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sábado, 27 de fevereiro de 2010

PARCERIA BENÉFICA

Graças à obstinação da presidente, Cláudia Filatro, da colaboração voluntária do Gustavo Martins e da Ana Paula Gomes, e certamente de outros mais, a ONG Pró-Crianças e Jovens Diabéticos, de Campinas, foi selecionada pela Oi Futuro para a parceria de patrocínio do Projeto ZELOUS. Será assim desenvolvido software de domínio público a ser distribuído livremente, visando atender as necessidades específicas do tratamento preventivo do diabetes tipo 1, em crianças e adolescentes de baixa renda. Estará pautado nos conceitos da promoção do tratamento preventivo, da vigilância da saúde no domicilio, da visão integral do paciente e família, acompanhamento domiciliar automatizado e interligado por parte da ONG JD ou equipes de saúde do SUS. O sistema prevê a utilização do celular como ferramenta de apoio para promoção do tratamento preventivo do diabetes tipo 1 em nível domiciliar, onde o Paciente e/ou Cuidador, receberá mensagens via SMS dos cuidados diários a serem observados. O sistema permite ainda que o Cuidador ou Paciente envie as taxas glicêmicas para a central que, em tempo real, monitorará o estado de saúde dos pacientes, disparando sistema de alertas pré-programados para o profissional de saúde responsável, possibilitando o gerenciamento remoto e o tratamento preventivo nas crises agudas. Os impactos no sistema de saúde serão grandes, já que o ZELOUS permitirá o monitoramento dos pacientes por meio do exame de hemoglobina glicada, que estará atrelado ao CRM do médico que acompanha o paciente. Assim se poderá avaliar todo o processo que o portador da diabetes tipo 1 passa. O software possibilitará o telemonitoramento, sugerindo os horários corretos de ingestão de alimentos e medicamentos; a inserção das taxas glicêmicas pelo paciente via SMS; o gerenciamento das crises agudas via SMS; a junção no prontuário eletrônico dos dados médicos, socioeconômicos e psicossociais do paciente e seu núcleo familiar; o acompanhamento domiciliar automatizado e interligado; a flexibilidade para atualizações das condutas médicas; o acesso remoto público aos dados estatísticos. Conterá ainda um módulo de tele-educação, que será um site que qualquer pessoa poderá acessar para assistir a palestras, seminários, cursos e treinamentos online, usando recursos multimídia, como vídeo e audioaulas gravadas, lições interativas, filmes, etc. Essa iniciativa tem como objetivo aumentar a qualidade e diminuir erros potenciais na atenção especializada e cuidados domésticos da criança diabética. Não é necessário esforço para perceber o benéfico que a parceria é e será e o quanto ajudará a familiares e pacientes. Os desafios para a produção deste material são grandes, mas certamente saberá enfrentar dos desafios com a mesma determinação e obstinação que a tem caracterizado até aqui. Marcos Inhauser

