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terça-feira, 13 de novembro de 2012

SINAIS DE ESPERANÇA?


Não tenho vocação para Poliana (a famosa protagonista da obra de Eleanor H. Porter que via tudo “cor de rosa”). Estou mais para o cético que duvida de tudo, no que pese o fato de ser uma pessoa de fé. Até no campo da fé tenho minhas dúvidas e duvido das teologias que tem amplo apoio popular, porque, como aprendi com Taleb (A Lógica do Cisne Negro), o senso comum e as verdades maciçamente aderidas tem grande chance de ser erro.
Ademais, como colunista (não sei se sou colunista por ser crítico ou se critico por ser colunista – uma questão shakespeariana), aguço meus olhos e senso crítico para, neste espaço, questionar certos senso comuns e verdades palacianas. Tenho uma forte influência do Foucault, pois creio que a verdade é a versão dos vitoriosos. A dos perdedores é a sub-versão. Talvez por isto eu admire e creia na Bíblia, pois é a memória histórica dos vencidos, dos pobres, da periferia.
Devo dizer que nestes dias ando meio de ressaca neste meu ceticismo. Há uma série de coisas que me fazem crer que algo novo anda acontecendo. Estou com o profeta Isaías quando diz: “Eis que estou a fazer uma coisa nova na terra, que logo vai acontecer, e, de repente, vocês a verão. Prepararei um caminho no deserto e farei com que estradas passem em terras secas” (Is 43:19).
Digo isto por uma série de acontecimentos que se deram nestes tempos e que, para mim, são sinais alentadores.
Um deles (já mencionado por mim neste espaço) é o julgamento do Mensalão e nesta semana a condenação do Dirceu, Genoíno e Delúbio. Como a grande maioria dos brasileiros, tinha meus receios de que a coisa acabaria em pizza. Ao ver a atuação do Toffoli e Lewandovski, temi pelo pior. Depois de salutares bate-bocas e até a saída do plenário do ministro revisor (o que evidencia, como bem disse o Ayres Brito, que não há conchavos ou acertos por baixo do pano), tem-se a condenação de um modelo de fazer política. Como bem lembrou um dos ministros (que não me recordo quem foi), o esquema quadrilheiro inviabilizava um dos poderes da República ao cooptar, mediante pagamentos, o livre exercício do legislativo. Aliado ao fato de que a cúpula do PT tem se dedicado a criticar o STJ e a mídia (para alguns, o quarto poder) percebe-se a vocação totalitária desta casta petista. Só o Executivo comandado por eles é que é legítimo. Com o perdão do trocadilho, não era Genuíno, era Genoíno!
As virgens impolutas da ética política (nos tempos de oposição) se mostraram as prostitutas babilônicas nos tempos de reinação (no sentido ambíguo do termo): reinar = governar e reinar = brincadeira infantil em que se desafiam deliberadamente regras de comportamento estabelecidas ou certos limites impostos; travessura; traquinice.
Tal como alguns salmistas, eu me alegro com a derrota dos opressores e corruptos. Vou soltar rojão quando vir esta gente atrás das grades, porque meteram a mão no meu e no nosso dinheiro.
Marcos Inhauser

