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quarta-feira, 8 de junho de 2011

BRASIL OU BRASÍLIA?

Confesso que ouvi com muita atenção e interesse o depoimento do ministro Antonio Palocci à nação brasileira, via televisão e li o que disse à Folha de São Paulo. Porque também trabalho no ramo de consultoria, estava interessado em aprender como melhorar a minha carteira. Até andei fazendo uns contatos, buscando quem me pudesse fornecer a lista dos clientes do ministro, porque cheguei à conclusão que poderia alavancar significativamente os meus ganhos se tivesse acesso a estes dados. Depois deste exercício de atenção e aprendizado, acho que perdi meu tempo. Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém tem a tal lista. Os “esclarecimentos” foram de uma obviedade ingênua. Eu não esperava que ele viesse a público via Jornal Nacional afirmar que sonegou, que atropelou a lei, que agiu ilegalmente. Para dizer o que disse não precisava ficar em silêncio 20 dias nem usar a televisão. Terminada a maratona de paciência a que me impus tentando aprender com este gênio da economia, fiquei com a certeza de que temos dois países: Brasil e Brasília. No Brasil real, temos a carga absurda de impostos, com programas de computador a rastrear em tempo real as coisas que os habitantes fazem. A coisa anda tão avançada que a Receita Federal (é o que dizem) vai antecipar a Declaração de Renda do cidadão. Se você concordar, pague o que eles acham que você deve. Se não concordar, vai lá mostrar os documentos, aguentar a fila e correr o risco de acharem mais coisas, mesmo porque nesta área acham o que querem. Se não tiver dinheiro para pagar eles vão penhorar sua conta bancária e vão pegar o que é deles, não importa outros fatores. No outro país, Brasília, é o paraíso! Ganha-se polpudos salários trabalhando dois ou no máximo três dias por semana, com direito a mais de 60 dias de férias por ano, plano médico integral para ele e os familiares, aposentadoria após alguns poucos anos de trabalho, faltas abonadas sem nenhuma pergunta, viagens ao exterior com tudo pago, possibilidade de apresentar notas frias para combustível e despesas. Aliado a isto há a possibilidade de empregar um monte de parentes e aumentar o já polpudo salário, turbinado por verbas e gratificações. Neste paraíso a Receita é benevolente e em alguns casos inexistente. Não se conhece investigação sobre patrimônio de habitantes eleitos, no que pese evidências, rastros e pegadas deixadas pelo Renan Calheiros, Sarney, Jader Barbalho, entre outros. A Justiça é amiga: tem a impunidade com o belo nome de imunidade (um tipo de vacina jurídica que previne enfermidades com a lei e a Receita Federal). No paraíso Brasília não se pode falar mal do outro. Todos são cordiais, se chamando mutuamente de “excelência”, a imprensa deve ser censurada porque traz desconforto ao clima paradisíaco em que vivem. Tais quais religiosos em profunda comunhão uns com os outros, praticam o espírito de corpo, onde o ataque a um é o ataque a todos. Para a plateia externa encenam algum jogo conhecido como situação e oposição. Fechadas as cortinas do espetáculo, todos comem juntos nos mais caros restaurantes, onde alguns tem até cadeiras cativas. O visto de entrada neste país é o voto, conseguido sabe-se lá como. Outra forma é ser amigo de algum eleito ou, o mais seguro, ser parente de um eleito. Brasília tem filiais em muitas cidades, com embaixada nas Prefeituras Municipais e Câmaras. Exemplo e prova disto é a cidade de Campinas. Marcos Inhauser

terça-feira, 31 de maio de 2011

QUEM É QUEM NO PLANALTO?

