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terça-feira, 13 de outubro de 2009

NOBEL?

Não é a primeira vez que o Comitê de escolha dos Prêmios Nobel surpreende. Contar as vezes em que isto aconteceu é quase contar a história do Prêmio. Há alguns que foram questionados quando foram concedidos e depois se mostrou o acerto dos questionamentos. Lembro-me particularmente do que foi concedido a Rigoberta Menchu, indígena guatemalteca, que teve oposição mesmo entre os seus conterrâneos e povos indígenas da Guatemala e mais tarde até indiciada em inquérito policial foi. Lembro-me ainda do prêmio concedido a Anwar Al Sadat e Menachen Begin, por uma reunião de paz que tiveram, um plano tirado a fórceps e que nunca foi implementado de forma significativa. Também foi criticado o prêmio dado a Oscar Árias, o costarriquenho que se diz que trabalhou pela paz na América Central, algo que a grande maioria dos centroamericanos não reconheciam. Confesso que me surpreendi com a nominação de Barak Obama. É verdade que, depois do desastre Busch, qualquer coisa seria melhor que ele. Devo também reconhecer que ele fez sua campanha e se elegeu com o lema da mudança, mas acho que fez muito pouco até agora para que o prêmio lhe seja outorgado. Se a nómina se deu pelo discurso na Universidade do Cairo, ele levou o Nobel da Oratória e não o da paz. Se foi porque propôs o diálogo entre muçulmanos e o resto do mundo, especialmente com os cristãos estadounidenses, também é discurso até agora. Se foi pela distensão com a Coréia do Norte, quem deveria ser nominado é Bill Clinton, quem lá foi e trouxe as duas jornalistas, sem fazer, aparentemente, concessões. Se foi pela decisão de não mais construir a parafernália antimísseis, chamada de guerra nas estrelas, deve-se dar a ele o Prêmio Nobel de Economia, pois fez o óbvio para um país endividado até o pescoço e atolado na crise. Tenho meus pruridos com a decisão, pois se trata de um governante que prometeu acabar com Guantánamo e não fez. Prometeu juízos justos e imparciais e até agora o que se tem é retórica. Prometeu tirar as tropas do Iraque, e elas ainda estão lá. Prometeu acabar com a guerra do Afeganistão e agora diz que a coisa vai durar e que há que enviar mais tropas. O senhor da guerra é agora Prêmio Nobel da Paz. Discurso por discurso, o Fidel e o Chavez dão olé. E, mesmo como orador, tenho lá meus senões. Chama-me a atenção que, quando dircursa, ele olha para a direita e esquerda, como se estivesse assistindo a uma partida de tênis ou pingpong. Não o vi olhando para a frente. É como se não encarasse a platéia. Não gosto disto. Passa-me a sensação de estar sendo enrolado. Quero estar errado. Neste tempo todo evitei fazer qualquer comentário sobre o Obama, dando-lhe o benefício da minha dúvida. Mas acho que exageraram na dose de mídia sobre ele. Com um aparato midiático destes e um posto de presidente do império, até discurso dá Prêmio Nobel. NO caso de Obama, melhor seria se fosse de Oratória ( neste eu também iria questionar.....) Marcos Inhauser