SHOW DA FÉ


Recebi o seguinte artigo do Rev. Marcos Kopeska Paraizo: “Não consigo entender os reducionismos a partir da terminologia que a “pós modernidade gospel” adotou para “espiritualizar”. Não consigo quando perguntam: “E aí mano! Vai no show do ........ (cantor gospel famoso). O preço do ingresso está salgado, mas é porque que ele está no auge da unção.”   Não entendo alguns pastores: “Está mais fácil para contratar o testemunho do .......(estrela pop que se converteu ao cristianismo) , afinal já ficou muito conhecido e já está em queda. Mas ainda dá arrepios quando o ouvimos.” Ou ainda: “Se garantirmos a venda  de 300 CD´s do cantor ...... ele faz um desconto de 20% no cachê e ainda dá o seu testemunho de conversão e faz apelo.”  
Não há diferença entre o mercado secular do entretenimento e o novo “mercado cristão”. Basta comparar a cultura dos resultados lucrativos do mercado da música secular e veremos a decadência cultural a que nos submetemos. É fato que dos anos noventa para cá não tivemos mais gente como Djavan, Chico Buarque, Gal Costa, Renato Teixeira, etc. Eram poesias que conjugavam melodia, emoções, sentimentos e histórias. Obras dos anos setenta e oitenta que se eternizaram com suas métricas elegantes e suas mensagens inteligentes.
A “anticultura” determinou que as gravadoras deveriam investir em “Tchá tchá tchá”, “Ré te te” ou “Créu, creu, créuuuu...”, para lucrar com a exploração do insaciável apetite por futilidades da grande massa não pensante da nação. Por sua vez, o meio evangélico entrou pelo no pragmatismo, explorando os mais recentes veios da Prosperidade e do Triunfalismo. Não é de hoje que vivemos de manias. Lembro-me que há cerca de vinte anos os cânticos em alta eram os que proclamavam batalha espiritual. Cantava-se em todos os cultos sobre general, marcha, escudo e bandeira. Depois fomos tomados pela mania do “vento” e só se cantava sobre vento do Espírito. Hoje estamos a “era das águas” e não temos um culto de domingo em que não se cante sobre águas, chuva, rios, ondas ... Fomos perdendo a criatividade. Nossa musicalidade é refém das ondas que vêm e que vão sem deixar saudade.
É neste circuito que surgem os mega shows da fé. Mas o que é adoração? O que é unção? O que é fé? O que um adorador como Davi, que compôs lindos salmos sobre os atributos de Deus, pensaria sobre este mercado efervescente e afoito por cifra$? O que Paulo, o apóstolo que tombou sua vida pela expansão do cristianismo, pensaria sobre os conceitos de unção que vão desde tremeliques e histerismos, até quedas e desmaios. O que os mártires pensariam sobre os rasos conceitos de fé desta geração de líderes que prefere entreter bodes a alimentar ovelhas?
A fé não é show de poder ou carismas pessoais, mas o conjunto de convicções que nos faz viver com determinação o evangelho que abraçamos.  Penso no pastor M.Z. (nome preservado por razões de segurança); no meu amigo pastor queniano P.M. que hoje vive no Chifre da África sob constante risco de vida; na missionária Nazareth Divino, hoje morando com Cristo, mas que sofreu espancamentos e apedrejamentos por pregar a salvação em Cristo nos países fechados ao cristianismo; no Paulo Cappelletti pregando dignidade e transformação a prostitutas, ladrões e travestis nos becos da noite paulistana. Estes realmente fazem, em humilde silêncio, o show da abnegação, porque descobriram sim o verdadeiro significado da fé. Anônimos aos homens, aplaudidos nos céus. A este show eu quero assistir. Este show eu aplaudo. É o show da fé.”

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

LAVAREMOS A ALMA?