No dia 2 de novembro do ano passado eu escrevi a coluna “Dilma ou Lula?”, na qual eu começava com a pergunta: “A eleição da Dilma para a presidência ... impõe a pergunta: o que elegemos? Uma mulher com identidade política própria ou uma versão Lula de saias?” Depois de algumas digressões, eu afirmava que: “... o governo da Dilma pode até ser presidido por uma mulher, mas ladeado de homens, que certamente terão papel preponderante e marcante no estabelecimento das políticas. Um deles vai coordenar o processo de transição (um que renunciou por causa de um escândalo) e o outro vai negociar com homens, donos dos partidos da coalizão ... e, ... com toda certeza, serão em sua grande maioria formado de homens.” Fui criticado e até chamado de machista, porque não acreditava na capacidade da mulher de governar. Os recentes fatos envolvendo o governo Dilma vieram comprovar o que afirmei no passado. Sabe-se hoje que o seu governo está(va) alicerçado na pessoa do ministro Palocci, ex-ministro flagrado com a mão na botija do extrato do Francenildo. Guindado à posição de todo-poderoso na versão Lula-de-saias, o ministro, mais uma vez se enrolou, agora com o extrato da sua própria conta. No desenrolar da crise que se seguiu, soube-se que ele enquadrou o PMDB, na pessoa do Vice-presidente da República, forçando a barra pela aprovação toda suspeita do Código Florestal, cujos interesses que estão por trás ainda não conhecemos bem. A coisa pegou fogo, houve a reação dos fisiológicos peemedebistas, sempre ciosos de seus cargos na administração federal, e a presidente teve que ceder e tirar uma foto com o Michel Temer, como forma simplista e ingênua de que tudo corre às mil maravilhas. Neste interim, quando o circo pegava fogo, ela teve que se valer do ex-presidente, quem foi a Brasília como bombeiro, para salvar a aliança que elegeu a sua eleita. Ela, por sua vez, sumiu. Uma providencial pneumonia a colocou de molho. Especulações falavam de um quadro grave de saúde, com antiga enfermidade retornando. Sabe-se que ela tem problemas de saúde que ameritam cuidados, mas nada que a impeça de governar. Contudo, o que se vê é a inapetência para o manejo das coisas políticas. Ela se associou a cobras criadas para se eleger e agora deixa o ofidiário a seu bel-prazer. A primeira picada venenosa não veio das cobras aliadas, mas das amigas. O Palocci, cria do PT, é um ser trágico: se enrolou e enrolou a outros na Prefeitura de Ribeirão, como ministro esqueceu seu passado trotskista e aderiu de alma lavada à economia de mercado, se envolveu com a casa suspeita, com o mensalão e com o extrato. Reeleito, se enrolou com a Consultoria milionária que prestou (ainda por ser esclarecida, uma vez que os sinais que estão surgindo sugerem tráfico de influência) e agora se enrola com seu gordo extrato bancário e com o silêncio suspeito a que se impõe. Um monte de homens brigando por espaço político e a presidente passeando no Uruguai e se “recuperando de uma pneumonia”. Não era isto que esperávamos do primeiro governo feminino do Brasil. Marcos Inhauser

terça-feira, 17 de maio de 2011

VINTE VEZES

Esta semana estamos sendo bombardeados com a notícia de que o ex-ministro, depois deputado e agora novamente ministro, Antonio Palocci, teve a façanha de fazer crescer seu patrimônio em vinte vezes nos últimos quatro anos. Fosse ele um nerd do mundo da informática, um Mark Zuckemberg criando algo parecido ao Facebook, ou o Steve Jobs lançando a série de I-tudo, talvez pudéssemos aceitar a notícia sem grande alarde e assombro. Mas o caso em questão é emblemático por tratar-se de figura central do lulo-petismo e da “estabilidade” financeira que o petismo afirma ter trazido ao país. Ele esteve envolvido em casos ruidosos e rumorosos quando de sua passagem pela Prefeitura de Ribeirão Preto, nos contratos denunciados por um ex-assessor seu. A Construtora Leão teve que dar mil explicações e voltas diante das acusações. O próprio Palocci esteve depois envolvido em uma casa nada familiar, alugada para atender aos desejos carnais de gente relacionada ao petismo e a Palocci e, segundo denuncia do Francenildo, ao próprio. A coisa terminou no que todos sabemos, com o ministro envolvido na quebra do sigilo bancário do caseiro e a renúncia do indigitado. Agora, aparece esta capacidade de fazer milagres econômicos e financeiros. Uma consultoria de sua propriedade teve a façanha de ter em quatro anos alguns dos melhores pagadores deste tipo de trabalho que há no Brasil e quiçasmente fora dele. Na média foi um faturamento de 1,9 milhão por ano, ou seja, mais de 150 mil por mês limpinho na mão, ou melhor no caixa da empresa. Se o nobre deputado foi quem trabalhou, ele ganhou a média de R$ 6.000,00 dia, tendo trabalhado 25 dias mês. Acresça-se a isto os salário e benesses do cargo de deputado e a coisa está explicadinha. O problema é que para ele ter trabalhado 25 dias mês, ele não conseguiria ser também deputado. Mas imaginemos que ele fez a meia semana em Brasília como todos os outros fazem, ele ainda assim tinha três dias para trabalhar como consultor. Logo, se foi isto que ocorreu, ele ganhou uma média de R$ 12 mil/dia. Eta consultoria cara. E perceba que isto é o que ganhou só para comprar os imóveis. Parece que não teve despesas de funcionários porque o escritório da consultoria sempre esteve fechado. Mas se a consultoria foi dada ao grupo que mais lucrou (prefiro o termo mamou) no governo Lula, que foram os bancos, a coisa começa a se explicar, porque, ganhando o que ganham, sem nenhum órgão a limitar a fome bancária, talvez a consultoria tenha sido regiamente paga como agradecimento à liberdade de atuação que tem. De minha parte, se posso pedir algo, gostaria que o nobre deputado e consultor me desse a lista dos clientes, para ver se consigo dar uma mamada também. Nem tenho a pretensão de fazer meu patrimônio multiplicar vinte vezes, mesmo porque, vinte vezes quase nada é quase nada,

