Na minha caminhada de teologia e igreja, percebi que muitos, como eu durante meus primeiros anos, têm pouca ou nenhuma informação sobre o movimento da Reforma Radical (Anabatistas) e suas contribuições para a teologia reformada.
Uma característica bastante forte na maioria dos grupos anabatistas (Menonitas, Irmandade e Quakers) é a forte ênfase na obediência aos princípios presentes no Sermão da Montanha e mais especialmente nas Bem-aventuranças. Fruto disto é o compromisso radical de vários grupos anabatistas com questões relacionadas à paz e ao ser pacificador. Há várias histórias sobre este compromisso radical.
Uma delas é a relatada no Livro dos Mártires (Mundo Cristão, 2011). Um anabatista estava sendo perseguido por um soldado que o levaria preso e à morte por ser anabatista. Ao cruzar um rio congelado, o gelo se trincou com os passos do anabatista e o soldado, que veio no seu encalço, se afundou no rio gelado. O anabatista voltou, o ajudou a sair do rio e em seguida o soldado o levou preso e à morte. Obediência radical.
Outra história se deu nos Estados Unidos no período da colonização. Durante os anos imediatamente anteriores à Guerra de Independência, alguns da Irmandade se mudaram para uma área na Pennsylvania, chamada Morrison Cove. Ali, com outros colonizadores brancos, começaram a trabalhar na agricultura. Em novembro de 1777, os indígenas atacaram quem estava em Cove. Os da Irmandade não fugiram, nem lutaram contra eles. Cerca de 30 personas da Irmandade foram mortas. À medida que atacavam, os da Irmandade diziam em alemão Gottes Wille sei getham. (“a vontade de Deus seja feita”). Os indígenas se impressionaram com a maneira como suportavam o sofrimento, sem revidar. Muitos anos mais tarde, os antigos indígenas perguntaram se os “Gotswilthans” ainda viviam em Cove. Era a maneira como se lembravam da Irmandade.
Nestes dias, a Igreja da Irmandade da Nigéria deu mais um exemplo concreto de obediência radical. Grande parte das meninas raptadas em uma escola (mais de duzentas) pelo Boko Haran (grupo terrorista que se afirma muçulmano) pertencia à Irmandade. Agora, “no processo de reconstrução de suas vidas após os ataques dos terroristas do Boko Haram, irmãos e irmãs da Igreja da Irmandade na Nigéria (Ekklesiyar Yan’uwa a Nigeria) decidiram reconstruir também suas relações com seus vizinhos muçulmanos. Esse processo não se deu somente através do reestabelecimento do diálogo e da convivência pacífica, tão comuns antes do terror e da divisão imposta pelos terroristas. Eles incluíram em seu projeto a reconstrução de uma mesquita queimada pelo Boko Haram, impactando profundamente os líderes e a comunidade muçulmana local. Decididos a seguir o exemplo de Jesus em sua radicalidade, eles literalmente deram a outra face, não pagaram o mal com o mal, expressando a regra de ouro em sua forma mais concreta: "Portanto, tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles." (Mateus 7:12)” (dados fornecidos pelo Rev. Musa Mambula, um dos líderes da Igreja da Irmandade na Nigéria).
É também a aplicação concreta dos ensinamentos bíblicos: "Vede que ninguém pague a outro mal por mal. Antes, procurai sempre praticar o bem entre vós e para com todos." (1Ts 5:15) e “procurai a paz da cidade, para a qual fiz que fôsseis levados cativos, e orai por ela ao Senhor: porque na sua paz vós tereis paz." (Jr 29:7).
Como cristão não entendo como há quem apoie quem promove o armamento, a guerra, a violência, etc. Quem é cristão promove a paz!
Marcos Inhauser
Professor, pastor, teólogo e educador corporativo Textos escritos para a coluna semanal no Correio Popular, da cidade de Campinas e texto escritos depois de 2021, que tratam de temas nacionais, internacionais, sobre igreja e teologia
Leia mais
Há outros artigos e livros de Marcos e Suely Inhauser à sua disposição no site www.pastoralia.com.br . Vá até lá e confira
quarta-feira, 29 de agosto de 2018
quarta-feira, 22 de agosto de 2018
MEMÓRIAS DE LITURGIAS LIBERTÁRIAS
... E o verbo se fez
Liturgia e habitou entre nós, peregrinos, cheio de cantos, gestos, cores,
cheiros, saberes e sabores...
E vimos, em momentos
efêmeros e cheios de eternidade, a glória de QUEM tem um nome indizível, impronunciável...
Nesse “pleroma
extático”, arriscamos fazer preces, divinamente humanizadas, através de nosso
mantra ": Pai Nosso, de infinito carinho Maternal...”. Propusemo-nos a inventar celebrações que nos
trouxessem à terra o Deus da beleza celestial.