Há uma expectativa acima da média no povo brasileiro com relação ao desenvolvimento e desenlace do julgamento dos réus no Mensalão. Havia a generalizada descrença de que houvesse a condenação generalizada dos réus.
Há que se reconhecer os trabalhos do Ministério Público e Polícia Federal que levantaram todas as falcatruas cometidas pelos que usaram o mandato para driblar e forjar decisões que interessavam a uma pequena parcela de um partido político. Também deve-se louvar o trabalho da Procuradoria Geral da República ao apresentar as denúncias, fazendo-o de forma a ver todas as acusações corroboradas pelos ministros do STF.
Mais ainda: a forma como o julgamentos dos réus se deu, com a possibilidade de acompanhamento via televisão e sites da internet. Todos pudemos acompanhar todas as votações, bem assim as divergências e argumentações havidas.
Há, no entanto, que se ressaltar que a participação do ministro Toffoli se deu sob a suspeita ética, devido às suas atividades pregressas como advogado do PT e assessor do ex-ministro José Dirceu. Mais que isto, pesa sobre ele alguns processos e acusações ainda não devidamente esclarecidos. No desenvolvimento do julgamento, ao analisar-se a sua participação, nota-se nele uma tendência em inocentar os acusados, especialmente os mais próximos do PT. Ele, que havia dito que se manteria imparcial, não o provou na prática, segundo minha ótica.
Por outro lado, a participação do ministro Levandowski. Ficou para mim a motivação que lhe moveu, qual seja, a de divergir do ministro relator. Ele quis ser o revisor e em quase todas as suas participações reviu o parecer do relator. As poucas vezes em que concordou com o relator, ministro Barbosa, foi na sua maioria para inocentar.
Mais estranho em todo o processo foi a mudança do voto de Levandowski, provocando o empate nas votações referentes ao deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas. Foram assim beneficiados pelo empate.
A existência de empate, pela falta de um ministro na composição normal do STF, em número de onze, o que impede o empate, levou o STF a discutir sobre a necessidade de um “voto minerva” a ser dado pelo presidente. No momento em que escrevo esta coluna, o assunto, depois de discussão no STF, assentou-se aplicação do princípio do “na dúvida, pró réu”, ou no latim “in dubio pro reo”.
Com isto, nos casos em que houve empate, haverá absolvição.
Outro dado discutido é a participação dos que inocentaram na votação das penas e da dosimetria. Isto é lógico: quem absolveu ou inocentou, não tem como votar as penas a quem ele crê que não é culpado.
Mas o que me “me enerva” (para usar o trocadilho do ministro Ayres Brito) é que o Toffoli ainda queira votar. Parece que lhe falta um mínimo de adequação. Ele não só inocentou meio mundo como agora quer aplicar penas segundo a sua ótica absolutória.
Para mim, fica um trocadilho neste processo todo: “in delubio, pro reo”. Sendo assim, a alma será lavada pela metade.
Marcos Inhauser

terça-feira, 16 de outubro de 2012

NÃO ME DEIXE CANSAR

Estávamos reunidos em culto na casa de uma pessoa. O ambiente era pesado porque a filha do casal que nos recebia estava na UTI do hospital. Usuária de drogas, ela havia se entregado há alguns anos a todas elas, mais álcool.
Muitas vezes vimos a mãe chorando, pedindo que orássemos pela filha, que ela fosse liberta das drogas, mas parece que nada resolvia. A cada dia ela ia se definhando e com ela definhava a mãe a o pai.
Naquela semana a situação chegou ao limite extremo. A filha estava morrendo. E nesta situação estávamos ali em culto e oração. Tínhamos a notícia de que a moça estava com falência dos dois rins e que passaria por hemodiálise, mas sem garantia de ela pudesse sobreviver.
A mãe, quieta e chorosa, estava arrasada. Tomei a coragem de perguntar a ela como se sentia e como havia aguentado tanto tempo a situação de ter uma filha que desaparecia e que quando voltava, era um trapo de gente.
Ela, de forma calma, disse mais ou menos o seguinte: “Nestes anos todos eu só tinha uma oração que eu fazia e faço. Pedia a Deus que não deixasse eu me cansar da minha filha. Ela aparecia a qualquer hora do dia ou da noite, sob chuva ou sol, sempre baleada pelas drogas. Eu a recebia, cuidava e amava. Ouvia as promessas que ela me fazia e me perguntava se dava para acreditar. Logo depois ela ia outra vez para a rua e voltava só Deus sabe quando. Eu ficava orando e pedindo a Deus que eu não me cansasse da minha filha. Eu hoje peço a Deus que a livre desta situação. Se ela sair desta e precisar fazer hemodiálise para sempre, e se meu rim for compatível, vou doar um rim para ela.”
Eu não acreditava no que estava ouvindo. Uma mãe disposta a dar parte de si para uma filha que jogou a sua vida fora, que estava nas últimas pelas lambanças que fez e uma mãe pedindo que ela vivesse e que seu rim fosse compatível para poder doar a ela.
Um misto de irritação, desconforto e incredulidade caíram sobre mim.
Oramos pela moça, mas eu não acreditava que ela pudesse escapar. Terminado o culto fui para casa e não conseguia dormir, pensando naquela oração e na disposição de doação. Foi quando um pensamento me veio forte (os mais espiritualizados diriam que Deus me falou): era a demonstração concreta da graça divina através de uma mãe para com uma filha que não merecia nada, depois de tudo o que havia feito.
Hoje eu faço a mesma oração. Há algumas pessoas que estou pedindo a Deus que eu não me canse delas, no que pesem o fato de serem murmuradoras, pessimistas, se passarem por vítimas, fazerem de uma vírgula uma novela, carentes afetivos. Pessoas que cansam, folgadas, espaçosas, que não dão o direito ao outro de falar, mas falam pelos cotovelos, interrompem, inconvenientes, repetitivas, egoístas.
Tomei a oração desta mãe como lema: Deus, não me deixe cansar destas pessoas doentes.
Marcos Inhauser