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

ACABOU

Para quem não gosta de Carnaval, a chegada da quartafeira de cinzas é algo abençoado. E as razões para isto são muitas. A primeira delas é que acabam as apresentações da mesmice na televisão, com o desfilar de pessoas, muitas bebendo ou bêbadas, ou de fantasias as mais elaboradas até às mais ridículas. O segundo motivo é que o desfile das escolas de samba, para quem não curte a coisa, é a variação da mesmice, com o cantar repetitivo e monótono dos sambas enredo. Confesso que, mesmo tentando colocar atenção aos enredos que cada escola apresenta, parece-me que as coisas são sempre as mesmas, variando os carros alegóricos. O terceiro é que, acabado o Carnaval, parece que o brasileiro se dá conta de que tem que trabalhar para sobreviver. Ouvi certa vez de um latino americano que falava arranhadamente o português de que “no Brasil, do Natal ao Carnaval é puro bacanal”. É impressionante como as empresas, repartições públicas, projetos, execuções são adiadas para “depois do carnaval”. Há uma inanição cultural no verão. É verdade que trabalhar em pleno verão com tantas praias e com o calor que faz e que, especialmente este ano foi às alturas, não é nada prazeroso. O quarto é que, acabado o Carnaval, parece que as pessoas se dão conta de que a vida normal é mais sensata, regrada, disciplinada, com horários e afazeres, deveres e responsabilidades, mais cidadania. O quinto é o desfile de pré e eternos candidatos usando dos festejos para aparecer e fazer média com o público. Neste quesito a candidata da república sindicalista foi campeã. Visitou tudo o que pode, carregou criança no colo, dançou com gari na avenida e posou ao lado da Madona. O outro, Serra, mais discreto é verdade, também fez questão de aparecer em Salvador e Recife, como para fazer média com os nordestinos onde sua penetração como candidato é pífia. O sexto é a licença para o vandalismo que alguns sentem que o Carnaval dá. A julgar pela quantidade de ônibus depredados em Campinas e que não creio seja característica desta terra, há os que soltam o seu lado animalesco depredando o transporte que irão usar nos outros dias do ano. Parece que a racionalidade se perde e a lógica não se aplica ao não perceberem que ao depredar estão trazendo prejuízos a si mesmo e à população como um todo. E para concluir, agora se pode dormir sem o barulho dos trios elétricos que infernizavam a vida da gente. Mesmo morando longe do palco das ações, não podia deixar de ouvir o infernal barulho que tais máquinas de decibéis faziam noite adentro. Tenho meu direito ao sono restabelecido. Marcos Inhauser

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

PROFISSIONAIS DA MISÉRIA

Há alguns anos vi uma matéria sobre uma família de migrantes que veio a São Paulo tentar a sorte. O chefe da família tinha um irmão, o endereço dele, mas não o encontrou porque havia mudado. Sem saber o que fazer, ficou com a família na antiga Rodoviária de São Paulo, recebendo ajudas para sobreviver. O assunto foi para a televisão, o irmão foi localizado e o sujeito continuou na rodoviária. Ele o fez por orientação do irmão que percebeu que ele, na rodoviária, ganhava três vezes mais que qualquer trabalho que viesse a arrumar. Lembro-me desta história toda vez que vejo os profissionais da invasão de terras. Vivem de acampamento em acampamento. Tem cesta básica, escola para os filhos, uma ajuda por fora dos dirigentes, e a comiseração da população. Note que falo dos profissionais da invasão. Há ainda os profissionais do desemprego. Dias destes ouvi a conversa de um jovem dizendo que faltava uma semana para completar um ano de empresa e ia pedir para ser mandado embora. Ele alegava que com o dinheiro que receberia daria para viajar no Carnaval e depois ia entrar no seguro desemprego e depois tinha o PIS. Quando acabasse o dinheiro a que tinha direito, buscaria outro emprego. Recebi dia destes um e-mail com as alegações de uma pessoa que não trabalhava, mas conseguia sobreviver com as Bolsas do governo. Também recebi outro com relação das bolsas mais caras do mundo, e ao final citava o Bolsa Família ao custo de 4 bi. Conversei com um fazendeiro da região norte de Goiás que me afirmou estar enfrentando problemas com mão de obra, pois preferem viver pendurados ao Bolsa Família a trabalhar no pesado. Hoje conversava com uma pessoa que conhece bem as favelas e o que ele me dizia me fazia lembrar de uma assistente social de São Paulo, muito amiga, e que assessorou algumas das primeiras damas do município. Elas me falavam dos profissionais da favela, gente que vive ali porque tem mais apoio do poder público que se morasse em outra parte. Gente que sabe tirar proveito da situação e faz disto uma profissão: a de lamentar a miséria como forma de arrecadar fundos. A miséria pode ser uma profissão. Para desgraça dos verdadeiros miseráveis, que precisam da solidariedade e são roubados pelos profissionais. Marcos Inhauser