Fizemos coro com o Rubão: “Amo, na liturgia, tudo aquilo que saiu das
mãos dos artistas. Mas quando ouço as explicações dos teólogos e mestres, o
encanto quebra e eu desejo que eles tivessem falado em latim, para que eu não
tivesse entendido (...) Deixe que Beleza, sem palavras ou catecismos,
evangelize o mundo. Deus é beleza.”
Há uma história da
liturgia contextualizada, (en)cantada sob a inspiração dos versos e os reversos
da vida, desde a paixão de “Aleijadinho” até o trenzinho tupiniquim de Villa Lobos!
Em toda a sua plenitude! Vivenciando Paixão, Morte e Ressurreição de um povo
“maltrapilho e maltratado “!
Houve um tempo em que
se celebrou esta liturgia libertária! Houve um santuário devocional! Não nos
moldes dos soturnos templos, erguidos para tentar enclausurar o Criador.
Palpitava na alma de irmãos e irmãs a oração atribuída a Spinoza: “Para de ir a
esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que
acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos
rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí onde expresso meu amor por
ti".
Alguém há de
perguntar: quem eram, quem foram e quem são os peregrinos e peregrinas que para
lá faziam suas santas romarias? Seremos todos nós que diremos: “São gente refugiada
de comunidades regidas por Leis de Segurança Paroquial. Pastores, pastoras,
seminaristas, leigos e leigas que procuravam alternativas devocionais diante
daqueles manuais prescritos por técnicos da fé. São pretos, pobres e
profissionais da vida que ali se identificavam com a presença da Grande Face
Onipresente do Espírito!”
Ecos de Caetano
Veloso:
“A tua presença envolve meu tronco, meus braços
e minhas pernas
A tua presença é branca, verde, vermelha, azul
e amarela
A tua presença é negra (...)
A tua presença transborda pelas portas e pelas
janelas (...) “
A nossa Liturgia
começava quando, como líderes paroquiais, esperávamos, ansiosamente, cada
reunião deste Corpo Místico, macro-ecumênico, que se reunia em torno da mesa,
da celebração e da liberdade. Nunca foi tão atual o credo wesleyano: “O mundo é
nossa Paróquia“, ao qual poderíamos acrescentar: “O mundo é nossa Paróquia Litúrgica”!
Infere-se que essa
expectativa “pré Reino de Deus”, verdadeiro e caipiríssimo, “aperitivo do
Reino”, trazia-nos o cheiro primaveril de novos tempos. Expectativa que nos
segredava a certeza de novos tempos.
Assimilamos no corpo e
na alma, a festa de foliões latino-americanos, homenageando Atahualpa Yupanky,
bem como os nossos da nossa estirpe “T”: Tião, Tom, Tonico e Tinoco. Aprendemos
a gozar as delícias inspiradas num cancioneiro-de-vida cuja
"Satisfação" era ter um Cristo com o rosto de povo, de amor radical,
universal, incondicional!
Descartamos o
cartesianismo eclesiástico e seus dogmas excludentes, para corajosa e graciosamente,
incluir as razões de um “coração feito pele morena”. E sob as arrebatadoras utopias apocalípticas,
tivemos visões “do aqui e agora”. Revelações que nos livraram e ainda continuam
livrando-nos, mesmo que temporariamente, de um cenário carregado e intoxicado
pelas retas doutrinas de nossas paróquias, quase sempre neuróticas.
Libertamos
liturgicamente, como bem “kerigmatizou e didatequetizou” o poeta, profeta e
trovador ZÉ-das-palavras-LIMAdas, “ a pele, os pelos e os poros desta
paixão". Em vez de continuarmos cantando as "Quatro Leis
Espirituais", começamos a cantar a Espiritualidade de um Jesus nascido
neste "chão-menino-chão-preto-chão-do-coração”.
Nesta virtual Catedral
do Místico e Mesclado Corpo de Cristo redescobrimos novos sacramentos...
- O sacramento da viola
- O sacramento do pandeiro
- O sacramento do chimarrão
- O sacramento da saudosa maloca
E é sobre estas coisas
sacrossantíssimas que na sequência, cantaremos, sempre sob a batuta do
brincalhão Arcanjo Gabriel e seus Blue Caps...
Texto do meu amigo
Carlos Alberto Rodrigues Alves, poeta, violeiro, teólogo e corajoso, que me deu
a autorização para editar e aqui publicar.
Marcos Inhauser
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quarta-feira, 15 de agosto de 2018
PARADOXO SOCIAL
O mundo ficou pendurado nas notícias que saíam sobre a
situação dos 12 garotos e do técnico que ficaram presos em uma caverna nas
Filipinas.
Há algumas considerações que quero fazer quanto a esta
situação. Um grupo de amigos, praticantes do futebol, depois da partida,
decidem celebrar o aniversário de um deles (celebração da vida), entrando na
caverna, coisa que já haviam feito antes sem problemas. Era uma celebração.
