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domingo, 26 de março de 2023

ESTUDOS SOBRE CULTO E LITURGIA V

 DA ORDEM NO E DO CULTO

Paulo, escrevendo à igreja de Corinto pede que os cultos sejam feitos com ordem e decência. Parece que havia sérios problemas de barulho, gente falando, tumultuando, andando e fazendo outras coisas durante o culto.

A palavra a ser usada aqui é “reverência”. Ela é fruto da consciência de que o culto é o encontro com a Trindade, que está no seio da comunidade reunida. Há um ditado usado em muitas igrejas: “antes do culto, fale com Deus em oração; durante o culto ouça Deus nos cânticos, orações e ensino; depois do culto, seja Cristo na sociedade onde você vive”.

Há sabedoria nas igrejas aonde as pessoas chegam, escolhem onde se sentar, esperam o início do culto lendo em silêncio a Bíblia ou orando, há ordem nas participações durante o culto, e comunhão pelas conversas e cumprimentos depois do culto”.

Há quem advogue que, ao planejar o culto, fazendo “uma liturgia”, é limitar a ação do Espírito, porque este se manifesta quando há liberdade. Outros afirmam que fazer uma ordem do culto é obrigar o Espírito a fazer o que queremos.

Esquecem-se de que o “vento (Espírito) sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai” (Jo 3:8). Nada impede o Espírito. Não planejar o culto é garantia de bagunça e confusão.

Assim como, em uma refeição, há certa ordem nos alimentos a serem comidos, e não se come a sobremesa antes ou no meio da comida principal, também no culto deve haver uma ordem nos elementos.

Há alguns modelos bíblicos que oferecem um roteiro para o culto. O primeiro deles está em Isaías 6:1-8.

1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo. 2 Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava. 3 E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória. 4 E as bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça. 5 Então disse eu: Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos! 6 Então voou para mim um dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; 7 e com a brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e perdoado o teu pecado. 8 Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.

No verso 3 se vê a adoração

No verso 5 a confissão

No verso 7 o perdão

No verso 8 a consagração

Veja a sequência lógica na ordem: quando nos reunimos para cultuar, cantamos a santidade de Deus. Ao fazê-lo, percebemos/compreendemos nossa pecaminosidade e somos movidos a pedir perdão. Confessado, recebemos o perdão de Deus. Só então estamos aptos para nos consagrarmos a Deus, afirmando envia-me a mim.

Outro modelo é o Pai Nosso:

Pai nosso que estais nos céus: EXALTAÇÃO

Santificado seja o Teu nome: ADORAÇÃO

Venha o Teu Reino: SÚPLICA

Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu: CONSAGRAÇÃO

o pão nosso de cada dia nos dá hoje: PROVISÃO

perdoa-nos as nossas dívidas: CONFISSÃO

Assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores: TESTEMUNHO

não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal: SANTIFICAÇÃO

Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém: DOXOLOGIA

Há uma lógica na sequência de exaltação, adoração, súplica, consagração, provisão, confissão, testemunho, santificação e doxologia.

Da mesma forma, nos cultos, deve haver uma estrutura lógica que dê sequência normal a cada parte.

Há a predominância do modelo de cultos onde se tem duas partes: louvor e pregação. O louvor é uma coletânea de cânticos desconexos em suas mensagens que não conduzem os participantes a ouvir a mensagem.

Tem-se momentos de empolgação no início, para depois ter uma calmaria durante o tempo de sermão.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

Alguma semelhança das nossas igrejas com o que Paulo combatia em Corinto?

Como você “ser reverente”?

Como ser reverente nos nossos cultos?

Como respeitar a reverência do irmão ou irmã?

Como conciliar a reverência com o jeito latino/hispano de ser sociável?

É reverente interromper a leitura bíblica que alguém faz, em silencio e sozinho, antes do culto começar?

É possível limitar a ação do Espírito?

Um culto que tenha um planejamento “apaga” a ação do Espírito?

Como explicar que, na história da igreja, durante muito tempo, a congregação não cantava e ainda assim tinha vigor?

Nos cultos que você tem participado, você percebe que há um certo planejamento para que os elementos sejam apresentados em uma sequência lógica e racional?

Você já havia pensado que há na Bíblia esquemas litúrgicos?

Seria lógico começar com a consagração, antes da adoração, confissão e perdão?

Alguma vez ensinaram a você que o Pai Nosso, além de ser uma oração comunitária (daí a prevalência do “nosso”), é também um esquema litúrgico?

Você se lembra de algum culto que você tenha participado e que se seguiu uma estrutura litúrgica mais ou menos parecida a esta?

Você acha que o culto que tem uma grande quantidade de corinhos, que são cantados em 40 a 45 minutos, e depois vem a pregação, é algo que enriquece ou empobrece o culto?

Marcos Inhauser

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