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terça-feira, 13 de novembro de 2012

SHOW DA FÉ


Recebi o seguinte artigo do Rev. Marcos Kopeska Paraizo: “Não consigo entender os reducionismos a partir da terminologia que a “pós modernidade gospel” adotou para “espiritualizar”. Não consigo quando perguntam: “E aí mano! Vai no show do ........ (cantor gospel famoso). O preço do ingresso está salgado, mas é porque que ele está no auge da unção.”   Não entendo alguns pastores: “Está mais fácil para contratar o testemunho do .......(estrela pop que se converteu ao cristianismo) , afinal já ficou muito conhecido e já está em queda. Mas ainda dá arrepios quando o ouvimos.” Ou ainda: “Se garantirmos a venda  de 300 CD´s do cantor ...... ele faz um desconto de 20% no cachê e ainda dá o seu testemunho de conversão e faz apelo.”  
Não há diferença entre o mercado secular do entretenimento e o novo “mercado cristão”. Basta comparar a cultura dos resultados lucrativos do mercado da música secular e veremos a decadência cultural a que nos submetemos. É fato que dos anos noventa para cá não tivemos mais gente como Djavan, Chico Buarque, Gal Costa, Renato Teixeira, etc. Eram poesias que conjugavam melodia, emoções, sentimentos e histórias. Obras dos anos setenta e oitenta que se eternizaram com suas métricas elegantes e suas mensagens inteligentes.
A “anticultura” determinou que as gravadoras deveriam investir em “Tchá tchá tchá”, “Ré te te” ou “Créu, creu, créuuuu...”, para lucrar com a exploração do insaciável apetite por futilidades da grande massa não pensante da nação. Por sua vez, o meio evangélico entrou pelo no pragmatismo, explorando os mais recentes veios da Prosperidade e do Triunfalismo. Não é de hoje que vivemos de manias. Lembro-me que há cerca de vinte anos os cânticos em alta eram os que proclamavam batalha espiritual. Cantava-se em todos os cultos sobre general, marcha, escudo e bandeira. Depois fomos tomados pela mania do “vento” e só se cantava sobre vento do Espírito. Hoje estamos a “era das águas” e não temos um culto de domingo em que não se cante sobre águas, chuva, rios, ondas ... Fomos perdendo a criatividade. Nossa musicalidade é refém das ondas que vêm e que vão sem deixar saudade.
É neste circuito que surgem os mega shows da fé. Mas o que é adoração? O que é unção? O que é fé? O que um adorador como Davi, que compôs lindos salmos sobre os atributos de Deus, pensaria sobre este mercado efervescente e afoito por cifra$? O que Paulo, o apóstolo que tombou sua vida pela expansão do cristianismo, pensaria sobre os conceitos de unção que vão desde tremeliques e histerismos, até quedas e desmaios. O que os mártires pensariam sobre os rasos conceitos de fé desta geração de líderes que prefere entreter bodes a alimentar ovelhas?
A fé não é show de poder ou carismas pessoais, mas o conjunto de convicções que nos faz viver com determinação o evangelho que abraçamos.  Penso no pastor M.Z. (nome preservado por razões de segurança); no meu amigo pastor queniano P.M. que hoje vive no Chifre da África sob constante risco de vida; na missionária Nazareth Divino, hoje morando com Cristo, mas que sofreu espancamentos e apedrejamentos por pregar a salvação em Cristo nos países fechados ao cristianismo; no Paulo Cappelletti pregando dignidade e transformação a prostitutas, ladrões e travestis nos becos da noite paulistana. Estes realmente fazem, em humilde silêncio, o show da abnegação, porque descobriram sim o verdadeiro significado da fé. Anônimos aos homens, aplaudidos nos céus. A este show eu quero assistir. Este show eu aplaudo. É o show da fé.”