terça-feira, 28 de julho de 2009

SUPÉRFLUO ÀS ÁGUAS

www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br

Prática da antiga navegação era, diante de uma tempestade e risco iminente de afundar, atirar às águas o que era supérfluo, como forma de aliviar, salvar o barco e chegar ao destino. A prática não mais é adotada na navegação de grande calado e talvez o seja ainda em pequenas embarcações. De uma coisa sei: o Lula sabe disto e usa a técnica na sua viagem pelo mar revolto da política, com o objetivo de perpetuar-se no poder.

Ele já enfrentou algumas tempestades que grande porte. O seu barco, denominado PT, esteve à deriva várias vezes, no que pese o fato de que muitos que o escolheram criam que estavam elegendo um Titanic: sólido e resistente.

No porto de partida houve festa e esperanças de que a viagem seria tranqüila. Ao alcançar alto mar, pegou a tempestade do Mensalão. Balança daqui, balança dali, o barco PT estava fazendo água e o capitão disse que nada estava acontecendo. Quando a coisa complicou, elegeu o supérfluo e jogou ao mar o Dirceu. Com a tempestade da viagem à Argentina da Benedita, ela foi jogada aos tubarões.

Mais tarde, com a tempestadezinha inicial do caseiro, percebeu que a nuvem escura virava uma grande tempestade, e lá foi outro supérfluo: Palocci. Houve ainda a tempestade do churrasqueiro do guru-mór, dos compradores de dossiê para favorecer a candidatura de um barco do navio, e lá foi ele jogar supérfluos dizendo serem aloprados.

Quando outra tempestade Rondeau, jogou fora o Silas. Depois foi a ministra com gastos exagerados no cartão, e lá foi ao mar outro supérfluo, ainda que os gastos com a filha Lurian tenham sido iguais ou maiores.

Agora, quando depois de hesitação e cobrança pública, o Mercadante solta uma nota como líder do PT no Senado dizendo que apóia a licença e convocação antecipada do Conselho de Ética, o sindicalista-mór manda o pau mandado do Ministro Mucio desautorizar publicamente ao líder de seu partido. Mais um que ele joga ao mar.

O que chama a atenção é que ele não jogou ao mar o Renan e nem agora o Sarney, no que pese a gravidade das tormentas. E se não o fez, só posso concluir que eles são mais importantes que o Dirceu, Palocci, Benedita, Greenhalg e outros petistas históricos. Se o seu barco PT está fazendo água, melhor saltar para outro que já provou que resiste a qualquer onda: o PMDB, barco que tem a capacidade de navegar sempre na onda do poder.

O que o leva a agir assim? Estratégia política? Ou blindagem para quando deixar o governo e vieram pedir explicações mais detalhadas sobra a atuação do filho, sócio da Telemar? Ou suas constantes viagens ao redor do mundo? Ou a compra dos Rafale para equipar o exército? Ou as verbas nebulosas da Petrobrás para as ONGS e empresas devedoras para com a União? Ele talvez terá que se explicar muito e nada melhor do que se proteger protegendo hoje pessoas que poderão ajudá-lo a blindar-se. Não tenho respostas, só perguntas.