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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

JUSTIÇA COM IGNORÂNCIA

 Texto Fábio Blanco:

“Ser justo é bom. No entanto, não existe justiça sem amor, como não existe justiça sem coerência. Amor e coerência são como que a balança que permite que a justiça seja aplicada com equilíbrio.

No entanto, as pessoas estão sofrendo uma demasiada pressão social por serem justas, sem que lhes seja exigido, da mesma maneira, que tenham amor e coerência.

É uma pressão por estar do “lado certo” da sociedade, o que significa participar de julgamentos coletivos, de justiçamentos sociais, de determinar que certas atitudes, grupos, crenças e convicções, apenas por não se encaixarem nas novas concepções desta nova geração, são condenáveis.

Assim, estar do lado certo tornou-se o objetivo e a necessidade de muita gente, pois colocar-se fora dele é como viver um ostracismo em meio à multidão. Pior, é como ser marcado por uma letra escarlate.

Isso gera nas pessoas um anseio por parecerem boas, por parecerem corretas. Antes de qualquer coisa, elas querem ter certeza que estão sendo vistas como defensoras da causa certa. Querem ter a consciência limpa, levantando as bandeiras que disseram para elas que são as mais justas.

O problema é que a maior parte dessas bandeiras são hipócritas. São, na verdade, julgamentos prévios que, longe de fazer justiça, criam ainda mais preconceitos. O resultado não poderia ser outro: enquanto os justiceiros sociais defendem liberdades, agem como censuradores, enquanto falam em igualdade, promovem a segregação, enquanto gritam por tolerância, são os primeiros a não respeitar a opinião alheia. No fim das contas, se há algo que caracteriza todos esses movimentos é a incoerência.

No entanto, convenhamos, ninguém quer ser considerado incoerente. Mesmo esses justiceiros sociais possuem, como todo ser humano, uma necessidade intrínseca de serem vistos como pessoas que fazem aquilo que falam e agem de acordo com o que pregam.

Isso significa que se elas são incoerentes não é porque querem, mas porque não percebem. E se elas não percebem é porque lhes falta habilidade cognitiva para tanto. Resumindo: a incoerência das causas modernas é, antes de tudo, um efeito do baixíssimo nível intelectual geral.

Fica evidente que muito dos erros cometidos hoje em dia, sob os pretextos de moralidade, bondade e justiça, são efeitos de falhas de pensamento, da inabilidade de construir raciocínios corretamente e da incapacidade de perceber esses erros. Claro que tudo isso está aliado a uma falta de sensibilidade para perceber as injustiças que cometem e até uma certa hipocrisia.

Porém, parece-me que menos do que perversidade, é a burrice que está por trás de quase todos esses movimentos. Sem esquecer, é claro, que a ignorância, como se diz, “é vizinha da maldade.”

Completo: para quem há quase vinte anos escreve uma coluna semanal em um jornal com expressão, sente-se na pele estas injustiças de quem, lendo não entende o que se escreveu ou quem lê e acha que eu disse o que eu não disse. E quando reagem aos que escrevi, fico pasmo porque me parece que estão voltando às eras primitivas da escrita: o uso da scripto continua, quando não havia ponto final, nem vírgula, nem exclamação.

A ignorância das verdades absolutas tem sido mato a grassar o ambiente ecológico das relações humanas, separando uns e outros.

Marcos Inhauser

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

E AGORA?

 Mais uma rodada de eleições para cargos próximos a cada um de nós. Até onde sei e posso avaliar, as propagandas, horários gratuitos, fake news e debates foram bem mais comportados, sem algumas das baixarias presentes nos anteriores. Isto, talvez, pode ser atribuído á curta temporada das propagandas e aos fatores extraordinários.

Dia de votação sem novidades (até a boca de urna se comportou), transmissão dos dados com alguma dificuldade e apuração/divulgação com problemas técnicos, mas que, ainda assim, coloca o sistema eleitoral brasileiro como modelo para outras nações. Contabilizar 140 milhões de votos e ter o resultado no mesmo dia é coisa para deixar muitas nações morrendo de inveja.

Até que se prove o contrário com fatos concretos (e não especulação e denúncias baseadas no achismo), o sistema é imbatível no quesito segurança e confiabilidade. Foi concebido de tal maneira que a fraude nas urnas teria que ser um processo de alterar o programa de milhares de urnas eletrônicas, coisa inviável. Feita a apuração na urna, fica registrado e, mesmo que algo se consiga fraudar nos processos posteriores, há o resultado impresso de cada urna que servirá como elemento robusto em uma auditoria.

