Todos ficamos
estarrecidos com o incêndio do Museu Nacional e ainda mais indignados porque a
tragédia havia sido anunciada por várias fontes. No que pesem os alertas dos
responsáveis e de outras pessoas que se preocupavam com o Museu e tudo o que
nele havia, encontraram ouvidos moucos. Tão moucos que nenhum ministro
compareceu às cerimônias de comemoração dos duzentos anos do Museu. Deu no que
deu: virou cinza!
Há algum tempo, os
governantes brasileiros, nos níveis municipal, estadual e federal, seja no
executivo, no legislativo ou no Judiciário, têm revelado a sua incúria e
incapacidade de gerir a coisa pública. São especialistas em fabricar cinzas.
A Petrobras por pouco
não virou cinza. Mas parte dela foi queimada pelos gestores corruptos, nomeados
pelos partidos políticos para dar espaço à bandidagem e para encher as borras
dos partidos. A Eletrobras foi levada à cinza pelos gestores indicados pelos
políticos. Agora estão vendendo na bacia das almas as cinzas do que outrora
fora a maior empresa de energia do Brasil. E a Eletronuclear não teve caminho
diferente, ainda que as cinzas não estejam à venda.
O SUS virou cinza nas
mãos dos últimos governos. O povo vai para o SUS, o político é badalado nos
hospitais de primeira grandeza e manda a conta para que o erário pague. A
Educação virou cinza nãos mãos de alguns professores sindicalistas, que mais
sabem promover greve que dar boas e decentes aulas. A totalidade está no forno
de cremação dos salários indignos e da falta de condições para uma boa
educação.
O PIB previsto em
prosa e verso para 2018 virou cinza. O Real está virando cinza na hora de fazer
o câmbio. O Congresso Nacional, com tendências piromaníacas, ateia fogo no
orçamento, aprovando medidas esdrúxulas, sem a devida provisão de recurso. O
Executivo compra a impunidade do presidente a peso de ouro, dando milhões a
parlamentares fisiológicos e contingenciando verbas de educação, investimentos,
saúde, etc. O judiciário, o poder com os mais altos salários da República, se
concede um aumento abusivo de quase 17%, mesmo sabendo da grave crise que o
país atravessa. O Orçamento virou cinza!
O Temer ascendeu ao
cargo todo chamuscado pelo processo. Todos o viam com graves queimaduras, mas
ele insistia em dizer que estava tudo bem e que iria se recuperar e recuperar
as finanças do Brasil, bem assim a taxa de emprego. O que se vê é um presidente
qual frango em forno de padaria, girando para todo lado e se queimando por
inteiro. Com as temperaturas mais elevadas pelas duas denúncias, virou cinza. Pela
primeira vez temos um ex-presidente no exercício. Os seus asseclas estão
virando cinza a cada delação premiada. Lá estão as cinzas do Padilha, Moreira
Franco e outros. Com a aberração da cinza falante: o Marun, o rei das
patacoadas.
A Reforma da previdência,
mais uma vez, virou cinza. Assim também as reformas política e tributária.
Neste cenário tem a
cinza que está na caixa em Curitiba e que insiste que está viva! Tem cinza
prometendo armar o país, desfazer todas as privatizações, cortar a jornada de
trabalho e manter o mesmo salário, etc. No forno das propostas eleitorais, há
de tudo, mas, ao final, é cinza.
Somos o país da
quarta-feira de Cinzas, dia de arrependimento pelas maluquices cometidas no
período anterior. Não há arrependimento nas cinzas dos brasileiros. Mesmo
condenado a dezena de anos, ainda afirmam que são inocentes e vítimas de
perseguição política. A Festa dos Guardanapos foi montagem fotográfica da
imprensa marrom!
Valha-me Deus!
Marcos Inhauser