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quarta-feira, 4 de julho de 2018

TENHO MEDO


TENHO MEDO
Medo todos o temos. Alguns com mais intensidade, outros menores. O problema não é tê-los, mas se deixar dominar por eles. Pior ainda é não reconhecer que eles existem.
Para não incorrer neste erro, quero nomear alguns que tenho e que moldam meu comportamento quando aparecem.
Tenho medo de quem tem explicação para tudo. Se você não está se sentindo bem, lá vem elas com a explicação de que você comeu isto ou aquilo. Se você tem uma diarreia, são prontas em escolher algo que possa ter feito mal. Se tem uma dor de cabeça, culpam do ar poluído ao travesseiro. Elas têm uma obsessão por explicações!
Tenho medo de quem tem respostas simplistas. Os maiores problemas e os mais complexos elas o resolvem com uma única decisão. Fastia-me e me dá medo quem vem com a conversa: "se eu fosse o presidente da república iria resolver o problema da corrupção em uma semana", "se fosse meu filho daria um jeito nele na hora", "garanto para você que resolvo isto no vá".
Tenho medo de quem fala muito. Fala sobre o que sabe e o que não sabe. O importante é falar. Cansam com sua verborragia. Um causo puxo outro causo e te alugam por horas.
Tenho medo de quem me ensina a fazer coisas sem que eu lhes tenha pedido. A frase "sabe o que você deve fazer” ou sua variante “eu, no seu lugar faria isto” me deixam aterrorizado. Eu não pedi a opinião, não vejo nelas competência para sair dando lições e lá vem elas me ditando o que devo fazer. O pior é quando, ao nos encontrarmos mais tarde, vem me cobrar se fiz ou não o que me ensinou. 
Tenho medo de quem dá receitas de remédio. Tenho medo de ter tosse, porque já ouvi todo o tipo de remédio, chá ou simpatia para parar de tossir. O pior é quando, no auge do desejo de ajudar, fazem a gororoba e te forçam a tomar a meleca que fizeram para "cortar a tosse".
Tenho medo de quem fica explicando Deus. “O que Deus quer te ensinar é ...”, “a vontade de Deus para a sua vida é ....", ‘Deus fez isto porque Ele quer ...”. As variantes são muitas, todas blasfemas.
Tenho medo de quem, mal me conhecendo, me elogiam.
Tenho medo de quem, me conhecendo muito, me criticam nas coisas que sabe que faço com sinceridade.
Tenho medo de quem fala mal do outros para mim, porque serei o próximo de quem elas falarão mal.
Tenho medo de quem vem com o discurso: “Deus me falou”, “o Senhor me orientou”, “ouvi a voz de Deus me dizendo”.
Tenho medo de quem dá ordens a Deus.
Tenho medo de ficar perto de políticos, porque posso perder algo.
Tenho medo de resultado de laboratório porque podem dizer que estou pior do que penso que estou.
Tenho medo dos autodidatas porque aprenderam sem ter que confrontar o que que aprenderam e por isto acham que são donos da verdade.
Tenho medo de quem começa suas frases com “na verdade”.
Tenho medo de comida típica.
Tenho medo de mim quando fico bravo.
Marcos Inhauser

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O EU E O TU

Todos somos o produto da relação de um “eu” e um “tu”.
Cada um de nós aprendemos a ser gente na relação mínima com dois “tus”: pai e mãe. Todos somos frutos de uma relação de diálogo, de sentimentos, de emoções, de corpos que se relacionavam com corpos que nos fizeram. Daí porque a base da nossa vida é o fato de que há um homem e uma mulher que se relacionaram e como fruto disso nasceu alguém.
Não há ninguém nesse mundo, com exceção de Adão, Eva, Jesus Cristo e os inseminados, que não seja fruto desta relação. Não dá para pensar no ser humano como uma ilha, isolado dos outros, da sociedade, do contexto em que vive.
Para que possamos nos conhecer mais profundamente, é necessário que conheçamos as relações que mantemos com as outras pessoas que formam o nosso sistema relacional. Em outras palavras, o “eu” é conhecido na medida em que se conhece os “tus” com os quais este “eu” se relaciona.
O namoro é um “eu” que se relaciona com um “tu” procurando conhecer os “tus” do outro “tu”. Quando alguém começa a conversar com uma outra pessoa, quer saber quem é. Como se faz isto? Perguntando.
Cada vez que encontramos alguém e entabulamos uma conversar, procuramos explorar, conhecer as relações que esta pessoa tem, o que ela faz, com quem trabalha, o que estudou, o que gosta ou não de fazer. É o desejo de conhecer as relações que tem, de conhecer o sistema onde está inserida.
Quando alguém sai à procura de outra pessoa para namorar, existe na sua cabeça, inconscientemente, um cheiro (não tenho outro jeito de dizer), que ela vai se sentir atraída por quem que tem mais ou menos o mesmo modelo de relação familiar. Isso é mais do que lógico e normal. Se você vai constituir uma família, que família você conhece para servir de modelo? Se você foi acostumado a dormir em colchão de mola, na primeira noite que você dormir em um colchão de espuma vai se sentir mal, pois você está fora do seu ninho. Você vai buscar alguém para casar-se que tenha um “ninho” mais ou menos igual ao seu.
Isto é tão inconsciente, tão simbólico, tão invisível que não dá para explicar. Por exemplo: bati o olho em alguém, gostei e pergunto alguma coisa. A maneira como me responde, o tom de voz se foi mais ou menos parecido ao tom que estou acostumado a ouvir, entro em sintonia com a pessoa e vou procurando saber mais sobre ela.
No fundo, no fundo, buscamos pessoas segundo o comichão dos nossos ouvidos, parecidas a nós, para nos entender e apoiar. É dose ficar ao lado de alguém que é tão diferente que é um estranho no nosso ninho.