O vulcão Nyiragongo, na República Democrática do Congo, entrou em erupção no dia 22 de maio. Outro, o Murara, que está em área desabitada, também entrou em erupção. A cidade de Goma, que está a mais ou menos 12 km de distância do Nyiragongo, teve lavas vulcânicas que chegaram a 300 metros, pelo que, as autoridades pediram que os habitantes a deixassem. Muitos foram à vizinha Ruanda. Na área próxima à cidade de Goma, se fala em quase dois milhões de habitantes.
Desde 1882,
ele entrou em erupção ao menos 34 vezes, e em algumas vezes ficou dois anos em
atividade. A recente erupção causou a morte de 32 mortes até o momento e a fuga
de dezenas de milhares de habitantes.
Vulcões, em
certa medida, são previsíveis quando devidamente monitorados. Microssismógrafos
colocados nas encostas e em escala ascendente, mostram, com bastante precisão,
a entrada da lava no cone, o que, aliado ao monitoramento da temperatura na
boca e no interior dela, dá condições de se prever suas atividades. Alertas com
cores são emitidos. Assim foi com o Pichicha, em Quito, quando lá morei.
Da mesma
forma se pode prever o surgimento e caminho dos tornados, furacões e tufões.
Quando vivíamos em Chicago, em área que é caminho dos tornados, a TV anunciava
em notas de rodapé a previsão de tormentas e tornados e mostravam, com certa
precisão, o horário que poderia acontecer.
Não são
assim os terremotos. Até o momento nada indica certa previsibilidade. O que se sabe
é que certas áreas são mais susceptíveis e o máximo a fazer é se prevenir para
algo que é imprevisível.
O mesmo
raciocínio se pode aplicar à administração pública. Há áreas com
previsibilidade sísmica, ainda que não se tenha instrumentos confiáveis para a
detecção a priori. Só dá para correr
atrás dos estragos. Penso que um exemplo disto são as fraudes fiscais, no INSS,
no ICMS, no IPTU etc. O que se faz é colocar a polícia para correr atrás do
prejuízo. Por mais que se criem mecanismos de controle, as atividades sísmicas
contornam os obstáculos, abrem fendas, destroem coisas construídas e matam
pessoas. Veja o exemplo dos desvios na merenda escolar, nas verbas da saúde,
para citar dois exemplos.
Há, no
entanto, tal como os vulcões, atividades ruinosas que podem ser monitoradas com
sensores. Uma delas é o que está acontecendo com o ministro Salles. Os
microssismos evidenciavam que o vulcão ia entrar em erupção. Investigações,
denúncias, defesa dos madeireiros, aumento do desmatamento, redução da
fiscalização, inativação por falta de recursos econômicos de organismos
ambientais, advocacia administrativa.
Deu no que
deu. Um delegado da PF que ligou os sensores, mostrou que o vulcão podia
explodir. Quem devia tomar providências para minorar a crise dormiu no ponto. Um
sismógrafo nos Estados Unidos detectou lavas no carregamento de madeira
exportada. O STF mandou investigar, a PGR foi provocada, a denúncia formal foi
encaminha à ministra relatora e o vulcão está lançando lavas para fora. E tem
lava para todos, até, segundo o COAF, nas contas pessoais e no aumento
inexplicável do patrimônio.
Com o
vulcão principal também o secundário: a presidência do IBAMA. Sensores
indicavam atividades sísmicas e decidiu-se expelir a lava antes que ela rolasse
morro abaixo, o que, com o tempo, saberemos se a decisão resolveu o problema.
Vivemos em
área sísmica e tem gente dormindo sobre os sensores e se gabando que no seu
governo nunca houve vulcão. A sabedoria popular diz que é sábio “dar tempo ao
tempo”.
Marcos
Inhauser