Eu a vi pela primeira vez quando ela foi à frente em um culto para participar de um trio feminino. Perguntei à minha mãe quem era a moça do meio: “uma moça que quero que você a conheça”. Naquela hora, abaixei a cabeça e agradeci a Deus a esposa que Ele estava me dando. Foi em dezembro de 1972. Esta convicção nunca mais saiu de mim.
No Natal de
1973, nós nos casamos. Lá se vão mais de 47 anos. Quase 70% da nossa vida
vivemos juntos. Muitas coisas em comum nos fazem grudar um no outro, ao ponto
de um dia uma pessoa dizer que somos como cangurus: sempre um levando o outro
na bolsa. Não há uma música que eu ou ela goste e que o outro também não. Na
comida, temos gostos comuns, ainda que eu coma algumas coisas que ela detesta (camarão,
bacalhau, ceviche) e outras que ela come e eu não (abobrinha, chuchu, rabada,
canja).
Nunca ela
usou uma roupa que eu tivesse que fazer algum reparo, ainda que, muitas vezes,
tive que trocar a minha porque ela disse que não combinava. Nunca a vi sem
estar acima da média em termos de roupa, cabelo e elegância. Ela é uma
referência no vestir-se, arrumar-se e tem sua identidade até no perfume que
usa.
Companheira
de ministério, é mais pastora que eu. Ela tem carisma e energia, sabe ser
agregadora, sabe aconselhar, tanto que há mais de 30 anos trabalha com terapia
familiar e o faz brilhantemente. Sou meio tímido, ela é extrovertida. Onde
chega sabem que ela chegou e já vai fazendo amizades. Tem um dom sobrenatural
de “arrancar” coisas das pessoas e, em poucos minutos, já sabe da vida e dos
problemas delas. Quando damos palestras ou cursos, é “alugada” por gente que
quer conversar com ela.
Nossa vida
foi marcada por algumas coisas. Viajamos muito. Chegamos a viajar 24 horas
seguidas. Passamos inúmeras noites em viagem (prefiro viajar a noite por uma
série de razões). Escutamos horas a fio, nas viagens, músicas que gostamos. No
tempo das fitas K7 tínhamos uma caixa com umas 40. No tempo dos CDs era uma
pasta com uns 150. Com o advento do Ipod e dos Pendrives, temos mais de 18.000
músicas que escutamos com prazer único. Somos movidos à música.
Boa parte
da vida passamos dando risada, ora porque soubemos ver graça em eventos
cotidianos, ora porque cutucávamos um ao outro. Ela tem riso mais fácil que eu,
mas juntos já choramos de tanto rir.
Ambos temos
um lema: ser instrumento de paz e benção para o outro e para os outros. Nossa
casa sempre foi aberta e hospitaleira (ela herdou isto da mãe dela). Na minha
família não havia festa de aniversário. Não me lembro de nenhuma na minha
infância. Quem trouxe isto foi ela. E era festa de Natal, de Páscoa, de Ano
Novo. Ela arregimentava a família e nos reuníamos.
Ela me
perdoou muito mais vezes que as que eu pedi perdão (segundo ela foram poucas as
vezes que eu fiz isto – ela tem memória fraca...kkk). Errei com ela muito mais
vezes que ela errou comigo. Nem por isto estamos sem fazer a conciliação de
créditos e débitos, porque a generosidade dela sempre foi abundante.
Nos seus 70
anos, completado hoje, ela tem uma multidão de gente que aprendeu algo com ela,
que foi ajudado, que foi aconselhado, casamentos salvos ou refeitos. Ela foi e
é uma benção. Muita mais na minha vida.
Obrigado
Deus por ter-me dado esta graça concreta para viver comigo nestes anos todos!
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