Aprendi muito cedo no
meu ministério que a vontade de Deus não se conhece a priori, mas olhando para
trás. Se a vida cristã fosse o exercício de decisões tomadas sob a égide da
certeza absoluta de que está sendo feita a vontade de Deus, não se necessitaria
de fé.
Para viver esta vida
de certeza da vontade de Deus nas decisões da vida há os que apelam para
orações, noventas, trezenas, quarentenas, jejuns, busca de profetas ou
profetisas, lançam sortes ao melhor estilo do Urim e Tumim. Tudo para saber a
vontade de Deus antes de decidir.
É no retrovisor da
vida que percebemos que Deus nos guiou e conduziu pelos melhores caminhos da
vida. É famosa a história do caminhante na praia que tinha ao seu lado o Senhor
e, em determinados momentos da vida, as pegadas das duas pessoas na areia se
transformavam em uma. A pessoa percebeu que se tratava dos momentos de
dificuldade e perguntou ao Senhor: “foram estes os momentos em que o Senhor se
afastou de mim?” “Não”, respondeu. “Estes foram os momentos em que te carreguei
no colo.”
Há 43 anos e meio vi
uma mulher pela primeira vez na minha vida. Antes de saber quem era, tive a
certeza interior de que ela seria minha esposa. Nunca disse isto a ninguém até
há bem pouco tempo. Era uma certeza cheia de dúvidas até o dia em que nos
casamos. Estamos casados há 42 anos e meio. Ela completa 65 anos amanhã. Quase
dois terços da sua e da minha vida vivemos um ao lado do outro.
Li certa feita um
livro de pesquisa sobre casamentos que fracassam e o autor, depois de pesquisar
milhares de casais, chegou à conclusão de uma fórmula mágica: 8/1! Todo
casamento que tem mais de um período de tensão entre oito períodos de conforto
e prazer, está fadado ao fracasso. Ninguém aguenta viver ao lado de outro que
provoca mais de um oitavo de tensão.
Olhando pelo
retrovisor da minha vida vejo a graça de Deus na esposa que me deu, pelos
muitos momentos de felicidade, que superaram em muito a equação 8/1. Com
absoluta certeza digo que tive muitos momentos de felicidade no meu casamento e
ainda os tenho.
Com absoluta certeza,
quando olho pelo retrovisor, também vejo a graça de Deus nos carregando no colo
nos momentos em que fui estresse, desconforto, motivo de raiva. Também vejo a
graça de Deus nos momentos em que me senti irritado, furibundo, nervoso.
Vejo a graça de Deus
nos momentos em que juntos enfrentamos os leões da vida, quando mudamos de país
e ela ficava 2/3 do tempo sozinha com os filhos e o marido viajando pelo mundo,
trabalhando em áreas de perigo, com Direitos Humanos. Vejo a graça supridora de
Deus nos dando quando não tínhamos, a graça preveniente nos dando antes de
precisarmos, a graça transformadora nos amoldando um ao outro e nos fazendo
cada vez mais iguais para vivermos com o próximo bem próximo, ao ponto de não
podermos imaginar viver sem o outro.
Minha Turca: parabéns
pelos seus 65 anos de benção na minha vida e de muita gente que você abençoou
com seu ministério, sua alegria, seu poder de coesão, de perdão. Quero você
sempre ao meu lado porque te amo e nunca, mas nunca mesmo, duvidei da certeza
que tive no dia em que te vi: Deus me deu você.
Marcos Inhauser