domingo, 11 de outubro de 2009

GRACIAS NEGRA

Eu a conheci quando tinha meus vinte e poucos anos. Eu a ouvi cantando e nunca mais deixei de ouvi-la. Comprei um cassete de músicas suas que me acompanhou um bom tempo de minha vida, nas muitas viagens que fiz. Com ela aprendi a gostar e admirar a música latino americana. Mais tarde, comprei tudo quanto pude de músicas suas. Lembro-me de, em uma viagem de quase cinco horas, ter ouvido a mesma fita cassete a viagem toda, repetindo-a sem parar. Decorei letras e mais letras de suas músicas. Chorei incontáveis vezes ouvindo-a cantar, especialmente “Gracias a la Vida”, “Cambia, Todo Cambia”, “Volver a los 17” e especialmente uma sua interpretação de “Cuando Tenga la Tierra” que apresentou em Nicarágua. Há uma outra de Gracias a la Vida, juntamente com Joan Baez, que é divina. Sua história de vida, sua luta contra a ditadura, seu compromisso ideológico com o comunismo, sua coerência entre o que acreditava e o que vivia, sua incansável maneira de trazer a alegria através de sua música, mesmo quando a saúde já a debilitava me comoviam assim como a muitos outros, haja visto a quantidade de manifestações por sua morte. Admirava seu despreendimento de cantar em parceria com os mais variados cantores e cantoras. Gravou com Milton Nascimento, Caetano Veloso, Bethânia, Joan Baez, Victor Heredia, e até com Shakira..... Para mim ela era a mais latino americana de todas as pessoas que conheci. Nascida na Argentina, nunca foi nacionalista, mas cidadã continental. Fez da sua vida uma bandeira de luta. Enfrentou os militares e a ditadura com sua voz, fez tremer aos torturadores. Presa, acusada de ser uma “pessoa suspeita”, não se dobrou e nem cedeu na sua crença. Envolveu-se na luta das Mães e Avós da Praça de Maio e com elas lutou pela busca de filhos e netos desaparecidos. Com suas músicas fez a muitos sonhar com uma nova sociedade e eu me deixei contagiar por seus sonhos de liberdade. Através dela conheci a Atahualpa Yupanqui, outro argentino latino americano. Por ela conheci os irmãos Mejía Godoy da Nicarágua antes que para lá fosse. Eu a ouvi muitas vezes cantando Sobrevivendo, uma das letras mais preciosas que conheço ao lado de “Canto da Cigarra”, que era para ela como que sua música de identidade, por dizer “tantas vezes me mataram, tantas ressuscitei”. Nunca a vi pessoalmente, mas fiquei depressivo com a notícia de sua morte, como se tivesse perdido alguém muito querido. Por causa dela, tive e tenho orgulho de ser latino americano e não posso dizer outra coisa que “Gracias Negra” usando seu apelido carinhoso que de racista nada tem. Marcos Inhauser

terça-feira, 29 de setembro de 2009

ISTO AINDA NÃO OUVI

Na recente crise que se abateu sobre Honduras e que o Brasil está enfiado até o pescoço, seja por erro diplomático brasileiro, por amadorismo e ideologia de antigos refugiados brasileiros que se abrigaram em embaixadas, seja por astúcia ou imprudência do Zelaya.
Neste imbróglio em que termos como golpistas, governo interino, presidente de fato e de direito, presidente democrático e governo imposto tem sido usados à exaustão, há um dado que não vi ainda em nenhum comentário. Refiro-me ao marco constitucional hondurenho.
A Constituição Hondurenha tem, assim como outras, algumas cláusulas pétreas, que não podem ser mudadas salvo mediante procedimentos estabelecidos e que são, via de regra, bastante exigentes. No caso brasileiro, cláusulas pétreas são a.) a forma federativa de Estado; b.) o voto direto, secreto, universal e periódico; c.) a separação dos poderes; e d.) os direitos e garantias individuais.
Cláusula pétrea é, pois, o dispositivo que impõe a irremovibilidade de determinados preceitos que são disposições não passíveis de ser abolidas por emenda, nem modificadas, constituindo o irreformável da Constituição, impossibilitando a sua reforma, remoção ou abolição. Elas possuem supremacia, paralisando a legislação que vier a contrariá-los.
A Constituição Hondurenha prevê no seu Artigo 374: “Não poderão ser reformados, em nenhum caso, ... os artigos constitucionais que se referem à forma de governo, território nacional, período presidencial, proibição para ser novamente presidente da república...” e no seu Artigo 4: ... A alternabilidade no exercício da Presidência da República é obrigatória. A infração desta norma constitui delito de traição à Pátria.”  No Artigo 239: “O cidadão que tenha desempenhado a titularidade do Poder Executivo não  poderá ser Presidente ou Designado. Aquele que ofender esta disposição ou propuser sua reforma, bem como aqueles que a apóiem direta ou indiretamente, terão cessado de imediato o desempenho de seus respectivos cargos e ficarão inabilitados por dez anos para o exercício de toda função pública”.
Não sou especialista em Direito Constitucional, mas me parece que o texto é claro. Também me parece que, ao dizer que “terão cessado de imediato o desempenho de suas funções” dá caráter sumário ao processo de destituição do “traidor da pátria” no dizer constitucional.
Ora, pelo que se sabe, o Zelaya propôs a mudança deste quesito, e, diante do levante dos tribunais e outras instâncias, transformou em plebiscito e depois em pesquisa. Assim, a coisa não é tão simples como nos quer fazer crer o sindicalista-mór e seu assessor internacional, antigo exilado em embaixada.
Para mim, algo de estranho há nesta posição brasileira de veemente condenação ao Micheletti e apoio a Zelaya, ao ponto de permitir que o mesmo faça da embaixada brasileira seu escritório de levante político.

