DA ORDEM NO E DO CULTO
Paulo,
escrevendo à igreja de Corinto pede que os cultos sejam feitos com ordem e
decência. Parece que havia sérios problemas de barulho, gente falando,
tumultuando, andando e fazendo outras coisas durante o culto.
A
palavra a ser usada aqui é “reverência”. Ela é fruto da consciência de que o
culto é o encontro com a Trindade, que está no seio da comunidade reunida. Há
um ditado usado em muitas igrejas: “antes do culto, fale com Deus em oração;
durante o culto ouça Deus nos cânticos, orações e ensino; depois do culto, seja
Cristo na sociedade onde você vive”.
Há
sabedoria nas igrejas aonde as pessoas chegam, escolhem onde se sentar, esperam
o início do culto lendo em silêncio a Bíblia ou orando, há ordem nas
participações durante o culto, e comunhão pelas conversas e cumprimentos depois
do culto”.
Há
quem advogue que, ao planejar o culto, fazendo “uma liturgia”, é limitar a ação
do Espírito, porque este se manifesta quando há liberdade. Outros afirmam que
fazer uma ordem do culto é obrigar o Espírito a fazer o que queremos.
Esquecem-se
de que o “vento (Espírito) sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas
não sabes donde vem, nem para onde vai” (Jo 3:8). Nada impede o Espírito. Não planejar o culto é
garantia de bagunça e confusão.
Assim
como, em uma refeição, há certa ordem nos alimentos a serem comidos, e não se
come a sobremesa antes ou no meio da comida principal, também no culto deve
haver uma ordem nos elementos.
Há
alguns modelos bíblicos que oferecem um roteiro para o culto. O primeiro deles
está em Isaías 6:1-8.
1 No ano
em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime
trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo. 2 Ao seu
redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com
duas cobria os pés e com duas voava. 3 E
clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o
Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória. 4 E as
bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de
fumaça.
5 Então
disse eu: Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e
habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o
Senhor dos exércitos! 6 Então voou para mim um dos serafins,
trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; 7 e com a
brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua
iniquidade foi tirada, e perdoado o teu pecado. 8 Depois
disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós?
Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.
No verso 3 se vê a adoração
No
verso 5 a confissão
No
verso 7 o perdão
No verso
8 a consagração
Veja
a sequência lógica na ordem: quando nos reunimos para cultuar, cantamos a
santidade de Deus. Ao fazê-lo, percebemos/compreendemos nossa pecaminosidade e
somos movidos a pedir perdão. Confessado, recebemos o perdão de Deus. Só então
estamos aptos para nos consagrarmos a Deus, afirmando envia-me a mim.
Outro modelo é o Pai Nosso:
Pai
nosso que estais nos céus: EXALTAÇÃO
Santificado
seja o Teu nome: ADORAÇÃO
Venha
o Teu Reino: SÚPLICA
Seja
feita a tua vontade, assim na terra como no céu: CONSAGRAÇÃO
o pão
nosso de cada dia nos dá hoje: PROVISÃO
perdoa-nos
as nossas dívidas: CONFISSÃO
Assim
como nós também temos perdoado aos nossos devedores: TESTEMUNHO
não nos
deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal: SANTIFICAÇÃO
Porque
teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém: DOXOLOGIA
Há
uma lógica na sequência de exaltação, adoração, súplica, consagração, provisão,
confissão, testemunho, santificação e doxologia.
Da
mesma forma, nos cultos, deve haver uma estrutura lógica que dê sequência
normal a cada parte.
Há a
predominância do modelo de cultos onde se tem duas partes: louvor e pregação. O
louvor é uma coletânea de cânticos desconexos em suas mensagens que não
conduzem os participantes a ouvir a mensagem.
Tem-se
momentos de empolgação no início, para depois ter uma calmaria durante o tempo
de sermão.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO
Alguma semelhança das nossas igrejas com o que Paulo combatia em Corinto?
Como
você “ser reverente”?
Como
ser reverente nos nossos cultos?
Como
respeitar a reverência do irmão ou irmã?
Como
conciliar a reverência com o jeito latino/hispano de ser sociável?
É
reverente interromper a leitura bíblica que alguém faz, em silencio e sozinho,
antes do culto começar?
É
possível limitar a ação do Espírito?
Um
culto que tenha um planejamento “apaga” a ação do Espírito?
Como
explicar que, na história da igreja, durante muito tempo, a congregação não
cantava e ainda assim tinha vigor?
Nos
cultos que você tem participado, você percebe que há um certo planejamento para
que os elementos sejam apresentados em uma sequência lógica e racional?
Você
já havia pensado que há na Bíblia esquemas litúrgicos?
Seria
lógico começar com a consagração, antes da adoração, confissão e perdão?
Alguma
vez ensinaram a você que o Pai Nosso, além de ser uma oração comunitária (daí a
prevalência do “nosso”), é também um esquema litúrgico?
Você
se lembra de algum culto que você tenha participado e que se seguiu uma
estrutura litúrgica mais ou menos parecida a esta?
Você
acha que o culto que tem uma grande quantidade de corinhos, que são cantados em
40 a 45 minutos, e depois vem a pregação, é algo que enriquece ou empobrece o
culto?
Marcos
Inhauser
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