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quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A DITADURA DA OPÇÃO

Estava, pela primeira vez, em Nova York. Havia esquecido minha necessaire no banheiro do avião e não a recuperei. Precisava de pasta de dente, sabonete, desodorante, fio dental, escova de dente.

Fui ao supermercado próximo ao hotel em que estava hospedado. Fiquei doido! Tal era a quantidade de marcas, tamanhos e sabores de pasta de dente, que fiquei olhando aquele mundaréu de opções e não sabia decidir. Tive uma paralisia de opção.

O mesmo se deu com o desodorante e o sabonete. Foi uma tortura ter que decidir.  A vontade era comprar duas ou três de cada coisa e decidir depois, no hotel, qual era a melhor. A mesma situação já vivi em floricultura, para comprar peixes ornamentais para dar de presente, em loja de roupas e sapatos. Quanto mais opções eu tenho, mais paralisado eu fico. Decidi: o primeiro que eu gostar vai ser o que vou levar. Nem sempre gosto logo de início e a tortura se instala.

Estamos vivendo a era das opiniões. Todo mundo tem opinião sobre tudo! Leia uma notícia e vá ver os comentários que a seguem. Uma profusão de obviedades e barbaridades agressivas. Acabo de ver um vídeo de uma pessoa que se apresenta com “intindido” das coisas da teologia. Umas três ou quatro vezes ele pronunciou alguns termos de forma errada (ex. previlégio e não privilégio, inreponsabilidade e não irresponsabilidade). Fez uma baita confusão entre Teologia Liberal, Teologia da Libertação e Teologia de Esquerda, que saí do vídeo com se estivesse em Seul sem Waze. Ele não consegue distinguir a figura histórica de Jesus dos Evangelhos e afirma que as duas coisas são a mesma, agride os universalistas sem apresentar um único argumento próprio etc. Fala que ortodoxia é o que os primeiros concílios da igreja decidiram, mas tem medo de falar em Concílios Ecumênicos (termo apropriado, mas que, para ele, ao que parece, seria concessão à heresia citar a palavra “ecumênico”).

O mundo religioso, mal denominado de evangélico, padece da mesma sina. Um monte de pregadores, um querendo ser mais eloquente que o outro, cada qual trazendo uma coisa original, acabam apresentando uma plêiade de opções aos ouvintes que eles, tal como eu no supermercado, ficam perdidos, sem GPS ou Waze para lhes dar o norte.

No restaurante por quilo que se transformou a internet e os pregadores virtuais, há gosto para tudo, mas a variedade deixa as pessoas confundidas e perdidas. Tem gente que serve de tudo um pouco e fazem pratos indigestos. O que mais se encontra é sermão de sucesso e autoajuda.

A cada pouco alguém vem me perguntar o que acho sobre isto ou aquilo que eles ouviram de um pregador em uma “live”. A grande deles nunca estudou história da Igreja, teologia bíblica, interpretação bíblica. Falam o que lhes vêm à mente. Não importa que seja abobrinha. Tal a ânsia de likes e inscritos, tem quem se apresente como “pregador internacional”, só porque pregou em Pedro Juan Caballero, do outro lado de Ponta Porã. Há uma mendicância virtual por likes e inscrições!

Parece que estamos revivendo o que sentenciou o Cronista bíblico: “por muito tempo Israel esteve sem o verdadeiro Deus, sem sacerdote que o ensinasse e sem lei”. O que vale hoje são aos apaniguados na fila do beija-mão das “otoridades”, como se a proximidade a eles lhes desse o selo de qualidade e infalibilidade no que fazem e ensinam.

São os pregadores com selo Decotelli de qualidade!

Marcos Inhauser