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

ACIMA DA LEI

Não é de hoje que tenho visto religiosos folgados. Lembro-me de que, certa feita em um restaurante rodízio em Limeira em companhia de alguns estrangeiros, vi parar uma van com vidros fumê, ar condicionado e descer alguém que veio falar com o dono do restaurante. Em seguida abriu-se a porta lateral e vi que estavam com a televisão ligada e um religioso, em trajes religiosos, entrou para também conversar com o dono. Depois de um tempo eles se foram. Perguntei mais tarde ao dono o que eles queriam e ele me contou que alegavam ser religiosos de uma irmandade que fez voto de pobreza e que queriam comer um rodízio, mas queriam que isto fosse uma oferta da casa. A cada pouco vejo na mídia reclamações de vizinhos de determinadas igrejas, sejam elas “evangélicas ou católicas”, reclamando do barulho que fazem, mesmo depois das dez da noite. Cansei de ouvir pastor dizer que estão querendo impedir o culto ao tentarem silenciar as igrejas. A lei do Psiu em São Paulo caiu por pressão da bancada evangélica. Para estes, as igrejas estão acima da lei. Ontem fomos noticiados que um grupo de dez membros de uma igreja batista estava saindo do Haití com um ônibus cheio de crianças, sem que houvesse qualquer autorização legal para fazê-lo, em ato mais próximo do seqüestro que da solidariedade. Dando a eles o benefício da dúvida, no mínimo foram imprudentes ao tentarem ajudar passando por cima das autoridades e do mínimo de organização que ainda há no país. Se o fizeram de boa fé, é porque acreditavam que a ação era eticamente aceitável e acima de qualquer lei ou procedimento. E, acima de tudo, se era uma igreja através de dez dos seus membros que estava promovendo a ação solidária, quem poderia impedir tal gesto de amor? Conheço a República Dominicana, conheço a fronteira com o Haití e, acima de tudo, conheço o drama dos haitianos ilegais, o que já mereceu comentários em uma de minhas colunas este ano (Sem poder ficar, nem sair). Não imagino que a situação delas seria muito diferente na vizinha república. Por outro lado, por se tratar de uma igreja fundamentalista dos EUA, não me estranharia se houvesse um sentido messiânico nesta empreitada. Estavam resgatando crianças das garras do demônio do vudu, prática amplamente aceita. E para isto, a guerra não era contra carne e sangue, mas contra principados e potestades celestiais. Pena que autoridades de carne e osso foram as que pararam a cruzada missionária, por desobedecerem leis ordinárias de uma nação em frangalhos. Não havia nada espiritual a impedi-los, mas leis que deviam ser observadas. Marcos Inhauser

BALAS BÍBLICAS

Confesso que não acreditei. Reli algumas vezes para engolir a coisa, o que o fiz pela seriedade da fonte e pela riqueza de detalhes: “o armamento dos soldados dos Estados Unidos, especialmente os usados no Afeganistão e Iraque, trazem inscritos versículos bíblicos”. O general David Petraeus, encarregado das operações militares, comentou que “é una preocupação séria para mim e outros comandantes o fato de que o armamento enviado e que as armas doadas para o treinamento do exército iraquiano tragam inscritos trechos bíblicos retirados do Novo Testamento”. Tais passagens são visíveis em locais como as miras telescópicas. Versículos como “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará em trevas” ou “quem das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” A empresa Trijicon Inc. foi quem desenvolveu esta prática e ela é usada há mais de trinta anos, sem que ninguém até agora reclamasse. Com ela se dava a mensagem de que, cada vez que um soldado americano utilizava o armamento contra o inimigo, era o próprio Deus quem estava abençoando ou orientando tal tiro. Stephen Bindon, presidente da empresa, se comprometeu em enviar novos rifles e armamentos, e afirmou que esta sua decisão “é prudente e apropriada”. Eu achei que já tinha visto de tudo na vida e que a capacidade de usar da fé para explorar e justificar ações já estivesse esgotada. Confesso, no entanto, que esta me pegou de jeito. Pacifista convicto, que crê que o evangelho é em sua essência a paz com Deus, com o próximo e com a criação, nunca imaginaria que se poderia colocar Bíblia nas balas que seriam endereçadas para matar outros. Considerando a dimensão de guerra entre cristãos e muçulmanos, que a administração Bush deu à gestão, fica ainda mais patética esta prática. O que também me chama a atenção é que por trinta anos a coisa vinha sendo feita e ninguém levantou a questão. Foi feito escondido? Era estratégia militar para dar mais moral à tropa? Fica para mim a mentalidade mágica prevalecente em meios religiosos cristão fundamentalistas de que a benção de Deus é automática se há algo de Bíblia envolvido. Um comércio que tenha uma Bíblia aberta tem mais chances de sucesso. Um carro que tenha uma no portaluvas não sofrerá acidentes. A fé cristã deixa de ser fé para ser magia. Marcos Inhauser

