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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O EU E O TU

Todos somos o produto da relação de um “eu” e um “tu”.
Cada um de nós aprendemos a ser gente na relação mínima com dois “tus”: pai e mãe. Todos somos frutos de uma relação de diálogo, de sentimentos, de emoções, de corpos que se relacionavam com corpos que nos fizeram. Daí porque a base da nossa vida é o fato de que há um homem e uma mulher que se relacionaram e como fruto disso nasceu alguém.
Não há ninguém nesse mundo, com exceção de Adão, Eva, Jesus Cristo e os inseminados, que não seja fruto desta relação. Não dá para pensar no ser humano como uma ilha, isolado dos outros, da sociedade, do contexto em que vive.
Para que possamos nos conhecer mais profundamente, é necessário que conheçamos as relações que mantemos com as outras pessoas que formam o nosso sistema relacional. Em outras palavras, o “eu” é conhecido na medida em que se conhece os “tus” com os quais este “eu” se relaciona.
O namoro é um “eu” que se relaciona com um “tu” procurando conhecer os “tus” do outro “tu”. Quando alguém começa a conversar com uma outra pessoa, quer saber quem é. Como se faz isto? Perguntando.
Cada vez que encontramos alguém e entabulamos uma conversar, procuramos explorar, conhecer as relações que esta pessoa tem, o que ela faz, com quem trabalha, o que estudou, o que gosta ou não de fazer. É o desejo de conhecer as relações que tem, de conhecer o sistema onde está inserida.
Quando alguém sai à procura de outra pessoa para namorar, existe na sua cabeça, inconscientemente, um cheiro (não tenho outro jeito de dizer), que ela vai se sentir atraída por quem que tem mais ou menos o mesmo modelo de relação familiar. Isso é mais do que lógico e normal. Se você vai constituir uma família, que família você conhece para servir de modelo? Se você foi acostumado a dormir em colchão de mola, na primeira noite que você dormir em um colchão de espuma vai se sentir mal, pois você está fora do seu ninho. Você vai buscar alguém para casar-se que tenha um “ninho” mais ou menos igual ao seu.
Isto é tão inconsciente, tão simbólico, tão invisível que não dá para explicar. Por exemplo: bati o olho em alguém, gostei e pergunto alguma coisa. A maneira como me responde, o tom de voz se foi mais ou menos parecido ao tom que estou acostumado a ouvir, entro em sintonia com a pessoa e vou procurando saber mais sobre ela.
No fundo, no fundo, buscamos pessoas segundo o comichão dos nossos ouvidos, parecidas a nós, para nos entender e apoiar. É dose ficar ao lado de alguém que é tão diferente que é um estranho no nosso ninho.

terça-feira, 21 de julho de 2009

CADÊ VOCÊ, SUPLICY?

Votei em você em todas as oportunidades que pude. Comecei em 90, depois em 98 e mais recentemente em 2006. Não só votei como, sem que você me pedisse, fiz campanha por você. Se encontrasse alguém indeciso quanto ao voto para senador, lá estava eu aconselhando a votar em você por considerá-lo combativo, independente e ético.
Acompanhei sua luta na CPI dos Anões. Lembro-me da suas argüições aos implicados e da viagem aos Estados Unidos para tentar achar uma mulher que poderia ser a esposa do cérebro da quadrilha dos anões. Acompanhei as suas intervenções na CPI do Narcotráfico e no Mensalão e admirei sua independência quanto ao partido que estava atolado até ao pescoço nas maracutaias do valérioduto. Lembro-me da sua investigação quase quixotesca em busca de evidências quanto à morte do Celso Daniel. Sempre o achei um determinado, especialmente no que se refere ao Bolsa Família, tema quase único nas suas conversas e falas no plenário.
Mas, confesso, estou desapontado com o seu sumiço nos recentes casos de corrupção no Senado. Até tenho a impressão que, ou você não é mais Senador, ou tirou férias. Não sou um investigador contumaz das suas atividades, mas não me lembro de uma única participação, fala, censura ou seja lá o que for diante dos recentes episódios. A única coisa que me lembro e que me causou espécie, foi a revelação da sua participação na farra das passagens aéreas, com explicação tímida e providência óbvia.
Fico a me perguntar se a sua concepção do Bolsa Família passa pelo nepotismo do emprego da família nas tetas do erário. Afinal é uma forma de Bolsa Família. Dinheiro público para parentes menos agraciados na vida, sem mandato parlamentar, que não merecem ficar vendo o iluminado eleito se lambusando e eles à deriva. Por que não vi, não li, nem soube, da sua posição quanto a isto?
Se você está no Senado desde 1990, como pôde passar todo este tempo sem nunca ouvir que algo de estranho acontecia nos subterrâneos do poder legislativo? Nunca ninguém lhe contou da casinha que o Agaciel tem? Nunca lhe passou pela cabeça que havia muito cacique para pouco índio nas diretorias do Senado? Nunca lhe passou pela cabeça perguntar como pode a Gráfica do Senado ter mais de mil funcionários e oitenta por cento deles na ociosidade?
Há algo de estranho neste seu silêncio, especialmente em quem já fui muito combativo e independente. Qual a sua posição diante do enquadramento do Lula, exigindo a sustentação do Senador do Amapá que mora em São Luís na presidência do Senado? Qual a tua posição quanto ao circo montado na composição do Conselho de Ética e especialmente na escolha do presidente?
Gostaria de ver você atuando como já fez. Mas, hoje por hoje, estou é decepcionado com você e meu voto você não recebe mais.