terça-feira, 9 de outubro de 2012

PEDRO 12 OU 126?

Antes de mais nada, quero afirmar que não tenho nada pessoal contra o Pedro Serafim. Nunca conversei com ele, nem mesmo o vi, mesmo de longe. Tenho tudo contra o Pedro Serafim político e isto já deixei claro desde a época do impeachment do Hélio.
Já escrevi aqui, quando dos fatos, que: “O resultado da “eleição” na Câmara ... era, ...  o conto de um final previsível. .. o Pedro não entrou na história de graça. .. tinha e tem seus objetivos. Seu sonho desde criancinha era ... ser prefeito de Campinas e conseguiu, ainda que pela via indireta, mesmo porque, se fosse pela urna, eu tenho minhas dúvidas de que seria eleito. ... na sua trajetória política, é uma decepção. Em 2010, quando da sua eleição para a presidência da Câmara já se alertava ... que ele era um dos parlamentares mais ausentes na Câmara. ...  Chegava atrasado e ... saia antes de terminar ...  a segunda grande decepção: a forma como conduziu a discussão e aprovação do aumento salarial de 126% (com uma) aprovação às surdinas e de forma sorrateira?”. ... como acreditar (em quem) autoconcedeu-se o escandaloso aumento de 126%?.... Causou-me espanto as afirmações (dele) ... de que o aumento era para que houvesse independência do legislativo (... confissão de promiscuidade...). ..No dia da eleição, em entrevista, disse que daria um choque de gestão e que “controlaria a transparência das contas”. Ato falho? Para mim confissão de um estilo, porque já mostrou na Câmara como controla a informação quando do episódio do aumento salarial.
Não sou profeta nem vidente. Leio os fatos e faço análises. Quando o Serafim saiu candidato, tinha certeza de que não ganharia nem de um poste. E com as propagandas a certeza foi crescendo, seja pela antipatia e falta de carisma que sua photox apresentava (foto turbinada a photoshop e botox que lhe dava uma carinha de adolescente travesso), seja por algumas inverdades colocadas.
Uma delas é que foi ele “quem pôs a correr a turma do Hélio e o Demétrio”. Até onde sei e percebi vendo e lendo os fatos dos impeachments, quem detonou o esquema foi o Ministério Público. Depois a Câmara, nas atuações de Orsi e Zimbaldi, que capitanearam o processo no legislativo. O Serafim esteve no processo porque era o Presidente da Câmara e lhe interessava para realizar o sonho de ser prefeito.
Outra inverdade foi dizer que sua ficha política não tinha mácula. Ora, o processo de aprovação dos 126% foi transparente? A forma como foi aprovado não foi eticamente reprovável, tanto que culminou na rejeição popular e no cancelamento dele pelos envergonhados vereadores? E as nomeações a rodo na Sanasa para dar guarida a seus interesses eleitorais (também aqui denunciados)?
Uma coisa não dita pelo prefeito tampão é que ele adora coisas com mais de 100%. Dados apresentados 15 dias antes da eleição mostravam que os gastos do gabinete do prefeito tinham aumentado mais de 140% neste ano.
Não foi coincidência que o número do Pedro nesta eleição tenha sido uma forma de evitar o “6”. Na verdade, seu número deveria ter sido “126”. Ele escondeu o quanto pôde o “6” de sua candidatura, mas o povo se lembrou que ele não era 12, mas 126.
Marcos Inhauser