Marcos Inhauser

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O EU E O TU

Todos somos o produto da relação de um “eu” e um “tu”.
Cada um de nós aprendemos a ser gente na relação mínima com dois “tus”: pai e mãe. Todos somos frutos de uma relação de diálogo, de sentimentos, de emoções, de corpos que se relacionavam com corpos que nos fizeram. Daí porque a base da nossa vida é o fato de que há um homem e uma mulher que se relacionaram e como fruto disso nasceu alguém.
Não há ninguém nesse mundo, com exceção de Adão, Eva, Jesus Cristo e os inseminados, que não seja fruto desta relação. Não dá para pensar no ser humano como uma ilha, isolado dos outros, da sociedade, do contexto em que vive.
Para que possamos nos conhecer mais profundamente, é necessário que conheçamos as relações que mantemos com as outras pessoas que formam o nosso sistema relacional. Em outras palavras, o “eu” é conhecido na medida em que se conhece os “tus” com os quais este “eu” se relaciona.
O namoro é um “eu” que se relaciona com um “tu” procurando conhecer os “tus” do outro “tu”. Quando alguém começa a conversar com uma outra pessoa, quer saber quem é. Como se faz isto? Perguntando.
Cada vez que encontramos alguém e entabulamos uma conversar, procuramos explorar, conhecer as relações que esta pessoa tem, o que ela faz, com quem trabalha, o que estudou, o que gosta ou não de fazer. É o desejo de conhecer as relações que tem, de conhecer o sistema onde está inserida.
Quando alguém sai à procura de outra pessoa para namorar, existe na sua cabeça, inconscientemente, um cheiro (não tenho outro jeito de dizer), que ela vai se sentir atraída por quem que tem mais ou menos o mesmo modelo de relação familiar. Isso é mais do que lógico e normal. Se você vai constituir uma família, que família você conhece para servir de modelo? Se você foi acostumado a dormir em colchão de mola, na primeira noite que você dormir em um colchão de espuma vai se sentir mal, pois você está fora do seu ninho. Você vai buscar alguém para casar-se que tenha um “ninho” mais ou menos igual ao seu.
Isto é tão inconsciente, tão simbólico, tão invisível que não dá para explicar. Por exemplo: bati o olho em alguém, gostei e pergunto alguma coisa. A maneira como me responde, o tom de voz se foi mais ou menos parecido ao tom que estou acostumado a ouvir, entro em sintonia com a pessoa e vou procurando saber mais sobre ela.
No fundo, no fundo, buscamos pessoas segundo o comichão dos nossos ouvidos, parecidas a nós, para nos entender e apoiar. É dose ficar ao lado de alguém que é tão diferente que é um estranho no nosso ninho.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

BÍSPOLO OU APOSTOLISPO?