Algumas lições podem ser tiradas deste processo. Revelou que a última eleição (presidencial) foi um ponto fora da curva, que não se repetiu agora. O ultraconservadorismo não conseguiu se impor. Isto mostra que a eleição de 2018 foi mais um voto de raiva contra o petismo que adoção sincera e consciente de um ideário conservador.

Descobre-se também que o voto antipetista ainda teve forte apelo, pois, pela segunda eleição seguida, o PT é desidratado. Por outro lado, a centro-direita e partidos de cento, centro-esquerda e esquerda tiveram melhores resultados. O cometa partidário PSOL, aquele que apareceu, brilhou, sumiu nesta eleição. Percebe-se a ascensão do DEM e PPS (este com muita gente ficha-suja) e uma expressiva votação do bloco do centrão.

O que este resultado implica é que o apoio do Centrão será mais caro daqui para frente. Alie-se a isto a desidratação do peso e liderança do presidente, cujo cacife político voltou à antiga dimensão de parlamentar do baixo-clero, e se tem as condições perfeitas para uma tormenta política: cargos terão que ser distribuídos, a ala ideológica perdendo relevância, a ala fisiológica ganhando musculatura, o presidente da Câmara e Senado com muitos mais votos e peso político em seus mandatos.

Diante deste quadro, pode ser que tenhamos um presidencialismo a la monarquia britânica: um rei figurativo e primeiro ministro (Maia ou Alcolumbre) atuante e propositivo. Vencida a etapa da reeleição que pleiteiam, mandarão no Congresso e farão o que quiserem.

O sonho da reeleição acalentado pelo atual ocupante do Palácio está cada vez mais distante, seja pelo sinal dados pelas urnas, seja pela sua ligação com o Trump, seja pelas palavras desastradas e discursos de arroubo, seja pela maneira errática e nada profissional que lidou com a pandemia.

Muito já se disse sobre as diferenças da eleição municipal e da presidencial. Mas também se sabe que a eleição de governadores e presidente está alicerçada nas bases municipais, onde se consegue a capilaridade. Se isto é verdade, a reeleição terá dificuldades em conseguir a base eleitoral. Diante deste quadro de derrota iminente, o melhor é questionar a lisura do processo, semear a dúvida quanto ao voto eletrônico, suspeitar dos resultados. Isto dará munição para, apurados os votos em 2020, defender-se dos minguados votos com a existência da fraude eleitoral. O mentor já fez e está fazendo isto.

Marcos Inhauser

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

NEGACIONISMO

Virou febre! Tudo o que certas pessoas não entendem ou nunca viram não existe! O que existe é o que entra nas suas cabeças e cosmovisões. São faltos de neurônios, não gostam de ler, de se informar e as suas cosmovisões devem ser o padrão para o entendimento e ações no mundo.

Avessos a toda e qualquer coisa que possa ser contrária às suas afirmações e verdades, são lépidos em tirar da frente quem a eles se opõem. Os exemplos de negacionistas e das pessoas retiradas de sua frente são muitos. O exemplo mais acabado no presente é o Trump. Ele, do alto de sua arrogância e prepotência, nega que perdeu a eleição. Como poder ser isto? pergunta ele a si mesmo. Ele que, na sua ótica obtusa e míope, foi o melhor presidente dos Estados Unidos, comparando-se a Abraham Lincoln, não perderia uma eleição, a não ser que houvesse fraude. Ele, quem se julga o que mais beneficiou os negros, como pode ter perdido em populações negras?

Para provar que isto aconteceu, o Trump afirma uma séria de inverdades, questiona o legal, desacredita um processo histórico de eleição, inventa conspirações. Como tudo o que ele diz tem que ser verdade, a “sua verdade” é aceita pelos “no-brain people” (gente sem cérebro) e retuitada sem critérios. A mentira repetida muitas vezes se torna verdade, já disse alguém.

O negacionista Trump não aceita a derrota, por mais evidente que ela seja. Vai tentar, por artimanhas e chicanas jurídicas, reverter o irreversível. Assim como a terra é plana, a Covid-19 é uma gripezinha, máscara só serve para sufocar quem a usa, o número de mortes está inflacionado, a eleição é uma fraude.

Dia destes recebi um destes posts. Afirmava que, no Brasil, em 2019 houve X mortes e que em 2020 o número de mortos era menor que em 2019. E perguntava: onde está a mortandade da Covid? Não citava fontes, não dizia qual “otoridade” a postou, mas me foi passado para eu repensar o que escrevo.