Entraram pelo túnel de acesso, cheio de umidade e foram surpreendidos por algo
inesperado: chuvas que inundaram e os obrigaram a ficar presos no seio da
terra.
O mundo orou, rezou e torceu pela salvação das crianças.
Todos se empenharam no resgate, muitos voluntários, mergulhadores ou não, se
envolveram no trabalho. O mundo esteve pendente das notícias e do resgate de
todos. À medida que iam sendo retirados, como que por fórceps, o mundo exultava
com a vida salva.
Juntamente com isto, no Brasil, recebíamos notícias que
também convulsionavam a sociedade. Elas davam conta das balar perdidas e das
crianças mortas por elas. Por serem crianças, mais comoção havia. Parece que há
um apelo emocional mais forte quando se trata da morte das crianças. Ontem
recebi a notícia da morte de uma sobrinha de 10 anos, baleada por bala perdida,
e que me foi comunicado pelo tio, inconsolável.
Em meio a estes fatos, assisti, ainda que parcialmente, o
debate público promovido pelo Supremo Tribunal Federal, sobre a possível
legalização do aborto. Meus dois neurônios, sincronizados (talvez por vez
primeira), me perguntavam: não é este o mesmo pessoal que torcia pelo resgate
dos meninos nas Filipinas, que clamou pela cessação da violência das mortes de
crianças? Como podem estar, agora, defendendo a morte de crianças no útero de
uma mãe?
Os meninos na caverna tiveram uma parafernália para que
fossem salvos. Até um submarino de pequeno porte foi construído, para que a o
resgate fosse levado a contento. Muito dinheiro foi gasto para a infraestrutura
que permitiu a salvação de todo o grupo. Semana de hospital para a recuperação
de todos.
Imagine o escândalo que teria sido se alguém tivesse vindo a
público sugerir que se jogasse veneno no local onde os meninos estavam, para
evitar que não sofressem com a demora no resgate. Imagine que alvoroço teria
sido se alguém sugerisse que se introduzisse um aspirador/triturador, para que
os meninos morressem. Imagine quanta celeuma teria acontecido se alguém, sob
pretexto de que os pais não têm condições econômicas ou afetivas para recebê-los
de volta, sugerisse o “aborto” deles no útero da terra.
Se para os meninos que estavam no útero da terra a salvação
era questão de honra nacional e mesmo internacional, por que a vida de infantes
no útero da mãe pode ser disposta a bel prazer delas, sob o argumento de que devem
ter a autonomia sobre seus corpos? Se o argumento da viabilidade econômica da
mãe e dos pais pesa na defesa do aborto, por que não foi usado na questão dos
meninos?
Meus dois neurônios deram um curto-circuito. A ética da
morte de crianças é circunstancial? A vida de filipinos vale mais que a vida de
infantes brasileiros? Mas eles tinham mais de dez anos de vida, podem
argumentar. Mas qual a diferença na qualidade essencial da vida entre um feto e
uma criança de dez ou onze anos?
Confesso que não consigo entender. Se alguém consegue
explicar que o faça.
Marcos Inhauser
quarta-feira, 8 de agosto de 2018
TÔ COM SAUDADE DELE
Viajando,
parei em um posto de gasolina para tomar um café. Era bem cedo e ali estávamos
vários para tomar o café da manhã. A pessoa que me atendeu estava fazendo o meu
com leite quando uma outra atendente, bem mais jovem, dela se acercou e
perguntou se ela tinha visto ultimamente um senhor que costumava passar com
regularidade.
A que
estava me atendendo, pediu mais detalhes sobre quem ela estava falando. A mais
jovem disse que era o “senhorzinho” que a chamava de “minha linda” e que,
quando ia embora, sempre dizia; “ainda caso com você”. A mais velha disse que
há algum tempo não o via. A outra perguntou: “será que ele está enfermo?”. Pode
ser, mas também pode ser que tenha morrido. Ele era já bastante idoso.
Olhei para
a mais nova e percebi que seus olhos marejaram. Ela se emocionou. “Não pode
ser, ele era tão alegre”. A outra, mais velha respondeu que mesmo as pessoas
mais alegres também morrem.
Senti que a
mais jovem estava bastante emocionada com a possibilidade de que o “senhorzinho”
tivesse morrido. “Eu sabia que ele dizia que ia casar comigo e que isto era
brincadeira dele, mas aquilo me fazia muito bem. Saber que havia alguém que me
dava atenção, me elogiava, e que fazia questão que eu o servisse.”
Ela deu
tempo. Respirou fundo. E volitou a falar: “sinto falta dele, sinto falta dele
dizendo minha linda e sair dizendo que um dia iria se casar comigo”. Dito isto,
ela entrou na cozinha. Não duvido que tenha ido ao banheiro curtir suas
lágrimas e sentimentos.