Há alguns anos, a pedido de um amigo que morava fora, liguei para uma casa de recuperação de viciados em drogas, de orientação evangélica, para obter informações sobre as condições de internação e custos, visto que tinha um filho de membro da igreja necessitando de recuperação.
Liguei para a tal Casa de Recuperação e fui atendido pelo evangelista Cicrano. Perguntei a ele como poderia obter informações, ao que me informou que eu deveria ligar mais tarde para falar com o Missionário Beltrano, que era o encarregado, e que havia saído para uma missão.
Liguei mais tarde, o Evangelista me atendeu, passou a ligação para o Missionário, quem me disse que a informação estava errada porque, na realidade, quem podia passar estas informações era o Pastor Mengano, pois só ele tinha autoridade para isto. O Missionário me deu outro telefone, liguei para lá, pedi para falar com o Pastor Mengano, ao que me informaram que o Pastor havia sido promovido a Reverendo no domingo anterior. Pedi para falar com o Reverendo. De boa fala, mas todo enrolado nos “s” e nas concordâncias, ele me explicou as condições gerais de ingresso, custo, método de trabalho, visitação, etc.
O que me chamou a atenção é que o interessado deveria preencher um formulário que seria examinado por uma Diretoria presidida pelo Bispo Gerais. Ironicamente perguntei se havia apóstolo também na hierarquia da instituição.
Pertencendo a uma tradição teológica que se primou por considerar todos os membros da igreja iguais, que se recusou a dar títulos uns aos outros, limitando-se a se chamar de irmãos e irmãs (daí porque o nome Irmandade), fico pasmo com esta hierarquização no seio das comunidades, que já não sei se posso chamá-las de cristãs.
Como parece que ainda não inventaram um título superior a “apóstolo” (uma usurpação de nome dado aos doze mais Matias e Paulo), não me surpreenderia se amanhã aparecesse alguém se denominando Bíspolo ou Apostolispo, junção de Bispo mais Apóstolo e sendo superior hierarquicamente a tudo o que existe.
Ou, talvez, alguém que se encoraje a ter o título que um amigo a quem chamei de Bíspolo, me devolveu dizendo que ele me nomeava “Vicepresidente da Trindade”. E não estamos para menos, tal a quantidade de Bispos e Apóstolos autoproclamados e autoordenados dando ordens a Deus, como se Ele empregado deles fosse. Um deles, que tem vídeo no Youtube, começa sua oração dizendo; “Pai, pelos créditos que tenho diante de Ti, eu ordeno que, num raio de cinco quilômetros ao meu redor, todos os demônios sejam derrotados.”
Haja presunção. Para estes, o título de Vicepresidente da Trindade talvez seja pouco. Que tal o de coDeus?

Marcos Inhauser

terça-feira, 8 de setembro de 2009

ABDEUAMASSO

Segundo meus filhos, por corrigir quando tropeçavam em gramática, eu deveria ser professor de português. Não gosto da gramática, ainda que a considere importante, mas, sim, acho que gostaria de ser dicionarista.
Tenho certa obsessão pelo sentido exato das palavras, no que o estudo do grego e hebraico me ajudou. Mais teria me ajudado se tivesse estudado o Latim, mas fui da primeira turma que não mais precisou estudar as declinações.
Neste dias, por causa da celeuma levantada com o médico especialista em fertilização, passei a me preocupar outra vez com esta precisão quase que cirúrgica entre as palavras. Tenho para comigo que há vários termos que são, e neste caso específico estão, usados de forma indevida, vez que usado como ambivalência ou sinonimidade.
Não se pode colocar no mesmo balaio como se sinônimos fossem o assédio sexual, o abuso sexual, a violência sexual, o estupro e o bullying. Sem querer determinar o sentido preciso de cada expressão, trago aqui algumas reflexões.
O assédio é quando há investidas verbais, olhares lascivos, vigilância para flagrar. É algo que traz desconforto ao objeto da ação e prazer ao agente, talvez por patologia ou simples desvio de conduta. Não há no assédio o desejo de trazer dano à pessoa, mas de chegara ter um relacionamento. Não se trata das “cantadas” de um apaixonado. Nesta categoria, só que com mais intensidade está o bullying, que além de ter as conotações anteriores, tem também um desejo, confesso ou não, de trazer algum prejuízo ou dano à pessoa que é objeto de suas investidas.
No abuso sexual há, mais que olhares e frases, o toque fortuito ou explícito. É o passar a mão, o encostar-se provocativamente, é o ato de avançar para o campo físico a intenção manifesta, sem, contudo, haver consumação de ato sexual.
Na violência sexual há ação centrada em um desequilíbrio de poder entre o agente e a pessoa objeto, em que o primeiro, prevalecendo da sua força física ou circunstâncias, força a pessoa a atos sexuais, não genitais. O forçar ao sexo oral ou a masturbar entram nesta categoria.
No caso do estupro, no meu entender, há a conjunção, baseada em uma relação desiquilibrada de poder físico ou moral, em que a pessoa vítima é obrigada a uma relação genital ou anal.
No caso específico do médico em questão, ao ouvir depoimentos de vítimas e dos investigadores, confesso, não consegui ver caso de estupro, mas de violência e assédio sexuais. Não há nenhum relato, entre os que ouvi, de alguém que disse que foi forçada a manter relações sexuais, mas que ele, aproveitando-se da situação, as beijou, as acariciou ou as fez acariciá-lo.
Dito isto, salvo mais evidências que me façam mudar de opinião, ele é dado ao “amasso” e não ao estupro. Daí porque, melhor seria que mudasse seu nome para Roger Abdeuamasso.
Marcos Inhauser

