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quarta-feira, 29 de abril de 2020

O CONTEÚDO IDEOLÓGICO DO PODER

Já dizia o Maquiavel que: “percebendo os grandes (elites) que não podem resistir ao povo, começam a dar reputação a um dos seus elementos e o fazem príncipe, para poder, sob sua sombra, satisfazer seus apetites” (Maquiavel, Cap. IX, parágrafo II). Já disse Marx que o "Estado moderno não passa de um comitê instituído para gerenciar os interesses da Burguesia" (perdi o endereço da citação).

A democracia representativa via eleições que têm um amplo uso da mídia (caríssima) não é jogo para pequenos. Uma campanha para vereador, prefeito, deputado estadual, federal, senador ou presidência exige investimentos muitas vezes superior aos proventos que porventura venham a receber. Se ganha, precisa se locupletar para pagar o que gastou e ainda sair com algum. Se perde e tem o apoio do partido, pode receber algum do fundo partidário. Se não tem, está falido. É um investimento de alto risco!

Há que se considerar também que há um conjunto de regras, leis, decretos e verbas que facilitam a reeleição de quem já são deputados, prefeitos ou presidentes. No caso dos deputados e vereadores, há os assessores que, na verdade, funcionam como cabos eleitorais. No caso dos deputados, além dos assessores, as verbas parlamentares destinadas aos seus redutos eleitorais ajudam a alavancar os votos. Daí porque a renovação das câmaras e senado é mínima.

O coeficiente eleitoral é outro imbróglio, porque elege quem não teve votos, mas está um em partido que tem um Tiririca ou Enéas.

Se se entende que a democracia representativa, via voto popular, deve eleger os que têm a maioria de votos da população, é uma excrescência alguém ser eleito com 30% ou 35% dos votos válidos de uma nação. Ele vai representar a nação 100% com 30% de apoio! O eleito, financiado que foi seja pelo partido (uso de verbas públicas) ou via apoio de empresários ou elite econômica, o foi porque esta gente tem seus interesses que deverão ser defendidos. Ser financiados pela indústria das armas implica em legislar a favor da liberação das armas. A medida provisória 936, foi questionada e, em parte, foi revogada. O dono da Havan, apoiador número 1 do presidente, foi rápido no gatilho: em poucas horas da entrada em vigência ele fez uso dela e demitiu 11.000 funcionários. Parece que sabia de antemão o que iria ser editada. Estes funcionários estão agora em um limbo jurídico.

O Paulo Freire, tão vilipendiado pela atual administração, tem um parágrafo elucidador no seu “Educação como Prática da Liberdade” (pg. 17) “Do ponto de vista das elites, a questão se apresenta de modo claro: trata-se de acomodar as classes populares emergentes, domesticá-las em algum esquema de poder ao gosto das classes dominantes”. As idas e vindas no ministério da Educação mostram este acomodamento. Um ministro incompetente, que mal sabe escrever, que tem o dedo podre porque tudo o que toca vira piada, acomoda os sonhos dos emergentes via Enem e FIES, onde a reprovação é culpa do sonhador e o custo é bancado a posteriori por quem ousou sonhar e “alcançou seu sonho”.

Como um governo que tem 33% de apoio e 67% de rejeição, que tem metade da população querendo o seu impeachment ou renúncia, que troca o Superintendente da PF (Polícia Federal) e a transforma em PF (Polícia Familiar) pode se sustentar? Um piromaníaco que, tendo o incêndio do Corona Vírus não se contenta e ateia mais fogo?

Há segredos obscuros nas salas e cafezinhos de Brasília. Há financiamento inexplicáveis que o STF está tentando desvendar.

Marcos Inhauser