Eu fiquei
ali parado pensando no que havia ouvido e visto. Imaginei que, talvez, houvesse
quem o tivesse ouvido dizendo “minha linda” para a jovem, ou “ainda me caso com
você” e tenha dito: “velho safado”.
Saí dali
com lágrimas nos olhos. Cheguei ao meu destino com a coisa rodando na minha
cabeça e refletindo no poder que a atenção tem de dar sentido à vida das
pessoas, o como o elogio pode criar vínculos inimagináveis. Mais tarde, quando
conversava com uma pessoa que tem problemas de relacionamento com sua equipe,
contei a ele o que tinha presenciado. Senti que a coisa bateu forte nele.
Acostumado a ser um sujeito extremamente racional e frio, vi seus olhos, tal
qual os da jovem, marejarem.
Vivemos
dias em que pouco tempo temos para prestar atenção nas pessoas, não nos
arriscamos a elogiar quem nos serve, a dizer “minha linda”. Fomos criados para
estar em relação com os outros, para amar o próximo como se fôssemos nós
mesmos, para dar alegria ao outro. Acho que uma das missões mais sublimes da
vida é plantar sorrisos na face das pessoas com as quais nos relacionamos.
Podemos
fazer isto sorrindo, elogiando ou brincando. O humor é uma das formas mais
sublimes que o ser humano tem para tornar a vida mais alegre, leve e prazerosa.
Rir, sorrir, fazer sorrir e rir são o exercício do divino em nós. Na Idade
Média se discutia e se digladiava sobre o tema do riso em Jesus. Havia os que
defendiam que Ele, sim, riu, e outros diziam que, por ser o Filho de Deus,
nunca teria sorrido.
Eu, de
minha parte, acho que Deus dá gargalhadas com algumas coisas que fazemos ou
dizemos e que ele está no meio dos que se reúnem e dão boas risadas. Acho que,
quando o “senhorzinho” brincava com a jovem, Deus dava seus sorrisos.
Marcos
Inhauser
quinta-feira, 2 de agosto de 2018
HÁ CEM ANOS ABENÇOANDO
Seu nome é José Zancul.
Eu o conheci em 1978 e desde então tenho desfrutado da sua
amizade e do seu carinho para comigo, minha esposa e filhos. Eu e a Suely conhecemos
em todo o nosso tempo de ministério poucas pessoas que, como o sr. José Zancul,
fosse benção como ele foi e é. Nunca o ouvimos pedindo a Deus uma benção, mas
sempre o vimos sendo benção na vida dos outros. Ele tem o dom de ser especial
na vida das pessoas. Com ele aprendi muitas lições, mas a mais significativa
delas já escrevi aqui: O “Princípio Zancul”, que reproduzo de forma reduzida.
Presbítero, aposentado do Banco do Brasil, é um homem
singular, de simplicidade ímpar e de obediência invejável à Palavra de Deus. A
generosidade não vi ainda em outra pessoa.
Certo dia estava quando um conhecido pedinte e alcoólatra do
bairro se aproximou e nos saudou pelo nome. Eu sabia que vinha pedir dinheiro e
eu já havia decidido que não daria para que ele não gastasse em bebida, pois
entendia que estaria contribuindo para o seu vício.
Ele se dirigiu ao seu Zancul e pediu um dinheiro para comer
um sanduíche. Para surpresa minha, ele colocou a mão no bolso e tirou o
dinheiro e perguntou se aquilo era suficiente para comprar um sanduíche. O
bêbado disse que sim e se foi agradecendo e pedindo a benção de Deus sobre o
doador.
Fiquei surpreso e irritado. Do alto de minha convicção e como
pastor dele, coloquei minha posição e minha recusa em dar dinheiro aquele homem.
Mais surpreso fiquei ao ver a resposta do seu Zancul: “ele me pediu dinheiro
para comer e eu dei dinheiro para comer. Não me cabe julgar se ele vai comer ou
não, cabe dar a quem está com fome e a mim assim declarou. Se eu não der, estou
julgando. Se eu julgar fico com o juízo. Se eu dou, fico com a benção. Se ele
comer o sanduíche, a minha benção se estenderá a ele. Se ele gastar em bebida,
ele fica com o juízo de Deus por ter mentido, mas ainda assim a benção é minha.
Não se esqueça, pastor, que Jesus ensinou que Ele esteve com fome e não lhe
demos de comer, teve sede e não lhe demos de beber, esteve preso e não o
visitamos, nu e não o vestimos. Não sei como e nem por que, mas cada vez que
vejo uma pessoa assim na minha frente, vem a mim a pergunta: será que é Jesus
Cristo me pedindo?”. Sai dali de cabeça baixa, entendo haver muita sabedoria
naquela simplicidade generosa. Aprendi ainda que nem sempre coloquei em
prática, para demérito meu. Nas vezes em que o “princípio Zancul” foi aplicado
por mim, meus filhos e minha esposa, tivemos a certeza de que ele tinha razão:
a benção foi nossa em ajudar.