terça-feira, 1 de setembro de 2009

FIQUE ESPERTO

A prática é sistemática e condenada pelos órgãos de defesa do consumidor. Inicialmente eram os cartões de crédito enviados a torto e direito e que geravam débitos e custos e uma pendenga enorme para se livrar deles.
Outra prática, mais relacionadas à empresas de listas telefônicas, era a de enviar boletos pela publicação de um suposto anúncio que não se contratou. Alguns traziam um aviso de que o pagamento era opcional, mas a maioria não e alguns até traziam a informação de que o título iria a protesto se não pago no prazo estipulado. Já recebi também boletos de hospedagem do meu site pelas mais diversas empresas, todos eles fajutos.
Mais recentemente venho sendo vítima de um novo golpe, pois não vejo outra palavra para definir o que vem acontecendo. Primeiro foi descobrir na minha fátua do celular da Vivo a contratação de serviços adicionais que eu não havia feito. Liguei pedi explicações pela cobrança nos últimos três meses e eles me disseram que eu havia autorizado o tal serviço de vantagem em chamadas roaming no dia tal. Afirmei que nunca havia sido contatado e muito menos feito tal opção. O que consegui foi o cancelamento do serviço a partir da data da minha reclamação, mas não a reversão dos pagamentos feitos. Comecei a ficar esperto com a Vivo. Mais de uma vez recebi SMS me parabenizando por ter aderido a este ou aquele adicional de serviço, coisa que não fiz, e que cada vez me tomou mais de vinte minutos em ligação tentando reverter o serviço.
Neste mês me enfiaram quase vinte reais em serviços adicionais que não contratei não autorizei e que me tomaram trinta e cinco minutos para reverter. E o pior é que a reversão foi parcial, pois, segundo a atendente, haveria ainda uma cobrança proporcional que eu deveria contestar quando chegasse a fatura. Lá se vai mais meia hora.
O mesmo está acontecendo com as famigeradas taxas dos bancos famintos por dinheiro fácil. A cada extrato aparece algo sendo cobrado. Neste dias descobri que meu banco que me “deu” um cartão de crédito sem anuidade, me cobrou para a renovação, e que o gerente do banco não pode estornar a cobrança, pois devo ligar para a central de atendimento ao cliente e tentar conseguir a devolução da taxa. Se eu cancelar, assim mesmo corro o risco de ter que pagar.
E o pior. Descobri que além dos juros exorbitantes que cobram no cheque espacial, ainda pago uma taxa de renovação do cadastro e a cada dois meses uma taxa de R$ 145,00 pelo uso do limite. Um roubo. Eu digo: um assalto a “banco armado”.
È muita esperteza. E para contrarrestar, temos que ficar espertos com estes assaltantes legalizados e jurisprudenciados.

