Já disse aqui, mais de uma vez, que há horas que me dou ao
exercício do masoquismo, pois tomo tempo para ver coisas na televisão que me
dão alergia. Nestes tempos de eleição, fiz isto para ver a propaganda dos
candidatos. Mas, mesmo que não quisesse ver o horário eleitoral “gratuito”, sou
forçado a ver certas coisas nos intervalos dos jornais ou jogos de futebol que
assisto.
Há coisas que me chamam a atenção. A primeira é a qualidade
das veiculações, especialmente dos candidatos a vereador. “Vote em mim”,
“preciso do seu voto”, “conto com seu voto” são algumas das pérolas. Muitos
usam expressões como “coragem”, “seriedade”, “compromisso”, “honestidade”. Há
os que prometem ousadamente: “vou estabelecer políticas públicas para a saúde”,
“o meu filho morreu, mas não vou permitir que façam o mesmo com o seu”, “vou
trabalhar para acabar com as filas nos Pronto Socorros”, “vou fechar a torneira
da corrupção”, e por aí vai a toada. Nas ruas, os cavaletes parecem sugerir que
o voto se dá pela beleza do candidato: a foto, o nome e o número. O resto mal
dá para ler. No quesito foto e imagem, esta propaganda via foto está gastando o
que pode no Photoshop. Para o mim o campeão do botox via Photoshop é o Pedro
Serafim. Uma carinha de adolescente estudioso!
Também surgiram algumas dúvidas. Não sou perito na
legislação eleitoral, mas tenho a informação de que toda a propaganda veiculada
na televisão, rádio ou cartazes deve trazer a legenda do partido ou a
coligação. Vi nestes dias uma vinheta que fala da votação contrária do Jonas
Donizetti nas propostas de aumento do salário mínimo, sem que houvesse qualquer
menção do partido ou coligação que respalda a veiculação. Pode?
Também tenho a informação de que o uso de espaços públicos
como jardim centrais nas avenidas e nas praças podem ser usados com cavaletes,
que devem ser retirados depois das dez da noite e recolocados no dia seguinte.
Não é o que vejo na Baden Powel, na saída do túnel em direção à Prestes Maia,
para ficar em dois exemplos. Também tenho a informação de que os cavaletes não
podem impedir a visibilidade dos motoristas. Não é o que acontece para quem vem
na Magalhães Teixeira em direção ao túnel, no semáforo onde começa a mão dupla.
Ali a visibilidade é prejudicada pela propaganda.
Mas o que mais me dá náuseas é o paladino da transparência:
afirma que no seu governo as coisas são feitas às claras. E quando era
Presidente da Câmara, por que aprovou o aumento do salário em 126% a toque de
caixa e à sorrelfa? E a criação de cargos extemporâneos na Sanasa para acomodar
os aliados? E o pedido para que os vereadores governassem com ele?
Parece que o cargo de prefeito o santificou! Ou será só
propaganda tão superficial como a do vereador que pede “vote em mim”?
Marcos Inhauser
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