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

NÃO REELEJO



Quando uma empresa precisa de funcionário, ela abre a vaga, anuncia, recebe currículos, analisa-os, entrevista os candidatos e, pelo processo seletivo, escolhe o que melhor se ajusta aos requisitos do cargo. O funcionário, por sua parte, tem responsabilidades a cumprir e uma justiça trabalhista a seu favor ou como algoz, dependendo do caso. Se não desempenhar a contento é demitido. 
No setor público o processo é idêntico. A cada quatro anos abre-se a vaga para prefeito, vereador, deputado, senador e presidente. Os candidatos se apresentam no processo seletivo, a banca examinadora (os eleitores) escolhe aquele que a seu juízo tem mais condições de trabalhar pela cidade, estado ou país. Ele assume o cargo e tem responsabilidades a cumprir e salário pago pelo exercício da função.
Assim como na iniciativa privada, ele tem certa autonomia. No caso do prefeito, pode contratar assessores e secretários para atuarem nas várias pastas. Esta contratação está implícita no cargo, mas é feita pela autoridade que sua eleição lhe dá. Ao escolher fulano ou sicrano, ele não se isenta da responsabilidade pelos atos ilícitos que venham a cometer, mesmo porque, é da sua função fiscalizar os seus subordinados.
Da mesma forma a Câmara Municipal. Os vereadores são eleitos, empossados e pagos. Devem legislar e fiscalizar o Executivo. Podem contratar assessores para ajudá-los na fiscalização e devem exigir destes o cumprimento de suas funções. Se não o fazem, são relapsos, coniventes ou comprados. A incompetência ou inapetência de um vereador ou de vereadores em fiscalizar é crime de lesa população, porque ganham para fazer o que não fazem.
Ora, nos recentes episódios na cidade de Campinas, mais especificamente o das construções com alvarás indevidos ou inexistentes, dos contratos superfaturados, e das propinas pagas, a responsabilidade é do secretário da área, mas é, no final das contas, do prefeito que o nomeou e dos vereadores que, com a penca de assessores que tem, não fizeram o que deveriam ter feito: fiscalizar o executivo. Foi preciso o Ministério Público para descobrir “o que se fazia dentro da casa”, inclusive com funcionários fantasmas, farra dos pedágios e ticket refeição.
Se prefeito, secretário e vereadores não fizeram aquilo para o qual foram contratados (eleitos) e pagos regiamente, mostraram-se incompetentes e devem ser demitidos da função para a qual foram eleitos e contratados. A inação inicial da Câmara foi escamoteada pela “hiperação” no processo de impeachment,  quando um dos vereadores galgou ao posto mais alto e pediu a cooperação dos demais na administração da cidade. A catatonia custou aos cofres públicos pelo que foi desviado e pelo que foi pago em salário para fazer o que eu não fizeram. Já vi cálculos do desvio. Gostaria de ver os cálculos com o dinheiro jogado fora com gente incompetente ou conscientemente preguiçosa e omissa.
Por isto, nesta eleição, não reelejo nenhum dos vereadores. Quero gente nova e Câmara Municipal nova. Quero a coisa cortada pela raiz.
Marcos Inhauser