Marcos Inhauser

terça-feira, 25 de agosto de 2009

SENADORANTE

Nunca colocaria em um filho este nome: Aloísio. Não gosto. E agora não gosto também de um que tem este nome: o Mercadante. Aliás, este sobrenome me faz pensar em outras coisas e nestes dias, não pude deixar de associá-lo, por rima, a comportamentos.

FRUSTRANTE: havia uma multidão de gente que acreditou nele e nele votou, transformando-o em campeão de votos ao Senado. Parecia ser uma pessoa séria, de convicções, firme, com idéias novas capazes de fazer a diferença em um cenário carcomido pelas velhas oligarquias políticas. Hoje, sem sombra de dúvidas, posso afirmar que há muita gente frustrada com ele.

TROPEÇANTE: no episódio da compra do dossiê e dos aloprados, ele veio com a esfarrapada e petista desculpa de que não sabia de nada. Santa inocência ou astuta esperteza, acreditando na imbecilidade coletiva. Tropeçou feio e nunca mais conseguiu firmar o passo diante da opinião pública.

VACILANTE: Mais recentemente apresentou comportamento e posturas vacilantes, ora apoiando, ora ficando em cima do muro e ora sendo mais assertivo quanto à situação do Sarney e do Senado. Foi difícil saber exatamente qual era a sua posição.

TITUBEANTE: Isto o fez titubear. Ora era isto, ora aquilo. O titubeio maior foi sua renúncia irrevogável e a revogação do irrevogável no dia seguinte. Mesmo com a carta do Lula, virou piada e merecidamente.

CLAUDICANTE: no episódio dos aloprados, do mensalão, e agora na crise do Senado, para mim ao menos, fica evidente de que ele claudicou na ética. Não afirmo por comissão, mas o claudicar pela omissão. Falhou ao não ser voz forte de denúncia como o foram Pedro Simon e Cristóvão, para não citar outros que evito mencionar nomes. A sua ausência foi patética quando do bate boca entre Pedro Simon e Collor, preferindo ficar no gabinete a estar presente em um momento histórico, em que éticos precisavam se manifestar contra “aquelle” que é até hoje, junto com um paulista, o símbolo máximo da corrupção.

MERCADEJANTE: o que está por detrás desta sua atitude? Um pragmatismo maquiavélico, em que o fim Dilma justifica todos os meios? O que há de negociação e negociatas por trás disto tudo? As fantasias correm a mil, haja visto que o Senado se mostrou ser a casa da mãe Joana e um balcão surtido de negócios os mais variados. Ou é a república sindicalista que o leva a tal comportamento? Não afirmo nada. Só pergunto perguntas inevitáveis diante disto tudo.


Marcos Inhauser

terça-feira, 11 de agosto de 2009

FUMOCÍDIO, MOTOCÍDIO E SUÍNA

Lembro-me de uma foto que via em uma agência dos Correios em São Paulo. Era um revolver apontado para a cabeça de uma pessoa, em atitude de suicídio. O cano da arma era um cigarro e a legenda dizia: “o cigarro é uma arma onde o tempo aperta o gatilho”.
Lembrei-me desta foto nestes dias com a celeuma montada pela lei antifumo do governo de São Paulo. A propaganda com o garçon medindo o ar nos pulmões antes e depois do serviço, mostra algo que há não muito passou a ser reconhecido e combatido, que é o fumante passivo. Entre os argumentos esgrimidos pelo governador está a melhoria da qualidade de vida, a diminuição dos AVCs e outros problemas coronários e pulmonares, a redução de gastos médicos pelo sistema público de saúde, etc.
Na mesma semana vem a notícia de que foi aprovada a lei que legaliza o mototáxi e que o prefeito de São Paulo, aliado do governador, pretende implantar tal serviço na cidade de São Paulo. E aí me veio o nó na cabeça: sabe-se por dados estatísticos e mesmo visuais para quem anda com certa freqüência pelas ruas e estradas, o crescente número de acidentes com motos. Quem não conhece alguém que morreu ou se acidentou gravemente pilotando uma moto? Quantas pessoas incapacitadas você conhece, fruto de acidente deste gênero?
Há ainda dados estatísticos e estudos mostrando que a poluição produzida pelas motos é muito maior que a feita por um carro. Mais: se se calcula a poluição por passageiro transportado e quilometragem rodada, as motos perdem feio. Adicione-se a isto o custo médico que a saúde pública dispende com os atendimentos dos acidentados e a natureza de tais cuidados, muitos deles com longos tratamentos e fisioterapias, tem-se que o custo ambiental e financeiro do uso generalizado das motos traz é igual ou superior ao dos cigarros.
E por que se cria lei para combater o fumo (o que eu aplaudo) e se libera outro instrumento urbano de suicídio e custos médicos? È a morte pelo cigarro mais morte que a das motos?
Mas para se entender a lógica destas coisas, passo alguns dados de um e-mail que acabo de receber. No mundo, por ano, morrem 2 milhões de crianças com diarréia que se poderia evitar com um simples soro que custa 25 centavos. O sarampo, pneumonia e enfermidades evitáveis com vacinas baratas, provocam a morte de 10 milhões de pessoas a cada ano. Há 10 anos, com a gripe das aves, os noticiários nos inundaram de informações e ela só causou a morte de 250 pessoas, em 10 anos. Vinte e cinco mortos por ano. A gripe comum mata meio milhão de pessoas por ano.
Será que por trás disto há só o interesse com a saúde ou há interesses econômicos por trás disto? Eu não tenho dúvida alguma.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