Uma pessoa com esta índole é presente de Deus para as nossas
é concretude da graça de Deus.
Obrigado “seu Zancul” por tê-lo conhecido e desfrutar do seu
convívio e ainda ser abençoado com sua lucidez, carinho e brilho nos olhos
quando me vê a mim e à Suely.
Marcos Inhauser
quarta-feira, 25 de julho de 2018
A BENÇÃO DO SILÊNCIO
Há uma benção no silêncio!
Há sabedoria no silêncio!
Não me refiro ao silêncio do ficar sem falar, sem conversar,
mas no silêncio do escutar.
Vivemos tempos de muitos ruídos, tempos de muita distração,
tempos de foco em tudo e todos. O tempo todo estamos atentando para algo ou
escutando algo. No trânsito, para as placas e os radares mil que os colocam em
lugares traiçoeiros. Ao andar na rua, prestamos atenção a quem nos acompanha,
quem anda atrás de nós, com medo de estarmos sendo seguidos e roubados.
Entramos em casa e a primeira coisa que muitos de nós fazemos é ligar a
televisão. Há quem durma de televisão ligada, porque o silêncio da noite
incomoda. Onde estamos nos fazemos acompanhar do celular e a toda hora o
olhamos para saber se alguém deixou recado, curtiu o que postamos ou se há
alguma bomba no noticiário.
Vamos aos barzinhos e lá, não bastasse o barulho das
conversas, precisa haver alguém tocando algo (muitas vezes de mal gosto e
desafinado) ou há um “som ambiente”, maldita música que atrapalha a conversa,
porque somos obrigados a gritar para sermos ouvidos.
Parece que não gostamos do silêncio. Ele nos incomoda. Ficar
em silêncio e ouvir o silêncio (sim: ouvir o silêncio) é algo aterrador. Será
mesmo?
Lembro-me da infância quando, por muitas vezes ia dormir na
casa da minha tia, no sítio. Desde pequeno tive problemas para dormir sonos
regulares. Muitas vezes, por demorar para dormir, ficava a ouvir o coaxar dos
sapos ou o coral de grilos. Lembro-me que, muitas vezes em que estive a “ouvir
o silêncio”, ficava prestando atenção nos sons, se eram da natureza ou
produzidos. Aprendi a encontrar paz ao ouvir só o que a natureza produz de
sons: vento, farfalhar das folhas, o canto dos pássaros, o piar das corujas,
etc.
Também me assustei com o silêncio absoluto. Por pouco tempo
morei em São Paulo, bem no centro de um quarteirão, cercado de prédios ao
redor. À noite não se escutava nada, absolutamente nada. Foi quando fiquei com
medo de escutar o sangue correndo pelo corpo. Nunca mais quis ter esta
experiência. O silêncio absoluto me assustou.
Só no silêncio temos a oportunidade de olhar para nós, de
prestar atenção em nós mesmos. Só no silêncio temos a oportunidade de olhar
para dentro e descobrir quem somos. No silêncio estabelecemos uma conversa com
o nosso “eu mais interior” e o eu que mostramos à sociedade. No silêncio
estabelecemos um diálogo existencial: o nosso eu (o “eu mesmo”) critica o “eu
social” porque o vê como ator que se ajusta à peça em que deve atuar. O “eu
social” critica o “eu interior” dizendo que é intolerante, inflexível, imoral,
inconsequente, e outra quantidade de palavras começadas com “in...”
No silêncio nos descobrimos, nos damos a conhecer a nós
mesmos. Sem o silêncio, sem o diálogo interior que ele propicia, a identidade
se perde no turbilhão dos modismos, somos o que os outros querem que sejamos.
Não sou médico nem psicólogo, mas acho que a avalanche de
depressões que estamos vendo se deve a esta falta de tempo para ficar em
silêncio. A depressão é o grito do corpo e da alma pedindo tempo para dialogar
consigo mesmo. Lamentavelmente é um diálogo perturbado pelas exigências, pelo
constante ouvir gente dizendo “levante a cabeça”, “você precisa reagir”, etc.
Preciso do meu tempo de silêncio. Eu o tenho com certa regularidade,
ainda que o faça ouvindo música, o que tem o condão de me empurrar para dentro
de mim mesmo. A música a sós é um solavanco que me derruba dentro de mim mesmo.
Marcos Inhauser
quarta-feira, 18 de julho de 2018
MÉDIO E MEDÍOCRE
Arrumei uma
baita confusão quando, em um treinamento corporativo, disse que a palavra
“médio” é uma contração de “medíocre”. Falei a coisa sem ter refletido com
profundidade sobre o que eu havia dito.
Assustado
com a reação, tive que pesquisar e, vi que não estava totalmente fora da razão.
