O recente episódio de um “segurança” (estou sendo irônico)
do Bradesco que matou um cliente porque este foi questioná-lo sobre o fato de o
haver barrado na porta giratória no dia anterior, é a crônica de uma tragédia
anunciada.
No dia 13/02/2008 escrevi neste espaço sobre a “Humilhação
Giratória”, onde dava exemplos concretos e pessoais de situações em que
comprovei que as portas giratórias de muitos bancos são uma farsa. Aconteceu de
novo comigo nesta segunda-feira.
Tal como faço há mais de 10 anos, fui à agência do Bradesco
no Jardim do Trevo. Vestido com uma bermuda e chinelo, somente com a chave do
carro à mão e um relógio no pulso, fui barrado pela “giratória”, devidamente
acionada pela “otoridade”. Fiquei indignado, mas coloquei a chave na caixa e
novamente fui barrado. Não havendo nada mais que pudesse “ser detectado”, a
“otoridade” me liberou. Conversei com o funcionário sobre um problema com o
caixa eletrônico e fui orientado a voltar ao caixa. Assim procedi e em menos de
cinco minutos tentei regressar ao interior, tendo sido novamente barrado.
Indignado, fiquei parado, travando a porta até que um funcionário viesse me
atender. Ele me perguntou se era cliente do banco, disse que sim e ao passar
pela porta, novamente fui barrado. Ele pediu à “otoridade” que me liberasse.
Fui pedir explicações a um funcionário graduado da agência que me disse que as
chaves foram detectadas. Eu lhe perguntei por que nunca me pararam antes, se ao
menos três vezes por semana entro na mesma agência com a chave no bolso. Ele
olhou para o meu pulso e disse que era por causa do relógio. Argumentei que
entrava com o mesmo relógio e chave há anos. As explicações foram simplistas e
simplórias.
Na mesma agência já entrei com celular e Ipod no bolso da
calça, sem que os mesmos tenham sido detectados. Quando, por mais de uma vez,
para fazer testes, fiquei com o celular na mão, fui barrado. E isto sempre na
mesma agência. Já tentei entrar com o case
do meu RayBan na cintura e me barraram, mas o RayBan no bolso da camisa ou
sendo usado não é detectado.
Disse e digo. Afirmei e reafirmo. Em muitas das agências
bancárias não existe detector de metal. O que existem são umas “otoridades” com
a arma do controle remoto na mão, fazendo a seleção visual dos agraciados e
castigados. Notem como eles sempre estão com a mão no bolso ou dentro do
colete. São eles os “detectores de metais”.
No dia 8/12/2010 escrevi aqui, ao comentar a diferença das
agências bancárias do Brasil e da República Dominicana: “Não havia a
maldita porta giratória, mentira de detecção de metais existente na grande
maioria das agências, que se trava segundo a vontade de um mal treinado
segurança. Na verdade as portas giratórias detectam negros e mulheres, quase
sem exceção parados e depenados de seus pertences antes que possam entrar.”
Só tenho uma explicação para o que aconteceu ontem: houve uma
detecção de bermuda, chinelo e óculos escuro.
Marcos Inhauser