Seu nome é José Zancul.
Eu o conheci em 1978 e desde então tenho desfrutado da sua
amizade e do seu carinho para comigo, minha esposa e filhos. Eu e a Suely conhecemos
em todo o nosso tempo de ministério poucas pessoas que, como o sr. José Zancul,
fosse benção como ele foi e é. Nunca o ouvimos pedindo a Deus uma benção, mas
sempre o vimos sendo benção na vida dos outros. Ele tem o dom de ser especial
na vida das pessoas. Com ele aprendi muitas lições, mas a mais significativa
delas já escrevi aqui: O “Princípio Zancul”, que reproduzo de forma reduzida.
Presbítero, aposentado do Banco do Brasil, é um homem
singular, de simplicidade ímpar e de obediência invejável à Palavra de Deus. A
generosidade não vi ainda em outra pessoa.
Certo dia estava quando um conhecido pedinte e alcoólatra do
bairro se aproximou e nos saudou pelo nome. Eu sabia que vinha pedir dinheiro e
eu já havia decidido que não daria para que ele não gastasse em bebida, pois
entendia que estaria contribuindo para o seu vício.
Ele se dirigiu ao seu Zancul e pediu um dinheiro para comer
um sanduíche. Para surpresa minha, ele colocou a mão no bolso e tirou o
dinheiro e perguntou se aquilo era suficiente para comprar um sanduíche. O
bêbado disse que sim e se foi agradecendo e pedindo a benção de Deus sobre o
doador.
Fiquei surpreso e irritado. Do alto de minha convicção e como
pastor dele, coloquei minha posição e minha recusa em dar dinheiro aquele homem.
Mais surpreso fiquei ao ver a resposta do seu Zancul: “ele me pediu dinheiro
para comer e eu dei dinheiro para comer. Não me cabe julgar se ele vai comer ou
não, cabe dar a quem está com fome e a mim assim declarou. Se eu não der, estou
julgando. Se eu julgar fico com o juízo. Se eu dou, fico com a benção. Se ele
comer o sanduíche, a minha benção se estenderá a ele. Se ele gastar em bebida,
ele fica com o juízo de Deus por ter mentido, mas ainda assim a benção é minha.
Não se esqueça, pastor, que Jesus ensinou que Ele esteve com fome e não lhe
demos de comer, teve sede e não lhe demos de beber, esteve preso e não o
visitamos, nu e não o vestimos. Não sei como e nem por que, mas cada vez que
vejo uma pessoa assim na minha frente, vem a mim a pergunta: será que é Jesus
Cristo me pedindo?”. Sai dali de cabeça baixa, entendo haver muita sabedoria
naquela simplicidade generosa. Aprendi ainda que nem sempre coloquei em
prática, para demérito meu. Nas vezes em que o “princípio Zancul” foi aplicado
por mim, meus filhos e minha esposa, tivemos a certeza de que ele tinha razão:
a benção foi nossa em ajudar.
Uma pessoa com esta índole é presente de Deus para as nossas
é concretude da graça de Deus.
Obrigado “seu Zancul” por tê-lo conhecido e desfrutar do seu
convívio e ainda ser abençoado com sua lucidez, carinho e brilho nos olhos
quando me vê a mim e à Suely.
Marcos Inhauser