A busca pelo significado de medíocre mostra que ela é emprega para se referir a
algo que está na média, se comparado a dois outros elementos. É algo que não
bom ou ruim, horrível ou maravilhoso. É o que não se destaca, que passa
desapercebido, que não chama a atenção.
Uma pessoa
medíocre é aquela que não tem opinião própria, que repete o que ouviu, que fala
obviedades, que é papagaio repetindo frases feitas. São as que adoram frases do
senso comum e que as proferem como se estivessem dizendo maravilhas
filosóficas.
Mas há
também um outro sentido que se dá à palavra medíocre: aquele que está abaixo da
média, que é sofrível, que é ruim. Um ator medíocre é o que estraga a cena onde
atua. O médio não estraga nem a enriquece. O médio não cheira e não fede. O
medíocre fede.
No
treinamento em que tal fato ocorreu, ao passar o tempo com os que participavam,
percebi que os que se chocaram com a afirmação de que médio é uma forma
abreviada de dizer medíocre, eram os medíocres da turma. Eram tão abaixo da
média no conhecimento do vernáculo, que não percebiam que as palavras podem ter
nuances de significado, dependendo do contexto em que são empregadas.
Como
colunista há quase 20 anos, tive experiências várias com meus leitores. Duas
delas são paradigmáticas para exemplificar o que acabo de dizer. Quando da
intervenção militar dos Estados Unidos no Afeganistão, escrevi várias colunas
criticando a ação do império em terras de pobreza extrema, para acabar com um
grupelho. Ao criticar os EUA, houve quem entendesse que eu apoiava o Talibã e
me mandava e-mails me criticando e me “espinafrando”. Um dos argumentos que a
pessoa bradava era que eu, como cristão, não poderia, nunca, apoiar um grupo
muçulmano e terrorista. Tentei explicar que o criticar a um não significava
apoiar o outro. Mas os neurônios do meu crítico não permitiam ver isto.
Mediocridade pura!
Outro
exemplo foi uma coluna que escrevi por ocasião do Natal, sob o título “Ele
errou no dia e hora”. Nela eu fazia uma crítica ao modelo midiático das igrejas
neopentecostais e imaginava o que seria uma produção midiática para o
nascimento de Jesus, tipo Big Brother. Também afirmava que se poderia arrecadar
milhões com os direitos autorais sobre as transmissões e fotos do evento. Dizia
que, se o nascimento de Jesus fosse hoje, o impacto midiático seria estrondoso.
Não deu
outra. Muitos me escreveram me criticando. Alguns publicamente outros, mais
comedidos e éticos, me escreveram em privado. A um deles, pela forma decente
com que tratou o assunto e me criticou, escrevi mostrando que havia usado uma
figura de linguagem que é a ironia, que ela existe nos textos bíblicos e dei
alguns exemplos de ironia em textos da Bíblia. O interlocutor me disse que
nunca havia ouvido falar disto, mas que iria estudar o assunto. Nunca mais
voltou a me escrever.
Nestes dois
exemplos eu vejo o medíocre (o primeiro, por estar abaixo da média), o medíocre
mediano (perdão pela redundância – o segundo no primeiro momento) e o mediano ascendente
(que está disposto a aprender e sair da mediocridade).
Marcos
Inhauser
quarta-feira, 11 de julho de 2018
ASSASSINARAM A ESPERANÇA
Os recentes eventos judiciários tiveram o condão de matar a esperança de
que alguma coisa séria possa acontecer neste país. Não bastassem as trapalhadas
do executivo e sua equipe de trapalhões (Temer, Padilha, Marum e Moreira
Franco), do Legislativo comandados pelos investigados Maia e Eunício, tivemos o
presente de ver o judiciário envolvido em um festival de sandices e
trapalhadas.
Tenho para comigo que a capacidade de nos envergonhar é contagiosa. Não
bastasse o Liberador Geral da União com seus inúmeros Habeas Corpus concedidos,
no que pese os atos cometidos pelos meliantes, no que pese a tese da
plausibilidade levantada encampada por outros ministros garantistas, no que
pese a decisão tomada algumas vezes pelo pleno do STF de que se pode prender
quando há sentença transitado em julgado em segunda instância, há os que não a
acatam e, em decisão monocrática, se rebelam contra a decisão colegiada.
Liberam quem, por atos analisados, com o direito à defesa e ao contraditório,
são condenados. Mas, usando de estratagemas e selecionando quem deve julgar,
são liberados. Nem tornozeleiras precisam usar!
