservadores, como o próprio termo designa, querem manter o que existe, sem mudanças.
No afã de manter a sociedade do jeito que está, os conservadores precisam “vender o peixe” de uma satisfação mínima como sendo o “máximo” que a sociedade pode ter. Usam da mídia para tergiversar valores e satisfação, onde uma cerveja, um carro novo, uma boa novela, o BBB são sinais de uma sociedade satisfeita. Neste contexto se deve incluir as inúmeras bolsas oferecidas pelos “ex-revolucionários-agora-conservadores”. Receber uma Bolsa Família do governo é o “must”! É o contentamento com a miséria presente para que não sonhem com o paraíso futuro. Sonhar com um futuro melhor é revolucionário.
O tresloucado Maduro, na Venezuela, está batendo em quem pede uma nação melhor. Milhares de jovens, especialmente franceses e ingleses, diante da impossibilidade de um emprego decente em solo europeu, estão abraçando a jihad e indo para o Estado Islâmico ou a Al Qaeda, porque eles estão propondo algo novo no futuro (questionável por certo, porque repetição de desastres do passado).
Os conservadores, especialmente os religiosos, tremem de medo do novo. Não foram preparados para a novidade, no que pese o fato de sempre estarem falando de uma Jerusalém futura, a pátria celestial. Para tanto, se dedicam a um trabalho de doutrinação incultural, onde valores do mundo ocidental e notadamente os valores estadunidenses, são passados como valores do Reino. O que se faz é ensinar uma coisa retórica, um catecismo, que se deve memorizar. Memorizar é conservar o passado. Teoriza-se para não dar lugar à experiência. Repetir o que se aprendeu não permite pensar no novo e no diferente.
Pensar repetidas vezes o mesmo é depressivo. Todo dia é tudo sempre igual. As mesmas rezas, as mesmas frases, as mesmas orações. Plenifica-se assim a imbecilidade.
Porque são incapazes de lidar com a graça e suas surpresas, preferem aprisionar o Espírito em “Cinco Leis Espirituais”. Querem ordenar o mundo em estruturas rígidas, exigindo a obediência dos fiéis, bem ao estilo dos fariseus dos tempos jesuânicos. Um “sábio que estudou no seminário ou se auto-ordenou” deve ensinar as mesmas coisas, sermão após sermão, para não correr o risco de ver suas ovelhas pensando o diferente ou o inusitado.  Se as ovelhas passam a pensar e questionar, ele pode perder o emprego.
Quando se defrontam com o novo, antes mesmo de fazer o “examinar de tudo e reter o que é bom”, são rápidos em acusar de heresia. Preferem o acanhado e medíocre mundo conhecido a viver a plenitude da graça. Vivem a des-graça!
Não é coincidência que tenho encontrado mais sinais e vivências da graça fora dos templos. Eu as tenho visto em letras de música, em filmes seculares, em experiências comuns de pessoas não-tão-religiosas e mesmo nas arreligiosas. Nas vezes em que estive em um templo ouvindo um sermão, confesso, deu-me náuseas teológicas pela contundência na espiritualidade servil à instituição religiosa, pautada na obediência aos postulados seculares chamados de doutrina ou ortodoxia.

Prefiro a liberdade da graça ao engessamento da sã doutrina.
Marcos Inhauser