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O SEPÚLVEDA NÃO PERTENCE


Preocupante!
O ex-presidente do STF e homem de reconhecida e ilibada conduta, que até segunda comandou o Conselho de Ética Pública, não mais pertence ao Conselho, por se sentir desconfortável com a não renovação da nomeação de dois dos conselheiros por ele indicados: Fábio Coutinho e Marília Muricy.
Sintomaticamente, os dois tem nos seus currículos a indicação de que o ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, estava enrolado com a questão das ONGs e que pedia a sua exoneração (Marília Muricy) e Fábio Coutinho foi relator do procedimento de investigação contra o ex-ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, e vinha trabalhando na relatoria do caso de supostas consultorias prestadas pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Fernando Pimentel.
A presidente Dilma “Duchefe” não gostou das conclusões e não renovou os mandatos, evidenciando assim um lado preocupante do seu estilo. Alegando que foi surpreendida pela decisão do Conselho, que não a avisou da conclusão, passa agora à retaliação. No entanto, perguntas surgem: para que serve a o serviço de inteligência do governo? Não sabia e não avisou que o ministro estava envolvido em falcatruas? Que o Pimentel andou prestando consultorias suspeitas? Que o andar da carruagem no Conselho de Ética Pública estava para condenar? Ou a não renovação dos mandatos foi para evitar um novo golpe na ética do PT?
Estes fatos, aliado a outro bastante suspeito que ocorre nestes dias, preocupa ainda mais. Todos sabemos da leniência do governo em indicar nomes para compor o STF. Ocorre que, com a aposentadoria do Peluso, a toque de caixa, foi indicado um novo para substitui-lo. Trata-se de Tori Zavascki, de quem não se pode acusar de ser colega do PToffoli, pois Tori, sim, tem requisitos acadêmicos e experiência como juiz. O problema é que, quando se sabatinou o PToffoli, ele se comprometeu a não participar do julgamento do mensalão, visto ter impedimento ético por ter sido advogado do PT e assessor de um dos réus. Prometeu e não cumpriu e acabou se transformando no inocentador geral.
Com a indicação de Tori Zavascki o que se teme é que venha a pedir vistas ao processo do mensalão, retardando para só Deus sabe quando o julgamento final dos réus. Mudaria assim seu nome para PTori.
Nunca na história deste país o STF teve tantos ministros indicados por um único partido. Dos 11 juízes da composição atual do STF, seis foram indicados por Lula (Eros Grau, Carlos Alberto Menezes Direito, Ayres Britto, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Cezar Peluso, Joaquim Barbosa e Dias Toffoli - Os dois primeiros já não atuam mais como magistrados do STF) e agora a Dilma indica um. No que pese isto, também “nunca na história deste país” se teve um julgamento no STF que despertasse tanto interesse da opinião pública e fosse tão transparente quanto este do Mensalão e Valerioduto.
Para espanto dos petistas, mesmo os indicados pelo partido estão explicitando as falcatruas partidárias de quem galgou ao poder e não quer mais descer de lá, jogando os companheiros no fogo da condenação. Para nossa alegria, vai dar cadeia para estes larápios travestidos de políticos, banqueiros e marqueteiros! Um Delúbio de condenações!