O recente evento com o petista, ex-afiliado ao partido por quase duas
décadas, ex-assessor de Tarso Genro, Dirceu e outros mais, indicado para o
cargo pela Dilma, o agora desembargador Favreto, contrariando a lógica e a
hierarquia, libera um condenado. Não há como não ver no episódio malandragem e
manipulação. Os fatos e a “coincidência” do plantão com a entrada de pedido de
libertação, mais os trâmites que o fato provocou, só mostra que o judiciário
também é hábil em fazer trapalhadas. Mas não vejo que isto seja privilégio dos
petistas. Basta prestar atenção ao envio do caso Alckmin para o TSE, da
absolvição do Aécio por falta de provas (o que também vale para a Gleisi e
Paulo Bernardo), ao arquivamento de processos pela demora nas investigações
envolvendo o Daniel Vilela e seu
pai, o ex-senador Maguito Vilela (ambos do MDB).
Mais que isto, mostra como há gente empenhada em fazer do judiciário
instrumento político. Quem mais perdeu nestes fatos foi a credibilidade, porque
revelou setores que não conhecem a imparcialidade e a impessoalidade. A figura espúria
desde a ótica do direito constitucional e eleitoral do “pré-candidato” foi
usada para fundamentar “fatos novos”. Ao aceitar o inexistente para fundamentar
uma decisão, abre-se a brecha para que outras invenções sejam usadas. A atuação
deste “magistrado” merece investigação, ainda que, por causa do espírito de
corpo que permeia o judiciário, não tenho esperanças de que algo possa
acontecer.
Na minha visão o fato teve o seu parto na tese da “plausibilidade”
defendida por outro magistrado que atuou nas lides petistas: Dias Toffoli. Penso
ainda que o direito brasileiro, com sua penca de recursos possíveis, com todos
os embargos, com a facilidade de se impetrar mandatos mil, de solicitar Habeas
Corpus preventivo, vem se revelar como pernicioso para a condenação e efetiva
aplicação da pena. Haja visto o que aconteceu com o Maluf: o tempo de
tramitação e o cumprimento da pena em domicílio. Outros mais, que confessaram
seus crimes, estão também no aconchego de seus lares, desfrutando de suas
mordomias.
Se alguma esperança havia, gerada pelo julgamento do Mensalão e das
várias sentenças prolatadas e cumpridas pela Lava Jato, a minha esperança foi
assassinada. Instala-se em mim a consciência de que vivemos profunda crise
institucional, ética e moral. E o pior: às portas de uma eleição insossa.
Marcos Inhauser
Marcadores:
desembargador,
Favreto,
habeas corpus,
Lula
quarta-feira, 4 de julho de 2018
TENHO MEDO
TENHO MEDO
Medo todos o temos. Alguns com mais
intensidade, outros menores. O problema não é tê-los, mas se deixar dominar por
eles. Pior ainda é não reconhecer que eles existem.
Para não incorrer neste erro, quero
nomear alguns que tenho e que moldam meu comportamento quando aparecem.
Tenho medo de quem tem explicação
para tudo. Se você não está se sentindo bem, lá vem elas com a explicação de
que você comeu isto ou aquilo. Se você tem uma diarreia, são prontas em
escolher algo que possa ter feito mal. Se tem uma dor de cabeça, culpam do ar
poluído ao travesseiro. Elas têm uma obsessão por explicações!
Tenho medo de quem tem respostas
simplistas. Os maiores problemas e os mais complexos elas o resolvem com uma
única decisão. Fastia-me e me dá medo quem vem com a conversa: "se eu
fosse o presidente da república iria resolver o problema da corrupção em uma
semana", "se fosse meu filho daria um jeito nele na hora",
"garanto para você que resolvo isto no vá".
Tenho medo de quem fala muito. Fala
sobre o que sabe e o que não sabe. O importante é falar. Cansam com sua
verborragia. Um causo puxo outro causo e te alugam por horas.
Tenho medo de quem me ensina a fazer
coisas sem que eu lhes tenha pedido. A frase "sabe o que você deve fazer” ou
sua variante “eu, no seu lugar faria isto” me deixam aterrorizado. Eu não pedi
a opinião, não vejo nelas competência para sair dando lições e lá vem elas me
ditando o que devo fazer. O pior é quando, ao nos encontrarmos mais tarde, vem
me cobrar se fiz ou não o que me ensinou.
Tenho medo de quem dá receitas de
remédio. Tenho medo de ter tosse, porque já ouvi todo o tipo de remédio, chá ou
simpatia para parar de tossir. O pior é quando, no auge do desejo de ajudar,
fazem a gororoba e te forçam a tomar a meleca que fizeram para "cortar a
tosse".
Tenho medo de quem fica explicando
Deus. “O que Deus quer te ensinar é ...”, “a vontade de Deus para a sua vida é
....", ‘Deus fez isto porque Ele quer ...”. As variantes são muitas, todas
blasfemas.
Tenho medo de quem, mal me
conhecendo, me elogiam.
Tenho medo de quem, me conhecendo
muito, me criticam nas coisas que sabe que faço com sinceridade.
Tenho medo de quem fala mal do outros
para mim, porque serei o próximo de quem elas falarão mal.