ZILDA ARNS

Fui criado em uma igreja protestante, com forte presença familiar e de corte conservador e puritano. Nela, o ser protestante era um diferencial a ser ostentado com orgulhos das minorias, pois a presença católica era enorme. Na escola, quando havia aula de religião, era o único da classe a sair para não receber instrução católica. Aprendi que ser católico era ser idólatra. Mais tarde, quando fui ao primeiro seminário onde estudei, fundamentalista, outras características foram incorporadas para que eu execrasse a Igreja Católica e os católicos. Depois de uns dez anos no pastorado com esta visão maniqueísta (protestante igual a salvação, católico igual a perdição), tive meus primeiros contatos com o movimento ecumênico e comecei a perceber que os que antes eu demonizava não eram tão ruins quanto eu pensava e cria. Aprendi a admirar e respeitar a muitos sacerdotes e leigos católicos e aprendi muita coisa da vida cristã com eles. Foi nesta caminhada que percebi que mais importante que a afirmação doutrinária correta está a vida cristã de amor, que amar ao próximo e mais e melhor que as melhores afirmações. Aprendi que amar ao próximo não se faz falando ou abraçando, mas doando-se a quem precisa. Nesta caminhada aprendi a respeitar profundamente o trabalho da Dra. Zilda Arns. Nunca a conheci pessoalmente, nunca li algo que tivesse escrito, mas ouvi e vi muita gente que tinha sido alcançado pelas suas bênçãos, como a multimistura. Vi crianças que renasceram porque receberam a atenção e o amor de dedicadas voluntárias da Pastoral da Criança. Quando depois de vários anos fora do país voltei e decidimos trabalhar por um Natal Sem Fome, criamos uma Comissão Ecumênica que levantou algumas dezenas de toneladas em alimento e decidimos doar isto à Pastoral da Criança. Nós os pastores que fazíamos parte e que tomamos esta decisão, fomos duramente criticados: vocês estão pegando doações das igrejas “evangélicas” para fazer o trabalho e a promoção católicos. Nunca tive dúvida daquele ato, porque nunca duvidei da motivação cristã da Zilda Arns e dos que com ela trabalhavam. Ela, mais que qualquer outro cristão que tenha conhecido, soube amar ao próximo “de fato e de verdade”, sendo a benção da salvação para muitos. Ela, mas que ninguém que eu tenha conhecido, soube levar o Cristo Salvador a quem estava morrendo ou em desespero ao ver a desnutrição do filho. Vai-se Zilda, que se eternizou na vida dos que foram abençoados e certamente ressuscitará nas ações de quem a toma por exemplo. Milagre da vida e da ressurreição feitos concretos Marcos Inhauser