Marcos Inhauser

terça-feira, 18 de setembro de 2012

PENITENCIANDO-ME


Admito que pensei, cri e escrevi que o julgamento do Mensalão e Valerioduto iam acabar em pizza. Sempre tive meus senões com o Gilmar Mendes e o Marco Aurélio. O primeiro, por seu estrelismo e gosto pelos holofotes, aliado à sua generosidade em conceder habeas corpus a figurões. O segundo, por me parecer alguém que sempre quis inovar nas suas sentenças, como forma de chamar a atenção.
Quando o julgamento se iniciou com a leitura da acusação pelo Procurador Geral da República fiquei na dúvida: juntaram um monte de provas, indícios e evidências que ficar sem punir alguém seria complicado. Quando o ministro relator veio com seu voto fatiado (ou segmentado, como preferem os doutos), fiquei sem entender se seria bom ou ruim para o processo. Estranhei a reação do Lewandovsky e a altercação havida. Fiquei com a impressão de que a pizzaria estava abrindo as portas.
Com o correr das sessões e a leitura dos votos de cada ministro, a dúvida foi sumindo. Exceção feita ao inocentador geral, o ministro PToffoli, todos fundamentaram seus votos e, de forma transparente e coerente com suas convicções doutrinárias, foram sentenciando. O ministro ex-advogado do PT e do Dirceu ficou em maus lençóis ao inocentar a turma e ficar sozinho na posição. Teve que voltar atrás para não pegar tão mal e assim mostrar certa independência.
Quando agora se entra no capítulo político e na análise de se houve ou não a compra de votos, percebe-se que o ministro Barbosa deu um nó na coisa. Ao fatiar a apresentação das suas conclusões, obrigou os ministros a primeiro se posicionarem sobre as coisas que, condenadas, acabariam por sedimentar o caminho para a conclusão de que a compra de votos realmente existiu. Se houve desvio de verba pública, se houve corrupção passiva e ativa, se houve peculato e formação de quadrilha (já reconhecidos pelo tribunal), a pergunta do relator agora é: tanto dinheiro levantado de forma fraudulenta e distribuído com preocupações claramente dissimuladoras, o foi para quê?
Se se pagou mais de cem milhões é porque o retorno justificava o “investimento”. Da exposição feita pelo ministro Barbosa nesta segunda-feira, ficou evidenciado (para mim provado) que se comprarm os votos da bancada do PP, com liderança do quarteto Pedro Corrêa, Pedro Henry, José Janene  e João Cláudio Genu. O que ainda me deixa intrigado é que as votações por ele citadas como tendo sido compradas foram as da Previdência e Tributária. O que ainda não visualizo é como estas votações justificaram o “investimento” da dinheirama do Mensalão. A justificativa deve vir nas análises subsequentes.
Para mim, até agora, me surpreendo positivamente e reconheço que este tem sido o mais transparente julgamento da história do STF. Espero que esta posição não venha a ser frustrada pelos votos dos demais ministros, exceção feita ao PToffoli, que não me surpreenderia se inocentasse todo mundo dizendo que o mensalão foi invenção do Jefferson e vitaminada pela mídia e que a entrevista do Valério incluindo o Lula é coisa de maluco.

Marcos Inhauser

PALADINO DA TRANSPARÊNCIA

Já disse aqui, mais de uma vez, que há horas que me dou ao exercício do masoquismo, pois tomo tempo para ver coisas na televisão que me dão alergia. Nestes tempos de eleição, fiz isto para ver a propaganda dos candidatos. Mas, mesmo que não quisesse ver o horário eleitoral “gratuito”, sou forçado a ver certas coisas nos intervalos dos jornais ou jogos de futebol que assisto.
Há coisas que me chamam a atenção. A primeira é a qualidade das veiculações, especialmente dos candidatos a vereador. “Vote em mim”, “preciso do seu voto”, “conto com seu voto” são algumas das pérolas. Muitos usam expressões como “coragem”, “seriedade”, “compromisso”, “honestidade”. Há os que prometem ousadamente: “vou estabelecer políticas públicas para a saúde”, “o meu filho morreu, mas não vou permitir que façam o mesmo com o seu”, “vou trabalhar para acabar com as filas nos Pronto Socorros”, “vou fechar a torneira da corrupção”, e por aí vai a toada. Nas ruas, os cavaletes parecem sugerir que o voto se dá pela beleza do candidato: a foto, o nome e o número. O resto mal dá para ler. No quesito foto e imagem, esta propaganda via foto está gastando o que pode no Photoshop. Para o mim o campeão do botox via Photoshop é o Pedro Serafim. Uma carinha de adolescente estudioso!
Também surgiram algumas dúvidas. Não sou perito na legislação eleitoral, mas tenho a informação de que toda a propaganda veiculada na televisão, rádio ou cartazes deve trazer a legenda do partido ou a coligação. Vi nestes dias uma vinheta que fala da votação contrária do Jonas Donizetti nas propostas de aumento do salário mínimo, sem que houvesse qualquer menção do partido ou coligação que respalda a veiculação. Pode?
Também tenho a informação de que o uso de espaços públicos como jardim centrais nas avenidas e nas praças podem ser usados com cavaletes, que devem ser retirados depois das dez da noite e recolocados no dia seguinte. Não é o que vejo na Baden Powel, na saída do túnel em direção à Prestes Maia, para ficar em dois exemplos. Também tenho a informação de que os cavaletes não podem impedir a visibilidade dos motoristas. Não é o que acontece para quem vem na Magalhães Teixeira em direção ao túnel, no semáforo onde começa a mão dupla. Ali a visibilidade é prejudicada pela propaganda.
Mas o que mais me dá náuseas é o paladino da transparência: afirma que no seu governo as coisas são feitas às claras. E quando era Presidente da Câmara, por que aprovou o aumento do salário em 126% a toque de caixa e à sorrelfa? E a criação de cargos extemporâneos na Sanasa para acomodar os aliados? E o pedido para que os vereadores governassem com ele?
Parece que o cargo de prefeito o santificou! Ou será só propaganda tão superficial como a do vereador que pede “vote em mim”?
Marcos Inhauser