Tenho medo de quem vem com o
discurso: “Deus me falou”, “o Senhor me orientou”, “ouvi a voz de Deus me
dizendo”.
Tenho medo de quem dá ordens a Deus.
Tenho medo de ficar perto de
políticos, porque posso perder algo.
Tenho medo de resultado de
laboratório porque podem dizer que estou pior do que penso que estou.
Tenho medo dos autodidatas porque
aprenderam sem ter que confrontar o que que aprenderam e por isto acham que são
donos da verdade.
Tenho medo de quem começa suas frases
com “na verdade”.
Tenho medo de comida típica.
Tenho medo de mim quando fico bravo.
Marcos Inhauser
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relacionamentos
quarta-feira, 27 de junho de 2018
PIOROU, E MUITO!
Passei a manhã e parte da tarde de hoje na Farmácia de Alto
Custo. Há mais de dez anos eu ou minha esposa fazemos esta peregrinação em
função de enfermidade de um familiar.
No início era um parto! A gente precisava ficar ligando para
a farmácia, que ficava na Unicamp, para saber se o remédio havia chegado e sair
correndo para pegar a fila e ver se conseguia chegar a tempo de não ter
esgotado o estoque. Depois transferiram para o local onde está hoje e as
coisas, pouco a pouco foram melhorando, o que me levou a escrever por duas
vezes, parabenizando a melhoria no serviço.
Ocorre que a coisa degringolou. Podem dizer que houve uma
explosão no número de pessoas atendidas, que há falta de reposição nos
estoques, e outras explicações mais. Isto faz-me lembrar de um capitão que tive
quando perdi o meu tempo servindo ao exército brasileiro: “explica, mas não
justifica”.
Nas cinco horas e meia que lá fiquei, constatei algumas
coisas. Fiquei impressionado com a quantidade de funcionários
andando/perambulando de uma sala para a outra. Deu-me a impressão que alguns
deles mais passeiam que trabalham. Será que tanta gente precisa se locomover
durante o expediente? Há alguma lógica no trânsito dos documentos para que seja
necessária tanta movimentação?
A segunda coisa que notei foram várias pessoas dedicadas a
manusear papeis. Estavam separando e conferindo documentos. Neste quesito, eu
me perguntava: se há todo um processo de conferência e exame dos papeis quando
a pessoa chega ao posto (é verdade que existe uma longa fila até que isto
aconteça), por que precisa ter gente remexendo nesta papelada? A era da
informática já chegou ao serviço? Causou-me estranheza ver algumas funcionárias
carregando caixas cheias de documentos de uma sala para outra. Ou trabalharam
neles, ou iriam trabalhar com eles. É necessária tanta burocracia?
No guichê número quatro havia uma pessoa que não estava
atendendo ao público, mas mexendo em papeis. A cada pouco ela parava o que
estava fazendo para ler e escrever no seu celular. Estava ali para atualizar
suas mensagens nas redes sociais ou para trabalhar?
No primeiro setor de atendimento havia quatro guichês disponíveis
e só duas atendentes, no que pese que, no meu caso, haviam 142 pessoas à minha
frente. Onde estavam as outras?
Nos guichês internos, em número de 8 ou 9 (não consigo agora
afirmar com precisão), haviam só duas atendentes. A certa altura colocaram
quatro atendentes nos primeiros guichês e, depois de um bom tempo, outras vieram
preencher os guichês vazios. Onde este pessoal estava? Fazendo o quê? Ou
deixaram de fazer o que para atender?
Fiquei por quase duas horas, em pé, no corredor de acesso à
copa. Como tenho certa mania de contar coisas para passar o tempo comecei a contar
quantas pessoas entravam na copa. Se não errei na conta, 57 vezes a porta foi
aberta antes das 12:00 horas e uma mesma funcionária lá entrou por quatro
vezes!
Não há transparência e nem lógica implícita nas senhas
dadas. Não se sabe porque se recebe esta ou aquela senha e nem como é feita a
ordem de chamada para cada grupo de senhas. Havia na fila gente que dizia que
quem vem para renovação são os que ficam por último. E parece que é verdade:
por mais de 45 minutos não houve uma única chamada para o grupo de senhas que eu
estava alocado. De repente, o trem acelerou e em menos de 15 minutos, as 24
pessoas que estavam na minha frente foram atendidas. Como explicar isto? Porque
não respeitar a ordem de chegada dos usuários?
O que mais me irritou foi um aviso que rodava no painel de
chamada: Para melhor o atendimento, por favor, permaneça em silêncio. Qual a
razão para este pedido. Para evitar que as pessoas comentem o quão ruim está o
serviço? Ou para evitar que as pessoas conversem e se socializem? Ou para desmotivar
quem erga a voz para reclamar?
Marcos Inhauser
Marcadores:
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leniência,
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