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quarta-feira, 28 de junho de 2017

O DISCURSO NEM ... NEM


Você se convenceu com o pronunciamento do presidente?

Para mim foi um discurso “nem ... nem”. Ele nem explicou e nem convenceu.

O que me chama a atenção é que, cercado de assessores, ministros e asseclas, não conseguiu fugir do script típico da pessoa pilhada no flagrante: desqualificar o acusador.

Neste afã começou desqualificando o Procurador Geral da República, que hoje tem mais credibilidade perante a opinião pública que o presidente. Desqualificou o depoente da delação premiada, o até então interlocutor próximo a ponto de recebê-lo na calada da noite no Palácio do Jaburu. Desqualificou a gravação como prova ilícita. Desqualificou a perícia feita por técnicos especialistas, como se ele tivesse mais conhecimento que os que assim se especializaram e são reconhecidos. Indiretamente desqualificou a Polícia Federal. Só são qualificados os amigos do rei, o pessoal todo enrolado até o pescoço com as denúncias várias de crimes que estão sendo investigados.

Falou e repetiu ad nausean “ilação”, que tem o sentido de suposição, acusando o PGR de se basear em suposições e inverdades, fabricando uma ficção para incriminá-lo. No entento, não ficou vermelho ao fazer a ilação de que o PGR poderia ter se beneficiado financeiramente com a delação da JBS. E, para cúmulo dos disparates, disse que não acusaria porque tem responsabilidade.

Pode ser ficção a fala do Temer gravada, reconhecida por ele em pronunciamentos logo após a divulgação das gravações? É ficção a presença do Joesley depois das 22:00 horas no Palácio, quando já não havia imprensa para testemunhar o encontro que não podia ser de conhecimento púbico? É ficção que tenha delegado ao Loures a tarefa de conversar com o Joesley e que, depois disto, este amigo “da mais estrita confiança” tenha sido gravado acertando o percentual da mesada semanal? É ficção a gravação da mala de dinheiro? É ficção a viagem que fez no jatinho da JBS e que alega que não sabia de quem se tratava, mas que tem como prefixo PP-JBS, e que ligou depois para agradecer as flores dadas à esposa?

Ele não deu uma explicação sequer a nenhuma das acusações que lhe foram feitas. Típico discurso de quem tem medo de dizer a verdade. Por falar nisto, a sua forma de gesticular, de forma não natural e espontânea, alisando constantemente as mãos, para mim, é forma de desviar a atenção para as mãos, evitando ser visto nos olhos.

Deve-se dizer ainda que seu discurso de que, com ele, a economia está se recuperando, é apropriação indébita de obra alheia. Se alguém merece algum crédito nisto é o Meireles e a equipe que ele montou. Por mais que me esforce, não consigo ver nos mínimos avanços havidos o dedo do Temer, antes, acho que, se ele não mudasse de opinião a cada piscada e não cedesse às pressões, as reformas já estariam aprovadas.

Ele optou pela confrontação. Vai perder a guerra. Seus soldados estão com diarreia moral, vertendo podridão por onde passaram e passam. Ele não tem o apoio popular e o seu apoio parlamentar não leva os fisiológicos que o apoiam a saltar no precipício com ele. Há hora agá é o “salve-se quem puder”. Na hora de votar, com as câmeras filmando transmitindo para o país, só meia dúzia vai com ele para o cadafalso.

E no meio deste imbróglio está o muralista PSDB. Até quando os éticos de situação defenderão o Aécio e apoiarão o Temer. As urnas estão logo ali, sem muito tempo para que povo esqueça.

Temer, tema pela sua sorte! Tema Curitiba, São José dos Pinhais. Tema as delações do Funaro, Eduardo Cunha e Palocci.

Marcos Inhauser

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