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

PT-OFFOLI


Ele é ex-advogado do PT, de 1995 a 2000 foi assessor parlamentar da liderança do PT na Câmara dos Deputados, advogado do PT nas campanhas Lula em 1998, 2002 e 2006, subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil de 2003 a 2005 durante a (con)gestão de José Dirceu. Em março de 2007, Lula o nomeou para a Advocacia-Geral da União. Depois foi indicado pelo Presidente Lula para assumir a vaga no Supremo Tribunal Federal por causa do falecimento do ministro Carlos Alberto Menezes Direito no (STF).
Com o advento do julgamento do Mensalão no STF, questionou-se se seria ético a sua participação no julgamento. Não só porque está vinculado a vários dos réus, como também pelo fato de que o agora ministro tem lá suas coisas para explicar em ações que o condenaram a devolver dinheiro e depois “anulada” e outra ainda em trâmite. Mais tarde, foi incluído pela advogada Christiane Araújo de Oliveira no esquema do mensalão do DF, afirmado que mantinha relações com ele no apartamento de Durval Barbosa e que teria até solicitado um jato oficial do Governo para transportá-la. Estes fatos são negados pelo ex-advogado (como era de se esperar).
Acompanhei pela televisão o inteiro teor do seu voto e não me surpreendi. Até afirmo que já esperava que ele fizesse ginástica e usaria de sofismas para inocentar o João Paulo Cunha. Mas o que me surpreendeu é que ele foi mais longe: absolveu outros que haviam sido condenados até pelo revisor.
Ele votou pela absolvição do João Paulo Cunha e do grupo do Valério. Cunha foi absolvido dos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e dois peculatos. Toffoli também absolveu os publicitários Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz das acusações de peculato e corrupção ativa.
Quanto à lavagem ou ocultação de dinheiro, Toffoli alegou que não há provas de que o deputado soubesse que o dinheiro vinha do Marcos Valério e não do PT. Ele sofismou dizendo: “se soubesse da origem do dinheiro, não teria mandado a própria mulher sacar o dinheiro na agência do Banco Rural. Que ocultação se pretendia fazer mandando sua própria mulher?".
Ele foi além e disse que as provas apontam que o dinheiro foi entregue ao réu por ordem de Delúbio para pagar pesquisas eleitorais e que as várias versões dadas pelo deputado não são relevantes. O ministro desafinou ao discordar da acusação da Procuradoria que atribui a Cunha outro peculato no contrato da Casa com a empresa IFT, de propriedade de Luís Costa Pinto, seu amigo, para prestar serviços pessoais. O magistrado afirma que ficou comprovado que o jornalista prestou os devidos serviços para a Câmara.
Com um ministro destes, não há necessidade de advogado de defesa.  Ele vai abrir uma pizzaria quando se aposentar.
Marcos Inhauser