OUVIDORIA, SURDORIA OU DEFENSORIA?

www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br
Tal como inúmeros outros brasileiros, achei que o estabelecimento de ouvidorias em empresas privadas e do setor público fosse algo que tivesse vindo para funcionar. Acreditando nisto, nos últimos anos tomei do meu tempo e paciência para entrar em contato com esta gente e colher os resultados.
Desta minha crença devo dizer que tive mais aborrecimentos e decepções que resultados. Por três vezes acionei a Agencia Nacional de Transporte Terrestre – ANTT, duas delas com casos graves e nunca tive sequer uma resposta ou forma de acompanhar o andamento das coisas. Outra vez acionei a ARTESP – Agência de Transporte do Estado de São Paulo, recebi um protocolo, liguei várias vezes e nunca recebi uma informação precisa ou conclusiva sobre o meu pleito.
Quando saiu a lei que regulamentou o Serviço de Atendimento ao Cliente, estabelecendo prazos rígidos para o atendimento e multas para os infratores, liguei para a ANATEL e fiquei mais de 45 minutos esperando que me atendessem e nada. A mesma que regulamentou o serviço é a que descumpre as regras.
Estes dias, por causa de um problema com plano de saúde, e ainda acreditando na coisa, tentei a Agência Nacional de Saúde e fui informado que não tratam de questões particulares, mas só com a questão institucional do relacionamento cliente e empresas.
Alguém pode argumentar que todas são estatais e que não se pode esperar nada de um governo que está se lixando para as regras, haja visto que mudou as leis das concessões de telefonia para que houvesse a fusão Oi/BrasilTelecom, que politizou os cargos que deveriam ser ocupados por técnicos e colocou gente que não sabia de nada do setor, como é o caso do Milton Zuanazzi na ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil. Estou citando um para não ficar listando sindicalistas e apaniguados lotados em cargos para os quais não estão habilitados.
A minha conclusão é que, no setor público tem-se Surdorias.
No setor privado, se não é uma Surdoria, é Defensoria. Cansei de ligar para o Omdundsman da Telefônica, ouvidoria da Net, ouvidoria da Vivo e me decepcionar. Estes até que dão certo seguimento e ligam de volta para relatar os procedimentos tomados. Invariavelmente defendem suas empresas e acabam jogando o problema para escanteio ou no colo da gente. O mesmo se deu com a Ouvidoria de um Plano de Saúde. O atendimento local mudou prazos, atendeu mal, disse que não tinha chegado o documento solicitado e quando liguei para a Ouvidoria o dito cujo milagrosamente apareceu, se negaram a carimbar um papel impresso por eles, e depois a Ouvidoria me liga para dizer que seguiram os procedimentos e o culpado era eu.