Uma destas postagens feitas pelo Trump, afirma que há, em Michigan, 14.000 votos de pessoas mortas. A CNN foi verificar e constatou que as pessoas estavam vivas, que estavam vivas e votaram ou estavam vivas e não votaram. O mesmo se deu com o anúncio de que uma pessoa nascida em 1800 e algo havia votado e o responsável pela eleição no estado, foi atrás e demonstrou ser falsa a alegação.

O Trump queria que se usassem tropas federais para acabar com as manifestações pró-Biden, inclusive as que celebravam a vitória. O secretário Mark Esper, que se recusou a usar tropas federais nas manifestações que surgiram logo após a morte de George Floyd e o movimento Black Lives Matter, foi demitido na segunda-feira. “Sai da frente, opositor” deve ter dito. Assim ele fez com outros. Há a demissão de 46 procuradores federais demitidos por rede social, para que o caminho fiquei lubrificado para seus questionamentos jurídicos. Demitiu secretário de Estado, Rex Tillerson, o ex-diretor da CIA, John Brennan “se demitiu” por crer e afirmar que houve interferência russa na eleição de Trump.

Aprendi que “todo palhaço tem sua plateia”. Pequena mas tem. Esta plateia não dá para se reeleger. Que os imitadores do Trump tenham ciência disto!

Marcos Inhauser

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

SERÁ? NÃO É A PERGUNTA

Como advento da pandemia, muita gente começou a se perguntar: será que vou ser infectado? Para mim, a pergunta não é esta,

Depois da mais de seis meses convivendo com o Corona vírus, que tem se mostrado resiliente na sua missão de se proliferar, as perguntas mais apropriadas, no meu entender, são: “quando vou ser infectado”? e “em que grau será minha infecção?”.

Dos mais de cinco milhões e meio de infectados no Brasil, cento e sessenta mil morreram. Isto significa que o grau de letalidade é de quase 3%. Se tomarmos os dados globais, temos quarenta seis milhões e seiscentos mil infectados e pouco mais de um milhão e duzentas mil mortes. Isto dá uma taxa de mortalidade aproximada da ordem de 2,5%. Não há como saber quantos dos infectados tiveram complicações graves e os que estão com sequelas.

Tenho para comigo que, mesmo que algumas vacinas sejam aprovadas e aplicadas, parcela significativa não estará imunizada ao final de 2021. Há que recordar-se que a vacina imuniza, mas não mata o vírus e ele continuará circulando no mundo. Mesmo com vacinação, os casos de infecção continuarão a acontecer.

Pontue-se também que, ainda não se sabe da taxa de possíveis reinfecções e por quanto tempo as vacinas produzirão anticorpos. Daí por que a pergunta (Será?) não é que deve ser feita. O vírus não será extinguido e continuará fazendo suas vítimas pelo resto da vida, assim como os demais vírus que assolaram a humanidade. Há que considerar-se também as mutações genéticas pelas quais o vírus passa e que podem produzir um novo/novo Corona, porque o atual já é uma variação de um anterior.

Quanto ao momento em que poderemos ser infectados, por mais cuidados e precauções que se tome, não são garantia de eterna imunidade. Mesmo pessoas cercadas de seguranças e todos os cuidados (ministros e presidentes) foram infectadas. Basta um deslize mínimo e imperceptível para que o Corona faça a festa. A sabedoria está em tomar todos os cuidados e estar preparado para o fato de que, mais dias, menos dias, ele virá se hospedar em você.

A outra pergunta pertinente é: “qual o grau de gravidade que me afetará?”. Aqui também se deve tecer alguns comentários. Sabe-se hoje que, em função dos novos conhecimentos sobre a natureza do vírus e medicações paliativas, a taxa de mortalidade diminuiu e muito. Os casos de intubação e UTI se reduziram. Novos procedimentos foram adotados e remédios vários foram testados e alguns deles condenados ou estão em suspeição para o tratamento da Covid-19. Exemplos disto são a cloroquina, a hidroxicloroquina e a dexocloroquina, os vermífugos Anita e Ivermecticina.

Sem remédio de prevenção (não há nada que seja consenso e provado cientificamente), até o presente momento, sabe-se que o uso de anticoagulantes é benfazejo para a estabilização do infectado. Sabe-se também que a respiração com o auxílio com oxigênio ajuda.

Quem ainda não foi infectado teve mais sorte de quem o foi nas primeira horas. A taxa de mortalidade inicial era muito mais alta e o tempo de UTI também, Mesmo as sequelas eram mais presentes nos infectados.

Para parodiar Jesus, os “últimos serão mais felizes que os primeiros”. Quem não pegou nas primeiras ondas tem mais chance de sobreviver quando infectado for.

Marcos Inhauser