GILMAR NOEL MENDES

Quem acompanha o noticiário de final de ano nesta terra brasilis já está acostumado com decisões polêmicas aprovadas na calada da noite da última sessão da Câmara ou Congresso, de medida provisória presidencial polêmica, de trem da alegria ou aumento de salário. Neste ano, o espírito natalino bateu no coração do ministro Gilmar, presidente do STF. Como que se o destino assim tivesse traçado (que o creia os crédulos e ingênuos), coube a ele julgar alguns casos cabeludos, que tem a atenção da mídia e que chegaram às suas mãos. E, no exercício do sagrado dom da misericórdia, o judiciário que ele representa e que por ele assinou, deu habeas corpus ao médico Abdelmassih (tantas vezes negado anteriormente), anulou a sentença do juiz De Sanctis condenando Daniel Dantas no caso da empresa Kroll, paralisou a ação da operação Satiagraha. Neste espírito natalino, a esposa do traficante Juan Carlos Abadía, a Jéssica Paola Morales, também recebeu a permissão para sair da prisão e ficar com a mãe que a visitaria. Não tenho conhecimento técnico e jurídico para questionar o mérito das questões envolvidas em cada um dos casos. O que posso dizer é que, como cidadão, fica para mim a mensagem de que o habeas corpus ganha asas de rapidez quando se trata de quem tem dinheiro e paga bons advogados, que conhecem as filigranas, não só do direito e suas vírgulas, mas dos atalhos cartoriais e dos humores dos magistrados. Para mim, e para boa parcela dos brasileiros, fica a mensagem que o crime compensa, desde que se possa pagar bons advogados e entrar com recursos em momentos apropriados dentro do calendário do judiciário. Por outro lado, devo dizer que não gosto do Gilmar Mendes e do Marco Aurélio. Eles me dão a impressão de que gostam do microfone, do holofote, da mídia, da câmera de televisão. Não perdem a oportunidade para fazer algo que faça com que os holofotes se voltem para eles, chamando para si a atenção da nação por seus pareceres inesperados, suas argumentações em bom jurisdiquês, mas em mal comuniquês, não raro dando mensagem dúbias à nação. E o Gilmar não perdeu a chance de ganhar as páginas dos jornais e os noticiários televisivos. Fez o que ninguém gostaria que se fizesse (a não ser os próprios envolvidos) e depois lá estava ele dando explicações sobre suas decisões, todo garboso e senhor de si, como se todo o judiciário estivesse na sua pessoa. E lembrar que o Dantas disse que tinha medo de juiz de primeira instância, mas que da segunda para cima, as coisas eram mais fáceis. Um ditado me veio agora à mente: “há algo de podre no reino da Dinamarca”. Marcos Inhauser

NÃO LEU E ASSINOU

Parece que o governo do sindicalistamór está se especializando em trapalhadas. Ao longo da história do PT no governo, várias foram as trapalhadas em que se meteram. Mais recentemente vem aos borbotões. Relembro algumas das mais recentes, não em ordem cronológica: a reunião com os presidentes de países amazônicos com o Lula e o Sarkozy; a enrascada com a questão hondurenha; a transformação da Embaixada Brasileira em Tegucigalpa e hotel cinco estrelas para o Zelaya; a delegação à COP15 liderada por uma adepta da motoserra, que se digladiou em público com o Ministro do Meio Ambiente; a declaração pública na presença do Sarkozy de que compraria os jatos Rafale para depois se saber que não havia decisão na licitação, e que a FAB preferia outro jato. Nesta sua capacidade de se enrolar e criar trapalhadas, eis que agora vem o decreto presidencial dos Direitos Humanos que, segundo leitura feita por pessoas isentas e outras nem tanto, por organizações várias da sociedade civil e militar, é um atentado às liberdades constitucionais e ao mesmo Direito que pretende defender. Como exemplo cito os artigos 18 e 19 “Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.” e “Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.” O texto proposto pelo decreto é um atentado a estes dois direitos, pois quer restringir o uso de símbolos religiosos e “regulamenta” o uso da mídia para fins religiosos e estabelece a censura aos meios de comunicação pelo monitoramente editorial, com a possível suspensão e cassação de licença. Pertencendo a uma tradição religiosa que nasce na luta pela separação entre a Igreja e o Estado, isto me cheira intervenção indevida do Estado em assuntos privados. Já vi este filme nos EUA, onde, em nome da liberdade religiosa, não se pode ter celebrações religiosas nas formaturas, não se pode ir à escola com uma camiseta que tenha mensagem religiosa, é proibido orar em grupo na escola, etc. É a proibição em nome da liberdade, paradoxo maior. Não faz muito tempo li um artigo onde o articulista diz que a liberdade está diminuída pelas legislações que a querem normatizar e que o direito à opinião e a expressá-la, especialmente a religiosa, está sendo destruída pela legislação que a quer defender. Nisto os asseclas do sindicalistamór foram mestres. E o mestre não leu e assinou. Que falta que o hábito da leitura lhe faz e agora ainda mais. Marcos Inhauser